CAPÍTULO 35
uma novela de
FELIPE LIMA BORGES
livre adaptação do livro de Rute
Edição da Versão Reprise por
RAMON FERNANDES
EDIÇÃO:
Restante do Capítulo 49 + Capítulo 50 ORIGINAL (SEM CORTES)
CENA 01: EXT. DESERTO – DIA
À procura de Noemi no deserto, Rute está muito preocupada com a falta de resposta.
Até que nota, num lugar mais baixo, um vulto caído. Sai correndo na mesma hora. Rute vem até Noemi e para derrapando.
RUTE — Senhora Noemi, senhora Noemi! Senhora Noemi, acorde, vamos, acorde! Noemi, acorde!
Rute chama e chacoalha Noemi, até que ela começa a acordar, confusa.
NOEMI — Malom... Quiliom... Meninos...
RUTE — Noemi... Senhora Noemi, sou eu...
NOEMI — Elimeleque, Elimeleque!...
Rute tenta levantar Noemi.
RUTE — Sou eu, senhora... Rute... Sente-se...
Noemi então parece voltar a si... Franze o cenho, olha para ela...
NOEMI — (decepcionada) Ah, você...
Rute fica preocupada, sem saber ao certo o que dizer... Apenas a ajuda a se levantar.
RUTE — Fiquei preocupada... E vim procura-la... O que aconteceu?...
NOEMI — Eu... vim chorar, apenas... e adormeci.
RUTE — Vamos para casa, senhora. Vamos juntas...
Noemi faz que sim e Rute a ajuda a se levantar. Enquanto Noemi recupera o equilíbrio, Rute limpa o cabelo da sogra e tira um pouco da terra da veste dela.
Depois Noemi olha para Rute, que sorri de forma encorajadora.
RUTE — Vamos.
De braços dados, as duas voltam devagarinho.
CENA 02: EXT. BELÉM – CAMPO – DIA
Debaixo de uma árvore, Tamires termina de ajeitar as vestes enquanto o homem que aceitou sua proposta amarra o cavalo.
TAMIRES — Não saia daqui. Conforme o nosso combinado.
HOMEM — Sim, senhora.
Tamires respira fundo e sai.
CENA 03: INT. CASA DE LEILA – LOJA – DIA
Na loja, Leila, Orfa e Aylla recebem Rute e Noemi, que entram. Aylla coloca uma cadeira para Noemi e Rute a guia até lá. Orfa traz água e ela bebe.
LEILA — Aceita um chá, Noemi? Eu peço que Aylla faça.
NOEMI — Não, não. Muito obrigada. Já está ótimo. Não se preocupem.
Nesse instante, um cavaleiro chega ali na frente e desce.
MENSAGEIRO — Mensagem para Noemi, de Tani em Belém.
NOEMI — A resposta de Tani... Peguem o pergaminho, por favor.
MENSAGEIRO — Dessa vez é uma mensagem de voz. Assim diz a remetente: “Minha querida amiga Noemi, Shalom! Como sempre, fiquei muito feliz com sua carta. Só é uma pena que não me escreve mais vezes por ano. Como você sabe, a prosperidade de Israel aumentou muito nos últimos tempos, mas a desse ano é absurda! Há pão em abundância, e não há terra mais farta que Belém em toda Israel! Por favor, amiga minha, considere retornar para casa, ou ao menos fazer uma visita alongada para que matemos a saudade que tanto aperta e rasga o nosso peito. Estou esperando com ansiedade reencontrar você! Se possível, traga seus filhos. Sei que são casados, mas tente convencer eles e suas esposas.”
Todos ali ficam constrangidos... Noemi permanece cabisbaixa.
MENSAGEIRO — “Espero que esteja bem. Aguardo sua próxima carta. De preferência, ainda nesse ano. Ou então a sua volta. Que Deus a abençoe e a proteja sempre! Com carinho, Tani. Shalom.”
NOEMI — Obrigada.
O mensageiro faz que sim.
MENSAGEIRO — A destinatária pretende enviar uma resposta?
NOEMI — Não, não... Pode ir. Obrigada.
O mensageiro faz uma reverência com a cabeça, monta no cavalo e sai.
LEILA — Que notícia maravilhosa sua amiga enviou, Noemi!...
Noemi se levanta.
NOEMI — Vou para minha casa.
LEILA — Noemi, espere... Calma, fique aqui com nós...
NOEMI — Não, obrigada, Leila. Preciso ir para minha casa.
RUTE — Eu a farei companhia até lá.
Noemi para e a olha um tanto irritada.
NOEMI — Quero ir sozinha.
Rute, levemente assustada, apenas a observa. Noemi então vira para frente e vai embora.
ORFA — (para Rute) Eu avisei.
Rute aperta os lábios.
CENA 04: EXT. BELÉM – ARREDORES – DIA
Tamires se aproxima do portão da cidade. Ao vê-la, e talvez reconhece-la, ou ao menos suspeitarem, os guardas da entrada da cidade sacam suas espadas e as apontam para frente.
GUARDA — Alto lá!
Tamires levanta os braços e continua a se aproximar devagar.
CENA 05: EXT. VILA – DIA
Segurando um vaso, Segismundo passa pelas pessoas e se aproxima de um poço, atrás das casas. Chegando ali, coloca o vaso na mureta redonda e puxa a corda do poço para que o balde cheio de água venha lá de baixo. Ele continua a puxar, e a puxar, e a puxar... Até que o balde finalmente aparece. Segismundo então estica o braço para pegá-lo, mas dá um pulo! Quase cai para trás. Nesse momento, Iago chega ali.
IAGO — Segismundo... Mal volto de viagem e você já pula de alegria!
Segismundo olha assustado para ele.
SEGISMUNDO — Iago?!... Você...
IAGO — Voltei. Mas me diga, por que está assim?
SEGISMUNDO — Ali, no balde... Eu vi... Há... uma cabeça ali.
IAGO — Quê?! Cabeça?!
SEGISMUNDO — Pois olhe aí, Iago!
Iago franze o cenho e se aproxima devagar. Estica o braço e vira o balde levemente... uma cabeça masculina está ali dentro.
IAGO — Nossa... Você o conhece?
Segismundo se aproxima e olha.
SEGISMUNDO — Zrág! Nosso melhor arqueiro...
Iago solta o balde. Com semblante preocupado, olha para Segismundo...
CENA 6: INT. PALÁCIO – SALA DO TRONO – DIA
A Sacerdotisa Myra e o Capitão estão diante de Zylom, sentado em seu trono.
ZYLOM — Não é possível... Não consigo acreditar que o Sumo Sacerdote tenha morrido, ainda mais em tais circunstâncias...
CAPITÃO — Posso lhe garantir que foi assim, meu senhor. Ao que parece, morto por um homem também já morto, cujo corpo foi encontrado perto do local. Talvez o Sumo Sacerdote tenha sido assaltado e tenha reagido.
ZYLOM — Esse outro morto... Não pode ser o servo de Faruk?
CAPITÃO — Enquanto estamos no campo das especulações, todas as possibilidades são válidas. Nesse caso, ambos poderiam ter sido assaltados por um terceiro elemento.
ZYLOM — Mas você disse que no outro havia duas armas cravadas...
CAPITÃO — Sim, soberano. E isso é intrigante. Uma espada e um punhal.
ZYLOM — E o que Faruk estaria fazendo naquelas bandas?... Está tudo muito esquisito. Providencie um sepultamento à altura do Sumo Sacerdote. E, logo depois, inicie uma vasta investigação. Quero um relatório conclusivo para que eu possa punir eventuais culpados.
CAPITÃO — Sim, senhor.
ZYLOM — Pode ir.
O capitão faz uma reverência diante do rei e sai. Zylom olha para a Sacerdotisa.
ZYLOM — Myra...
MYRA — Meu senhor.
ZYLOM — Você sabe que agora... é a Sumo Sacerdotisa de Moabe.
Myra abaixa a cabeça.
MYRA — Sim, meu senhor.
Zylom fica ali, intrigado com tudo.
CENA 7: EXT. VILA – DIA
Quase todos da vila estão ali, reunidos e aguardando Segismundo falar. Entre eles, Iago, Besta Louca e Montanha. Ao lado de Segismundo, Gael.
SEGISMUNDO — Irmãos!
Todos param e olham para ele.
SEGISMUNDO — Irmãos de guerra. Companheiros de vida! Eu os reuni aqui para comunica-los acerca de um triste episódio. Um atentado à nossa paz e um ato declarado de guerra!
Os homens se entreolham confusos.
SEGISMUNDO — Zrág! Nosso melhor arqueiro! Todos aqui o conhecem. Filho e servo exemplar! Foi encontrado morto no dia de hoje.
O burburinho aumenta e se espalha. Alguns parecem se desesperar, outros assumem uma postura de revolta ou de fúria.
SEGISMUNDO — Zrág teve sua cabeça decepada e colocada no poço! OU!!!... Ou há um invasor na vila... ou um traidor. Nenhuma dessas opções é boa, mas sendo lá o que for... esse indivíduo será descoberto. E então, terrivelmente punido.
Alguns gritam apoiando.
SEGISMUNDO — Por ora!... Tomem cuidado. Fiquem atentos. Não andem sem suas espadas. Não estamos seguros. Obrigado.
Segismundo sai, deixando os homens em energético falatório. Gael se aproxima de Iago.
GAEL — Iago...
IAGO — Gael!...
GAEL — Iago... Soube que viajou... Segismundo disse que você iria visitar parentes de Maya...
Iago o encara por alguns segundos.
GAEL — E então?... Já voltou...
IAGO — Voltei. Ia ficar mais tempo por lá, mas os tais parentes haviam viajado para outra tribo. Por isso tive que voltar.
Gael sorri.
GAEL — Fica para a próxima, então.
Iago força um sorriso.
IAGO — Fica para a próxima.
CENA 8: EXT. BELÉM – PRAÇA – DIA
Quatro soldados escoltam e conduzem Tamires pela rua, se aproximando da praça. Curiosos param para observar. Ao percebê-la, o Ancião franze o cenho e aguarda. Eles se aproximam. Tamires mantém um sorriso discreto enquanto encara o Ancião.
ANCIÃO — Vocês a capturaram?!
SOLDADO — Essa mulher diz se chamar Tamires. Aparentemente é a mesma Tamires envolvida com a Caravana da Morte. Não a capturamos. Ela veio por sua própria vontade. Diz que quer falar com o senhor.
Ele franze o cenho ainda mais e a encara.
CENA 9: EXT. CASA DE NOEMI – RUA – DIA
Leila, Aylla, Rute e Orfa se aproximam da casa de Noemi.
ORFA — Eu já disse... Já falei que não adianta, não é um bom momento! Noemi não está nada receptiva.
LEILA — Mas nós temos ao menos que estar atentas, Orfa. Vai que ela faz alguma besteira ou algo de ruim lhe acontece...
Elas param na frente da casa.
LEILA — É o seguinte: quem quiser ficar aqui esperando, fique. Eu vou entrar.
Orfa encosta ali, decidida a esperar. Rute e Aylla se entreolham e seguem Leila.
ORFA — Esperem!
Rute e Aylla olham para Orfa.
ORFA — Vão me deixar sozinha aqui?...
RUTE — Orfa...
ORFA — Fiquem comigo... Por favor.
Rute respira fundo.
CENA 10: INT. CASA DE NOEMI – SALA – DIA
Sentada à mesa, Noemi encara seu reflexo em uma taça. Atrás dela, Leila chega pela porta e a observa por uns instantes.
LEILA — Você se lembra, anos atrás, quando era eu a desanimada e vocês me trouxeram alegria e vida nova?
Noemi continua do mesmo jeito.
NOEMI — Pelo menos você não havia perdido ninguém.
Leila respira fundo, se aproxima e se senta ao lado de Noemi, virada para ela.
LEILA — Aí é que você se engana.
Noemi finalmente para de olhar seu reflexo e olha para Leila.
LEILA — Alguns anos antes de vocês chegarem a Moabe, eu conheci um viajante. Um hebreu...
Noemi se interessa.
NOEMI — Hebreu?
LEILA — Sim. (sorrindo) O homem mais educado, gentio e cheiroso que eu já vi em toda minha vida. Um caro servo do Deus dos hebreus. Nós nos conhecemos e muito rapidamente nos casamos. Muito rapidamente mesmo, tanto que eu me casei sem saber quase nada do seu povo.
Noemi presta bastante atenção.
LEILA — O problema foi que ele também despertou o interesse de uma nobre influente, que se enfureceu ao saber de nossa união. Bom, por motivos que nada tinham a ver com ela, embora na época eu desconfiasse que poderia ter, ele ficou febril no segundo dia de casados... e veio a falecer no terceiro.
Noemi está um tanto intrigada.
LEILA — Por isso a minha admiração pelo seu povo... É esse o motivo de eu sempre querer saber mais e mais sobre vocês... Entender e apreciar a cultura do povo do meu falecido amado...
NOEMI — Leila... Nunca imaginei que você já foi casada... Nunca comentou...
LEILA — E tem mais... Pouco tempo depois de sua morte, eu descobri que estava grávida.
Noemi se impressiona e coloca os dedos nos lábios.
LEILA — Era uma menina.
NOEMI — Então nasceu...
LEILA — Sim...
NOEMI — Não me diga... que morreu também...
LEILA — De certa forma sim.
NOEMI — Não entendo...
LEILA — A tal nobre, que havia se interessado por ele, sabendo que eu havia dado à luz, quis se vingar. Ela veio até mim e disse que se eu não vendesse minha filha aos mercadores de escravos, ia denunciar ao rei e usaria de sua influência para matarem minha menina. E acho que ela seria mesmo capaz disso.
NOEMI — Mas o que aconteceu? O que você fez?
LEILA — (chorosa) Eu não tive outra escolha, Noemi. Não poderia deixar que matassem minha filha...
NOEMI — Eu sinto muito, Leila...
Leila respira fundo.
LEILA — Dois anos depois, essa mulher morreu subitamente. Mas, na época, eu vendi minha menina aos mercadores... E acabou que um servo do templo comprou-a e levou-a para lá... Levou-a para o sacerdócio... para ser preparada para o sacrifício aos deuses.
Noemi franze o cenho, se ajeita e se inclina um pouco mais para frente.
NOEMI — Leila... Qual era o nome da sua filha?
Leila então olha para fora conferindo se ninguém está por ali, olha para os lados... e finalmente para Noemi.
LEILA — Aylla.
Noemi fica chocada. Se afasta, passa a mão pela boca, encara Leila... Leila começa a chorar.
NOEMI — Aylla... é sua filha legítima!...
Leila derrama lágrimas.
LEILA — Você não imagina, Noemi, você não imagina a alegria que eu senti quando descobri que minha filha voltaria para os meus braços! E por meio de hebreus, o povo do meu amado! Por meio de minhas visitas... que foram justo para a minha casa!
Noemi ainda está impressionada.
LEILA — Noemi, não há coincidências! Há apenas um Deus preparando tudo para dar certo! Um Deus bom!
Noemi se sente um pouco incomodada.
NOEMI — Pode ter sido bom, mas para você.
LEILA — Às vezes é necessário derrubar paredes para se ter um cômodo maior e melhor.
CENA 11: EXT. CASA DE NOEMI – RUA – DIA
Rute, Orfa e Aylla estão ali na frente, aguardando.
RUTE — Vamos ali ao menos ouvir...
ORFA — Ouvir a conversa delas?
RUTE — Eu preciso saber o que Noemi está sentindo... Preciso saber para podermos ajuda-la.
AYLLA — Vamos, então.
Orfa as segue e elas entram no quintal. Param ao lado da porta da sala e escutam escondidas.
CENA 12: INT. CASA DE NOEMI – SALA – DIA
NOEMI — A maior bênção que eu poderia ter nos próximos momentos da minha vida... foi completamente arrancada de mim. Meus filhos, descendência de Elimeleque... mortos. Minhas noras... nunca geraram. (pequena pausa) Nós temos culpa de tudo, Leila. Eu vejo, agora... Fomos contra Deus. Saímos de nossa terra, abandonamos tudo por um reino pagão. Desobediência, apenas isso. Os filhos não tinha um bom exemplo dos pais para seguirem, e também acabaram errando ao se casarem com mulheres pagãs. Culpa de Elimeleque, culpa minha. Totalmente contra o que é certo. É claro que só poderia vir desgraça na minha vida mesmo.
Do lado de fora, Rute e Orfa escutam aquelas duras palavras. Orfa fica claramente magoada e Rute está preocupada com toda a situação.
NOEMI — Deus me atacou pelos erros que cometemos, e já não me resta alegria alguma... Não perca seu tempo, Leila. Revele a verdade para ela. Aproveite o tempo que ainda não foi arrancado de você.
Leila faz que sim minimamente.
LEILA — O que será de você, Noemi?...
Noemi encara o nada.
NOEMI — Eu pensei muito sobre isso... Pensei no que Elimeleque me disse à beira da morte, na amargura que essa terra virou para mim, no recado de que em Belém há pão com abundância... e decidi que vou embora. Ao menos uma vez na vida vou fazer o que é certo.
Leila a observa extremamente pesarosa.
NOEMI — Eu pago pelos meus erros e pelos erros dos meus todos os dias, Leila. Mas chega. Se for para morrer, que seja em minha terra, com um pouco de dignidade. Prefiro descansar perto de meus pais.
LEILA — Você tem certeza?...
NOEMI — É claro que eu tenho. Não há nada me segurando aqui.
LEILA — E suas noras?...
NOEMI — Elas ficarão e tocarão suas vidas. São novas, podem se casar e ser felizes novamente. Só não ter filhos, talvez, vide o passado de trevas delas.
No lado de fora, Orfa está muito ressentida.
ORFA — Não tenho que ouvir isso. Vou embora.
Orfa sai.
RUTE — Orfa...
Rute e Aylla se entreolham, preocupadas, abatidas...
CENA 13: EXT. BELÉM – TRIGAL – DIA
Embaixo de uma tenda, Boaz e Josias discutem sobre o trigo olhando um mapa sobre a mesa.
JOSIAS — Posso adicionar nesse quadrante então?
BOAZ — Sim, Josias. É melhor fazermos dessa forma, acho que teremos espigas ainda mais robustas.
JOSIAS — Certo.
Josias enrola o mapa.
BOAZ — E quanto à Diana, Josias? Você a encontrou na hospedaria? Como foi?
JOSIAS — Bom... Nós nos entendemos. Estamos flertando.
Boaz dá um sorrisão e bate no peito de Josias.
BOAZ — Ahh, meu amigo! É isso aí!
JOSIAS — Diana ainda gosta de mim. Agora quero dar jeito de conquistar o coração de Jurandir.
BOAZ — Eu lhe desejo sucesso! E, no que eu puder ajudar, conte comigo.
JOSIAS — Obrigado, amigo!
Josias sai sorrindo. Cruza o trigal, passa pelos homens e mulheres que trabalham ali. Logo à frente, ele passa por Tani, que observa as novas trabalhadoras.
JOSIAS — Tani...
TANI — De longe dá para ver esse sorrisão, Josias.
Josias ri.
JOSIAS — Ele tem nome: Diana...
TANI — Hummm... Me fale mais sobre essa moça.
JOSIAS — Bom... Ela chegou recentemente. É de minha cidade natal, Laquis. Tivemos algo no passado, mas por uma série de infelicidades não deu certo. Agora nos reencontramos e estamos nos falando...
TANI — Desejo o melhor para você, Josias!
JOSIAS — Obrigado, Tani.
Eles percebem, do outro lado do trigal, os Guardiões da Terra marchando, indo para longe.
JOSIAS — Os Guardiões...
TANI — Estou mais esperançosa, agora. Quem sabe a Caravana não seja finalmente pega... Com todas as bençãos que nossa terra está tendo, essa seria para coroar.
CENA 14: INT. BELÉM – TEMPLO – CELA – DIA
Acompanhados de soldados, o Ancião e Tamires entram na cela onde há uma mesa e duas cadeiras em posições opostas.
ANCIÃO — (apontando uma) Sente-se.
Tamires faz que sim ironicamente e se senta. Em seguida o Ancião senta na sua.
ANCIÃO — Muito bem. O que você tem a me dizer? Você já está aqui. Nós já a temos. Basta trancaram a cela e você só sai para ser levada a Hebrom, onde será julgada por todos os seus crimes.
TAMIRES — Eu tenho uma proposta.
Por alguns segundos o Ancião a encara. Então se levanta para ir embora.
TAMIRES — Escute!
Ele a ignora e caminha para a porta.
TAMIRES — O senhor me garante a liberdade aqui em Belém e eu lhe dou a localização atual do segundo na hierarquia da Caravana.
O Ancião para. Tamires sorri para a costa dele. Então ele vira para ela.
ANCIÃO — O segundo?
TAMIRES — Eu sei onde ele está. E é perto daqui.
O Ancião parece tentado. Nisso, IMAGEM CONGELA.
Obrigado pelo seu comentário!