Capítulo 45 (Último Capítulo)
- No capítulo anterior:
(Beatriz caminha pelo amplo salão de festas do clube, cruzando
pela mesa de doces que está sendo reorganizada pelo serviço de buffet).
BEATRIZ: Vamos
trocar a fraldinha, meu amor? (Fala com a filha, cruzando por uma mulher de
costas, trajando a farda do buffet contratado para servir o casamento).
IARA: (Vestida na farda do
buffet, Iara vira-se ao perceber que Beatriz já passou e tira o celular do
bolso para mandar um áudio) O momento chegou, ela está indo para o fraldário
sozinha com a pirralha! (Após enviar o áudio, Iara certifica-se de que não foi
vista e deixa o local em seguida).
(No fraldário, Beatriz troca a fralda de Alice e faz todo o ritual
necessário de praxe, higieniza, passa talco e em seguida substitui a fralda).
BEATRIZ: Prontinho,
a neném está sequinha e pronta para continuar se divertindo, não tá? (Beatriz
fala com a filha e ao olhar para o espelho, percebe a presença de Alberto logo
atrás dela). Você? (Beatriz pensa em gritar, porém, Alberto coloca a arma
apontada para a cintura dela).
ALBERTO: Nós três
vamos dar uma voltinha e nem pense em abrir a sua boca ou se não a bastardinha
sofrerá as consequências. (Diz em tom ameaçador).
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INSPETORA
CARINA: Espera, deixe-me ver se eu entendi. Você não matou, mas queria ter
matado? Difícil acreditar em sua palavra.
DINHO: Eu já
disse que não matei aquela desgraçada, mas eu acho que sei quem matou...
DELEGADO
ALMEIDA: Então quem foi? Quem? Responda! (Grita).
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LUCIANA: A Beatriz
está demorando, não acham?
LUIZA: É
verdade, será que aconteceu algum problema? Tomara que não...
CADU: Não aconteceu nada, gente.
Vai ver que o fraldário estava ocupado e ela esperou para utilizar. Eu vou até
lá e já trago de volta as duas, fiquem tranquilas! (Cadu levanta e vai até o
fraldário).
(Ao chegar ao fraldário, Cadu logo constata que Beatriz não está
lá, pois a porta foi deixada aberta).
CADU: Ué, elas não estão aqui...
Onde será que a Beatriz está? (Pensa em voz alta).
FUNCIONÁRIO DO BUFFET: O senhor
está procurando uma moça de vestido vermelho com um bebê de colo? (Questiona
com uma bandeja nas mãos).
CADU: Sim, sim! Você as viu?
FUNCIONÁRIO DO BUFFET: Sim, ela
saiu acompanhada de um homem.
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(O celular de Cadu começa a tocar).
CADU: (Tira o
celular do bolso e em seguida, atende a chamada) Número privado... Alô?
ALBERTO: Fala meu
querido irmão, quanto tempo!
CADU: Alberto?
(Surpreende-se).
ALBERTO: Dizem que
um bom filho a casa torna, não é mesmo? Eu vim matar a saudade da família e
adivinha, eu adorei conhecer a minha sobrinha postiça.
CADU: Do que você está falando?
ALBERTO: Ah, você
não sabe? Eu vou refrescar a sua memória...
CADU: (Ouve os gritos de Beatriz
ao fundo e o choro de Alice na ligação).
ALBERTO: Agora
você sabe do que eu estou falando, não sabe? Se quiser ver essas duas
novamente, vai ter que jogar seguindo as minhas regras a partir de agora,
entendeu? Um passo em falso e eu estouro os miolos de mãe e filha.
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CADU: (Invade o
local bruscamente) Beatriz? (Grita).
ALBERTO: Olha só
quem chegou... Papai postiço chegou! Uma cena comovente, não acha Alice? (Diz
enquanto segura Alice no colo com a arma apontada para a menina).
CADU: (Observa
a cena assustado).
- Fique agora com o último capítulo!
Cena 01 – Casebre Abandonado [Interna/Tarde]
(Cadu tenta negociar com irmão).
CADU: Calma, não faça
nenhuma besteira! Me entrega a menina e me diz onde a Beatriz está, nós iremos
embora e não vamos te denunciar, eu te entrego tudo o que tenho, tudo mesmo...
Deixe-as livre, por favor!
ALBERTO: Te entregar? Mas
eu acabei de segurar, está com medo de que eu a deixe cair? Calma, papai... Não
farei isso!
(Trancada dentro de um dos quartos, Beatriz ouve a voz de Cadu).
BEATRIZ: Cadu, é você? Eu
tô aqui, ele me trancou! (Grita).
ALBERTO: Vá em frente,
solta a mulherzinha que o nosso encontro vai ficar ainda mais emocionante...
CADU: (Se aproxima da
porta do quarto onde Beatriz está trancada) Amor, se afasta... Eu vou arrombar
a porta!
BEATRIZ: (Afasta-se da
porta).
CADU: (Chuta e derruba
a porta do quarto em seguida) Você está bem? (Diz ao abraçar Beatriz).
BEATRIZ: Ele pegou a minha
filha, ele vai matar a minha filha... (Diz desesperada).
ALBERTO: (Levanta-se e
ainda com a menina no colo e caminha em direção a porta de entrada do casebre)
Vamos dar uma voltinha? Me sigam!
(Alberto carrega Alice no colo, que chora insistentemente enquanto
Beatriz e Cadu seguem logo atrás. Os quatro caminham pelo terreno da
propriedade, aproximando-se cada vez mais de um penhasco da região).
CADU: Alberto...
Alberto, olha pra mim, fala comigo! Me devolve a menina e nada irá te
acontecer, eu garanto. Eu transfiro meu dinheiro para a conta que você quiser e
posso conseguir um jatinho para você chegar na fronteira, mas não faça nenhuma
maldade com essa criança.
ALBERTO: (Para próximo a
beirada do penhasco e sorri) Você não percebeu que não é mais questão de
dinheiro? Agora é questão de fazer justiça!
CADU: Fazer justiça? De
que justiça você está falando?
ALBERTO: Eu fui jogado num
orfanato quando eu nasci e fui rejeitado por diversas famílias, até que
encontrei os meus pais. Tudo era perfeito, eles me amavam, me davam carinho, cuidavam
de mim... Fazíamos tudo juntos, tudo mesmo! (Com as mãos trêmulas e a voz
embargada, Alberto começa a falar do passado). Até você chegar, você tinha que
chegar... Era chamado de “meu milagrinho” pela nossa mãe, vários médicos diziam
que ela não poderia ter filhos nunca, mas você fez questão de chegar para
roubar tudo de mim...
CADU: Eles amavam a nós
dois, por igual!
ALBERTO: Mentira! (Grita).
Eles me esqueceram depois que você chegou... Essa indiferença só aumentou
durante o decorrer dos anos. Todas atenções eram voltadas para você e eu ia
ficando de lado. Depois veio o defeito de fábrica não, é? O problema de coração
e aí, eles me esqueceram totalmente. Você me roubou tudo!
CADU: Eles te amavam
também, entenda... Eu não pedi para nascer com aquele problema de coração...
ALBERTO: Eu me matei pra
caramba para me formar e administrar os bens da família, mas o nosso pai quis
deixar você no comando, ele não gostava de mim.
CADU: Ele sabia que
você estava envolvido com jogos, fez isso pelo seu próprio bem!
ALBERTO: Quando eles
morreram naquele acidente aéreo eu pensei que você não fosse aguentar e que
esse seu coração enfim fosse parar, mas não... Até nisso você teve sorte e um
doador apareceu, eu amaldiçoei tanto a pessoa que foi responsável por você
viver.
CADU: Mas porque você
me odeia tanto? Será que não se lembra mais de quando éramos amigos e você
confiava em mim? Você me ensinou a jogar futebol, lembra disso?
ALBERTO: (Completamente
fora de si, emociona-se com a recordação do irmão).
CADU: E quando você me
defendeu na escola e brigou com aqueles valentões? Eles me chamavam de doente e
você me defendia, dizia que eu era o seu irmão. Você esqueceu disso? Onde foi
que a nossa irmandade e o amor se perdeu? (Lentamente, Cadu deixa Beatriz para
trás e vai se aproximando do irmão).
ALBERTO: (Chora
copiosamente segurando Alice no colo) Você também me rejeitavam, eu era só um
adotado... Eu sou um encosto naquela família.
CADU: Não, você é meu
irmão e eu te amo. Nada vai mudar isso! Me dá a menina... Eu vou te ajudar!
(Enfim, Cadu consegue tirar Alice dos braços do irmão e a entrega rapidamente
para a mãe da menina).
BEATRIZ: Minha, filha...
Graças a Deus! (Aperta a filha forte contra o peito).
CADU: (Olha para a arma
na mão do irmão e tenta pensar em como irá desarmá-lo).
ALBERTO: Não adianta... Já
é tarde demais, nós não temos mais chances! É por isso que eu preciso acabar
com essa história. Eu preciso te dar um fim.
CADU: (Avança em cima
do irmão e os dois começam a brigar pelo poder da arma).
BEATRIZ: Cuidado Cadu...
(Grita).
(Durante a briga a arma cai no chão, Alberto se desequilibra e tenta se segurar em Cadu,
em seguida os dois acabam caindo do penhasco).
BEATRIZ: Não! (Grita).
Cena 02 – Clube da Cidade [Interna/Tarde]
(Luciana está sentada numa cadeira completamente aflita,
enquanto os outros tentam compreender o que está acontecendo).
LUIZA: Tem certeza que ele não disse mais nada? Uma pista qualquer que nos
faça descobrir para onde ele foi?
LUCIANA: Nada, nenhuma palavra além do que eu já disse... Eu estou angustiada,
eu sinto que a minha filha e a minha neta estão em perigo.
OTTO: Eu vou conseguir um pouco de água com açúcar, já volto.
CLARISSA: Precisamos manter a calma, a Beatriz e a minha afilhada irão reaparecer
sãs e salvas.
TOBIAS: Isso, vamos manter a fé e não vamos sofrer por antecipação...
BENEDITO: Novamente o ciclo irá se fechar, a morte está rondando esse lugar.
CLARISSA: Calado vovô, não diga tanta besteira... Não vê que elas estão nervosas?
PADRE
FERNANDO: Vamos rezar para que o Cadu traga mãe e filha na
santa paz!
(Carina tenta acalmar os familiares no clube da cidade).
INSPETORA CARINA: Eu acho que as informações que vocês nos deram já são o suficiente...
LUCIANA: Vocês precisam
fazer alguma coisa, alguém precisa tirar a minha filha e a minha neta das
garras daquele maluco.
DELEGADO ALMEIDA: (Se aproxima da mesa para transmitir novidades) Boas notícias,
conseguimos rastrear o carro do Cadu com a seguradora. Parece que eles estão
numa chácara abandonada na saída da cidade, antiga chácara boa vista! Vamos até
lá...
INSPETORA CARINA: Vamos, nós faremos até o impossível para trazer todos em segurança.
LUIZA: Carina?
INSPETORA CARINA: Pois não!
LUIZA: Salve a sua irmã,
por tudo que há de mais sagrado.
INSPETORA CARINA: Fique tranquila, minha tia. Farei tudo o que ser possível!
(Carina e Almeida deixam o clube e partem para o endereço fornecido
pela seguradora de veículos).
Cena 03 – Plano Astral [Externa/Manhã]
(Adelaide segue Orlando para tentar se explicar).
ADELAIDE: Orlando, me espere! Eu preciso te explicar uma coisa, me ouça...
ORLANDO: Agora eu não posso, Beatriz e minha filha estão em perigo, preciso
voltar até lá e ajuda-las.
ADELAIDE: Você precisa saber toda a verdade, não quer saber o final de toda essa
história?
ORLANDO: (Vira-se e fica frente a frente com Adelaide) Você sabe? Então me
conte, diga de uma vez!
ADELAIDE: Está bem, eu vou te contar... Você vai saber finalmente toda a verdade!
Cena 04 – Chácara Boa Vista [Interna/Tarde]
Atenção leitor(a): A partir
de agora faremos uma viagem no tempo e regressaremos algumas décadas e vidas
passadas, as próximas cenas serão ambientadas na década de 50.
Correntes, 1953
(Beatriz rasteja pelo chão).
CAROLINA: (Dá risada com a cena) Que foi? Está com medo? É assim que eu gosto,
que você sofra até o último segundo, essa história está chegando ao fim.
BEATRIZ: Quem é ele? É seu
cúmplice? Seu rosto me é familiar... (Questiona referindo-se a pessoa
misteriosa que segura a espingarda).
CAROLINA: Você realmente o
conhece! Ele é o meu pai, nunca foi flor que se cheire, como eu. Minha mãe o
expulsou de casa há muitos anos, éramos meninas ainda... Ele me ajudou a
orquestrar todo esse plano para que eu conseguisse o que queria e teria dado
certo, se você não fosse miseravelmente tão sortuda. Porém, até os mais
sortudos tem azar uma vez na vida e o seu momento chegou, atira nela papai...
Vamos, estoure os miolos dessa mosca morta!
ADELAIDE: (Olha para o
espírito de Orlando que assiste a cena ao seu lado) Agora você já sabe de toda
a verdade...
ORLANDO: (Surpreende-se)
Foi você! Eles sempre estiveram juntos e são cúmplices na vida passada e na
presente.
(Com a espingarda mirando a cabeça de Beatriz e prestes a atirar, a
chácara é invadida por Orlando e a Polícia).
DELEGADO
TOBIAS: (Grita) Abaixa a espingarda, a casa está cercada.
Os dois estão presos!
CAROLINA: Eu não serei
presa, eu não fiz nada. Eu sou inocente! (Mente). Foi ele quem tramou tudo isso e estava
me ameaçando, eu não queria fazer isso. Ele que insistiu em sequestrar a minha
prima para pedir um resgate, é ele quem deve ir para a cadeia!
BEATRIZ: Mentira, eles são
cúmplices... Ela queria me matar, sempre quis.
PESSOA MISTERIOSA: Você vai ser capaz de me trair? Seu próprio pai? Vai morder a mão que te deu comida? Sua víbora... Se eu for para o inferno,
você vai junto! (Tira a espingarda da direção de Beatriz e a aponta para
Carolina). Eu vou fazer o que eu já deveria ter feito há muito tempo, eu vou
cortar o mal pela raiz! Eu nunca quis ter filha, não hei de querer nunca.(Atira em Carolina no peito).
BEATRIZ: (Desvia o olhar
para não presenciar a cena).
Cena 05 – Hospital de Correntes [Interna/Manhã]
Música da cena: Chega de Saudade – João Gilberto
(Algumas semanas após a morte de Carolina, a filha de
Beatriz e Cadu tem alta médica, então ela e Orlando vão até o hospital buscar a
menina).
ENFERMEIRA: (Entrega a
menina para Beatriz segurar pela primeira vez) Pronto mamãe, aqui está a sua
filha...
(A cena continua sendo observada por Adelaide e o espírito de Orlando).
ORLANDO: Tenho certeza de que eu amei muito essa menina!
ADELAIDE: E você amou, tanto como se fosse a sua própria filha, mesmo não tendo
sido sua legitimamente falando. Por isso para você na vida atual era tão importante ser pai,
por isso esse grande anseio...
ORLANDO: Eu acho que agora
consigo compreender e fico feliz que no fim, a justiça tenha sido feita. Agora
você nunca me disse como sabia de tantas coisas, você já pode me contar?
ADELAIDE: É simples, eu sei
de tudo isso porque é a história de minha vida. (Responde).
ORLANDO: (Olha para
Adelaide sem entender o que ela quis dizer).
ENFERMEIRA: Finalmente
você poderá levar ela para casa, forte e saudável.
BEATRIZ: Graças a Deus, eu
estou muito feliz... É tanta alegria, que as vezes pergunto a Deus se eu sou
digna de tudo isso.
ENFERMEIRA: E a
senhora já sabe o nome dela? Nunca me disse como ela se chamava.
BEATRIZ: Adelaide! Em
homenagem a minha avó e a Santa Adelaide, padroeira de tantas causas
familiares, não haveria nome melhor... (Diz emocionada olhando para o rostinho
da filha).
ORLANDO: (Sem conseguir se
conter, lágrimas escorrem de seu rosto quando ele finalmente entende toda a
história) Então era você o tempo todo... Você é a filha da Beatriz e do Cadu na
vida passada?
ADELAIDE: Sim e fazia parte
da sua missão de desenvolvimento permitir que as coisas voltassem ao seu devido
lugar na vida atual. Agora você finalmente está pronto!
ORLANDO: Por isso você vai
reencarnar, você é o fruto do amor dos dois que não pode se realizar na vida
passada.
ADELAIDE: Agora que você já
compreendeu essa parte da história, falta a conclusão agora!
Cena 06 – Casebre Abandonado [Externa/Noite]
Atualmente, 2020.
Atualmente, 2020.
(Chora ajoealhada no chão de terra).
BEATRIZ: Não meu Deus, não... O Cadu não, o Cadu não...
(Aos poucos a imagem mostra a beirada do penhasco, revelando que Cadu e
Alberto estão pendurados).
ALBERTO: Desiste, nós vamos morrer... Estamos só nos cansando aqui! (Diz
tentando voltar a terra firme e encorajar o irmão a se soltar).
CADU: Não, ninguém vai morrer hoje... Eu não vou deixar, não vou!
(A viatura se aproxima do local, Almeida dirige enquanto Carina tenta
encontrar algum vestígio de Beatriz e a menina).
INSPETORA
CARINA: Veja, é a Beatriz ali na frente... (Aponta).
DELEGADO
ALMEIDA: Sim, é ela. (Almeida estaciona a viatura).
INSPETORA
CARINA: (Desce da viatura rapidamente e corre até a irmã)
Vocês estão bem?
DELEGADO
ALMEIDA: Onde estão os irmãos Montenegro?
BEATRIZ: Eles caíram do penhasco... (Diz aos prantos).
(Após ouvir o que Beatriz acabara de dizer, Almeida corre em direção ao
penhasco).
DELEGADO ALMEIDA: Eles não caíram, eles estão pendurados! (Grita ao avistar os dois. Em
seguida, deita-se no chão e estende a mão para resgatá-los). Me dê a mão!
CADU: (Olha para
Alberto e percebe que ele já está prestes a cair).
DELEGADO ALMEIDA: Vamos, me dê a mão! (Diz com a mão estendida na direção de Cadu).
CADU: Vai você
primeiro, Alberto... Vai!
ALBERTO: (Fica surpreso
com a atitude do irmão) Que joguinho é esse? Está querendo me enganar de novo?
Saiba que eu não irei acreditar que você se importa comigo.
CADU: E eu realmente
gostaria de não me importar, mas infelizmente você é o meu único irmão e eu me
importo, por mais que você tenha feito tudo o que fez.
ALBERTO: Então vai você
primeiro!
CADU: Não, você
primeiro... (Nesse momento, Cadu quase cai do penhasco).
ALBERTO: (Começa a
sentir uma sensação de arrependimento, mesmo tentando fingir que não) Não
seja idiota, eu não tenho ninguém me esperando. Você tem uma mulher que te ama,
tem uma criança que ama como se fosse sua própria filha, dê logo a droga da mão
ao delegado.
CADU: (Olha para
Alberto e segura a mão de Almeida em seguida).
(Agora do alto do penhasco, Cadu deita ao lado de Almeida e também
estende a mão para que o irmão suba).
CADU: Agora é a sua vez, me dê a mão... Nós iremos te puxar! (Estende a mão
para que Alberto segure).
ALBERTO: (Olha para a mão de Cadu) Não, eu não vou... É tarde demais para voltar
atrás...
CADU: Não, não é... Você ainda pode se arrepender e recomeçar a sua vida
depois que acertar suas contas com a justiça, eu vou te ajudar. Agora segure a
minha mão, vamos!
ALBERTO: Eu já fiz mal demais nessa vida, eu errei muito e para consertar, só me
libertando de tudo.
CADU: O que você está dizendo? Segure a minha mão, vamos... (Se esforça e
estica ainda mais o braço para que Alberto segure a sua mão).
ALBERTO: Eu vou te deixar em paz, é o fim para mim. Eu espero que algum dia você
consiga se livrar de todo o mal que eu lhe fiz e que os nossos pais me perdoem
por eu ter manchado a imagem da nossa família.
CADU: Não Alberto...
ALBERTO: Adeus! (Solta-se, fecha os olhos e cai de vez do penhasco).
CADU: Não! (grita enquanto é segurado por Almeida).
(De olhos fechados, Alberto sente seu corpo voar pelo ar e cada vez mais
vai se sentindo leve, até que toma coragem e enfim abre novamente os olhos).
ALBERTO: (Ao abrir os
olhos, percebe que está exatamente no mesmo lugar, pendurado no penhasco. A
única diferença é que não é mais noite, o dia está ensolarado. Por conta dos
raios solares, Alberto tem dificuldade de decifrar o que está vendo ao olhar
para cima, até que percebe ser uma mão).
ORLANDO: Confie em mim,
segure a minha mão. Eu não vou deixar você cair! (Diz estendendo a mão para
Alberto).
ALBERTO: (Desconfiado,
Alberto hesita, mas acaba segurando a mão se Orlando, sendo puxado para cima
logo em seguida).
ORLANDO: Pronto, agora
você está salvo!
ALBERTO: (Espanta-se com a
beleza do lugar onde está, que nada se parece com o local onde estava situado o
cativeiro) Que lugar é esse? Onde eu estou?
ORLANDO: Você está no
lugar onde as pessoas vêm após fazerem a passagem. Bem vindo ao plano astral!
Venha comigo, tenho uma longa história para te contar. A partir de agora, eu
serei o seu mentor aqui.
Cena 07 – Delegacia [Interna/Tarde]
(Após a noite tumultuada, o suicídio de Alberto e o
resgate de Beatriz, Cadu e Alice. O Delegado Almeida reúne a todos na delegacia
para fazer um comunicado).
DELEGADO
ALMEIDA: Fico muito feliz que todos tenham aceitado ao meu
convite e estejam aqui presentes.
TOBIAS: Confesso que estou muito curioso, nem viajamos de lua de mel para estar
aqui.
CLARISSA: É verdade...
BEATRIZ: Fale de uma vez, delegado. O que estamos fazendo aqui?
CADU: É alguma novidade sobre o assassinato da Carolina, não é?
DELEGADO ALMEIDA: Sim! Depois de meses de investigação, nós conseguimos prender a peça
chave para resolver esse caso e finalmente podemos dizer que iremos concluir
esse inquérito. O assassino de Carolina Montenegro está aqui!
CADU: Aqui? O senhor
quer dizer que um de nós matou a Carolina? (Questiona tão surpreso com a
afirmação do delegado quanto os outros ali presentes).
DELEGADO ALMEIDA: Não! Eu quis dizer que o assassino está na delegacia, mas não nessa
sala.
BEATRIZ: Então quem foi?
Onde está?
DELEGADO ALMEIDA: Bem aqui... (Diz ao puxar a cortina que dá acesso a sala de
interrogatórios. Cadu, Beatriz, Tobias e Clarissa observam a cena no interior
de uma sala e através de um vidro, porém não são vistos do interior da sala de
interrogatório. Por fim, a identidade real do assassino é revelada e deixa a
todos surpresos).
Cena 08 – Sala de Interrogatórios (Delegacia)
[Interna/Tarde]
(Carina coloca a fantasia de morte dobrada e num saco
plástico transparente em cima de uma mesa. Em seguida, senta-se de frente para
o assassino para interroga-lo).
INSPETORA CARINA: O senhor sabe o motivo de estar aqui ou reconhece essa fantasia?
RANGEL: Não senhora, na
verdade eu não entendo o motivo de estar aqui.
INSPETORA CARINA: Me diga senhor Rangel, qual era a sua relação com Carolina Montenegro?
RANGEL: Extremamente
profissional, eu sou mordomo na casa da família dela há pelo menos uma década.
INSPETORA CARINA: Somente isso?
RANGEL: Eu não entendo
onde a senhora pretende chegar, Inspetora!
INSPETORA CARINA: Está bem, serei mais objetiva... Acontece que para quem conheceu e teve
uma relação estritamente profissional com a vítima, você teve contato demais
com ela, não acha?
RANGEL: Eu não sei do que
a senhora está falando, eu só encontrava com a minha patroa em casa.
INSPETORA CARINA: Foi o que eu pensei que diria, porém, eu resolvi me precaver e fiz uma pesquisa de dados a seu respeito. Eu identifiquei que o senhor usa o
sobrenome “Linhares”, mas na verdade o seu sobrenome é “Torres”. Diante o fato,
irei reformular a minha pergunta, qual é o seu grau de parentesco com Carolina
Torres Montenegro?
RANGEL: (Engole seco e
começa a demonstrar ansiedade em sua fisionomia) Éramos primos, mas bem
distantes... Nem dá pra chamar de família direito.
INSPETORA CARINA: Pra mim, família é família. Se me permite, farei outra pergunta. Há
quanto tempo você vinha mantendo contato com ela? Começou antes dela se tornar uma Montenegro, não foi?
RANGEL: Desde que ela se
casou e foi morar na cobertura...
INSPETORA CARINA: Resposta errada! Eu não sei se o senhor sabe, mas cometer falso
testemunho também é crime e vale pena na cadeia. O senhor já esteve na cadeia,
não já? Após coletar os seus dados na base policial, descobri algumas passagens
suas pela justiça, venda de entorpecentes, aliciamento de menores e estelionato,
que é onde eu queria chegar. O senhor serviu como olheiro e colocou o senhor
Carlos Eduardo na mira de Carolina para que ela se casasse com ele e lhe
aplicasse um golpe? Você foi cúmplice de Carolina Montenegro o tempo inteiro. Não é isso?
RANGEL: (Respira fundo e
enfim, resolve colaborar com a verdade) Ela tinha voltado de Correntes e tinha
tido uma criança que não queria, então ela me procurou. Eu estava cansado de
viver da miséria, um salário mínimo não tapa nem o buraco do dente de ninguém, eu
precisava de mais e a minha prima sempre foi muito gananciosa, então resolvemos
entrar nessa juntos. Como eu já trabalhava na cobertura da família Montenegro,
comecei a passar para ela informações sobre a rotina da casa, agenda do senhor
Cadu até que aos poucos ela foi entrando na vida dele e o envolveu.
INSPETORA CARINA: E o que o senhor iria lucrar com isso?
RANGEL: Ela casou com
comunhão total de bens, o combinado seria que ela se separasse com um ano de
casados. Ela iria arrancar milhões daquele babaca e iria me dar 50% de tudo que
ela tirasse dele, só que com o passar do tempo ela foi ficando cada vez mais
interessada em ficar com tudo, foi quando ela se bandeou para o lado do irmão
dele e me traiu, tentando matar o Cadu em seguida, assim ela seria a herdeira
universal do marido.
INSPETORA CARINA: Essa fantasia foi encontrada no fundo de uma gaveta em seu quarto, lá
na cobertura. Para concluir e não gastar mais o tempo de ninguém, me
responda... O senhor matou Carolina Montenegro?
RANGEL: Matei e se
pudesse, mataria de novo e de novo... Estávamos juntos nisso e ela me enganou,
iria fugir com todo o dinheiro que conseguiu tirar do fazendeiro, sem me dar um
tostão. Eu não perdoaria essa traição jamais! Eu não iria aceitar viver pobre para sempre enquanto ela luxava as minhas custas, isso nunca! (esbraveja).
Flashback:
(A cena retorna para a noite do assassinato de Carolina).
CADU: Você está indo longe demais
Carolina, é hora de você se entregar...
CAROLINA: Me
entregar? Olhe bem para mim, você acha mesmo que eu vou lavar privada suja de
cadeia? É claro que não, eu sou do time das que vencem, entendeu? Eu vou embora
com o meu filho e vou refazer a sua vida.
CADU: (Tira o celular do bolso)
Não, você não vai... Fique paradinha aí, nem pense em dar um passo. Eu vou
chamar a polícia, esse é o seu fim! (Cadu começa a discar o número).
(Após entrar no quarto sem ser notado, Rangel acerta a
cabeça de Cadu com um pedaço de madeira e tira a máscara).
CAROLINA: Você?
Que brincadeira idiota é essa? Quer me assustar? Eu não tenho medo de você.
RANGEL: (Solta o pedaço de madeira no chão ao observar a arma
em cima da cama. Nota-se então que a pessoa está fantasiada de Morte)
Brincadeira? Você que está brincando... Perdeu a noção do perigo? Eu te ajudei,
eu coloquei o homem na sua mão e você mordeu a mão que te ajudou e quer sumir
do mapa com uma bolada sem me dar a minha parte, rua rata?
CAROLINA: (Arregala os olhos assustada) O que pensa que está
fazendo? Você não passa de um ser desprezível, sempre vivendo das minhas
migalhas. Não faça uma besteira dessas, eu tenho dinheiro posso dividir com
você... Vamos conversar!
RANGEL: (Segura a arma com as mãos trêmulas).
CAROLINA: (Nota a fragilidade do primo e tenta tirar proveito disso) Eu aposto que você nem sabe como uma arma funciona, nunca teve competência para nada, eu sempre tive o mérito por tudo. Você é medíocre, tá se achando caviar só porque me deu um empurrãozinho? Você nasceu pra ser feijão, comida de pobre e pobre vai morrer. Quer saber mais? Eu não vou te dar um tostão, só pela sua audácia. Dê meia volta e vá para a cobertura viver sua vida de mordomo, enfurnado na ala dos empregados. Eu tenho nojo de você, vergonha de ser sua parente e por isso escondi de todo mundo, não queria que descobrissem essa parte podre da árvore genealógica. Você nem homem é... Está se borrando todo! (Carolina está próxima da varanda do quarto).
RANGEL: (Segura a arma com as mãos trêmulas).
CAROLINA: (Nota a fragilidade do primo e tenta tirar proveito disso) Eu aposto que você nem sabe como uma arma funciona, nunca teve competência para nada, eu sempre tive o mérito por tudo. Você é medíocre, tá se achando caviar só porque me deu um empurrãozinho? Você nasceu pra ser feijão, comida de pobre e pobre vai morrer. Quer saber mais? Eu não vou te dar um tostão, só pela sua audácia. Dê meia volta e vá para a cobertura viver sua vida de mordomo, enfurnado na ala dos empregados. Eu tenho nojo de você, vergonha de ser sua parente e por isso escondi de todo mundo, não queria que descobrissem essa parte podre da árvore genealógica. Você nem homem é... Está se borrando todo! (Carolina está próxima da varanda do quarto).
RANGEL: Você não vale nada, priminha... Você achou mesmo que
iria me passar a perna? Ladrão que rouba ladrão, tem cem anos de perdão. Eu vou
ficar com o dinheiro do resgate do seu filho rejeitado e você não vai ficar
viva pra contar história. Diga adeus, priminha! (Atira em Carolina três vezes
no peito a queima roupa. Em seguida, coloca o revólver em uma das mãos de Cadu,
com o dedo no gatilho).
(Rangel vai até Cadu que está desmaiado e coloca a arma na mão dele.
Feito isso, ele se aproxima da mala, porém, ao ouvir passos se aproximando, ele
se assusta, recoloca a máscara e foge da cena do crime. Nesse momento, a cena
vai mais além e retorna para a vida passada no exato momento em que Adelaide
revela a Orlando o rosto do pai de Carolina na outra vida, mostrando então o
rosto de Rangel).
Fim do Flashback.
INSPETORA CARINA: A partir de agora, a justiça irá se encarregar da sua situação. O
senhor tem o direito de chamar um advogado, caso contrário, será defendido pela
defensoria pública, no mais, o senhor está preso por assassinato... Podem
leva-lo!
(Um outro policial algema Rangel e o leva para a cela, no percurso ele
encontra com Cadu lhe encarando, o mordomo então abaixa a cabeça e é levado
para a detenção).
Cena 09 – Hospital de Correntes [Interna/Manhã]
ALGUM TEMPO DEPOIS...
(Na sala de parto, Eulália é atendida pela equipe médica
e amparada por Severino).
MÉDICA: Eulália, na sua próxima contração eu preciso que você empurre com toda
a força que você puder, faz força para baixo.
EULÁLIA: (Faz o que a médica orienta após sentir uma nova contração).
SEVERINO: Vai amor, coragem... A nossa pontrancazinha já está quase chegando!
EULÁLIA: Pare de chamar nossa filha de potranca, eu não sou uma das jumentas do
haras para ter uma potranca! (Diz com voz de choro por conta das dores do parto
e em seguida, empurra ao sentir uma nova contração).
MÉDICA: Nasceu! (Diz ao levantar a recém-nascida que chorava insistentemente).
Música da cena: Quem Me Dera – Márcia Fellipe e Jerry Smith
EULÁLIA: (Segura a menina no colo, enquanto Severino corta o cordão umbilical)
Eu consegui, veja... A nossa filha! (Diz emocionada).
SEVERINO: Você me fez o homem mais feliz do mundo, minha Maria Mijona!
EULÁLIA: Meu grosseirão... (Com a menina no colo, Eulália e Severino se beijam).
Cena 10 – Haras Ferraz [Interna/Manhã]
Música da cena: Não Olha Assim Pra Mim - OutroEu
(Imagens do haras são apresentadas, os cavalos andam
livremente pelos pastos da fazenda de Tobias e os funcionários circulam pelo
haras até as imagens apresentar a fachada da fazenda).
CORUJA: Você me chamou,
pai? (Diz ao entrar na sala e encontrar o pai na companhia de Clarissa).
CLARISSA: Chamou sim, nós temos uma surpresa!
CORUJA: Surpresa? Que surpresa? Eu adoro surpresas... (Responde empolgado).
TOBIAS: (Se aproxima do
filho com um envelope grande nas mãos) O presente está aqui dentro desse
envelope. É a sua certidão de nascimento, a partir de hoje você passa a se
chamar Gael de Oliveira Ferraz, filho de Clarissa de Oliveira e Tobias Ferraz.
Agora você tem oficialmente um pai e uma mãe... (Diz emocionado).
CLARISSA: (Se agacha perto
do menino) Eu sei que a gente não te consultou antes, mas saiba que eu estou
muito feliz com isso e quando você se sentir preparado, pode me chamar de...
CORUJA: (Interrompe antes
que Clarissa termine) De mamãe? Nada no mundo me faria mais feliz do que poder
te chamar assim, mamãe!
CLARISSA: (Olha para o menino
com os olhos marejados e em seguida o envolve num abraço apertado) Meu filho!
TOBIAS: (Abraça os dois)
Agora e sempre juntos, como uma verdadeira família!
Cena 11 – Sindicato das Empregas Domésticas de Pernambuco
[Interna/Manhã]
Música da cena: Cremosa – Banda Uó
(Um grande grupo de empregadas domésticas dos mais
variados estilos aguardam o início do discurso).
JORNALISTA:
Estamos ao vivo no SEMDP – Sindicado de Empregadas
Domésticas de Pernambuco e hoje, a estrela da internet vai fazer um discurso em
prol da classe em que foi acolhida durante todos esses anos que antecederam o
seu estrelato. Aí vem ela, filma ela... (Diz ao cinegrafista, que passa a
filmar com precisão o palco).
DORALICE: (Com uma roupa
justa e extravagante em tons dourados, Doralice surge em cima do palco para
discursar) Domésticas do meu Brasil, minhas companheiras tão queridas, gente
como a gente. Quando eu resolvi aceitar a campanha e dar o meu rosto para
estampar o nosso sindicato foi com o único motivo de lutar pelo direito de
vocês. Pelo direito de que vocês cantem alto sem ser incomodadas no serviço e
quem sabe ter um karaokê na área de serviço. Boa internet e WiFi para que
possam conversar com os namorados entre uma louça e passar o pano na casa. Que
vocês trabalhem menos e que as patroas coloquem mais a mão na massa, afinal
nossas unhas também quebram. Que o nosso salário seja dobrado, pois aturar as
cantadas de patrão é assédio e não estamos mais dispostas a aturar isso. Não
vamos nos calar, a partir de hoje somos mais que empregadas. Somos o brilho dos
lares, somos as rainhas do pedaço, somos todas Doralices! Aproveito aqui para
lançar oficialmente a minha candidatura, eu vou lutar por todas nós em
Brasília, estou me candidatando a deputada federal. Quem vem com Dorinha nessa?
MULTIDÃO: (Grita em uma só
voz) Doralice! Doralice! Doralice!
JORNALISTA: Doralice
Pereira acaba de anunciar que entrará para a política enquanto é ovacionada por
uma verdadeira legião de fãs. Ela é realmente um sucesso, não? Caio
Passos ao vivo para a TV Ranables. É com vocês no estúdio! (Finaliza a
matéria).
Cena 12 – Plano Astral [Externa/Manhã]
(Alberto segue Orlando pelo jardim).
ALBERTO: Diz pra mim, eu
ainda não entendi o motivo de ter vindo parar nesse lugar, principalmente
depois de tudo o que eu fiz, eu fui uma pessoa ruim.
ORLANDO: Você ainda não
percebeu o motivo? É tão claro...
ALBERTO: Mas não pra mim!
(Grita).
ORLANDO: Você se
arrependeu antes do momento da passagem e Deus achou que você merecia uma
segunda chance, por esse motivo você está aqui.
ALBERTO: A passagem? Eu
odeio quando me falam isso.
ORLANDO: Acredite se
quiser, mas eu já conheço essa novela. De não aceitar as coisas por aqui, de
ser rebelde, mas saiba que nada disso adianta e nem muda os planos que o
criador tem para nós. A partir de agora descobriremos pouco a pouco qual o seu
papel nisso tudo, sua missão na terra se encerrou. A sua nova jornada começa
agora!
(De longe, Adelaide e Bonifácio acompanham toda a cena).
BONIFÁCIO:
É sempre assim, vai começar tudo de novo.
ADELAIDE: Nada de novo no plano astral! (Sorri).
Cena 13 – Cabaré de Dona Cissa [Interna/Noite]
Música da cena: Amor de Que – Pabllo Vittar
(Em mais uma noite da abertura do cabaré a casa lota
enquanto Cissa conversa com Serena).
DONA CISSA: Quem
diria, o mordomo era o primo bandido da Carolina e eles pretendiam depenar o
milionário como se fosse um pato. O verdadeiro assassino é o mordomo, parece
coisa de novela, não?
SERENA: É verdade! Agora
a paz finalmente vai reinar nesse lugar. Agora eu confesso que fiquei curiosa
com uma coisa...
DONA CISSA: Qual?
(Questiona curiosa após beber um gole de vinho numa taça).
SERENA: A bandida da
Carolina foi capaz de sequestrar o próprio filho e pediu um alto resgate, que o
Tobias pagou. Acontece que o dinheiro não estava na cena do crime, não estava
com o irmão do milionário e muito menos com o mordomo. Já pensou se a gente
encontra essa bufunfa? Nem sei o que faria...
DONA CISSA: Claro que
sabe, menina. Não diga besteira! Se você encontrasse esse dinheiro, iria
pessoalmente comigo, arrastada... Devolver esse dinheiro! Somos pobres,
quengas, mas somos honestas e não roubamos ninguém. Ambiciosa desse jeito, até
parece a traste da Iara!
SERENA: E por falar em
cobra, ela desapareceu não foi? Parece que foi engolida pela terra.
DONA CISSA: Vamos
mudar de assunto? Não quero continuar tocando nesse assunto, além disso o seu
homem chegou. Olha ele ali te devorando com os olhos! (Se refere a Israel que
acabara de chegar e está sentado numa mesa acompanhado por um amigo).
SERENA: Ah que ótimo, eu
vou até lá.
DONA CISSA: Escuta
Serena, quem é aquele que está com o seu namorado? Eu nunca o vi aqui antes.
SERENA: Aquele é o
veterinário do haras, chama-se Sérgio. Não me diga que se interessou por ele?
DONA CISSA: Falando
besteira de novo, garota? Vai lá falar com ele e me deixa sozinha, vai...
(Serena cumpre o pedido de Cissa e vai até a mesa de Israel. Nesse momento,
Sérgio que também olha para Cissa, ergue o copo em sinal de que propõe um
brinde. Sem jeito, a dona do cabaré ergue a taça em seguida respondendo ao
brinde proposto pelo veterinário).
Cena 14 – Grand Palladium Resort (Ibiza, Espanha)
[Externa/Manhã]
Música da cena: A Gente Samba – Gabriel Nandes
(O garçom caminha com uma bandeja contendo alguns drinks
pelo pátio ensolarado do resort, pouco a pouco ele se aproxima do espaço da
piscina e se aproxima de uma cliente que usa um grande chapéu por conta do
sol).
GARÇOM: Senhora, aqui está o seu drink! (diz ao aproximar a bandeja da hóspede
para que ela pegue a taça. Ao virar para olhar o garçom, pode-se ver o rosto da
cliente, é Iara).
IARA: Obrigada! Coloque em minha conta por favor.
GARÇOM: Sim senhora, com licença. (Retira-se em seguida).
IARA: (Bebe um gole do
drink e enquanto aprecia a bebida, tem uma vaga recordação do passado).
Flashback:
(Na noite do assassinato de Carolina, Iara vai até o hotel para
chantagear a amiga novamente, porém enquanto caminha pelo corredor, ouve
disparos de arma de fogo, escondendo-se em um dos quartos. Alguns minutos
depois, vê uma pessoa fantasiada cruzar o corredor de maneira apressada, é aí
que ela resolve ir até o quarto onde Carolina está).
IARA: Ué, cadê a vagaba? (Iara vai até o banheiro, porém Carolina não está lá).
Onde será que ela foi? Eu ouvi a voz dela...
(Iara caminha pelo quarto por alguns instantes, porém, como não
encontra Carolina resolve ir embora. Nesse momento, ao dar uma olhada na mesa,
nota algo interessante).
IARA: Que maleta é
essa? (Diz ao se aproximar, abrindo-a em seguida). Mas isso é um verdadeiro
tesouro, que pecado te deixar assim sozinho e com frio... Vou te dar melhor
utilidade a partir de agora e você vem comigo... (Iara fecha a maleta e vai
embora do hotel, pela saída dos fundos).
Fim do Flashback.
IARA: Fiz muito bem
esconder esse presente da Cacau, imagina se tivesse contado ao maluco do
Alberto, ele teria jogado tudo fora em nome daquela maluquice de matar o irmão.
Um brinde a você Cacau, tomara que esteja queimando no inferno e a mim, que sou
esperta pra dedeu! (Iara sorri, tira o chapéu e coloca a taça em cima da mesa.
Em seguida ela pula na piscina e dá um mergulho).
Cena 15 – Livraria Monteiro Lobato [Interna/Noite]
Música da cena: Encantada – Rafael Cortez e Sabrina
Parlatore
(O dia amanhece e anoitece rapidamente conforme o passar
do tempo, as pessoas na cidade de Correntes e Recife seguem suas vidas
normalmente enquanto surgem em seus respectivos dia a dia).
UM ANO DEPOIS...
VERA: Confesso que
quando pedi para a Beatriz escrever uma história sobre uma mãe de primeira
viagem, não imaginei que a história ganhasse dimensões tão superiores. (Diz
enquanto conversa com Guilherme e Daniel no coquetel de lançamento do livro de
Beatriz).
GUILHERME: Eu aposto que
essa história renderá novas edições e muito prestigio a Divina.
CADU: A mamãe está ali
autografando os livros, está vendo? (Questiona com Alice em seu colo, a menina
está prestes a completar dois anos de idade).
LEITOR: Beatriz, eu sou
fã do seu trabalho. Pode fazer uma dedicatória para mim? (Diz ao entregar o
livro).
BEATRIZ: Claro, para quem
eu dedico? (Abre o livro e escolhe um local no interior da capa para assinar
LEITOR: Para a minha mãe,
será um presente. O nome dela é Marina!
BEATRIZ: Está bem... (Beatriz
começa a escrever uma mensagem no livro, enquanto lê em voz alta o que está
escrevendo). Com amor e carinho, Beatriz Grimaldi! Prontinho, aqui está...
(Beatriz fecha o livro e entrega ao leitor).
LEITOR: Muito obrigado!
(Quando o leitor segura o livro, a imagem se aproxima da capa e pode-se ver o
nome da história: “Amor Astral – Um amor além da vida.”).
(Todos os convidados começam a aplaudir Beatriz pelo
sucesso do livro, ela então levanta-se lentamente da cadeira e ao ficar de pé,
nota-se que ela está grávida novamente).
ORLANDO: (Parado ao lado de Cadu, observa Beatriz feliz, Orlando está com uma
expressão serena em seu rosto).
ALICE: Papai... Papai... (Diz a menina olhando para Orlando).
CADU: O que disse meu amor? (Pergunta olhando para a menina).
ALICE: Papai... (Repete olhando na direção de Orlando).
CADU: (Cadu olha para a
mesma direção que a menina está apontando e mesmo sem ver, ele compreende o que
está acontecendo) Sim, é o seu papai... Ele sempre será o seu pai, assim como
eu. Papai de sangue e papai de coração! (Responde).
Cena 16 – Fórum de Pernambuco [Interna/Manhã]
Atenção leitor(a): A partir
de agora faremos uma viagem no tempo e regressaremos algumas décadas e vidas
passadas, as próximas cenas serão ambientadas na década de 50.
Correntes, 1953
Música da cena: Ne Me
Quitte Pas - Maysa
GUARDA: O juiz irá dar seu veredito, todos de pé! (O guarda fala em voz alta
para que todos os presentes na sala de julgamento fiquem de pé).
(Toda a família Grimaldi assiste ao julgamento de Rangel, as imagens
transitam entre a vida passada e a atual, repetindo exatamente a mesma cena).
JUIZ: O réu Rangel
Torres, acusado de assassinar a tiros Carolina Torres é considerado culpado. Em
virtude de sua responsabilidade pelo homicídio, sua sentença será de trinta
anos, em regime fechado sem revogações. (Bate o martelo).
(Após o julgamento, Beatriz, Alice e Orlando voltam para casa
caminhando).
ORLANDO: Agora depois de
tanto tempo, acho que finalmente as coisas se aproximam de um final feliz.
BEATRIZ: Sim, eu concordo.
A justiça foi feita e agora o Cadu pode descansar em paz! Filha, não corra
tanto... (Diz com a menina que corre pelo parque).
ORLANDO: Sei que você já
disse isso muitas vezes, mas agora que tudo foi resolvido. Você não acha que
devemos nos dar uma oportunidade? Não peço que diga que me ama agora e nesse
exato momento, mas falo em tentar verdadeiramente.
BEATRIZ: Está bem Orlando,
eu vou tentar. Não te prometo amor, mas irei tentar por nós dois, como me pede!
(Diz sem olhar o marido nos olhos).
ORLANDO: (Lentamente
aproxima a sua mão da mão de Beatriz, até que as duas se unem e os dois seguem
caminhando de mãos dadas enquanto observam Alice explorar todo o parque logo a
frente).
Cena 17 – Haras Ferraz [Externa/Manhã]
Música da cena: How Deep Is Your Love – Maria Augusta
Atualmente – 2020
(Pouco a pouco as pessoas chegam e se acomodam nas
cadeiras para a cerimônia de casamento entre Beatriz e Cadu que será realizada
ao ar livre e nas imediações de um lago situado no haras de Tobias).
CLARISSA: Eulália, como a sua filha cresceu! (Diz de braços dados com Tobias e ao lado de Gael).
TOBIAS: Realmente, é uma linda menina. Como disse que ela se chama mesmo?
EULÁLIA: Aparecida Imaculada
Conceição Ediwiges Luzia Paulina Pedrosa Bezerra... Ela vai fazer dois anos! E
você, para quando é o bebê? (Diz ao notar a barriga de Clarissa já crescida,
devido a nova gestação).
TOBIAS: Cumprido o nome, né? (Diz sem graça ao ouvir o nome da criança).
CLARISSA: São gêmeos, dois meninos. Nascem daqui dois meses! Estamos muito
felizes. (Responde acariciando a barriga).
SEVERINO: Eu bem avisei a ela que essa ideia de colocar o nome das santas
favoritas dela ficaria no mínimo esquisito, coisa de gente louca!
EULÁLIA: Está me chamando de louca, grosseirão? Olha que eu te faço dormir no
sofá...
SEVERINO: Não me venha com essa história de novo, Maria Mijona...
(Diante de mais uma briga, Tobias e Clarissa saem de fininho enquanto
Eulália continua discutindo com Severino).
SÉRGIO: Posso sentar ao seu lado? Esse lugar está livre, não? (Diz ao se
aproximar de Cissa).
DONA CISSA:
(Olha para a cadeira ao seu lado e percebe que
Serena sumiu mais vez) Pode sim, está livre...
SÉRGIO: (Senta ao lado de Cissa e começa a jogar charme para ela).
(Serena e Israel chegam ao estábulo se agarrando).
SERENA: Ai, que exótico, eu nunca fiz nada num estábulo...
ISRAEL: Tem a primeira
vez para tudo na vida! (Dos dois entram em um dos alojamentos e o cavalo ao
lado começa a relinchar diante dos gemidos dos dois).
DANIEL: Bo-bo-bonita ce-cerimônia,
não é? (Diz a Guilherme, enquanto os dois estão sentados na área do casamento).
GUILHERME: Sim, finalmente a
minha amiga será feliz! Casamento dá um gatilho, não é?
DANIEL: Você-cê
ca-ca-ca-casaria comigo? (Pergunta na lata).
GUILHERME: Se eu me casaria
com o homem que arriscou a própria a vida para salvar a minha e cuidou de mim
durante meses, sem desistir? Eu casaria não apenas nessa, como nas próximas
reencarnações! (Beija Daniel).
(Pronta para o casamento, Beatriz recebe os retoques finais antes de
iniciar a cerimônia).
VERA: Você sem dúvidas é a noiva mais linda que eu já vi, essa barriguinha
deu um charme extra ao vestido!
LUIZA: Mais uma criança linda para nos encher de alegria...
LUCIANA: Você está linda, minha filha. Eu espero do fundo do meu coração que
você seja muito feliz. (Diz emocionada).
VERA: Já está tudo pronto, falta apenas a noiva. Com quem você vai entrar,
Bia?
LUCIANA: Com a Luiza, é claro...
BEATRIZ: Sim, com a minha tia de um lado e você do outro... Mãe!
LUCIANA: Do que você me chamou? (Questiona com lágrimas nos olhos).
BEATRIZ: Estamos iniciando uma nova fase das nossas vidas, nesse novo tempo não
é mais permitido ressentimento, rancor ou qualquer outro tipo de dor. Certo? Vocês
duas são e sempre serão as minhas mães. (Diz olhando para Luiza e Luciana).
LUIZA: Sim, minha filha. Aos poucos tudo se encaixa!
(Ao som da marcha nupcial tocada por uma orquestra, a cerimônia inicia.
Clarissa, Tobias, Benedito e Laurinha são os padrinhos. Carina é a dama de
honra e entra de mãos dadas com a sobrinha, Alice. Em seguida, Beatriz surge
grávida e vestida de noiva, de braços dados com Luiza a sua direita e Luciana a
sua esquerda, juntas as três caminham rumo ao altar).
CERIMONIALISTA: Sejam todos e todas muito bem vindos, hoje é dia de celebrar o amor!
(Diz ao iniciar a cerimônia).
INSPETORA CARINA:
(Segurando Alice, senta-se ao lado de Almeida na
primeira fila).
DELEGADO ALMEIDA:
Você está muito bonita!
INSPETORA CARINA:
Obrigada, é muita gentileza de sua parte.
DELEGADO ALMEIDA:
Sabe, eu estive pensando... Agora que as coisas
estão mais amenas, poderíamos...
INSPETORA CARINA:
Sair? (Diz ao interromper Almeida).
DELEGADO ALMEIDA:
É... Como... Você... (Nervoso, começa a gaguejar).
INSPETORA CARINA:
Não precisa dizer mais nada, modéstia a parte, eu
sou rápida no gatilho literalmente. (Carina e Almeida se beijam).
CERIMONIALISTA:
As alianças por favor...
CADU: (Coloca a aliança
no dedo de Beatriz) Receba essa aliança, em nome do meu mais puro e singelo
amor, com toda a certeza de que eu daria a minha própria vida pela sua para te fazer
feliz.
BEATRIZ: (Coloca a aliança
no dedo de Cadu) Receba essa aliança, em nome do meu amor, graças a você eu
aprendi a amar novamente e descobri uma nova Beatriz, capaz de transcender, de
ser justa, perdoar e não temer o amanhã.
CERIMONIALISTA: Com o
poder que me foi concedido, eu vos declaro casados. Pode beijar a noiva!
CADU: (Olha para
Beatriz completamente apaixonado).
BEATRIZ: Rápido amor, não
temos tempo a perder!
CADU: Como não?
Acabamos de casar, temos todo o tempo do mundo...
BEATRIZ: Sim, eu sei. Não
é sobre isso que estou falando, acontece que a bolsa acaba de estourar e o nosso
bebê vai nascer, então adianta.
CADU: O bebê? (Repete
nervoso. Em seguida Cadu coloca Beatriz no colo e grita). Senhoras e senhores,
aproveitem a festa. Gostaria de comunicar que eu e a noiva não iremos
participar por motivos de força maior... Eu vou ser pai... De novo! (Cadu e
Beatriz se beijam novamente).
Cena 18 – Plano Astral [Externa/Manhã]
(Bonifácio prepara-se para guiar Adelaide rumo a sua nova
vida)
ORLANDO: É, agora não tem mais jeito. Chegou a hora! (Diz
enquanto lágrimas escorrem através de seus olhos).
ADELAIDE: É, chegou a hora! (Confirma, também com lágrimas
nos olhos).
ORLANDO: Eu serei eternamente grato a você, jamais
esquecerei tudo o que fez por mim, pela paciência, pelas palavras e por me
guiar para o caminho certo.
ADELAIDE: Saiba que por mais que na nova vida as lembranças
sejam apagadas por completo ou não, eu continuarei com um lugar guardado em meu
coração para você, muito obrigada! (Orlando e Adelaide se despedem com um forte
abraço).
BONIFÁCIO: Está pronta? (Pergunta a Adelaide).
ADELAIDE: Sim, eu estou... (Responde).
BONIFÁCIO: Pode ir! (Bonifácio sai da frente, nesse momento
revela-se um túnel com uma forte luz branca e brilhante).
ADELAIDE: (Após dar alguns passos, se aproxima da luz, mas
antes olha para trás) Até algum outro dia! (Diz e em seguida segue em direção a
luz).
Cena 19 – Hospital de Correntes [Interna/Noite]
(Cadu entra no quarto onde Beatriz está internada após a
luz).
CADU: (Entra no quarto
acompanhado de Alice) Nasceu, o que é? Você quis que fosse surpresa, estou
ansioso para saber.
BEATRIZ: (Responde
emocionada) É uma menina! Aproximem-se.
CADU: Olha Alice, essa
é a sua irmã. Já sabe como ela irá se chamar?
BEATRIZ: Sim, sim... A
nossa filha vai se chamar Aurora. Significa “aquela como o nascer do sol” e
isso simboliza a nossa nova vida a partir de agora, como um novo raiar do sol,
mais uma chance de ser feliz.
CADU: (Cadu coloca Alice
junto a mãe e a irmã, em seguida senta-se ao lado das três) Nossa Aurora! (Cadu
e Beatriz se beijam enquanto Alice segura a mãozinha da irmã).
Cena 20 – Plano Astral [Externa/Manhã]
(Alberto e Cadu caminham pelo grandioso jardim do plano
astral enquanto conversam).
ALBERTO: Ainda está triste pela Adelaide ter ido embora?
ORLANDO: Não, eu estou feliz. Essa é a nossa jornada que sempre acaba do mesmo
jeito, recomeçando. Agora eu sinto paz em meu peito e um amor astral grandioso,
que é capaz de migrar de vida para vida quantas vezes eu reencarnar quando dor
a hora.
ALBERTO: Todo mundo que está aqui vai reencarnar em algum momento?
ORLANDO: Sim, mas para isso precisamos aprender e entender muitas coisas. Quer conhecer
a história das suas outras vidas?
ALBERTO: Quero...
ORLANDO: Venha comigo, irei te contar tudo o que sei! (Orlando e Alberto seguem
caminhando pelo jardim).
(Na terra, Seu Benedito fuma seu cachimbo enquanto admira o céu da
noite da cidade de Correntes).
BENEDITO: (Vê uma estrela cadente) Estrela cadente... Dizem que elas aparecem no
céu quando alguém está reencarnando. É como uma nova chance de viver o que não
se pode na vida passada, é a oportunidade de corrigir seus erros e aprender a
ser feliz. Ele está voltando, eu sei que está!
Música da cena: Espirais – Marjorie Estiano
(Aos poucos a imagem abre, mostrando Benedito de
costas a admirar as estrelas. A câmera foca nessa
cena e congela em seguida, encerrando capítulo com o a tela azul da cor do céu).
Trilha Sonora Oficial, clique aqui.
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