Cena 1, Morro, Tarde.
Ana Beatriz: Por quê você voltou?
Aluísio: Voltei por quê era preciso.
Ana Beatriz: Preciso pra quem hein, pai? A sua mãe morreu assassinada! Você não sente isso?
Aluísio: É claro que sinto. Eu sofri pela morte dela quando descobri, mas ela não ia querer que eu viva de passado e que não siga em frente.
Ana Beatriz: É, você tem razão. Mas, mudando de assunto, por onde esteve todo esse tempo?
Aluísio: Fui morar por uns tempos no interior de São Paulo. Lá eu refiz minha vida e estou muito bem.
Ana Beatriz: E se esqueceu de mim, suponho?
Aluísio: Eu não me esqueci de você, minha filha.
Ana Beatriz: Eu não acredito. Você mente!
Aluísio: Ana Beatriz, quando foi a vez que eu menti pra você?
Ana Beatriz: Algumas vezes, e isso não vem ao caso.
Aluísio: Eu sabia que você ficaria bem.
Ana Beatriz: Não graças a você.
Aluísio olha para Ana Beatriz com estranheza.
Aluísio: O que está havendo? Por quê você tá estranha?
Ana Beatriz se vira de costas.
Ana Beatriz: Não é nada. Besteira minha.
Aluísio: Eu não nasci ontem.
Ana Beatriz: Eu também não. Se quer mesmo saber o que está havendo comigo, volte ao mesmo local onde você selou a sua covardia roubando dinheiro.
Aluísio (indignado): Eu não acredito que você se vendeu pro inimigo!
Ana Beatriz: Inimigo? Desde quando?
Aluísio: Essa não é minha filha... essa não é a Ana que eu vivi, cuidei e convivi.
Ana Beatriz (inflexível): Aquela Ana morreu.
Aluísio: Pois é. Enterrou a última pá com cal.
Aluísio vai embora.
Ana Beatriz desce e volta à fazenda.
Cena 2, Casa de Solange, quarto de Renato, tarde.
Renato está chorando de raiva por Carla.
A garota o deixou apaixonado. Ele queria tirá-la do seu coração.
Sua avó logo aparece.
Solange: Renato, meu neto!
Renato (triste): O que foi, Vó?
Solange (consola): Não fica assim, meu neto... eu não gosto de te ver triste.
Renato: Vai ficar tudo bem. Eu... vou sobreviver.
Solange: Com certeza! Afinal a vida não é perfeita e tem males que vêm pra bem, não é?
Renato (sorri): Isso.
Solange: Olha, não querendo te deixar triste mas logo falando, a Ana Beatriz voltou.
Renato (surpreso): O quê?!
Solange: E não sozinha. Estava acompanhada do Luiz Gustavo Barreto.
(Tema de surpresa).
Cena 3, Rua, Pensão, tarde.
Lenita corre da pensão que está sendo saqueada pelos bandidos.
Ela chega sã e salva nas ruas, mas logo um ladrão avisa aos atiradores sobre a mulher, que corre desesperada.
Bandido: Vamo atrás da coroa!!!
Bandido 2: Deixa aquela velha pra trás, Dapaula!
Bandido: E se ela contar a polícia?
Bandido 2: Dane-se! A gente já vai estar bem longe dessa pocilga.
Bandido: Real. Bora saindo daqui antes que dê cana.
Eles fogem da pensão. Lenita corre até parar cansada.
Lenita: Preciso voltar pra casa... mas, que casa?
Ela ainda se lembra de ir embora de sua casa por uma besteira.
Lenita: Maldita pirralha!
-- Abertura --
-- Voltamos a Apresentar --
Cena 4, Fazenda Barreto, Escritório de Ivan, noite.
Luiz Gustavo está sentado ao escritório de seu pai lendo.
Ana Beatriz aparece e o admira.
Ana Beatriz: Que lindo você lendo!
Luiz Gustavo: Obrigado, meu amor. Estive realmente bem focado na leitura.
Ana Beatriz (sorri): Isso é ótimo.
Luiz Gustavo: Verdade. Mas, sabe o que é mais ainda?
Ana Beatriz: O que?
Luiz Gustavo se levanta e beija Ana Beatriz.
Luiz Gustavo: Ter você do meu lado.
Ana Beatriz: Hummm...
Júlia aparece à porta do escritório.
Ana Beatriz e Luiz se afastam.
Cena 5, Casa de Ivone, Quarto de Carla, noite.
Ivone entra no quarto da filha.
Ela olha algumas roupas caídas no chão e as coloca de volta a cabideiro.
Girassol aparece.
Girassol: Ela fez o destino dela, mãe.
Ivone: É, eu sei. Me dói como mãe ver que a Carla que eu criei mudou tanto.
Girassol: Olha mãe, posso ser sincero?
Ivone: Claro que pode, Sol.
Girassol: Minha irmã desde que éramos pequenos sempre teve esse temperamento.
Ivone: Olha meu filho, nisso você têm razão. A sua irmã sempre foi um pé no saco, mesmo. (Risos).
Girassol (sorri): Pois é mãe. Como a vida é né. Mas, você pode ter certeza de uma coisa. Que a Carla vai se arrepender da atitude que ela tomou, ela vai.
Ivone: É, eu sei...
Girassol: Ela vai ter que aprender a se virar com a vida. A partir desse instante.
Ivone: Mas eu não posso negar nada pra ela! É minha filha, Girassol, assim como você.
Girassol: E como você quer que ela aprenda com os erros passando a mão na cabeça dela?
Ivone: Deixa isso comigo, meu filho.
Cena 6, Porão, Casa de Silas, noite.
Silas dá uma cumbuca cheia de comida e uma garrafinha para as três tomarem e comerem.
Leda: Isso com certeza é uma tortura!
Rita Helena: Pare de reclamar, Leda. Pelo menos ele deu.
Lorena: Verdade, mãe. Imagine se ele não tivesse dado nada e tivesse nos deixado com fome? Seria muito pior essa perspectiva.
Leda: Tudo bem, eu acato a ideia. Foi bem solidário, devo admitir.
Rita Helena: O mínimo que ele deveria fazer, né, Leda.
Leda: Sim, mas não temos tempo a perder.
Lorena: Relaxem. Eu pensei num plano que pode nos tirar dessa furada.
Leda: Olha lá hein, Lorena!
Lorena (sorri): Fica sussa, Leda. Vai dar tudo certo.
Rita Helena e Leda se entreolham.
(Tema de mistério).
-- Estamos Apresentando --
-- Voltamos a Apresentar --
Cena 7, Casa de Diógenes, quarto de Diógenes, noite.
A lua refulgia-se pelo céu enevoado.
Diógenes olhava alguns feixes que mais pareciam ser estrelas.
(Batidas na porta).
Cíntia: Vô, posso entrar?
Diógenes (sorri): Claro que sim, minha neta.
Cíntia: Vim aqui saber se sente falta da Vó. Ela já não aparece, eu tô preocupada com ela.
Diógenes: Eu também Cíntia. Mas sua avó não é uma criança indefesa nas ruas. Ela sabe viver.
Cíntia: Eu sei, Vô, mas não devia ter tratado ela como o senhor tratou.
Diógenes: Eu já me desculpei. E vamos mudar de assunto por quê é desagradável ficar ouvindo sobre sua avó.
Cíntia: A mamãe tá lá embaixo igual uma morta viva.
Diógenes: Suponho que seja momentâneo isso. Ela está abalada porém conformada pelo casamento de Luiz Gustavo e aquela moça.
Cíntia: Uma interesseira, só pode!
Diógenes: Não diga isso, Cíntia! Coisas das quais você não sabe não tem que ficar opinando!
Cíntia sai do quarto inconformada.
Cena 8, Porão, Casa de Silas, noite.
Leda: Quando sairemos?
Lorena: Amanhã mesmo Leda. O meu pai vai trabalhar e simplesmente vai ser fácil encontrar coisas pra quebrar essa porta.
Leda: Mas gente isso é fácil!
Rita Helena: Sabemos, mas não podemos dar uma de justiceiras agora, não acha? Temos que dormir.
Leda: Deixem de ser idiotas! Mexam-se.
Leda pega uma ferramenta e começa a estilhaçá-la contra a porta.
Lorena (sussurando): Deixa de ser maluca, Leda!
A porta se quebra com um séquito estrondo.
Lorena: Corram!
Elas logo tentam avançar para a porta de entrada mas são surpreendidas pela presença de Silas, com um olhar perturbador e desorientado.
Silas: Aonde... é que pensam que vão?
Leda: Ir embora, seu verme!
Silas gargalha igual um lunático.
Silas: Estão confinadas aqui até onde eu quiser!
Rita Helena: Por favor, Silas! Solta a gente!
Silas: Não. Vocês são minhas! Duas da minha família e outra serviçal e criada!
Leda: Mais respeito comigo, Silas! Eu não sou qualquer desdentada que fica contigo aí pelas ruas não!
Silas: Acha que eu tenho medo de você? Nunca!
Silas empunha uma arma para as três.
Silas: Voltem aos seus postos! Eu não mandei ninguém sair.
Elas relutantemente retornam para o porão.
(Tema de tensão).
Cena 9, Fazenda Barreto, Quarto de Luiz e Ana, noite.
Ana Beatriz acorda de madrugada.
Ana Beatriz sai do seu quarto e vai descendo as escadas com precisão até o escritório de Ivan.
Ana Beatriz: É hoje que as suas falcatruas vão acabar, Ivan Barreto.
Ana Beatriz começa a procurar pelos cantos informações.
(Tema de suspense).
-- Estamos Apresentando --
-- Voltamos a Apresentar --
Cena 10, Boate, São Paulo, Noite.
Igor leva Carla até uma boate.
Igor: Encontrei um bom trabalho pra você.
Carla: E qual seria?
Igor: Trabalhar como dançarina nessa boate.
Carla (incrédula): O quê?!
Igor: Olha, foi o único emprego que eu achei. A coisa não tá fácil pra ninguém.
Carla: Eu me recuso a trabalhar dançando nessa boate!
Igor: Então volte para aquele buraco de onde você não deveria ter saído!
Carla se vê em uma roubada.
Cena 11, Ruas, São Paulo, noite.
Lenita anda pelos cantos cansada e com fome.
Lenita (resmungando): Maldita hora que saí daquela casa.
Ela logo se senta sob um canto e admira as estrelas.
Lenita: Que saudades de casa...
Logo, dois arruaceiros aparecem e a empurram.
Lenita (irritada): Seus infelizes!!!!
Ela vai atrás deles, mas logo um carro preto vem e se direciona em direção a ela, a atropelando.
(Tema de tensão).
Ela cai no chão, morta.
Cena 12, Quarto de Ivan, Fazenda Barreto, noite.
Júlia acorda assustada.
Ela logo desce as escadas para beber água mas fica surpreendida ao ver a porta do escritório entreaberta.
Ela, sorrateiramente se aproxima do recinto e assusta Ana Beatriz.
Júlia: O que está fazendo aqui numa hora dessas?
Ana Beatriz (surpresa): Vim saber da verdade.
Júlia: Que verdade?
Ana Beatriz: Se realmente vocês mataram a minha avó.
(Tema de tensão).
Júlia começa a rir.
Ana Beatriz: Qual foi a graça?!
Júlia: Você realmente achou que ia encontrar e nos incriminar tão certamente?! Não, querida! Você é tola!
Ana Beatriz: Então me diga a verdade! Quero saber de toda a verdade!
(Tema de suspense).
Cena 13, Quarto de Carolina, Casa de Diógenes, noite.
Carolina está dormindo.
(Barulho do telefone).
Ela logo se incomoda com o barulho e o ignora.
Logo em seguida o barulho começa a perturbá-la.
Ela atende.
Carolina: Alô.
Conforme a conversa na outra linha progredia, Carolina ficava atônita escutando a ligação.
Ela corre até o quarto do pai, que acorda assustado.
Diógenes: O que foi, filha?
Carolina: A mamãe morreu, pai.
(Tema de tensão).
-- Fim de Capítulo --
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