CAPÍTULO 34
uma novela de
FELIPE LIMA BORGES
livre adaptação do livro de Rute
Edição da Versão Reprise por
RAMON FERNANDES
EDIÇÃO:
Restante do Capítulo 48 + Capítulo 49 ORIGINAL (SEM CORTES)
CENA 1: INT. HOSPEDARIA – NOITE
Em uma das várias mesas cheias, Diana e Jurandir jantam tranquilamente.
DIANA — Muito boa a comida. O senhor gostou, meu pai?
JURANDIR — Sim. Desde antes de você nascer eu já vinha de quando em quando apreciar o bom tempero belemita. Mas vou te dizer... Não sei se é o tempo em que fiquei sem vir em Belém ou se é essa prosperidade toda, mas parece estar melhor que nunca!
Diana ri.
DIANA — Acho que vou ganhar uns pesos a mais enquanto estivermos comendo aqui.
JURANDIR — Que bom que gostou, minha filha.
DIANA — Amei esse lugar!
JURANDIR — Viu como foi fácil acharmos? Não precisamos da ajuda de ninguém, muito menos de um membro daquela família.
DIANA — Pai... Josias não é como sua família. Ele é diferente.
JURANDIR — É o que você pensava dos outros, lembra? Até que aconteceu o que aconteceu.
Diana respira fundo.
CENA 2: EXT. MOABE – RUA – NOITE
Boaz está voltando para sua casa quando Josias o alcança.
JOSIAS — Boaz!... Boaz!
BOAZ — Josias... Meu amigo...
JOSIAS — Boaz... Você não imagina quem eu encontrei chegando na cidade há pouco!
BOAZ — Quem?...
JOSIAS — Di- (pequena pausa) -ana!
BOAZ — O quê?...
JOSIAS — Sim, Boaz! Diana! Diana está em Belém!
BOAZ — Meu amigo, que notícia maravilhosa!
JOSIAS — Não é?!
BOAZ — E Jurandir? Veio também?
JOSIAS — Sim, ele veio...
BOAZ — Maravilha! Já faz muito tempo, foi antes de virmos para Belém com meus pais... mas eu me lembro do namoro de vocês. Josias!... Vocês podem ficar juntos agora! Podem se casar!
Josias começa a andar e Boaz o acompanha.
JOSIAS — Não sei, Boaz... Não se lembra do motivo da nossa separação na época? Nossas famílias são rivais... Muitos problemas, conflitos...
BOAZ — Pois é, estou me lembrando dessa história... Que tristeza, isso não deveria existir no meio do povo de Deus.
JOSIAS — É, mas esse negócio é antigo. Nenhuma das famílias sabe quando o problema começou. E desde que meu pai matou vários da família do senhor Jurandir... ele nunca mais quis que Diana se envolvesse comigo. Só estou vivo porque o irmão de Jurandir matou meu pai naquele dia horrível e aplacou sua fúria...
Pesaroso, Boaz faz que sim.
BOAZ — Eu sinto muito, amigo. Mas não desista desse amor, desse sentimento tão bonito que nasceu entre vocês... Duas famílias distintas... Mas quem sabe não sejam vocês a união desses dois lados e o fim desse conflito?
Josias ri, meio de desdém.
JOSIAS — Aí já é otimismo demais, Boaz. Suas palavras são bonitas, mas a gravidade do que já aconteceu e o rancor no coração dos homens... parecem ser muito maiores.
Boaz respira fundo e eles continuam a caminhar.
CENA 3: EXT. VILA – NOITE
Tamires caminha por ali como quem não quer nada. Passa perto de um homem que limpa uma área comum. Dá a volta devagar... Então faz barulho...
TAMIRES — Psssiu...
O homem a olha.
HOMEM — Senhora Tamires? É uma honra ser chamado pela senhora...
Tamires se aproxima devagar.
TAMIRES — A honra será minha, e ainda maior, se você aceitar uma proposta que eu tenho para te fazer.
HOMEM — Uma proposta?... Para mim?
Tamires sorri.
HOMEM — Claro, claro... Pode dizer, senhora.
Tamires começa a rodeá-lo devagar enquanto fala.
TAMIRES — Você ganhará ouro, muito ouro, se se entregar aos anciães de Belém e lhes disser que é o segundo na hierarquia da Caravana da Morte.
O homem franze o cenho.
TAMIRES — Depois, é claro, invadiremos a prisão com todo o poderio do nosso grupo e o resgataremos, para que você possa finalmente colocar as mãos no ouro que será seu por merecimento.
Tamires termina de rodeá-lo, para e o encara. Ele parece estar gostando da ideia.
TAMIRES — E então, o que me diz?
Honrado, ele sorri levemente.
HOMEM — Muito ouro?
TAMIRES — Muito... Mais do que qualquer amigo seu já teve.
O homem sorri.
HOMEM — Eu aceito, senhora Tamires. É claro que eu aceito.
Tamires sorri satisfeita e estende a mão para ele, que a aperta.
CENA 4: INT. CASA DE LEILA – QUARTO – NOITE
No lado de fora, vistos pela janela, Leila, Aylla e algumas pessoas estão ao redor dos corpos. Aqui dentro, Noemi anda de um lado para o outro.
NOEMI — Não pode, não pode estar acontecendo, não pode ser verdade, não pode, não pode!!!
Rute e Orfa, ainda chorando, tentam acalmar e parar Noemi.
ORFA — Senhora Noemi, por favor!...
RUTE — Acalme-se! Sente-se, senhora!...
Noemi continua de lá para cá.
NOEMI — AAAHHH!!!
Noemi para e chora bastante. As noras a abraçam. Mas logo ela ergue as mãos para o alto.
NOEMI — Não bastava meu marido???!!! Não bastava a desilusão por causa da Promessa???!!! Agora... Agora isso???!!!
Inconformada, Noemi chora e as noras continuam tentando, em vão, consolá-la.
CENA 5: INT. CAVERNA – NOITE
A feiticeira continua a fazer seus procedimentos em Iago, deitado. Passou o preparado ao redor das narinas dele, e agora espalha um óleo pela testa. Repete versos em uma língua estranha enquanto mexe as mãos, estala os dedos, bate palmas... Depois passa um incenso sobre ele. O tempo passa e o ritual dela continua. Iago, desacordado, começa a sonhar.
Flashes...
Imagens vêm e vão... Silhuetas... Barulhos difíceis de distinguir... Tudo muito desconexo.
A feiticeira continua. Intensifica os movimentos com as mãos, acende mais incensos, passa mais óleos sobre ele...
As imagens no sonho de Iago continuam a vir.. e a ir... mas menos rapidamente... menos... demora mais para se dissolverem... uma hospedaria...
Hospedaria...
Hospedaria, mesa, vinho...
Hospedaria, mesa, vinho, alguém...
De repente, todas as lembranças completas daquele dia vêm de uma só vez!
Com o impacto das lembranças ressuscitadas, Iago abre os olhos de uma vez.
CENA 6: INT. CASA DE BOAZ – QUARTO DE JOSIAS – NOITE
Deitado sem sono algum, e encarando o teto com um sorriso apaixonado, Josias pensa em Diana. Em seu rosto, seus cabelos, seus olhos, sua boca... Ele sorri.
CENA 7: INT. HOSPEDARIA – QUARTO – NOITE
Deitada de lado em sua cama, e com olhar sério, Diana pensa no que aconteceu mais cedo. Josias na rua, olhando para ela, falando com ela, sorrindo... Então ela também sorri.
CENA 8: EXT. DESERTO – DIA
A noite passa e um novo dia amanhece.
Às portas de uma caverna no deserto, Noemi, Rute, Orfa, Leila e Aylla estão ao redor dos corpos de Malom e Quiliom, cobertos até o pescoço por um pano branco.
Noemi, Rute e Orfa choram muito, e seus rostos estão marcados por olheiras. Dessas, Noemi é a que chora mais amargamente. Leila, chorosa, se aproxima mais e a abraça. Aylla, com lágrimas riscando seu rosto, se aproxima dos corpos.
AYLLA — Eu devo muito a muitas pessoas. E vocês dois... são uns desses. Que descansem em paz...
Ela soluça e chora mais.
LEILA — (olhando-os) A passagem de dois seres tão iluminados como eles... não é em vão. No que depender de mim... muitos saberão do vigor e da coragem dos dois.
Orfa se aproxima mais de Quiliom, se agacha e passa a mão carinhosamente pelo rosto dele.
ORFA — Me perdoe... Me perdoe, Quiliom... por não ter lhe dado descendência...
Chorando, Orfa se inclina e o beija demoradamente. Depois, Rute se aproxima de Malom.
RUTE — (sussurrando) Eu sei que já agradeci antes... mas preciso fazer agora. Minha eterna gratidão... por ter surgido em minha vida com uma nova possibilidade... com uma segunda chance. Você foi... o amor... que eu sempre esperei... Não sei porque Deus... permitiu que nos separássemos... tão cedo... Já sinto a sua falta... Muito...
Rute o beija lentamente. Noemi, abraçada por Leila, respira com dificuldade devido ao choro. Ela olha para o alto.
NOEMI — Por que eu?... Por que me deixastes aqui?...
Noemi então se solta dos braços de Leila e se aproxima devagar dos dois filhos. As noras a ajudam a se abaixar. Então ela se inclina, beija cada um e fica um bom tempo abraçada neles... Algum tempo depois, uns homens contratados fecham a caverna. Elas choram...
RUTE — Vamos, senhora Noemi. Vamos voltar todas juntas...
NOEMI — Não. Podem ir.
RUTE — Mas senho--
NOEMI — (interrompendo) Podem ir que eu vou depois. Vou ficar um pouco aqui.
Rute, pesarosa, faz que sim e volta com Orfa, Leila e Aylla.
CENA 9: INT. CASA DE BOAZ – SALA – DIA
Postos à mesa, Tani e Boaz desjejuam. Josias desce a escada.
JOSIAS — Shalom!
BOAZ — Josias! Acordou cedo... Shalom!...
TANI — Shalom...
JOSIAS — Sinto um pouco de sarcasmo em sua fala, Boaz.
BOAZ — Uma pitada, talvez.
JOSIAS — Mas você tem razão. Demorei pegar no sono, estava...
BOAZ — (sorrindo) Estava?... Pensando?
Josias olha para Tani.
TANI — Eu já sei, Josias. Boaz me contou sobre a moça.
JOSIAS — Pois é... Essa é a razão.
TANI — Sente-se, coma... Está tudo pronto.
JOSIAS — Ahn, eu agradeço, mas hoje vou desjejuar na hospedaria...
BOAZ — Hummm, na hospedaria, Tani...
TANI — De repente ela ficou interessante...
JOSIAS — Rum. Agradeço mesmo assim. (saindo) Vejo vocês no campo...
BOAZ — Até...
Josias sai.
TANI — Senhor Boaz, está tudo muito bom, a conversa está ótima, mas preciso ir. Há novas moças, começam hoje. Preciso orientá-las.
BOAZ — Certo... Logo estarei lá.
TANI — (sorrindo) Até logo.
Boaz faz que sim e Tani sai.
CENA 10: EXT. BELÉM – RUA – DIA
Josias está andando pela rua quando nota Neb por ali. Para e o chama.
JOSIAS — Neb! Neb!... Venha aqui... Venha...
Neb, meio contrariado, vai até Josias.
NEB — O que você quer?
JOSIAS — Que faça um serviço.
Neb aperta os olhos.
NEB — E... um serviço implica em um pagamento...
JOSIAS — Pagamento, Neb?!
NEB — Estarei tomando parte do meu tempo, em que eu podia estar vendendo meus produtos, para fazer algo que certamente beneficiará apenas a você. Então sim, preciso de um pagamento.
JOSIAS — Mas é rápido!...
NEB — Sem pagamento, sem serviço.
JOSIAS — Francamente, como pode ser assim?! Não faz um favor para os amigos!...
NEB — Amigos?... Rum, nós somos isso aí?
Josias o observa balançando a cabeça.
JOSIAS — Está bem, está bem! Eu te pago...
Josias pega uma moeda e entrega a Neb, que a confere bem. Satisfeito, a guarda.
NEB — Qual é o serviço?
CENA 11: EXT. BELÉM – PRAÇA – DIA
Tani chega na praça e nota uma movimentação atípica. Os belemitas assistem o Ancião discursar. À sua frente, um grupo de soldados com couraças avermelhadas está em posição, de frente para ele.
ANCIÃO — ...uma nova medida que o conselho de anciães aprovou há algum tempo, apesar de ter mantido em sigilo por questões de segurança. Sendo mais claro... Trata-se de uma medida para combatermos, capturarmos e prendermos os homens do sórdido grupo autodenominado Caravana da Morte, que assola a Terra Prometida há muitos anos!
Tani está interessada.
ANCIÃO — (apontando o grupo de soldados diferentes) Esses homens, soldados valorosos, fieis ao nosso Deus e leais ao seu povo, passaram por um intenso treinamento, bastante diferente daquele pelo qual passam os soldados comuns, e com isso não estou desmerecendo esses, de forma alguma! Eles são necessários! Nossa cidade ficou incomparavelmente mais segura depois que chegaram. Mas esses homens aqui... foram testados de forma absolutamente rigorosa, e por isso estão aptos para tal missão. Povo de Belém, apresento a vocês, os Guardiões da Terra! Recebam-nos com uma salva de palmas!
Felizes, os belemitas, entre eles Tani, batem palma com vigor.
TANI — Agora sim...
ANCIÃO — Talvez não os vejam com frequência, já que a Caravana cresceu e se afastou da cidade. Mas oremos para que eles consigam eliminar esse mal com raiz e tudo!
Satisfeita, Tani sai para trabalhar.
CENA 12: EXT. BELÉM – RUA – DIA
Parado na rua, Josias aguarda ansiosamente. Então Neb volta, se aproxima.
JOSIAS — E então?!
NEB — O homem está de saída. E a moça está desjejuando.
JOSIAS — Obrigado, Neb!
Josias sai imediatamente na direção de onde veio Neb, que o olha.
NEB — Rum.
Neb sai em outra direção.
CENA 13: INT. CASA DE LEILA – LOJA – DIA
Leila, Rute, Orfa e Aylla entram e param ali na entrada.
ORFA — Dizem que esse é o pior momento...
Fungando, Rute limpa os olhos.
ORFA — Jamais pensei que seria viúva tão cedo... E o pior: sem filhos... O que será de mim? O que será de nós?...
RUTE — (ainda limpando os olhos) A dor é muito grande... Como se uma bola de espinhos... crescesse em minhas entranhas... cada vez mais.
Chorosa, Aylla se aproxima, abraça Rute e acaricia seu cabelo.
RUTE — Obrigada, Aylla... Você é uma bênção.
Leila senta na escadinha da entrada e encara a rua.
LEILA — Deus deve ter Suas razões... para permitir tanto dor na vida de Noemi...
ORFA — Razões? Que razões seriam essas?...
Leila mexe a cabeça, sem saber o que dizer.
ORFA — Sempre justos... Sempre corretos... Sempre servos leais e obedientes, onde quer que estivessem!...
RUTE — Nós não entendemos tudo ainda, Orfa.
ORFA — Acha mesmo que não, Rute? Já se passaram 10 anos...
RUTE — Na verdade agora eu me arrependo... Eu poderia ter aprendido muito mais nesses 10 anos.
ORFA — Diga por você.
Rute olha para ela, mas não diz nada sobre isso. Então olha para a rua.
RUTE — Estou preocupada com Noemi... Para ela é muito pior... Eu vou voltar, vou atrás dela.
ORFA — É melhor não. Você a ouviu, ela quer ficar sozinha. Ela precisa desse momento, Rute.
LEILA — Orfa tem razão... Dê um tempo a ela.
Rute não vai e nem responde nada, mas fica ali, chorosa e preocupada com Noemi.
CENA 14: EXT. DESERTO – DIA
Noemi caminha pelo terreno árido arrastadamente... Seu olhar vazio mal assimila o caminho em que passa. Em determinada altura, ela para, senta no chão e olha para o céu. Começa a abrir a boca, tentando encontrar palavras...
NOEMI — Passar... a vida toda... acreditando em algo... foi uma característica de minha vida.
Ela está um tanto trêmula.
NOEMI — Desmoronar... a minha crença... foi terrível! Mas isso... isso...
Ela treme mais, como se fosse chorar.
NOEMI — Isso... Tirar meus dois filhos... me parece... requinte de crueldade!...
Noemi expira, como se chorasse... Está exausta, fraca...
NOEMI — Nenhuma mãe... deveria... sepultar um filho. Muito menos dois!...
Involuntariamente, ela respira rápido seguidas vezes. Tendo se recuperado, volta a olhar para o céu.
NOEMI — O Senhor decidiu esmagar o meu espírito... Tirou de mim tudo o que eu tinha!... É isso... Deu certo... Finalmente eu sou nada!
Engole em seco, funga alto...
NOEMI — Como as cabras produzem leite e as abelhas mel... eu produzo lágrimas! Lágrimas de fel!
Noemi então leva as mãos ao chão, enche-as de terra, traz até sua cabeça e seu rosto... e despeja em si. Repete isso diversas vezes enquanto grita chorando amargamente. Sua cabeça, seu rosto, seus braços, seu corpo... estão completamento impregnados de terra. Acabada, Noemi deita... e fica ali, parada, suja, com os olhos semicerrados e o brilho apagado.
CENA 15: EXT. HOSPEDARIA – DIA
No lado de fora da hospedaria, Josias, nervoso, se arruma. Ajeita as vestes, o cabelo, confere o bafo... E finalmente entra.
CENA 16: INT. HOSPEDARIA – DIA
Ao entrar, logo ele localiza Diana em uma das mesas. Se aproxima. Ela o nota e sorri. Ele retribui.
DIANA — Josias?...
JOSIAS — Shalom, Diana.
DIANA — Shalom... Sente-se... Sente-se, por favor.
Josias faz que sim, se aproxima mais e senta de frente para ela. Sorriem...
JOSIAS — Ahn... Já desjejuou?
DIANA — Acabei de terminar...
JOSIAS — (para o dono atrás do balcão) O desjejum do dia, por favor!
O dono faz que sim. Josias olha para ela. Sorriem meio tímidos...
JOSIAS — E o seu pai?... É que eu sei que ele não gosta de mim, e eu não quero deixa-lo desapontado me vendo aqui com você...
DIANA — Josias... A raiva do meu pai não tem fundamento. Só porque você tem o mesmo sangue que as pessoas que ele não gosta...
JOSIAS — Eu quero conquistar o respeito do seu pai... e provar que sou um bom homem.
DIANA — Você não tem que se preocupar com o meu pai, Josias. Não tem que provar nada para ele.
JOSIAS — Mas eu quero, Diana.
Diana o olha, criando coragem para perguntar...
DIANA — Você... tem alguma... intenção específica com isso?
Josias pigarreia, se ajeita...
JOSIAS — O que eu que--
Josias para. Diana franze o cenho, interessada.
DIANA — O quê, Josias? Por que parou?...
Josias respira fundo e sorri suavemente.
JOSIAS — Nesses anos todos que passaram... Eu nunca imaginei que a veria novamente e... poderia dizer...
Diana o olha quase hipnotizada...
DIANA — O quê?...
JOSIAS — Eu quero me casar com você, Diana.
Diana sorri instantaneamente. Mas logo fica meio constrangida, olha para baixo, para os lados, se ajeita...
DIANA — Mas... Josias... Você nem sabe como eu estou...
Josias parece perder um pouco da animação.
JOSIAS — Há alguém... na sua vida?
Ela olha para ele e sorri.
DIANA — Não. Nesses 10 anos eu não me casei. Em parte, pelo medo que alguns moços tinham do meu pai... E em parte...
Ela não completa.
JOSIAS — Pode dizer, Diana.
DIANA — Em parte... porque...
JOSIAS — Diga... Eu não sou prepotente a ponto de achar que esperou todo esse tempo por mim...
Ela então o olha fixamente, a boca um tanto aberta...
DIANA — Na verdade... eu estou constrangida é... por dizer que é exatamente isso...
Josias sorri de orelha a orelha e ajeita a postura, feliz.
JOSIAS — É verdade isso, Diana?!
DIANA — (timidamente) Sim...
JOSIAS — Se for assim, eu também deveria estar constrangido!...
Diana sorri mais solta...
JOSIAS — Diana... (encarando-a fixamente) Eu... Eu te amo.
O olhar de Diana brilha.
DIANA — Eu também te amo, Josias!
Sorriem um para o outro.
JOSIAS — Vou precisar ter cuidado com o seu pai...
Então Josias ergue as mãos e segura as mãos dela. Se encaram apaixonados. Do outro lado do balcão, o dono percebe.
CENA 17: SONHO: DIVERSOS LUGARES
Estamos no sonho de Noemi...
Recém-casados, os jovens Noemi e Elimeleque correm felizes pelas ruas...
Grávida, com os olhos fechados e sentada escorada em uma árvore, Noemi aprecia o vento fresco em seu rosto. Até que Elimeleque chega ali, a beija, a abraça, acaricia a barriga dela e ficam juntos...
Mais tarde, Noemi, Elimeleque, Malom (3 anos) e Quiliom (2 anos) correm pelo campo. Felizes, eles riem e as crianças irradiam alegria e empolgação.
Depois Noemi deita na grama. Elimeleque deita ao seu lado e as duas crianças do outro. Feliz com sua família, ela os abraça e sorri para o céu. Elimeleque beija um lado de seu rosto, e os dois menininhos o outro lado... Ela fecha os olhos, sentindo-os...
CENA 18: EXT. DESERTO – DIA
Noemi está deitada. Não na grama, mas no deserto. Não limpa, mas impregnada de terra. Sozinha, adormecida, fraca...
Perto dali, em um terreno mais alto, Rute caminha à procura da sogra. Preocupada, olha para todos os lados.
RUTE — Noemi!!!
A voz ecoa.
RUTE — Senhora Noemi!!! Noemi!!!
Em Rute muito preocupada com a falta de resposta, IMAGEM CONGELA.
CONTINUA...
Obrigado pelo seu comentário!