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Antropófago - Diário de um Canibal - Episódio 09 (Reprise)

 


 ANTROPÓFAGO – DIÁRIO DE UM CANIBAL
WEB SÉRIE DE ADÉLISON SILVA
PRIMEIRA TEMPORADA
NONO EPISÓDIO

CENA 01/ BRAÇO FORTE/ NOITE

Max corria com o carro pelas as ruas estreitas da cidade com Ricardo amarrado no para choque. 

MAX: (off) Braço Forte era uma cidade pequena, pacata e tranquila, no entanto bem charmosa. Com casarões, Igrejas, praças e museus, alguns construídos durante o tempo do ouro e da escravidão. Era dona de importantes acervos de arquitetura e arte colonial. Muitas de suas ruas ainda conservavam o calçamento original de paralelepípedos. Suas extremidades banhadas pelo o rio da Juventude, os antigos acreditavam que suas águas obscuras eram milagrosas e tinha o poder de rejuvenescimento.

Ao aproximar das extremidades do rio, Max desce do carro e vai ver como Ricardo estava. 

MAX: (off) Diz o ditado que ‘vaso ruim não quebra fácil’, e para a tristeza de Ricardo esse ditado fez valer. Acredite, apesar de não ter mais nem carne em suas costas, ele estava vivo. O maldito ainda continuava vivo. Seu corpo estava dilacerado, ensanguentado, moscas o rodeavam, mas ainda continha vida. Ele me olhou com suas pálpebras baixa, seu olhar dava pena.

Ouve-se então a sirene da polícia, o que era raridade. A cidade era tão tranquila que os piores bandidos que se tinha eram ladrões de galinha. No entanto algo dizia que desta vez não eram esses ladrões que a policia estava atrás.

MAX: (falando sozinho) A polícia! Eles não podem me pegar. A pequena Érica, eu preciso salvá-la. 

Max se aproxima do carro e percebe que a criança está acordada, ela soluçava em um gemido espremido. Max a toca e percebe que ela está com febre.

MAX: (assustado) Minha nossa ela está queimando em febre. Precisamos sair daqui.

Max enrola a menina em uma manta, a abraça e foge por um beco escuro. Ele precisava urgentemente achar um lugar para deixar a criança, um lugar onde alguém pudesse cuidar dela. Max vai fugindo pelas os becos mais escuros, as cenas vão se alternando entre ele e o carro da polícia que corta as ruas da cidade apressadamente. 

MAX: (off) Foi então que me lembrei de que ainda mantinha próximo ali um orfanato antigo, era um casarão dedicado aos pequenos enjeitados. As mães que não queriam ou não podiam cuidar dos seus filhos os deixavam no que chamava de roda dos expostos, o que era algo comum em tempos atrás. A "roda” consistia de um cilindro de madeira oco instalado no muro do orfanato com uma abertura voltada para a rua onde se depositava o recém-nascido, esse cilindro girava em torno do seu próprio eixo e ao girá-lo a abertura dava acesso à parte de dentro do orfanato, após isso, tocava-se a sineta avisando a freira, que ia buscar a criança exposta.

Estava aí à solução, o lugar perfeito para Max deixar a pequena Érica. Mas para isso ele teria que desviar da atenção da policia, que naquele momento as sirenes buzinavam bem mais próximo. Max então corta por uma rua deserta de casas pequenas e simples, ao longe mostra-se o orfanato. Mas entre Max e o orfanato havia uma praça, com alguns bêbados fazendo algazarra. Ele não poderia chamar atenção. Max decide então retornar por outra rua, evitando passar pela a praça. Ao final da rua ele se depara com a polícia, furiosa por ver o estado em que Ricardo se encontrava. Max fica a espreita só ouvindo a polícia. 

[ABERTURA]

EPISÓDIO IX
“Na mira da polícia”


CENA 02/ BRAÇO FORTE/ NOITE

Moraes está em pé ao lado de Ricardo que ainda estava vivo, mas já nas últimas. Alguns policiais ao redor. 

MORAES: (dando ordem) Vasculhe tudo, até encontrar o desgraçado que fez isso!
CORTA para Max escondido atrás de um muro. 

MAX: (falando pra sim mesmo) Eu não posso deixar que eles me peguem. (falando para a menina em seus braços) Vamos meu amor, eu preciso encontrar alguém pra cuidar de você. 

Max dá meia volta e contorna por uma viela, saindo ao lado oeste da praça. 
MAX: Meu Deus, ela está tremendo. Deve está com fome e com frio. Eu tenho que me apressar, senão ela não irá resistir. 
Ele passa despercebido pelo o canto da praça e vai rapidamente em direção ao orfanato. 

CENA 03/ BRAÇO FORTE/ NOITE

E lá estava, a roda dos expostos. Max então ajeita a menina e a coloca deitada no cilindro, tocando com violência a sineta, para que as freiras tivessem pressa para resgatar o bebê. Logo após deixar a menina no orfanato ele corre se escondendo pelas as ruas procurando se distanciar o máximo da polícia. Ouve-se as sirenes da polícia ao longe. A sorte de Max é por se tratar de uma cidade pequena e pacata, a companhia era composta por poucos policiais, o que facilitava a sua fuga. Já cansado, o dia quase amanhecendo e Max ainda não havia dormido. Mas ele agora estava na mira da polícia, se fosse preso não conseguiria encontrar sua amada Érica, a coisa que ele mais desejava naquele momento. A CAM mostra uma casa espremida em meio a dois velhos casarões coloniais, o seu muro tinha em média apenas um metro e meio de altura, algumas rachaduras figuravam na parede. A calha rachada fez com o que a chuva maltratasse sua fachada. Logo na entrada, uma vegetação vertical já começa a brotar na parede úmida. Sem contar o quintal, o que seria a grama já estava alcançando a altura do muro, alguns pés de mamona crescia beirando a parede. No meio apenas uma calçada feita de pedras ligando o portão a porta de entrada. Max então conclui que ali não havia moradores. Ele salta o muro e se abriga em uma pequena área em frente a casa. A área era rodeada por paredes minúsculas feita de blocos deitados.

CENA 04/ FLORESTA MOSSAÍH/ NOITE

A CAM mostra cenas da floresta e depois do rio da juventude, o sol surgindo por de trás das árvores revelando o nascimento de mais um dia. CORTA para cena seguinte.
CENA 05/ BRAÇO FORTE/ CASA DA VANUSA/ ÁREA/ NOITE

Max deitado no chão da área. Ele acorda com o sol em seu rosto. Levanta então meio sorrateiro, olhando em direção a rua com medo de ser flagrada pela a polícia. Ouve-se então movimentos dentro da casa. Max entende que ao contrário do que ele imaginava a casa não estava abandonada, havia moradores ali. Ele vai saindo discretamente, mas ao cruzar pela a porta principal e flagrado por Vanusa, uma senhora idosa e moradora da casa que se assusta ao ver Max ali em sua área.

VANUSA: (assustada) Jesus de misericórdia! Quem é você? 

Max encara Vanusa e rapidamente avança em sua direção lhe tapando a boca. A puxa para o interior da casa, fechando a porta para que ninguém pudesse os ver. Ele solta a boca da senhora que só implorava para que ele não a machucasse.

VANUSA: Por favor, moço eu sou só uma pobre viúva não me faz nada. Leve o que você quiser mas não me machuque. 
MAX: Eu não quero nada com a senhora. (T) Me diga, tem mais alguém na casa?
A senhora para por um instante e responde trêmula. 

VANUSA: Não senhor, eu moro sozinha. 
A senhora se mantinha parada encostada na parede com os olhos esbugalhados de medo. Respirava ofegante, nervosa com a presença de Max. 

MAX: Está com medo de mim?
VANUSA: Eu sou uma pobre viúva, nunca fiz mal a ninguém. O senhor pode levar o que quiser, eu só te imploro não faz nada comigo. 
MAX: Eu já disse que não quero nada da senhora. Acho que eu sou um mostro, não é isso? (melancólico) É exatamente assim que eu me sinto, um monstro. Me perdi de mim mesmo. Eu sei que fiz coisas horríveis, mas eu só queria encontrar a minha Érica.
VANUSA: Mas eu não tenho culpa, moço. Por favor, só me deixa em paz. 
Max se incomoda com o descaso de Vanusa sobre a sua história.

MAX: Velha maldita, não está nem aí pra minha história!
A sirene da polícia soa ao longe e Max se desespera. Ele segura Vanusa pelo o braço e vai puxando-a pela a casa.

MAX: Mora mesmo sozinha? Não está mentindo. 
Max interrogava enquanto vasculhava alguns cômodos.

VANUSA: Moço, por favor, tenha misericórdia de mim!
CLARINHA: (saindo de dentro do quarto) Vó o que está acontecendo?
VANUSA: (gritando) Sai daqui Clarinha, fuja minha filha!

Max solta o braço de Vanusa e avança sobre a jovem agarrando-lhe pelo o braço e a pressionando contra o seu corpo. Clarinha olhava assustada e arquejante. Max alisa o seu rosto e fica admirado com o seu encanto. A imagem oscila entre o rosto de Clarinha e o rosto de Érica. Um devaneio na mente de Max que confundia as duas identidades. Ele vai se aproximando do rosto da moça com intuito de beijá-la, ela fecha a cara e se franze de nojo. Vanusa pega uma frigideira e vai se aproximando de Max. E com violência dá-lhe um golpe em sua nuca. 

VANUSA: (batendo em Max com a frigideira) Solte a minha neta, desgraçado!

Max cambaleia um pouco tonto para o lado. Vanusa continuava a lhe acertar com a frigideira, ele então pega o seu punhal que se encontrava em uma bainha em sua cintura e perfura o abdome da senhora. 

CLARINHA: (em prantos caindo de joelho no chão) Meu Deus! Tem misericórdia moço, não mate a minha avó.

Vanusa arregala os olhos e vai desfalecendo em um gemido sufocado. Max levantando a mão vai contornando o punhal verticalmente, traçando todos os músculos da senhora e expondo o seu intestino delgado. Vanusa cai no chão tapando a incisura de seu abdome com as mãos. Clarinha vai se aproximando da avó que está caída no chão. 

CLARINHA: (tentando ajudar a avó) Vó, por favor, não morra!
Max parte pra cima da moça e a arrasta para o quarto.

CLARINHA: Por favor, não! Eu só quero ajudar a minha vó. 
MAX: A sua vó está morta, mas você está viva e eu quero você pra mim. Eu te amo Érica!

A cena segue conforme a narração de Max.

MAX: (off) Eu estava ficando louco, Érica não saía da minha cabeça. Estava cego, ainda mais por saber que a policia estava em minha cola. Comecei a pegar alguns lençóis roupas e tudo mais que encontrava pela a frente, rasguei tudo fazendo longas tiras, emendei uma na outra e amarrei os braços e as pernas da jovem Clarinha. Sua boca amordaçada com uma das tiras e mãos presas na cama.

Ao retornar a cozinha Max se surpreende, Vanusa já não estava mais lá. A CAM vai se abrindo e mostra Vanusa de mãos estendidas em direção a porta de saída, suplicando por ajuda. 

VANUSA: (com um grito sufocado) Socorro! Polícia, socorro!

Rapidamente Max se aproxima e lhe dá inopinadas facadas nas costas, Vanusa cai se estrebuchando no chão. Ele passa a faca pelo o pescoço, cortando todos os músculos e a traqueia da senhora, deixando sua cabeça pendurada apenas pelo os ossos da coluna cervical.

CENA 06/ BRAÇO FORTE/ CASA DA VANUSA/ LADO EXTERNO/ NOITE

CORTA para cena externa mostrando a polícia se aproximando da casa. Moraes já desce do camburão com a arma na mão e apontada para o rumo da casa.

MORAES: Saia de mãos para cima!
POLICIAL: Ele está com refém.
MORAES: Eu sei. (dando ordem) Todos atentos, o meliante está com refém, não podemos colocar a vida de inocentes em risco. Repito, todos atentos as minhas ordens. Temos que ser cautelosos.

CORTA para o lado de dentro da casa.

CENA 07/ CASA DA VANUSA/ SALA/ NOITE

Ao ouvir a polícia do lado de fora, Max retorna ao quarto, PLANO SEQUÊNCIA seguindo Max até o quarto. Max corta a tira que amarrava a moça na cama e solta as suas pernas. Com uma das mãos segura firme os seus braços e com a outra pressiona a faca contra o seu pescoço. Arrasta a jovem até a porta principal e a usa como refém. 

CENA 08/ CASA DA VANUSA/ LADO EXTERNO/ NOITE

Ao ver o estado do Max todos ficam abismados. 

MORAES: Minha nossa! Solte a moça e ninguém sairá ferido.
MAX: (gritando) Um carro, eu quero um carro!
MORAES: Calma rapaz, fique tranquilo vamos conversar.
MAX: O senhor não entendeu doutor.
Max se aproxima do rosto de Clarinha dá-lhe uma forte mordida na bochecha arrancando um pedaço. A jovem gemia de dor.

MAX: Ou me arranje um carro ou eu devoro essa garota aqui na sua frente.
Moraes fica abismado com a frieza de Maxwell.

POLICIAL: Se o senhor quiser eu posso atirar. Eu tenho uma boa mira, posso acertá-lo.
MORAES: Está maluco? Se você errar o tiro matará a moça. Não podemos nos precipitar, ele não está brincando ele é capaz de devorar a moça aqui em nossa frente. (falando para Max) Eu te darei o carro que você quer, pode pegar o meu camburão. Mas solte a garota.
MAX: Eu não sou tão idiota, quero que todos desengatilhe a arma e as coloque no chão. E sem gracinha doutor.
MORAES: (para a sua tropa) Ouviram o que ele disse? Desengatilhe as suas armas e as coloquem no chão.
POLICIAL: (questionando) Mas doutor Moraes...!
MORAES: Obedeça, apenas obedeça. Eu conheço a jovem, não posso arriscar a sua vida.
Todos obedecem, desengatilham as armas e as colocam no chão.

MAX: Agora, afasta-se das armas. 
Todos se afastam. Max vai andando cautelosamente até o camburão velho do delegado. Ele entra e já vai puxando Clarinha para dentro. Ele liga a chave que já está na ignição e acelera com violência. Os policias rapidamente pega as suas armas do chão e entram no carro acelerando atrás de Max. 

CENA 09/ BRAÇO FORTE/ RUA/ NOITE

Max corta pela a cidade em alta velocidade, derrubando tudo o que encontrava pela a frente. Passa pela a ponte, e corta em direção a floresta de Mossaíh, adentrado a mata. Até finalmente conseguir despistar a policia. A pobre Clarinha se bambeava de um lado ao outro dentro do carro, pois estava de mãos atadas e sem cinto de segurança. Mesmo em alta velocidade Max consegue ajeitar o seu punhal na cintura, abre a porta do lado do passageiro, e se joga pra fora empurrando a moça junto.

CENA 10/ FLORESTA MOSSAÍH/ NOITE

Os dois caem rolando pelo chão, e o carro choca-se diretamente com uma árvore provocando uma explosão. Max levanta completamente ferido, e vai mancando até a jovem Clarinha, que estava desmaiada. Ele corta as tiras que prendia os braços da moça, e depois a puxa para a parte mais fechada da floresta. Ele encosta em uma pedra e fica ali admirando a jovem. 

MAX: (off) Era como se Érica estivesse diante de mim. Tudo bem a Clarinha não era tão parecida com ela, mas alguns de seus traços me faziam lembrar-se dela. Em alguns momentos a minha obsessão fazia com o que ao invés da jovem eu visse Érica ali, deitada em minha frente. 

Max se aproxima da jovem e começa a tocar em seus cabelos, descendo a mão pelo o seu rosto, sentindo a ferida feita por sua mordida. Ele vai contornando a mão por baixo do seu vestido na parte superior do seu seio, sentindo o seu coração batendo acelerado. Clarinha se desperta e se assusta ao ver Max lhe tocando. 

Ela fica ao longe de olhar baixo lhe olhando assustada. 

MAX: (off) Era nojento o desejo que eu tinha, almejava experimentar o sabor do coração daquela moça. Eu tinha medo desse desejo, ele me impulsionava a fazer o mal. Já sentia o cheiro do seu sangue, a minha saliva umedecia a minha boca, eu era a fera e ela a presa.

Clarinha vai se arrastando ao chão se afastando de Max. Ela levanta em um pulso e sai correndo cambaleando por entre os matos. Max levanta-se apressadamente e corre atrás dela. Ele tira o punhal da cintura, e ao alcança-la se joga em cima segurando-a contra o chão.
Ela se debatia e tentava fugir, Max segura a sua cabeça defronte ao chão e enfia a faca por baixo dos seus seios. O sangue da jovem escorria pelos os dedos de Max. Ela perfura os dedos na terra e geme em meio ao tormento. Aos poucos ela vai se acalmando e desfalece. Max a coloca deitada de barriga para cima, perfura entre os seus seios lhe arrancando os últimos suspiros. Depois de matar Clarinha ele segue a mesma rota das outras vítimas. Contorna a faca por baixo das costelas e arranca pra fora o coração da jovem. 

MAX: (off) Ainda estava quente, abocanhei e estraçalhei aquele órgão com uma alacridade de quem ansiava por aquilo há séculos, era perturbante os meus sentimentos naquele momento, era um tesão, um gozo de bem estar. Minha carne tremia e meu sangue fervia, era uma lascívia, sentir a sua carne descendo em minha garganta. Caí em si e me dei conta do que havia feito, sentia nojo de mim mesmo, queria me lavar, livrar daquele cheiro. Mas água nenhuma conseguiria limpar a minha alma.

FIM DO NONO EPISÓDIO
Como a página de um diário dá um close no rosto de Max no exato momento em que uma lágrima escorre de seus olhos em uma espécie de Freeze frame. Depois o diário fecha mostrando o logo da série na capa.

PERSONAGENS DESTE CAPÍTULO

MAXWELL = Johnny Massaro
RICARDO = Chay Suede
CLARINHA = Anna Rita Cerqueira 
VANUSA = Nathália Timberg 
MORAES = Cleiton Morais
POLICIAL = Armando Babaioff


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