Capítulo
06
Cena 01 – Ruas de São Paulo [Externa/Tarde]
(Evandro surpreende-se ao reencontrar
Glória depois de tantos anos).
EVANDRO: (Vira-se e fica frente a frente com Glória) Nossa! Quanto tempo, eu não
esperava te encontrar... Eu ia te visitar, ver as crianças... (Tenta se
justificar).
GLÓRIA: (Caminha em direção a Evandro, para em sua frente, sorri enquanto ouve
suas explicações e de surpresa, lhe dá uma bofetada) Crianças? Você acha mesmo
que eles ainda são crianças depois de tantos anos fora, Evandro? Você nos
deixou na ruina, não se importou com ninguém a não ser com você mesmo.
EVANDRO: (Fica furioso) Você ficou louca? Me bater assim na rua? Cadê a sua pose?
GLÓRIA: Eu perdi! Eu perdi quando você me enterrou em vida e me obrigou a viver
como uma desclassificada, contando cada centavo. Você tem noção de como é ter
tudo e de repente ter que viver com nada? A sua filha precisou trabalhar para
viver, para você ter noção...
EVANDRO: Ótimo! Quem sabe assim ela não deixa de ser petulante, já que nem pra dar
educação você soube dar a ela. Você não serviu para ser esposa, quem dirá para
ser mãe! (Ironiza).
GLÓRIA: (Ergue a mão para bater em Evandro novamente).
EVANDRO: (Segura a mão de Glória e a aperta com força) Não se atreva a me bater de
novo ou vai se arrepender por isso.
GLÓRIA: Você está me machucando! (Se desvencilha de Evandro e consegue soltar a
mão). Você roubou tudo o que eu tinha e me colocou contra o meu próprio irmão,
agora ele tem tudo e eu nada.
EVANDRO: Você não tem nada porque não passa de uma fraca!
GLÓRIA: O que você pretende? Por que você voltou? Esqueceu que o meu irmão pode
te colocar na cadeia?
EVANDRO: (Sorri ironicamente) Acredite, ele vai pensar duas vezes antes de fazer
isso.
GLÓRIA: (Estranha o comportamento do ex-marido) O que você quer dizer com isso?
EVANDRO: Em breve você vai descobrir, minha querida esposazinha! (Beija Glória e vai
embora, deixando-a falando sozinha).
Cena 02 – Casa de Luiza, Porto de
Pedras [Interna/Noite]
(Betinha se aproveita que a irmã está
tomando banho e vai até seu quarto em busca da carta que Demétrio enviou).
BETINHA: (Caminha pelo corredor de casa enquanto ouve o barulho do chuveiro e em
seguida, adentra no quarto de Luiza) Vamos lá! Onde ela pode ter escondido essa
carta? (Betinha procura nas gavetas da irmã por entre as roupas até que sente o
envelope). Aqui está! Vamos ver o que ele disse... (Betinha abre o envelope e
começa a ler a carta).
“Já voltei a minha velha rotina de sempre, mas saiba que não parei de pensar em você. A sua luta e batalha me inspiraram a querer lutar um pouco mais por dias melhores e por acreditar que você merece um pouco mais da vida, gostaria que viesse me visitar em breve aqui em São Paulo, você e sua irmã serão muito bem recebidas em minha casa. Não aceito um não como resposta, não se preocupe com os custos da viagem, tudo será por minha conta, faço questão disso. Fico no aguardo da sua resposta para dar sequência nos trâmites, temos tanto para conversar, tenho muitos planos para você. Com carinho, Demétrio Martins de Andrade”.
BETINHA: Olha só... Então quer dizer que o
milionário está caidinho pela minha irmã e quer que a gente vá para São
Paulo... (Betinha percebe que o barulho do chuveiro parou, guarda o envelope de
volta na gaveta e sai do quarto da irmã sem ser vista).
Cena 03 – Ruas de São Paulo [Externa/Noite]
Música da cena: Me Leva – Alice
Caymmi
(Enrico se despede de alguns amigos
da faculdade caminha de volta para casa pelas ruas de um bairro vizinho. No
caminho, ele encontra dois homens bebendo.)
HOMEM 1: (Observa Enrico andar) Olha lá,
boiolinha!
HOMEM 2: Viado! (Grita).
ENRICO: (Acuado, continua caminhando cada vez
mais apressado).
HOMEM 1: Tá com pressa, gazelinha? (Empurra
Enrico).
ENRICO: (Começa a correr).
HOMEM 2: A gente vai te arrebentar, sua bicha!
(Os dois homens começam a correr
atrás de Enrico).
ENRICO: Me ajuda, meu Deus! (Se esconde atrás de uma árvore após adentrar em uma
praça).
HOMEM 2: Cadê você, sua aberração? Você acha que ser viado é ser normal?
HOMEM 1: Aparece, vamos te ensinar a ser homem...
(De repente, todos ouvem o barulho de estilhaços de vidros
caírem no chão. É então que surge uma moradora de rua com um pedaço de garrafa
na mão).
LOLA: Qual de vocês dois vai ser o primeiro valentão que eu vou matar essa
noite?
HOMEM 1: (Observa a mulher completamente horrorizado).
HOMEM 2: Sujou, sujou... Vamos vazar! (Os dois correm no sentido contrário e
desaparecem no meio da noite).
LOLA: (Joga o pedaço de garrafa no chão e olha na direção onde Enrico está
escondido) Eles já foram, já pode sair daí...
ENRICO: Você salvou a minha vida! Se não fosse você, eu nem sei o que aconteceria
comigo.
LOLA: (Sorri com melancolia) Eu vivo nas ruas, vivo coisas diariamente
similares como essa. As pessoas me olham com nojo, com desprezo... Outras
fingem que eu não existo, ou me comparam com o lixo das esquinas... O mundo
ficou muito feio, precisamos de mais afeto!
ENRICO: Eu nem sei como te agradecer...
LOLA: Não precisa! Siga o seu rumo, aposto que a sua família está louca para te
reencontrar são e salvo essa noite.
ENRICO: (Olha para a mulher com os olhos marejados e vai embora).
LOLA: (Caminha de volta para o lugar onde costumava ficar, embaixo de uma
marquise, em meio aos papelões e alguns poucos pertences pessoais. Sentou-se e
logo tentou se acomodar da melhor forma que dava).
Cena 04 – Posto de Gasolina
[Externa/Noite]
Música da cena: Fogo – Karin Hils
(Imagens da cidade de São Paulo são
apresentadas, do alto, podemos ver as luzes acesas em seus mais variados
prédios, carros seguem seus caminhos em ritmo frenético. Surge então o posto de
gasolina).
BERBILY: (Organiza alguns papéis em sua pochete quando Maria Rita se aproxima)
Pronta pra mais um dia de batalha colega?
MARIA RITA: Pronta! Eu vou usar o banheiro para trocar de roupa, o
canalha do Caruso vai pegar no meu pé se eu me atrasar de novo. (Maria Rita
caminha e logo entra no banheiro).
(Alguns minutos depois, ao invés de surgir com um macacão de
frentista, Maria Rita surge maquiada e com um vestido justo).
MARIA RITA: (Vai até onde Berbily está) Eu vou indo agora, pela manhã eu
volto para me trocar, amiga.
BERBILY: Vai com Deus, amiga. Se cuida!
(Maria Rita caminha pela avenida e
chega ao ponto onde várias garotas de programa estão concentradas).
CARUSO: (Se aproxima) Eu acho bom você não continuar se atrasando, você sabe como
eu sou com quem não cumpre as minhas ordens, não sabe?
MARIA RITA: Não se preocupe, eu não irei mais me atrasar. É muito
distante sair da Mooca e vir até aqui...
CARUSO: (Interrompe Maria Rita) Eu não quero desculpas, eu quero que você
trabalhe. Eu preciso faturar, meu ponto não é barato e você tem
exclusividade... Agora chega de conversa mole, aquele carro ali parou e o
motorista está te encarando desde a hora que chegou, vai lá!
MARIA RITA: (A garota de programa vai até o carro e se inclina para
observar o motorista) E aí, tá a fim de dar um rolê?
(Maria Rita entra no carro e o
motorista dá partida logo em seguida).
Cena 05 – Apartamento de Glória
[Interna/Noite]
(Thierry e Judith ouviam atentamente
Fernanda contar todas as novidades).
JUDITH: (Senta no sofá com uma expressão de surpresa) O filho do capeta voltou?
Eu estou passada...
FERNANDA: Infelizmente não é mentira! Vocês precisavam ver o cinismo
estampado na cara dele. Ele estava agindo como se nada tivesse acontecido nos
últimos anos, como se não tivesse nos roubado tudo.
THIERRY: Então se ele voltou e o titio o aceitou, isso quer dizer que ele ainda está
montado na grana. Isso, porque ele não deve ter medo de ir para a cadeia, pois
tem dinheiro para pagar com bons advogados...
FERNANDA: Dinheiro, dinheiro, dinheiro... Você só pensa em dinheiro,
Thierry? Será que você não tem noção do que a volta desse homem significa? Ele
nos fez muito mal no passado e não parece nenhum pouco arrependido.
JUDITH: (Recrimina o comportamento de Thierry) Esse abestado vive das
caraminholas que a sua mãe coloca na cabeça dele, por isso não quer nada com a
vida.
FERNANDA: E por falar nela, onde está a minha mãe? Eu não a vi desde
que cheguei da revista.
JUDITH: Ela saiu lá pelas duas da tarde, com uma cara de poucos amigos e claro,
não me disse aonde foi.
FERNANDA: Isso não está me cheirando bem! (Conclui).
Cena 06 – Mansão Martins de Andrade
[Externa/Noite]
(Demétrio e o motorista estavam no
carro, prontos para cruzar a porta de entrada da mansão quando foram
surpreendidos).
DEMÉTRIO: Carlos, depois que você me deixar em casa, pode ir descansar,
não irei precisar dos seus serviços depois.
CARLOS: Sim senhor! (De repente, o motorista freia bruscamente).
DEMÉTRIO: O que foi isso, Carlos? (Pergunta ao tentar se recompor).
CARLOS: (Segue calado, observando a pessoa parada em frente ao carro).
DEMÉTRIO: (Em meio ao silêncio do motorista, olha para frente e em meio
as luzes dos faróis do carro, ele nota a presença de uma pessoa entre o carro e
os portões da mansão).
Cena 07 – Mansão Martins de Andrade
[Externa/Noite]
(Demétrio encara Glória parada em
frente ao carro e fica furioso).
DEMÉTRIO: (Desce do carro e bate a porta violentamente) Ficou maluca?
Por acaso quer que eu passe por cima de você?
GLÓRIA: O que você pretende? Você já não me deixou na sarjeta o suficiente? Quer
o que? Me ver na lama? (Grita).
DEMÉTRIO: (Estranha as palavras da irmã) Do que você está falando? Você
está bêbada?
GLÓRIA: Você não vai me responder? Não foi você que se afastou de mim por isso e
agora está fingindo que não sabe do que eu estou falando?
DEMÉTRIO: Mas eu realmente não sei... O que você quer?
GLÓRIA: Eu quero entender o motivo de você ter aceitado o Evandro de volta em
nossas vidas. Que carta na manga ele tem sobre você? Ele está chantageando, é
isso?
DEMÉTRIO: Que história é essa? Ele te falou alguma coisa?
GLÓRIA: Não precisou e agora com essa sua resposta, eu tenho cada vez mais
certeza de que não estou equivocada. Agora falta eu descobrir que podre ele
descobriu a seu respeito que te fez descer do pedestal, engolir o orgulho e dar
uma cadeira na diretoria da sua empresa, cadeira essa que deveria ser minha!
DEMÉTRIO: Chega! Você não vai vir até a minha casa dizer o que eu posso
ou não fazer. A empresa é minha, eu nomeio cargos para quem me der na telha.
Você perdeu os seus direitos desde que tentou me passar para trás. Você não
passa de uma...
GLÓRIA: Uma o que? Continue! Uma cobra? Uma venenosa? Irmã de venenoso, venenosa
é... Não é assim que te chamam, de venenoso? Ou você acha que não tem destruído
a vida de pessoas que tem exposto nessa sua revista de quinta categoria há
anos, como a vida...
DEMÉTRIO: (Grita) Cala a boca! Eu não quero mais continuar essa
conversa, eu vou entrar na minha casa e se você continuar na frente do meu
carro, eu vou dar ordens para que o motorista passe por cima. (Demétrio dá meia
volta e entra dentro do carro).
(Os portões se abrem e o motorista
acelera. Glória sai da frente do automóvel e o veículo entra na propriedade
cantando pneus).
GLÓRIA: (Observa os portões se fechar e
permanece do lado de fora da propriedade) Eu vou descobrir o que você está
escondendo. Ah se vou!
Cena 08 – Casa de Luiza, Porto de
Pedras [Interna/Noite]
(Luiza Helena invade o quarto de
Betinha bruscamente).
BETINHA: (Levanta-se da cama onde estava deitada mexendo no celular e fica
sentada) Perdeu a educação? Antes de entrar aqui você tem que bater na porta!
LUIZA HELENA: Por que você é assim, Roberta Miranda? Eu disse para você não
mexer nas minhas coisas e você mexeu... Parece que você tem prazer em me
magoar!
BETINHA: Eu não sei do que você está falando! (Deita na cama e volta a usar o
celular, ignorando a presença da irmã).
LUIZA HELENA: (Arranca o celular da mão da irmã) Eu estou falando da carta.
Por que você insiste em invadir a minha privacidade?
BETINHA: (Fica de pé) E não é isso que você vive fazendo? Se mete na minha vida
achando que tem direitos sobre mim. Eu li, li sim e quer saber? Super apoio a
ideia do seu amiguinho milionário. Eu estou cansada de viver nesse fim de
mundo, nessa miséria e sem perspectivas de vida. Eu quero ser alguém, eu não
quero acabar como você. Uma pescadora incapaz de amar, que vai morrer sozinha,
seca feita os camarões que você vende! (Grita).
LUIZA HELENA: (Acerta uma bofetada no rosto de Betinha) É do suor dessa
pescadora e desses camarões que você tanto despreza, que você tem comida na
mesa, um teto para dormir e roupas para vestir. Eu não preciso de um homem para
me dar dinheiro, eu não quero ser uma mulher rica e vazia... Acostume-se com a
ideia de que viveremos aqui e se você não está satisfeita, rua! As coisas vão mudar por aqui, Roberta. Você
precisa amadurecer, dar valor as coisas... Você precisar de uma ocupação, sair
desse celular e ganhar o seu próprio dinheiro, para que assim você não termine
como eu, uma pescadora incapaz de amar e seca feito os camarões que eu vendo na
praia. (Luiza Helena coloca o celular da irmã em cima de uma cômoda, sai do
quarto e fecha a porta).
BETINHA: (Com a mão no rosto, senta na cama ainda em choque com a discussão que
acabara de ocasionar).
Cena 09 – Casa de Durant
[Interna/Noite]
Música da Cena: Sampa - Caetano
Veloso
(Imagens áreas percorrem o bairro da
Mooca até chegar as imediações onde Durant e sua família reside).
DURANT: (Desce a escada e encontra com Rafael estudando na sala de estar) Ué, já
chegou? Eu pensei que você fosse sair com a Fernanda...
RAFAEL: Pois é! A Fernanda teve um dia cheio na revista hoje e eu amanhã tenho
uma prova bem importante, preferi ficar em casa e estudar um pouco. Minha mãe
já foi trabalhar?
DURANT: (Senta no sofá em frente ao sobrinho) Já sim! Você sabe o quanto o posto
de gasolina onde ela trabalha é longe, sua mãe é muito batalhadora.
RAFAEL: E honesta! A minha mãe tem sido o meu pilar, sempre tão digna... Me criou
sozinha, nunca me deixou faltar nada. Por isso que eu queria me formar logo,
para que ela parasse de trabalhar a noite e assim tão exposta como frentista.
DURANT: Ela também quer largar desse emprego, eu sei da luta dela e o quanto ela
tem batalhado para conseguir outra coisa. Tenho fé que ela vai conseguir!
RAFAEL: Eu também, tio. Eu também! Vocês dois são tudo pra mim.
DURANT: (Sorri) Eu sou eternamente grato a Deus por ter vocês em minha vida. Eu
nem sei o que teria sido da minha vida se vocês não estivessem aqui.
RAFAEL: O senhor nunca sequer pensou ou imaginou como seria a sua vida com uma
esposa, filhos?
DURANT: Claro que sim! Eu imaginei muito, tudo o que eu mais queria era ter tido
filhos e ter me casado com a mulher que mais amei na vida. Pena que isso não
foi possível!
RAFAEL: Eu ainda vou te ver com a sua vida nos eixos, tio... Pode anotar!
(Conclui).
DURANT: (Levanta-se) Mas vamos mudar de assunto? Eu vou preparar um sanduíche,
você vai querer?
RAFAEL: Com muita maionese? Pode apostar que sim!
DURANT: Então vamos lá, moleque... (Durant e Rafael vão para a cozinha).
Cena 10 – Mansão Martins de Andrade [Interna/Manhã]
Música da Cena: Um Pôr do Sol Na
Praia – Silva e Ludmilla
(O dia amanhece e logo no início da
manhã, Eva servia o café para o patrão que estava completamente distraído).
EVA: (Serve café numa xícara para Demétrio
que estava com um olhar distante) Mas alguma coisa, senhor?
DEMÉTRIO:
(Pensa em Luiza e
lembra da mulher pela cidade de Porto de Pedras).
EVA: Senhor? Está se sentindo bem?
DEMÉTRIO:
(Volta a si) Oi Eva,
eu estou bem sim... Já pode se retirar, se eu precisar de qualquer coisa eu
chamo.
EVA: Com licença, senhor! (Se retira).
DEMÉTRIO:
Como será que ela
está? Será que vai aceitar o meu convite e vir para São Paulo? (Questiona a si
mesmo).
Cena 11 – Praia do Patacho, Porto de
Pedras [Externa/Manhã]
(Luiza relembra da discussão que
tivera com a irmã na noite anterior).
LUIZA HELENA: Incapaz de amar e seca... (Repete as palavras da irmã). E se ela soubesse que eu amei e que o amor me destruiu por dentro?
FLASHBACK
Há 20 anos atrás...
Música da Cena: Rock Roll And Lullaby
– Alexandre Poli
LUIZA HELENA: (Estava ajudando a mãe a estender as roupas no varal).
EUNICE: Assim que terminar aqui, você pode sair... Estou vendo que você está
ansiosa para sair. Só tenha cuidado com o seu pai, ele não pode nem sonhar que
você está se encontrando com esse rapaz.
LUIZA HELENA: (Estende um lençol quando de repente sente-se mal e desmaia).
ALGUNS MINUTOS DEPOIS...
LUIZA HELENA: (Acorda em seu quarto) Mãe, o que aconteceu?
EUNICE: (Senta na cama, ao lado da filha)
Você desmaiou... Minha filha, já faz algum tempo que eu estou notando que você
não é mais a mesma, você está diferente.
LUIZA HELENA: Diferente? Diferente como, mãe? (Estranha as palavras da
mãe).
EUNICE: Minha filha, você e esse rapaz... Vocês estiveram juntos?
LUIZA HELENA: Eu não estou entendendo...
EUNICE: Você está mudando, o seu corpo está diferente, estou achando você um
pouco mais cheinha e agora deu pra desmaiar. Você está grávida!
LUIZA HELENA: Grávida? (Assusta-se).
MANOEL: O que foi que você disse, mulher? (Questiona parado na porta do quarto).
FIM DO FLASHBACK
Cena 12 – Restaurante [Interna/Noite]
Música da cena: Gloriosa – Glória
Groove
(Um maitre conduz Glória por um
restaurante elegante, até que ela chega à mesa onde foram feitas as reservas).
GLÓRIA: Confesso que me surpreendi com o convite e não entendi onde você pretende
chegar. (Diz após se acomodar na cadeira conduzida pelo Maitre).
EVANDRO: Temos muito a conversar e se você fizer o que digo, teremos muito a
ganhar.
GLÓRIA: Eu já entendi que você tem alguma carta na manga, pois se o meu irmão
quisesse, num estalar de dedos você estaria atrás das grades. O que você
pretende, porque estamos aqui?
EVANDRO: Você ainda me é muito útil, o que é meu, é seu e o que é seu, é meu.
GLÓRIA: Onde você pretende chegar?
EVANDRO: Somos casados ainda, nunca assinamos o divórcio, ou seja, isso significa
comunhão total de bens...
GLÓRIA: Isso não quer dizer nada, eu não tenho um centavo. Você roubou todos os
meus bens, esqueceu?
EVANDRO: Eu sei que o seu forte não é pensar, mas estamos falando de muito
dinheiro em jogo, eu estou falando da herança que o seu irmão vai deixar.
GLÓRIA: Deixar? Deixar quando? Meu irmão está vendendo saúde e do jeito que ele me
odeia, é capaz de viver duzentos anos para não me deixar nada.
EVANDRO: É justamente por isso que eu te trouxe aqui...
GLÓRIA: Sinceramente, eu não estou entendendo. Fale francamente ou eu vou embora,
estou cansada desse joguinho sujo.
EVANDRO: Eu quero dizer que não precisamos esperar tanto... Se o seu irmão partir
dessa para a melhor, você e os nossos filhos serão os herdeiros universais da
fortuna dele, isso é muito dinheiro e parte dessa bolada será minha.
GLÓRIA: Espera! Você está querendo propor que...
EVANDRO: (Interrompe Glória) Que o seu irmão vale mais morto, do que vivo. Chegou
a hora de tirarmos ele do nosso caminho. O seu irmão já viveu demais, que tal
deixar que ele descanse um pouco? Precisamos eliminá-lo.
A imagem foca em Glória espantada com
a proposta de Evandro. A cena congela e vira uma capa de revista.
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