CAPÍTULO 25
uma novela de
FELIPE LIMA BORGES
livre adaptação do livro de Rute
Edição da Versão Reprise por
RAMON FERNANDES
EDIÇÃO:
Restante do Capítulo 38 + Parte do Capítulo 39 ORIGINAL (SEM CORTES)
CENA 01: INT. TEMPLO – SALA DE FARUK – DIA
Terminado o recado, Orfa guarda a pena, deixa o pergaminho em uma posição estratégica e sai correndo. Momentos mais tarde, o próprio Faruk chega tranquilamente em sua sala e senta. Então nota o pergaminho, franze o cenho e o pega. Então lê.
FARUK— “Caro Sumo Sacerdote Faruk. É com extremo pesar que venho, por meio dessa, lhe informar acerca de uma peripécia arquitetada por minha companheira de sacerdócio. Não creio que Rute está com um perfeito juízo de valor, e por isso me sinto na obrigação de informa-lo que, ainda hoje, homens do povo, a serviço de Rute, invadirão o templo e tentarão resgatar Aylla, a perfeita oferenda aos deuses. Creio que o senhor, mais que ninguém, saberá como agir. Orfa.”.
Horrorizado, Faruk encara o nada. Balança a cabeça quase incrédulo. Relê o pergaminho e, ao terminar, bate a mão em sua mesa e se levanta, furioso.
FARUK— Maldita Rute!
Faruk sai correndo.
CENA 02: EXT. CASA DE SEGISMUNDO – OFICINA LATERAL – ENTARDECER
Segismundo está mexendo em seus objetos. Gael chega ali.
GAEL— Segismundo...
SEGISMUNDO— Gael... Te chamei porque preciso da sua ajuda.
GAEL— É só dizer.
SEGISMUNDO— Não consegui convencer Iago a entrar.
GAEL— Quer que eu tente?
SEGISMUNDO— Não. Quero que faça um serviço. Um serviço que culminará na entrada de Iago para o nosso grupo.
GAEL— Um serviço...
SEGISMUNDO— Sim. Mas você não poderá dizer pra ninguém, absolutamente ninguém! Jamais, ser algum poderá sequer desconfiar! Tem que ficar apenas entre você e eu.
GAEL— Entendido. E que serviço é esse?
Segismundo começa a contar.
CENA 03: EXT. TEMPLO – VARANDA – ENTARDECER
Na varanda, que é um dos pontos mais altos do templo, Rute, de pé, observa a movimentação de toda a cidade. Orfa chega ali.
ORFA— Está tudo pronto.
Rute vira para ela e faz que sim.
CENA 04: EXT. TEMPLO – ARREDORES – ENTARDECER
Malom e Quiliom se aproximam do templo. Param atrás de um muro e espiam o portão principal, onde estão os dois guardas.
MALOM— Vamos.
QUILIOM— Vai dar tudo certo.
MALOM— Amém.
CENA 05: EXT. TEMPLO – PORTÃO PRINCIPAL – ENTARDECER
Parados rotineiramente, os dois guardas olham tranquilamente para frente. É quando dois homens surgem, logo à frente, brigando fisicamente. Eles gritam enquanto se estapeiam, se empurram...
GUARDA 1— Mais bêbados...
GUARDA 2— O lado ruim das comemorações do aniversário. Pode ir lá, eu cuido aqui.
O guarda 1 então abandona sua posição e caminha na direção dos dois homens: Malom e Quiliom.
GUARDA 1— Ei, vocês!
Malom e Quiliom, ainda “brigando”, voltam para o lado de onde vieram, fora da visão do guarda que ficou no portão. O guarda 1 vai atrás deles.
CENA 06: INT. CASA DE IAGO – SALA – ENTARDECER
Iago chega em casa e encontra Maya fazendo seus serviços.
MAYA— Meu amor...
IAGO— Shalom.
MAYA— Shalom...
Iago se aproxima da mesa e se senta.
IAGO— Ah!... Os soldados de Hebrom chegaram. A cidade está muito movimentada.
MAYA— Então Tamires e os homens da Caravana precisarão ter muito mais cuidado...
IAGO— Segismundo, o líder, falou comigo na hospedaria. Me convidando para entrar para o grupo...
MAYA— E você--
IAGO— (interrompendo) Recusei, é claro.
MAYA— Menos mal. Não quero nem imaginar todos os dias você fazendo as coisas que teve que fazer ontem!...
IAGO— Sabe, meu amor, depois do que aconteceu, eu estou sentindo uma vontade insaciável de beber... E não passa essa sensação...
MAYA— Vá com calma, amor. É melhor que eu cuide de você, ao invés do vinho.
IAGO— (levantando) Eu voltarei logo. Preciso de mais um pouco.
MAYA— Iago... tem certeza?
IAGO— Se eu não beber... não sei o que vai me dar... Eu te amo!
Iago a beija.
IAGO— Amo mais que qualquer coisa nessa vida!
MAYA— Eu também! Sou louca por você! Te amo muito!
Eles se beijam novamente. Então ele se abaixa, olhando para a barriga dela.
IAGO— Papai volta logo. Cuida da mamãe, hein?
Iago beija a barriga de Maya, que ri, se levanta e a beija novamente. Em seguida vai. Abre a porta, a olha uma última vez sorrindo e sai. Maya fica ali, sorridente.
CENA 07: EXT. TEMPLO – ARREDORES – ENTARDECER
Ainda “brigando”, Malom e Quiliom se afastam. O guarda 1 se aproxima deles.
MALOM— Eu vou acabar com você!
QUILIOM— Eu vou te partir em dois!
MALOM— E eu vou te partir em quatro, tá entendendo?!
QUILIOM— Em dez eu vou partir suas pernas, vagabundo!
GUARDA 1— Ei, ei, ei! Vocês dois! Ei!
O guarda se aproxima e toca os dois, puxando-os.
SOLDADO 1— EI!!!
De repente, Malom dá um soco certeiro no homem, que cai desmaiado.
QUILIOM— Ele morreu?!
MALOM— Claro que não! Vamos logo, leve ali e tire a roupa dele.
Quiliom pega o guarda e o arrasta para um beco.
CENA 08: EXT. TEMPLO – PORTÃO PRINCIPAL – ENTARDECER
O guarda 2 aguarda tranquilamente. Então ele vê seu companheiro retornando, porém de cabeça abaixada.
GUARDA 2— Então? O que resolveu?
O outro continua a se aproximar olhando para o chão. O segundo guarda estranha.
GUARDA 2— Ei...
Já próximo, o outro levanta a cabeça: é Quiliom. Ele mostra alguns dedos.
QUILIOM— Quantos dedos tem aqui?
Antes que o guarda possa reagir, Quiliom se aproxima mais e, com a mão que mostrou, mete-lhe um soco; o guarda 2 também cai nocauteado. Malom, que assistia escondido atrás do muro, corre até ali.
QUILIOM— Agora é a sua vez.
Momentos depois... Vestidos perfeitamente como dois guardas do templo, Malom e Quiliom tomam suas posições e olham sérios para frente. Não há nenhum sinal ali dos guardas verdadeiros.
QUILIOM— Agora esperamos...
MALOM— Até a troca de turno.
Quiliom faz que sim e eles permanecem em posição.
CENA 09: INT. CASA DE BOAZ – SALA – ENTARDECER
Enquanto Salmon e Raabe organizam os objetos de casa, Boaz e Magda conversam sentados à mesa.
MAGDA— E então, amor, já pensou em como comemoraremos amanhã?
BOAZ— Amanhã? Comemoraremos o quê?
MAGDA— Ora, Boaz, o nosso namoro... Amanhã faz aniversário.
BOAZ— De 1 dia?
MAGDA— Claro!
BOAZ— E se comemora 1 dia de namoro?
MAGDA— Boaz, amor... De onde você veio? Os casais apaixonados saem para comemorar, vão comer e beber, se presenteiam...
BOAZ— Trocam presentes?!
MAGDA— Ahn, não é nada demais, algo grande... Mas uma coisa à altura da data.
BOAZ— De 1 dia...
MAGDA— Boaz, o amor não depende do tempo.
Olhando para baixo, Boaz faz que sim.
BOAZ— Bom, comida vai ser difícil--
MAGDA— (interrompendo) Tudo bem, presentes, então!
Mesmo claramente estranhando, Boaz faz que sim, concordando. Magda sorri satisfeita.
CENA 10: INT. CASA DE SEGISMUNDO – SALA – ENTARDECER
A mesa está repleta de comida e Segismundo e Tamires estão sozinhos. A porta se abre e Gael entra. Ali fora ficam os homens da Caravana.
SEGISMUNDO— E então, Gael? Conseguiram encontrar algo?
GAEL— Sim.
Segismundo o olha interessado.
SEGISMUNDO— O quê?
GAEL— Tivemos que cavalgar muito, mas encontramos sinais que indicam a passagem de pelo menos três pessoas e uma carroça. Mais um pouco de investigação e poderemos ter certeza se são mesmo eles.
SEGISMUNDO— E em que direção os sinais vão?
GAEL— Sudeste.
SEGISMUNDO— Para onde raios podem ter ido?!
GAEL— Tentaremos descobrir posteriormente. Estava escurecendo e já não seria possível continuar com a procura.
SEGISMUNDO— Se tem algo que a noite não impedirá é você de realizar o serviço que combinamos.
GAEL— Claro, Segismundo.
SEGISMUNDO— Vá, Gael.
GAEL— Considere feito.
Segismundo sorri e Gael, com sua postura inatingível de sempre, vira, passa pelos homens e sai. Segismundo se aproxima da mesa e se serve. Tamires termina de limpar um prato e se aproxima também.
TAMIRES— E Gael?
SEGISMUNDO— Foi resolver problemas pessoais... Nem quis perguntar do que se trata. O Gael é reservado.
TAMIRES— Hum.
Tamires então nota uma determinada comida ali.
TAMIRES— Segismundo, o que é isso?
SEGISMUNDO— Hum... Carne de cordeiro ao molho de vinho.
TAMIRES— Sabia! Maya adora isso, principalmente depois que ficou grávida! Vou agora mesmo levar uma porção para ela.
Segismundo fica meio incomodado.
SEGISMUNDO— Ahn, ora, por que... Deixe pra levar depois...
TAMIRES— Mulher grávida é um problema, Segismundo. Ela precisa comer isso agora mesmo. Já imagino seu semblante de felicidade! Deixa-me cortar aqui...
SEGISMUNDO— Coma primeiro, Tamires...
TAMIRES— Nem estou com tanta fome assim... Vou levar agora e depois volto para comer.
Tamires serve uma porção, fecha e sai. Segismundo fica ali, preocupado.
CENA 11: EXT. CASA DE LEILA – LOJA – FRENTE – NOITE
Atentos e apreensivos, Noemi, Elimeleque e Leila aguardam na frente da loja. O nível das comemorações nas ruas já diminuiu, mas o contraste entre a euforia da população e a aflição dos três é notável.
CENA 12: INT. TEMPLO – CORREDORES – NOITE
Faruk, furiosíssimo, corre com alguns soldados. A cada novos que ele encontra, convoca aos gritos.
FARUK— Vamos, rápido, todos vocês!!! Juntem-se a nós agora mesmo!!! Vamos, todos!!! Rápido, rápido!!! Recebi informações seguras de que a nova oferenda do rei será raptada!!! Vamos, vocês, venham conosco agora!!! Todos!!! Todos para o quarto de Aylla!!! Rápido!!!
CENA 13: INT. TEMPLO – QUARTO DE AYLLA – NOITE
Curiosa, um tanto apreensiva, mas totalmente obediente, Aylla aguarda sentada. Então ela se levanta e vai devagar até a janela e afasta a cortina um pouco. Observa os pátios lá embaixo... Nada fora do comum. Ela volta para a cadeira almofadada e se senta, assim como estava.
CENA 14: EXT. TEMPLO – PORTÃO PRINCIPAL – NOITE
Malom e Quiliom continuam seu disfarce de guardas da entrada do templo. Então o portão atrás se abre e outros dois guardas se aproximam deles.
NOVO GUARDA— O que estão esperando? Troca de turno, esqueceram?
MALOM— Ah, claro...
Os dois irmãos se mexem e saem, procurando não deixar seus rostos em evidência.
QUILIOM— Bom turno pra vocês.
Malom e Quiliom entram no templo e os novos guardas os observam com leve estranheza. Mas logo os esquecem e assumem sua posição. O portão se fecha.
CENA 15: INT. HOSPEDARIA – NOITE
Gael entra na hospedaria. Poucas pessoas ali. Logo ele nota, acuado em uma mesa no canto, Iago bebendo. Gael se aproxima.
GAEL— Posso farejar de longe... Uma derrota vergonhosa... ou uma vitória brilhante, mas altamente inesperada e absolutamente repentina.
Iago olha para ele, e Gael se senta na cadeira perpendicular à de Iago.
GAEL— Posso pagar a próxima taça.
IAGO— Se quer...
Gael faz um sinal para o dono, solicitando mais vinho.
IAGO— Deixe-me adivinhar... Você é o que vai tentar fazer o que o seu chefe não conseguiu.
Gael o encara. Então sorri.
GAEL— Não. Eu sou o que veio beber com você.
Encarando sua taça, Iago ri.
GAEL— Inclusive vou buscar, está demorando muito.
IAGO— Você acabou de pedir.
GAEL— É como eu disse, eu vim para beber, não para esperar.
IAGO— Tanto faz...
Iago volta a encarar seu vinho enquanto Gael se levanta e vai até o balcão. Lá, o dono o entrega duas taças.
DONO— Me perdoe pela demora, senhor.
GAEL— Sem problemas.
O dono faz que sim sorrindo.
GAEL— Vire-se.
DONO— Perdão?
GAEL— Vire-se.
O dono franze o cenho, mas com Gael o encarando, ele dá as costas e faz qualquer coisa com as mãos. Estranha muito... Gael então pega um pequeno frasco de seu bolso, retira a rolha e despeja o conteúdo líquido em uma das taças. Mistura bem enquanto guarda o frasco de volta nas vestes.
GAEL— Você nunca me viu aqui e não sabe de nada. Do contrário, reduzo esse lugar a cinzas.
Ainda de costas, receoso e sem entender nada, o dono faz que sim. Gael retorna para a mesa onde está Iago.
GAEL— Está vendo? Às vezes é preciso nós mesmo agirmos.
Iago sorri e pega a taça.
IAGO— Eu percebo a sugestão na sua fala.
Gael sorri, se senta e bebe seu vinho. Iago idem.
GAEL— Ah, estamos esquecendo... (levantando sua taça) À vida.
Iago também levanta sua taça.
IAGO— (sorrindo) À vida!
Ambos sorriem e voltam a beber. Gael continua a observar Iago.
CENA 16: INT. CASA DE IAGO – SALA – NOITE
Maya e Tamires sentadas à mesa. Maya come da porção que Tamires lhe levou.
MAYA— Ai, Tamires, está uma delícia! Onde foi que encontraram isso?!
TAMIRES— Olha, Maya, é melhor você não saber não... Melhor que não seja cúmplice.
Maya levanta uma sobrancelha e continua a comer.
MAYA— Saborosíssima!
TAMIRES— Vai fazer um bem que só para o bebê.
MAYA— Nossa, se eu comer isso aqui dia sim, dia não, ele vai ser o maior guerreiro de Israel desde Josué!
Elas riem.
MAYA— Você é uma ótima amiga, Tamires. Obrigada. Mesmo. Muito!
Tamires pega uma das mãos de Maya.
TAMIRES— É de coração.
Ambas sorriem.
TAMIRES— Só é uma pena Iago não aceitar entrar para a Caravana.
MAYA— Ah, eu não acho pena coisa nenhuma. Imagine só se eu ficasse viúva, com um filho pra criar sozinha...
TAMIRES— Eu te ajudaria, Maya. Sou sua amiga, esqueceu?
MAYA— Sei, Tamires, mas você sabe que não é a mesma coisa.
TAMIRES— Sei...
MAYA— E ainda que eu concordasse, duvido que conseguiria convencê-lo. Quando Iago coloca algo na cabeça, é difícil de alguém de tirar.
TAMIRES— É, já percebi isso. (pequena pausa) Bom, agora tenho de ir.
MAYA— Hum, você não quer comer? Dá pra você também...
TAMIRES— Não, não, eu vou comer lá na casa do Segismundo. Só queria te trazer um pouco mesmo.
MAYA— (sorrindo) Obrigada.
Tamires se levanta.
TAMIRES— Amigas são para isso.
Maya sorri e se levanta. Tamires pega as mãos da amiga.
TAMIRES— Até mais tarde, Maya.
MAYA— Shalom, minha amiga.
Tamires sorri, solta as mãos de Maya e vai embora. Maya volta para a mesa e continua a comer.
CENA 17: EXT. TEMPLO – PÁTIO – NOITE
Rute e Orfa caminham tranquilamente. Logo à frente, dois guardas se aproximam: Malom e Quiliom. Elas param, esperando-os se aproximarem.
Os dois passam devagar por elas, mas não param e nem olham, apenas escutam.
RUTE— Depois do portal, penúltima janela à esquerda.
Como se nada houvesse acontecido, Malom e Quiliom passam por um portal e saem no outro pátio.
CENA 18: INT. TEMPLO – CORREDOR – NOITE
Seguido de vários soldados, Faruk corre desesperado pelo corredor.
FARUK— Ali! É logo ali o quarto da menina! Vamos!!!
CENA 19: EXT. TEMPLO – PÁTIO – NOITE
Malom e Quiliom olham o prédio comprido à sua esquerda. Diversas janelas. Então localizam a penúltima e vão para lá. Mas no seu caminho estão dois guardas parados.
MALOM— Olá!
Os guardas olham para eles.
GUARDA— Olá... O que fazem por aqui? (olhando o uniforme) São da entrada, não são?
MALOM— Acabávamos de sair do nosso turno quando nos solicitaram um reparo em uma das janelas.
GUARDA— Reparo? Vocês?
QUILIOM— Exatamente.
GUARDA— Quem solicitou? E a equipe de manutenção?
Quiliom abre os braços querendo dizer que não sabe.
GUARDA— Onde está a solicitação?
MALOM— Claro, claro... (para Quiliom) Está com você?
QUILIOM— Acho que sim.
Quiliom procura em um bolso interno, tira um pequeno pergaminho que encontra ocasionalmente e estende para o guarda, que franze o cenho. Quando ele olha para o pergaminho e vai pegá-lo, Quiliom bate no rosto do homem com a mão e lhe desfere um soco. O outro o ataca, mas Malom o bloqueia e o nocauteia. O primeiro, caído, tenta se levantar, mas Quiliom o finaliza com outro soco.
MALOM— Vamos logo.
Atraída pelos barulhos, Aylla aparece na janela e olha lá para baixo. Malom a nota e sorri para ela.
MALOM— (para Quiliom) Espere aqui. Ao menor sinal de alguém, diga.
QUILIOM— Certo. Vai, rápido!
Malom começa a escalar a parede. Um a um, ele vai superando os obstáculos e se aproximando mais da janela. Quiliom, ali de baixo, observa apreensivo enquanto cuida todas as entradas do pátio. Malom finalmente alcança suas mãos no peitoril da janela.
MALOM— Oi, Aylla!
AYLLA— Eu conheço você... Estava conversando com a senhora Rute noites atrás...
MALOM— Você nos viu?
AYLLA— Acabei ouvindo escondida...
MALOM— Não tem problema. Rute deve ter falado que nós viríamos.
AYLLA— Ela disse para eu esperar aqui na janela, mas não explicou o motivo.
MALOM— Nós viemos para te salvar, Aylla, e foi Rute quem planejou tudo. Se nos ouviu na outra noite, sabe sobre o Deus de Israel.
AYLLA— O Deus que não quer que matem crianças?
MALOM— (sorrindo) Ele mesmo. Quer conhece-Lo?
AYLLA— (sorrindo) Eu amaria um montão!
MALOM— Ótimo, Aylla, ótimo! Eu vou te tirar daqui, mas você precisa confiar em mim. Pode fazer isso?
AYLLA— Se a senhora Rute confia e se o seu Deus é do jeitinho que o senhor contou, eu confio!
MALOM— Boa menina. Agora pegue alguma coisa para você subir.
Aylla corre, pega alguma caixa, coloca embaixo da janela e sobe.
MALOM— Isso. Me dê as mãos.
Aylla estende as mãos e Malom as segura. De repente, BAN! Eles se assustam e olham para o outro lado do quarto. O barulho veio da porta. BAN!!! Alguém está chutando a mesma. Na tensão da fuga, IMAGEM CONGELA.
Obrigado pelo seu comentário!