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Garotos de Aluguel - Episódio 03

 


Garotos de Aluguel - Episódio 03 - Ruína


" Encaro essa atividade sem vergonha alguma. Para mim, é uma profissão. Não sofro. Mas nem sempre é bacana. Na maioria das vezes, o acerto é bem justo. Tenho muitos clientes fixos que me tiram das aventuras." Relato de um garoto de programa.


Cena 01: Casa de Léo/Int./Noite


Retorno imediato da última cena do episódio anterior.


DINA - Você voltou a se prostituir, foi isso? Confesse! Voltou a fumar maconha também?
LÉO - Você só pode estar brincando comigo. Olha, eu tô cansado. Tive um dia cheio. Vou dar um beijo no Pedrinho e vou dormir. Se você quiser, amanhã, conversamos melhor.
Léo ameaça se retirar. Dina o impede.
DINA - Eu quero conversar agora. Você não conseguiu, né?! Disse que iria conseguir e até tentou, mas o sexo sujo te atrai, você é doente.
LÉO - Não fala assim comigo, tá bom? Eu trabalhei sim o dia inteiro. Saí no comecinho da noite e bebi algumas cervejas com uns amigos. Pra desestressar.
DINA - Que amigos? Qual deles? O Rick? O Deywid? Eu liguei pra eles, nem sinal de você. Chega! Para de mentir pra mim! Cé não conseguiu se segurar, foi pra rua, foi vender o corpo, foi vender a dignidade que ainda te resta!
Léo senta no sofá e começa a chorar.
DINA - Você prometeu pra mim que ia deixar essa vida quando a gente casou. Você confessou pra mim que tinha medo de não conseguir, e de alguma forma eu tentei te ajudar. Você parou de se drogar, de se vender. Já parou pra pensar que você agora é pai, pai! O que o seu filho vai pensar de você quando crescer? (T) Óbvio, o pai é maluco por sexo pago e faz isso por prazer, sem necessidade nenhuma de faturar. Como eu fui burra, meu Deus! Fui acreditar em você. Quando você me confessou o que fazia, eu deveria ter caído fora, mas não, a boba aqui tentou compreender, casou e teve um filho com um doente!
Léo se levanta.

LÉO - Você só sabe apontar e apontar… não sabe pelo o que eu passo. Eu admito, me viciei, sou viciado como você mesma disse em "sexo pago", eu até tentei deixar, mas não consigo, o meu corpo pede, é como uma droga! Eu preciso. Sim eu tenho uma vida perfeita, tenho uma mulher incrível, um filho lindo, uma profissão sólida, mas tudo é em vão quando, no fundo, eu não me sinto completo. Falta algo! É como ter uma mesa farta na sua frente, mas ao mesmo tempo não estar satisfeito.
Dina enxuga às lágrimas que derramara.
DINA - Desculpa, mas eu não consigo entender. Isso é uma doença, você precisa se tratar. O quanto antes.
Léo se ajoelha.
LÉO - Me perdoa, por favor!
DINA - Não adianta! Você vai fazer de novo, teu corpo vai te obrigar a fazer. A me trair com outros e outras. Eu quero você longe daqui, de mim, do nosso filho.
LÉO - O que você tá querendo que eu faça agora? Saia de casa, é isso?
DINA - Suas malas já estão aqui. Dina mostra as malas.
LÉO - E o nosso filho? É esse o futuro que você quer pra ele? Crescer sem pai?
DINA - Vai ser melhor pra ele! Pior seria crescer e saber o pai sujo que ele tem!
- COM RAIVA.
LÉO - Você não tem ideia de como me magoou! Léo pega suas malas, abre a porta e sai.
Dina cai no chão e chora, descontroladamente.


Cena 02: Rua/Ext./Noite


Léo vaga pelas ruas, carregando suas malas; sem chão, sem vontade de continuar. Ele chora. Chora muito, enquanto caminha.


Cena 03: Casa de Rodolfo/Int./Noite


Rodolfo abre a porta de casa, seus irmãos correm e o abraçam, agitados e chorosos.

RODOLFO - Pera, o que aconteceu?
MAURÍCIO - A mamãe, Dolfo! Ela passou mal e foi levada pro hospital.
RODOLFO - Meu Deus, como assim? O que aconteceu? - VISIVELMENTE ASSUSTADO
MURILO - Ela estava aqui, no sofá, com a gente, teve uma tontura. Ela estava sem ar também. Chamei Ciça para ajudar e ela achou melhor levar a mamãe pro hospital.
Rodolfo permanece assustado e aflito. Os irmãos lhe abraçam, chorosos também.




Cena 04: Casa dos Ronsons/ Quarto de Guilherme/Int./Noite


Guilherme chega no seu quarto e deita - se na cama, exausto. Alguém bate na porta.
Guilherme se ajeita na cama.
GUILHERME - Pode entrar!
Elias, o pai de Guilherme abre a porta e entra.
ELIAS - Filho, você sabe que eu e sua mãe não gostamos dessas suas saidinhas todas às noites. Ficamos muito preocupados.
GUILHERME - Eu sei pai, mas eu sou jovem, quero me divertir, zoar, estar perto dos meus amigos.
ELIAS - Filho, você já tem 21 anos, eu compreendo que essa é a idade da diversão, zoação… Mas, você tem que saber dividir o seu tempo, partilhá -lo também com sua família.
GUILHERME - Eu entendo, pai. Eu prometo que vou tentar. Elias beija o filho.
ELIAS - Amanhã, gostaria que você me acompanhasse na fábrica. O que você acha?
GUILHERME - Ótimo, pai! Tá com mó tempão que fui até à fábrica.
ELIAS - Tudo certo então. Amanhã cedinho a gente vai até à fábrica e depois almoçamos juntos. Assim, tentamos ficar mais perto um do outro.
GUILHERME - Valeu, pai.
Elias se encaminha até à porta do quarto, se retirando. Guilherme intervém de repente.

GUILHERME - Pai…
ELIAS - Sim?
GUILHERME - Eu te amo!
Elias, não consegue retribuir o "eu te amo" do filho.
ELIAS - Até amanhã, Gui.
Esse era o seu jeito de dizer. Até amanhã, pra ele, era igual a falar "eu te amo". Elias sai do quarto.
Guilherme se acomoda na cama. Feliz.


Cena 05: Hospital Estadual de São Paulo/Recepção/Int./Dia


Rodolfo chega no hospital, acompanhado dos dois irmãos. Ele encontra Ciça, na recepção.
Rodolfo se aproxima.
CIÇA - Você não devia ter trazido as crianças até aqui! 
RODOLFO - Eles só tem a mim. Com quem eu iria deixar? 
CIÇA - Tem razão.
RODOLFO - Como ela tá?
CIÇA - Bem, agora sim, ela tá bem. Ela passou mal, e como o caso dela é delicado, resolvi trazer ela imediatamente pro hospital.
RODOLFO - Eu agradeço muito por isso. Você sempre me salvando. Eu quero ver ela, posso?
CIÇA - Agora não. Eu já tentei, mas o médico disse que por enquanto ela está sedada e dormindo.
RODOLFO - Eu vou aguardar, aqui. Você pode me fazer um outro favor?
CIÇA - Sim, você sabe que sim.
RODOLFO - Leve os meus irmãos pra casa. Fique com eles por lá.
CIÇA - Claro. Nem precisava pedir. Vamos, meninos?
Ciça e os irmãos de Rodolfo saem da recepção do hospital. Foco no olhar de Rodolfo, aflito.

Cena 06: Ruas de São Paulo/Ext./Noite


Léo continua vagando pelas ruas de São Paulo. Uma forte chuva se inicia.
Ele procura abrigo, mas não encontra nenhum lugar visível que possa abrigá- lo.
Ele se embriaga pelas ruas molhadas e encharcadas.
De repente, uma mulher de aproximadamente 50 anos, estaciona um carro perto dele. É uma de suas antigas clientes. Rosangela.
ROSANGELA - Leonardo, você por aqui? Entra!


Foco no semblante de Léo, ar de medo no seu rosto.

Congela.

Continua no próximo episódio...





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