JÚLIA
Uma novela criada e escrita por
RAMON FERNANDES
CAPÍTULO 13
CENA 01. MANSÃO ASSUNÇÃO. SALA DE REFEIÇÕES. INTERIOR. NOITE
Continuação imediata do capítulo anterior.
MARIA EDUARDA ENCURRALA ROBERTO, QUE SE DÁ POR VENCIDO.
M. EDUARDA — Fala, Roberto. Porque o Arthur disse que pode te colocar na cadeia? O que ele sabe de você?
ROBERTO — Quer mesmo saber, Eduarda?
M. EDUARDA — Meu amor, eu só quero saber o que tá acontecendo, porque eu quero te ajudar. Me fala, de verdade, pra eu poder entender e pensarmos melhor em uma solução pra isso tudo.
ROBERTO RESPIRA FUNDO, SENTA DE VOLTA NA CABECEIRA DA MESA. EDUARDA O OLHANDO, DE CIMA.
ROBERTO — O Arthur veio me procurar com um dossiê. Ele tá me chantageando com o maldito dossiê, que o canalha fez durante anos.
M. EDUARDA — Dossiê? Que dossiê ele pode ter contra você?
ROBERTO — Um dossiê, Maria Eduarda! Um dossiê sobre desvios que eu fiz pra contas no exterior. Um dossiê que ele pode me colocar na cadeia. Eu dei alguns deslizes, acontece.
MARIA EDUARDA COLOCA A MÃO NA CABEÇA. PREOCUPADÍSSIMA.
M. EDUARDA — E agora?
ROBERTO — E agora que ele me deu um prazo escroto de seis meses pra eu poder pagar a dívida bilionária que eu contraí com a financeira Bacelar. Caso contrário, eu posso dar adeus não só a presidência da construtora, como a algo bem mais valioso: Minha liberdade!
M. EDUARDA — Isso então, pode de fato, acontecer? Você pode ir pra cadeia mesmo?
ROBERTO A OLHA COM CARA DE POUCOS AMIGOS.
ROBERTO — O que cê acha?!
MARIA EDUARDA MUITO NERVOSA. ROBERTO SEM SAÍDA.
FADE OUT/
FADE IN/
CENA 02. RIO DE JANEIRO. EXTERIOR. DIA
MÚSICA: "Don´t Start Now" - Dua Lipa
EXTERNAS DO RIO DE JANEIRO. PAISAGENS SÃO MOSTRADAS. ÚLTIMO TAKE NO CRISTO REDENTOR, PÃO DE AÇÚCAR, BONDINHO, PESSOAS CIRCULANDO PELAS PRAIAS, CALÇADÃO DE COPACABANA.
CORTA PARA
CENA 03. GALPÃO. INTERIOR. DIA
MÚSICA ANTERIOR CONTINUA. JÚLIA INSPECIONA AS OBRAS FINAIS DO ESTÚDIO. ELA DÁ OS ÚLTIMOS RETOQUES. OS MÓVEIS SENDO COLOCADOS, AS PAREDES TERMINANDO DE SEREM APRONTADAS. ELA RADIANTE, OLHANDO A TUDO. CÂMERA GIRA EM TORNO DELA. ELA FECHA OS OLHOS, SATISFEITA, SORRIDENTE.
CORTA PARA
CENA 04. GALPÃO. FRENTE. EXTERIOR. DIA
JÚLIA SAI DO INTERIOR DO GALPÃO. COLOCA OS ÓCULOS ESCUROS E VAI EM DIREÇÃO AO SEU CARRO. QUANDO SE APROXIMA, UMA MÃO MASCULINA TOCA SEU CARRO. ELA SE ASSUSTA. OLHA EM DIREÇÃO À PESSOA, E A CÂM REVELA SER LEANDRO. MÚSICA OFF.
JÚLIA — Leandro? O que tá fazendo aqui?
LEANDRO — Oi, Júlia. Eu passei no seu flat, e o porteiro falou que você estava aqui. Desculpa aparecer, assim, do nada.
JÚLIA — Tudo bem, mas... Aconteceu alguma coisa?
LEANDRO — Não. (Ri) Quer dizer, aconteceu várias, mas eu quero conversar com você. Talvez almoçar. Pode ser?
JÚLIA PENSA POR ALGUNS INSTANTES.
JÚLIA — Leandro, eu não sei. Acho melhor não/
LEANDRO — Eu não quero ser insistente, parecer um mala sem alça, mas é importante pra mim. Pra nós dois, acho. Vamos almoçar, conversar. Garanto que o pior que pode acontecer desse almoço é a comida não ser do seu agrado.
JÚLIA RI, AINDA PENSATIVA. LEANDRO INSISTINDO.
LEANDRO — Sim?
JÚLIA — Tá. Vamos almoçar então. Eu tô morrendo de fome mesmo.
LEANDRO — Ótimo. Eu conheço um lugar perto daqui ótimo. No seu carro ou no meu?
JÚLIA — Cada um no seu. Vai na frente, eu te sigo.
LEANDRO — Jura que não vai desviar a rota e me dar um bolo?
JÚLIA — (Ri/ Levanta a mão) Palavra de escoteiro! Eu prometo!
OS DOIS RIEM. LEANDRO EMBARCA EM SEU CARRO. JÚLIA RI E EMBARCA NO SEU. ELE VAI NA FRENTE, ELA O SEGUE.
CORTA PARA
CENA 05. ASSUNÇÃO ENGENHARIA. SALA DE REUNIÕES. INTERIOR. DIA
ROBERTO SOZINHO NA SALA. ARRUMANDO ALGUNS PAPÉIS, OLHANDO PARA A MESA VAZIA. SUSPIRA PROFUNDAMENTE, PASSA A MÃO PELA CADEIRA QUE FICA NA CABECEIRA DA MESA, AR SAUDOSISTA. CAROL ENTRA NA SALA.
CAROL — Doutor Roberto/
ROBERTO — Roberto, Carol.
CAROL — Roberto, os acionistas chegaram pra reunião.
ROBERTO — (Concorda com a cabeça) E o Arthur? Já chegou?
CAROL — Doutor Arthur ainda não chegou.
ROBERTO — (Resmunga) Doutor Arthur... Doutor em pilantragem.
CAROL FICA OLHANDO PARA ELE. ROBERTO SE APROXIMA.
ROBERTO — Já disseram que você é linda, Carol? Claro que já disseram. Isso deve ser clichê pra você.
CAROL SE RETRAI, TÍMIDA. ROBERTO SORRI PARA ELA.
ROBERTO — A minha vida anda tão difícil, Carol.
ROBERTO PASSA A MÃO PELOS CABELOS DELA. CAROL DÁ UM PASSO PARA TRÁS.
ROBERTO — Seria tão bom relaxar nesse momento. Você, por acaso, tem compromisso pra hoje?
CAROL — Compromisso?!
ROBERTO — Sim. Se não tiver, topa sair comigo hoje a noite? Dar uma distraída, por aí? Ficar mais leve. Seria bom pra nós dois.
CAROL NÃO SABE O QUE DIZER, SENTE O ASSÉDIO DO CHEFE. ROBERTO SORRI PARA ELA. CAROL FECHA A CARA.
CAROL — Eu acho melhor não, Roberto. Eu vou comunicar os acionistas sobre a reunião. Com licença.
E CAROL SAI. ROBERTO FICA ALI, PENSATIVO.
CORTA PARA
CENA 06. ASSUNÇÃO ENGENHARIA. BANHEIRO FEMININO. INTERIOR. DIA
A PORTA É ABERTA COM RAPIDEZ. CAROL ENTRA CHORANDO. ELA VAI ATÉ A PIA DO BANHEIRO. ABRE A TORNEIRA E JOGA ÁGUA NO ROSTO. ELA SE OLHA NO ESPELHO, PASSANDO A MÃO PELO ROSTO. ESTÁ ENOJADA COM O TOQUE DE ROBERTO. SENTIU O PESO DO ASSÉDIO. CAROL LIGA AS DEMAIS TORNEIRAS E VAI JOGANDO ÁGUA NELA, COMO SE QUISESSE TIRAR AQUELA SENSAÇÃO DELA. VAI CAINDO AOS POUCOS NO CHÃO DO BANHEIRO. CAROL, DESOLADA, CHORA NO CHÃO DO LOCAL. CÂM SAI POR CIMA.
CORTA PARA
CENA 07. ASSUNÇÃO ENGENHARIA. SALA DE REUNIÕES. INTERIOR. DIA
REUNIÃO JÁ INICIADA. ROBERTO SENTADO NA CABECEIRA DA MESA. OS DEMAIS ACIONISTAS ESTÃO POR ALI. ROBERTO CONDUZINDO A REUNIÃO.
ROBERTO — O balanço sobre as novas construções do condomínio fechado na Barra estão a todo vapor e os resultados não poderiam ser dos mais satisfatórios/
A PORTA SE ABRE. ARTHUR ENTRA. TENSÃO. ROBERTO O ENCARA, FECHA SUA EXPRESSÃO. ARTHUR ENTRA, JÁ ENCARANDO TODO MUNDO DE CIMA.
ARTHUR — Começou a reunião sem mim, Roberto?
ROBERTO — Eu estava passando aos demais, sobre os balanços financeiros dos novos empreendimentos/
ARTHUR — Ótimo. E como estão?
ROBERTO — Muito bem/
ARTHUR — (Por cima) Ótimo. Assim, não vou ter tantas dificuldades na minha gestão.
FALATÓRIO ENTRE OS DEMAIS ACIONISTAS. MUITOS COCHICHOS ENTRE ELES.
ROBERTO — Arthur, por favor/
ARTHUR — (Por cima/ Tom baixo somente p/ Roberto) Acho melhor você tirar o seu rabo fedido da minha cadeira. Agora quem manda nesse circo, sou eu, palhaço!
ROBERTO — (Tom baixo) Veja lá como fala comigo/
ARTHUR — (Tom baixo) Veja lá como você fala comigo! Eu posso ser bem pior do que você imagina!
ROBERTO HUMILHADO. ARTHUR SENTA-SE NA CABECEIRA DA MESA. TODOS O ENCARANDO, MUITO SURPRESOS.
ARTHUR — Eu sei que pode ser surpreendente, e até mesmo catártico pra muitos dos senhores, mas o doutor Roberto Assunção, esqueceu qual o motivo de eu ter marcado essa reunião! (Encara Roberto) Eu conto, ou você conta? Ah, deixa, eu conto!
OS DEMAIS O ENCARANDO, CURIOSOS.
ARTHUR — Eu sou o novo presidente da Assunção Engenharia. A partir de hoje, toda e qualquer decisão dentro dessa construtora, passa por mim.
ARTHUR ENCARA ROBERTO, QUE CONTROLA SUA RAIVA.
ROBERTO — Isso mesmo. Doutor Arthur Bacelar, agora é o novo presidente da Assunção Engenharia. (Voz embargada) Me dêem licença.
ROBERTO SAI DALI, BATENDO A PORTA. ARTHUR OLHA PARA OS DEMAIS, SORRI, VITORIOSO, PODEROSO.
CORTA PARA
CENA 08. ASSUNÇÃO ENGENHARIA. BANHEIRO MASCULINO. INTERIOR. DIA
JÁ ABRE NO REFLEXO DE ROBERTO NO ESPELHO DO BANHEIRO. ELE ESTÁ FURIOSO. DÁ UM MURRO NO ESPELHO, QUE RACHA EM VÁRIOS CACOS. A MÃO DE ROBERTO SANGRANDO. ELE COM MUITA RAIVA, NEM SENTE A DOR DOS CORTES.
ROBERTO — Maldito! Desgraçado! Eu vou te matar, Arthur! Eu vou acabar com você, seu desgraçado!
O REFLEXO DE ROBERTO DEVASTADO, NO QUE SOBROU DAS RACHADURAS DO ESPELHO NO BANHEIRO.
CORTA PARA
CENA 09. RESTAURANTE. INTERIOR. DIA
AMBIENTE REQUINTADO, MÚSICA AMBlENTE AO FUNDO. MESAS DISPOSTAS PELO SALÃO, GARÇONS CIRCULANDO. EM UMA DAS MESAS, JÚLIA E LEANDRO ALMOÇAM. UM GARÇOM ACABA POR SERVIR A BEBIDA DE LEANDRO. ELE FAZ UM GESTO E DISPENSA.
JÚLIA — Então, Leandro, nós estamos aqui a uma meia hora, e você não me disse especificamente porque me chamou para um almoço.
LEANDRO — Eu quero, na verdade, tirar a impressão ruim que você tem da nossa família, do meu pai/
JÚLIA COMEÇA A RIR. LEANDRO DESCONFORTÁVEL.
JÚLIA — Desculpa, Leandro, mas né, bizarro você me chamar pra almoçar pra tirar qualquer impressão ruim que eu tenha de vocês.
LEANDRO — Eu entendo que você tenha vários motivos pra odiar o meu pai, a família Assunção inteira, eu não tiro a sua razão, mas tenta entender que ele tem os motivos dele.
JÚLIA — (Respira fundo) Qual motivo? O seu pai sempre me viu como uma ameaça aos negócios, ou melhor, pra família, por nenhum motivo realmente concreto, Leandro. O seu pai resolveu me declarar inimiga da família Assunção, porque imagine, eu, a filha do motorista da casa, resolveu olhar para o filho dele.
LEANDRO — Não foi por isso, especificamente, Júlia.
JÚLIA — Ah, não? Então eu passei seis anos da minha vida, pensando errado? Me poupe, Leandro.
LEANDRO — O meu pai fez um trato com o Arthur, e nesse trato absurdo, eles selaram o casamento do Davi com a histérica da Vitória. Meu pai arriscou tudo nesse trato dos dois.
JÚLIA — Onde eu entro nessa história?
LEANDRO — Você e o meu irmão se envolveram. Meu irmão realmente, gostou muito de você, Júlia. O meu pai, então, vendo que havia uma possibilidade dos planos dele irem por água a baixo, resolveu apelar pra algo absurdo, que foi te afastar de vez da convivência do seu pai. Júlia, eu nunca concordei com isso!
JÚLIA — Mas foi conivente com a decisão dele!
LEANDRO — Eu não tinha outra opção, Júlia! Poxa, eu gosto de você. Te acho uma garota legal, inteligente, sempre achei.
JÚLIA — (Estranha) Acha?
LEANDRO — É claro que eu acho. Olha pra você. Aproveitou a chance que a vida, de uma forma ou de outra, e evoluiu como pessoa, em todos os sentidos.
JÚLIA FICA SEM SABER O QUE FALAR. LEANDRO GANHANDO TERRENO COM ELA, ESTÁ CONFIANTE.
LEANDRO — Júlia, não é porque eu me calei diante do que o meu pai fez, que eu concorde com isso. Eu não concordo. E também não concordo com essa perseguição que ele tá fazendo com você.
MÚSICA: “Beautiful” – Bazzi ft. Camila Cabello
LEANDRO — Eu posso até estar passando por cima de qualquer convenção, ou batendo até de frente com o meu pai, que confia plenamente em mim, mas eu escolhi que quero te ajudar. Quero ficar do seu lado, pro que precisar.
JÚLIA ATORDOADA COM AS PALAVRAS DE LEANDRO.
JÚLIA — Poxa, eu não sei nem o que te falar, Leandro. Eu não esperava por isso, real.
LEANDRO — Só te peço uma coisa, acredita em mim! Eu tô do seu lado, e não concordo com o que o meu pai fez ou faz com você.
JÚLIA FICA DESCONFIADA, MAS ACABA CONCORDANDO. LEANDRO PEGA NA MÃO DE JÚLIA, QUE OLHA PARA A MÃO DELE, E TIRA RAPIDAMENTE. LEANDRO SORRI PARA ELA. EM JÚLIA, NERVOSA E AINDA SEM SABER O QUE DIZER.
CORTA PARA
CENA 10. UFRJ. CORREDOR. EXTERIOR. DIA
MÚSICA CONTINUA. BRUNO ANDA PELO CORREDOR, ATÉ QUE AVISTA GABY COM UMA AMIGA. ELE SE APRESSA.
BRUNO — (Levantando o braço) Gaby!
GABY DESVIA O OLHAR E SAI APRESSADA PELO CORREDOR, FUGINDO DE BRUNO.
BRUNO — (Tom) Gaby, espera!
BRUNO SE APRESSA E SEGURA O BRAÇO DE GABY. A FAZ OLHAR PARA ELE.
GABY — Bruno, eu não quero falar com você agora!
BRUNO — Calma. Espera! Eu tentei te ligar, você não me atendeu!
GABY — Porque você queria que eu te atendesse? Pra me dar mais alguma desculpa? Pra falar que precisava ficar com a sua mãe, que ela tá doente, que, que, que... Várias desculpas, Bruno.
BRUNO — Não são desculpas, Gabriela. Eu fiquei com a minha mãe. Ela realmente tá muito doente, você sabe. Você foi lá em casa e você mesma viu! Eu não tô inventando nada!
GABY FICA QUIETA, APENAS O ENCARA.
GABY — Eu tô cansada, Bruno. Fora que lá em casa também não tá fácil, meus pais me pressionando, a situação da minha irmã, cada dia mais histérica, foi abandonada pelo noivo... Desculpa, mas eu também não tô legal. Nós podemos conversar depois?
BRUNO — Tudo bem. Eu vou te respeitar. Sem pressão!
GABY — Obrigada.
BRUNO — Mas não se afasta. Por favor!
GABY CONCORDA. BRUNO A BEIJA NO ROSTO. GABY SAI RAPIDAMENTE, OLHA PARA TRÁS. BRUNO A OLHANDO IR. NELE, COM EXPRESSÃO FRUSTRADA.
CORTA PARA
CENA 11. RESTAURANTE. FRENTE. EXTERIOR. DIA
JÚLIA E LEANDRO VINDO DO INTERIOR DO RESTAURANTE. MOVIMENTAÇÃO COMUM NA RUA EM FRENTE.
JÚLIA — Taí, me surpreendeu o almoço de hoje. Não pensava que você poderia ser essa companhia tão agradável.
LEANDRO — Credo, Júlia. Até parece que sou um insuportável.
OS DOIS SE ENCARAM E CAEM NA RISADA.
LEANDRO — Tá, confesso que não sou o cara mais descontraído, divertido. Não sou como o meu irmão. Isso é fato.
JÚLIA FICA SÉRIA. LEANDRO A ENCARANDO.
LEANDRO — Desculpa.
JÚLIA — Não, tá tudo bem. É porque ainda mexe comigo falar do Davi. Uma hora, eu espero que isso seja algo mais natural pra mim.
LEANDRO — Da minha parte, bico calado!
JÚLIA — (Sorri) Bem, eu vou indo então.
LEANDRO — Júlia, espera. Eu vi na internet, por acaso, e também por causa da construtora, que você estava procurando um consultor para imóveis aqui no Rio. É isso?
JÚLIA — (Surpresa) É. Nossa. Coincidência.
LEANDRO — Nem tanto. Faz parte do meu trabalho ver pretensos compradores ou gente que esteja procurando lugares pra locação. Então, eu pensei, se não for muita pretensão... Será que eu posso te ajudar nessa procura?
JÚLIA FICA PENSATIVA. O ENCARA POR ALGUNS SEGUNDOS.
JÚLIA — Porque não? Você é tão competente no seu trabalho na construtora. Seu pai sempre elogiou por você ser tão profissional, até viciado em trabalho.
JÚLIA ESTICA O BRAÇO. OS DOIS FECHAM UM ACORDO. LEANDRO SORRI.
JÚLIA — Fechado.
ELA SORRI. EM LEANDRO A ADMIRANDO. SORRISO NO ROSTO.
CORTA PARA
CENA 12. RIO DE JANEIRO. EXTERIOR. NOITE
MÚSICA: “Cupim de Ferro” - Lenine
ANOITECENDO NA CIDADE. PONTOS SÃO MOSTRADOS. TAKE FINAL NA FACHADA DA ASSUNÇÃO ENGENHARIA.
CORTA PARA
CENA 13. ASSUNÇÃO ENGENHARIA. SALA DE ROBERTO. INTERIOR. NOITE
ROBERTO EM SUA MESA, NO NOTEBOOK. BATIDAS NA PORTA.
ROBERTO — (Sem desviar a atenção) Entra.
CAROL ENTRA.
ROBERTO — Carol, pensei que já tinha ido embora.
CAROL — Estou indo. O senhor ainda precisa de alguma coisa?
ROBERTO FECHA O NOTEBOOK. LEVANTA E SE APROXIMA. CAROL AINDA MUITO INTIMIDADA. TENSÃO.
ROBERTO — O que eu preciso você, infelizmente, não pode me dar.
CAROL — Doutor Roberto, eu/
ROBERTO — (Por cima) Porque ainda insiste em me chamar de "doutor"? Eu pensei que nós tínhamos intimidade pra deixar isso de lado.
CAROL TENTA DESVIAR, MAS ROBERTO A AGARRA.
CAROL — (Resistente/ Tom) Não!
ROBERTO — (Violento/ Tom) Deixa disso, garota! Eu sei que você quer tanto quanto eu!
CAROL — Me solta!
ROBERTO AGARRA CAROL E LHE DÁ UM BEIJO. ELA RESISTE O QUANTO PODE. INSTANTES. ELA CONSEGUE AFASTÁ-LO. ELA O ENCARA E CHORA.
ROBERTO — Desculpa, eu/
CAROL SAI CORRENDO DA SALA. ROBERTO COLOCA A MÃO NA BOCA. RI.
ROBERTO — Safada!
NELE, ALI CURTINDO O MOMENTO.
CORTA PARA
CENA 14. ASSUNÇÃO ENGENHARIA. ESTACIONAMENTO. INTERIOR. NOITE
ESTACIONAMENTO COM POUCOS VEÍCULOS ESTACIONADOS. CAROL VEM VINDO DO INTERIOR DA EMPRESA, PASSANDO POR ALGUNS CARROS, NERVOSA, CHORANDO BAIXINHO, PASSANDO A MÃO PELO ROSTO, PELA BOCA. DO OUTRO LADO, WILLIAM PARADO ENCOSTADO NO CARRO, NO EXTERIOR DO CARRO. ELA SE APROXIMA E AO VER O NAMORADO, CORRE ATÉ ELE.
WILLIAM — (Estranha) Carol? O que houve, amor?
CAROL — Me tira daqui, amor. Me tira daqui!
WILLIAM A ENCARA, ELA CHORANDO DESESPERADA, SOLUÇA. NELE, PREOCUPADO.
CORTA PARA
CENA 15. PRAIA DE COPACABANA. QUIOSQUE. EXTERIOR. NOITE
MÚSICA: "Too Bad" - Giulia Be
FESTINHA ROLANDO EM UM QUIOSQUE DE COPACABANA. ENTRE AS PESSOAS, DAVI ESTÁ BEBENDO ENCOSTADO, PRÓXIMO DO BAR. VITÓRIA ENTRANDO NO AMBIENTE, SE APROXIMA DELE AO VÊ-LO.
VITÓRIA — Que surpresa!
DAVI — (Encara) Ah, não, Vitória! Hoje não!
ELE VAI SAIR, ELA O INTERCEPTA.
VITÓRIA — Porque você faz sempre isso comigo, Davi? Eu te amo tanto, e você vive me pisando. Não valoriza quem te ama de verdade.
DAVI — Você não me ama, Vitória. Você não ama ninguém. Você quer as pessoas por capricho. Isso que você tem por mim, se chama obsessão. Você é obcecada em ficar comigo.
VITÓRIA — Sou! Eu sou obcecada mesmo! Eu sou obsessiva sim! Mas uma coisa você nunca vai poder negar, eu te quero como ninguém jamais quis nessa vida!
VITÓRIA ABRAÇA DAVI, QUE VIRA OS OLHOS, MAS SE ENCOSTA NELA, VISIVELMENTE EMBRIAGADO. ELA SE APROVEITANDO DA SITUAÇÃO.
VITÓRIA — Vem. Bora sair daqui. Vamos pra um lugar melhor.
DAVI SE DEIXANDO SEDUZIR POR VITÓRIA. ELA APROVEITA E PASSA A MÃO PELO ROSTO DELE.
VITÓRIA — Quando você vai entender que eu sou o que você precisa, hein?
DAVI — Vitória, eu amo... Eu amo a Júlia, Vitória.
VITÓRIA — Esquece essa molambenta. Fica comigo, Davi.
DAVI SE ENTREGANDO. VITÓRIA O BEIJA COM VONTADE, COM PAIXÃO. OS DOIS ALI ENTREGUES AO BEIJO.
CORTA PARA
FIM DO CAPÍTULO 13
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