Capítulo
08
Cena 01 – Casa de Luiza, Porto de
Pedras [Interna/Noite]
(Com o semblante visivelmente
cansado, Luiza Helena surge caminhando pela rua onde mora após um longo dia de
trabalho. Ao adentrar em casa, ela estranha o fato de a casa estar com as luzes
apagadas).
LUIZA HELENA: Tudo escuro, que esquisito... (Diz para logo em seguida
acender as luzes). Betinha? Betinha, você está em casa?
(Luiza Helena vai até a cozinha, mas
passa a achar ainda mais estranho a irmã não aparecer após os seus chamados).
LUIZA
HELENA: Cadê essa
menina? Betinha... (Continua chamando pela irmã).
(Luiza Helena resolve ir até o quarto
da irmã, que também está vazio. Quando ela acende a luz, percebe um bilhete em
cima da cama).
LUIZA
HELENA: (Senta na
cama e lê o bilhete deixado pela irmã) Eu não acredito nisso... A Roberta
fugiu!
Cena 02 – Na Boca do Povo, Redação
[Interna/Manhã]
Música da cena: Me Leva – Alice
Caymmi
(As portas do elevador se abrem e Evandro
salta no andar onde está situada a redação da revista. Pelo fato de ainda ser
muito cedo, há pouco movimento na redação).
EVANDRO: Bom dia, Suzana! Todo mundo chegou? (Diz ao se aproximar da mesa da
secretária).
SUZANA: Bom dia, senhor. O Ângelo e o senhor Demétrio ainda não. A Fernanda está
reunida com outros jornalistas alinhando pauta e os demais, estão em seus
respectivos postos de trabalho. Eu posso te ajudar de alguma forma?
EVANDRO: Não, não... Eu vou para a minha sala e não quero ser incomodado. Fui
claro?
SUZANA: Foi sim, senhor. Ninguém irá incomodá-lo.
(Evandro caminha por um dos
corredores da revista e ao se aproximar da entrada da sala de Demétrio, observa
ao redor e ao constatar que ninguém está próximo, ele entra na sala).
EVANDRO: (Entra na sala de Demétrio) Eu preciso ser rápido... Vamos lá! (Evandro
começa a vasculhar as gavetas de uma cômoda na sala de Demétrio em busca de
algo).
(Após vasculhar toda as gavetas da
cômoda e não encontrar nada útil, Evandro partiu para a mesa que Demétrio
utilizava para trabalhar).
EVANDRO: Tem que estar aqui, em algum lugar tem que estar... (Fala consigo mesmo
enquanto revira as gavetas). Aqui! Aqui está... (Disse ao encontrar os remédios
de Demétrio e conferir os rótulos).
(Evandro fotografa os rótulos dos
frascos de remédios, os guarda no mesmo lugar, tenta organizar tudo como estava
e em seguida sai da sala).
FERNANDA: Procurando alguma coisa, papai? (Disse ao se aproximar do pai no
corredor da revista).
EVANDRO: Eu vim procurar o seu tio, precisava checar com ele alguns resultados de
uns balanços, mas ele ainda não chegou. Eu vou para a minha sala, depois dou
uma passada aqui, bom trabalho! (Disfarça e em seguida vai embora, deixando
Fernanda pensativa).
FERNANDA: (Vira e observa o pai caminhar pelo corredor, completamente
desconfiada).
Cena 03 – Universidade Pereira
Vasconcelos [Interna/Manhã]
Música da cena: Não Esqueço – Niara e
Pabllo Vittar
(Enrico conversava com alguns amigos
da faculdade sobre projetos que estava desenvolvendo quando notou a presença de
alguém conhecido na universidade).
ENRICO: Eu já volto! (Disse se despedindo do
grupo de amigos e indo em sentido contrário do espaço onde estavam). Você aqui?
ÍTALO: (Vira-se ao ouvir a voz de Enrico)
Oi! Eu vim destrancar a matrícula do meu curso, eu estudo aqui nessa
universidade.
ENRICO: Não brinca, eu também! Que curso você faz?
ÍTALO: Educação física e você?
ENRICO: Design de moda... Você disse que já estudou aqui, mas parece completamente
perdido.
ÍTALO: Pois é, na verdade eu estou perdidão. Aqui tá bem diferente!
ENRICO: A universidade passou por uma reforma no ano passado, alguns blocos
foram reposicionados. Se você quiser, eu posso te ajudar a se situar.
ÍTALO: Eu agradeceria! Não vai te atrapalhar? Você não tem aula agora?
ENRICO: Eu estou com tempo livre. Vamos?
ÍTALOS: Vamos!
(Ítalo e Enrico saem caminhando e
conversando pela universidade, enquanto Enrico explica onde está cada lugar).
Cena 04 – Feira da Mooca [Externa/Manhã]
Música da cena: Sampa – Caetano
Veloso
(Imagens da cidade de São Paulo são
apresentadas, em seguida surge a feira da Mooca. Notamos uma grande variedade
de frutas, legumes e outros tipos de alimentos. Francesca surge carregando seu
carrinho e conferindo os melhores tomates nas barracas).
FRANCESCA: Que lindo esses manjericões, Seu Tadeu! Agora a cebola eu
não gostei. Com esse preço o senhor me vai levar até os dentes... Eu vou dar
uma olhada e qualquer coisa eu volto. Que meu San Gennaro te proteja!
(Francesca continua andando pela feira enquanto puxa seu carrinho e sem
perceber, passa com as rodinhas em cima do pé de outro cliente).
ZECA: (Grita de dor) Mas não é possível, até aqui você vai me atormentar
carcamana?
FRANCESCA: Carcamana é a senhora sua avó. Além do mais, a culpa foi
toda sua. Bode velho, tira esses cascos do meu caminho, maledetto!
ZECA: Péssima motorista, péssima cozinheira... Tá ruim o negócio pro teu lado,
né?
FRANCESCA: Non fala assim comigo maleducato ou eu não respondo por
mim...
ZECA: Ih, vai começar? Você resolve tudo no barraco e no grito, não é
carcamana?
FRANCESCA: (Grita) Non me chama de carcamana, bode velho!
ZECA: (Grita de volta) Carcamana!
FRANCESCA: Io te avisei, seu bode velho! (Joga um pedaço de jaca nos
pés de Zeca).
ZECA: (Olha para os pés sujos e fica furioso) Isso não vai ficar assim!
FRANCESCA: E o que você vai fazer, bode velho? (Ironiza).
ZECA: (Esfrega um pedaço de melancia na cabeça de Francesca) E aí, gostou? Por
minha conta, carcamana.
FRANCESCA: Questo non vai ficar assim, non vai! (Começa a atirar ovos
em Zeca, que revida instantaneamente).
(A confusão toma grandes proporções e
uma verdadeira guerra de comida se instaura na feira da Mooca, até que a guarda
civil chega ao local).
GUARDA: Eu posso saber o que está acontecendo aqui? (Grita ao se aproximar de Zeca e Francesca completamente sujos).
Cena 05 – Apartamento de Glória
[Interna/Tarde]
(Judith tentava sintonizar os canais
na TV, enquanto Glória estava sentada no sofá).
GLÓRIA: Nem pra arrumar uma TV, você serve
Judith?
JUDITH: Eu recebo para ser diarista Dona
Glória e não pra ser o rapaz da TV a cabo! (Diz enquanto arruma uma esponja de
aço na antena).
GLÓRIA: O que foi que você disse, jamanta
velha?
JUDITH: (Grita e disfarça) Pegou! Olha só,
está funcionando Dona Glória!
GLÓRIA: Até que enfim...
JUDITH: (Observa o programa sendo exibido na
TV) Olha só Dona Glória, não é o seu irmão na TV? Ele fica tão bonitão na
televisão.
GLÓRIA: Sempre o centro das atenções, sempre
na mídia, sempre ganhando os holofotes. Sempre ele, sempre ele! (Diz ao ver o
irmão na TV).
JUDITH: Ah, se eu pudesse e o meu dinheiro
desse. Eu num sou a Alcione, mas ele é mesmo um negão de tirar o chapéu, num é
dona Glória?
GLÓRIA: (Muda de canal) Você não tem uma
louça pra lavar, uma roupa pra lavar, essas coisas que eu te pago pra fazer
não, estrupício?
JUDITH: Já entendi tudo, viu? Ave Maria!
(Pega a vassoura, vai para a cozinha e deixa Glória sozinha).
GLÓRIA: (Muda novamente o canal e volta assistir o programa onde falavam sobre o
seu irmão) Está na hora de acertarmos as nossas contas. Não é possível que você
tenha tudo, more naquela mansão eu viva nesse apartamento imundo caindo aos
pedaços. (Fala consigo mesma).
Cena 06 – Casa de Tamara, Porto de
Pedras [Interna/Tarde]
(Neide estava varrendo a casa quando
ouviu alguém bater palmas do lado de fora de sua casa. Ao abrir a porta,
deparou-se com Luiza Helena).
NEIDE: Eu posso ajudar? (Diz se aproximando
do portão).
LUIZA
HELENA: Boa tarde,
eu estou procurando a Tamara. Eu me chamo Luiza Helena, sou irmã da amiga dela,
a Betinha. Será que eu poderia dar uma palavrinha com ela?
NEIDE: Claro, eu sou a mãe dela. Faça o
favor de entrar! (Abre o portão para que Luiza entre).
(No interior da casa, Neide percebe
que Luiza Helena está aflita com alguma coisa).
NEIDE: Você parece nervosa, aconteceu
alguma coisa? Você não quer sentar?
LUIZA
HELENA: Aconteceu
sim...
TAMARA: (Surge na sala sem saber da presença
de Luiza Helena e sem querer a interrompe) Luiza Helena, o que faz aqui?
LUIZA
HELENA: Eu acho que
você sabe muito bem o que está acontecendo aqui, não sabe? A minha irmã fugiu
de casa, desde ontem não dá notícias. Você sabe onde ela está?
TAMARA: (Visivelmente nervosa, tenta disfarçar)
Eu não sei do que está falando.
LUIZA HELENA: Você é a melhor amiga da minha irmã, a pessoa que mais troca
confidências com ela. Eu tenho certeza que você sabe! Por favor, Tamara... Me
diga onde a Betinha está, ela pode estar em perigo nesse momento, eu tenho medo
de que alguma coisa aconteça com ela.
TAMARA: Eu realmente não sei onde a sua irmã está.
LUIZA HELENA: Eu espero mesmo que você não saiba de nada. Porque se
acontecer alguma coisa com ela, você terá que lidar com a sua própria consciência.
(Neide acompanha Luiza Helena até a
porta, que vai embora logo em seguida).
NEIDE: (Após acenar para Luiza Helena,
Neide fechou a porta e encarou Tamara).
TAMARA: Que foi? (Diz ao reparar o olhar de
recriminação da mãe).
Cena 07 – Casa Abandonada, Porto de
Pedras [Interna/Tarde]
(Numa casa em construção abandonada,
Betinha se lava no quintal sem perceber que alguém a observa).
BETINHA: Eu daria tudo para ver a cara da
minha irmã agora. Conhecendo-a como eu a conheço, tenho certeza de que ela está
de cabelo em pé, revirando a cidade e me procurando. Isso é o que dá não fazer
o que eu mando!
ROBEVAL: (Observa Betinha tomar banho) Então
é aqui que você está se escondendo agora? Bom saber!
Cena 08 – Mansão Martins de Andrade
[Interna/Tarde]
(Em sua mansão, Demétrio checa a
próxima edição da revista diretamente de seu escritório em casa).
DEMÉTRIO: (Ouve alguém bater na porta de seu
escritório) Pode entrar!
EVA: Desculpe incomodar, mas o senhor vai
precisar de mais alguma coisa?
DEMÉTRIO: Não, eu estou bem assim. Não pense
que eu esqueci, hoje é a folga de vocês, por mim, já estão dispensados. Podem
aproveitar!
EVA: Eu vou aproveitar para ver os meus
netos. Qualquer coisa que precisar, o senhor tem o meu número, não me hesite em
me ligar.
DEMÉTRIO: Pode deixar Dona Eva, mas eu não
irei atrapalhar a sua folga. Bom descanso!
(Com outros empregados, Eva sai pela
saída dos fundos e nota a chegada de alguém pela entrada principal).
DEMÉTRIO: (Ouve a campainha tocar) Será que a
Eva esqueceu alguma coisa? (Levanta-se da cadeira e sai do escritório).
(Demétrio caminha por sua sala ampla
de estar até chegar à porta da entrada principal, ao abrir a porta,
surpreende-se com a visita).
DEMÉTRIO: Você? O que está fazendo aqui?
GLÓRIA: (Passa por Demétrio e entra em sua
casa) Uma irmã não pode visitar o irmão?
DEMÉTRIO: (Fecha a porta) Vamos logo, diga sem rodeios o que você quer aqui? Nós
não somos próximos, quem dirá ao ponto de receber visitas um do outro. Você não
gosta de mim, Glória. Você quer apenas o meu dinheiro e isso, eu não vou te
dar.
GLÓRIA: (Senta-se no sofá) Eu fico me perguntando, quando foi que deixamos de
sermos irmãos e nos tornamos inimigos?
DEMÉTRIO: Tem certeza que não se lembra? Você tramou pelas minhas costas, quis me
deixar na rua, sem nada. Só que você não contava que eu fosse mais esperto e
que conseguisse dar a volta por cima. O seu teatro não me impressiona, faça o
favor de se retirar!
GLÓRIA: (Fica de pé) Não adianta, nada que eu faça fará com que você mude de ideia.
Você me odeia, não é? Pois eu também odeio você, o meu ódio é na mesma
intensidade, se não maior. Tomara que você morra! (Grita).
DEMÉTRIO: (Fala em voz alta) Eu vou morrer! Você também vai, todos nós iremos.
Seus desejos não me assustam, você quem deveria temer.
GLÓRIA: O que você quer dizer com isso?
DEMÉTRIO: Que se você está desejando a minha morte para ficar com tudo isso aqui,
você não imagina a surpresa que estou te preparando.
GLÓRIA: De que surpresa você está falando?
DEMÉTRIO: Eu já me cansei de você! (Vai até a porta e a abre). Vá embora, saia da
minha casa!
GLÓRIA: (Caminha até a porta) Eu vou, mas um dia eu vou voltar e como dona de
tudo isso aqui. (Sai da casa do irmão).
DEMÉTRIO: Isso é o que você pensa! Tome cuidado, quanto mais alto você sobe em
nome dessa ambição desmedida, maior será a sua queda. (Bate a porta
agressivamente).
Cena 09 – Chesca’s, Restaurante
Italiano [Interna/Noite]
Música da cena: Fogo – Karin Hils
(A noite chega e logo as luzes de São
Paulo se acendem. Carros correm pelas avenidas e as pessoas voltam para suas
casas depois de um dia de trabalho. Surge a fachada do Restaurante de
Francesca, em seu interior, Fernanda, Rafael e Durant comem uma pizza).
DURANT: Está com uma cara ótima! (Diz após o garçom servir a pizza na mesa onde
estão).
FERNANDA: Uma pena que a minha sogra não pode estar presente!
RAFAEL: É verdade, minha mãe está sempre se sacrificando para ajudar lá em casa.
Quando eu me formar, quero muito que ela pare de trabalhar a noite e naquele
posto de gasolina.
ENRICO: Olha só, a família toda reunida em dia de pizza. Estão sendo bem
atendidos? (Diz ao se aproximar).
DURANT: Estamos sim, como sempre. A propósito, não vi a sua mãe. Onde está a
Francesca?
ENRICO: Pois é, ela saiu mais cedo e ainda não voltou. Sabe como é a minha
mamma, né? Ela vai naquela feira e não quer voltar mais. Agora eu vou atender
aquela mesa ali, com licença.
RAFAEL: Toda!
(Enrico vai até a outra mesa e atende
um casal. A presença dos dois chama a atenção de Durant, principalmente pelo
fato da moça lembrar a Luiza quando era mais jovem).
DURANT: (Observa a moça com fixação).
RAFAEL: Tio, está tudo bem?
DURANT: (Volta a si) Está sim, vamos comer essa pizza antes que ela esfrie.
Cena 10 – Ruas de São Paulo
[Externa/Noite]
(Thierry e um grupo de amigos bebem
pelas ruas de São Paulo nas imediações de uma praça).
THIERRY: (Bebe um gole de cerveja) Sabe no que eu estava pensando?
RENAN: Em que?
THIERRY: Em tocar o terror essa noite...
RENAN: Onde, aqui e agora?
THIERRY: Aqui e agora! Já viu a quantidade de morador de rua que tem aqui?
Podemos fazer uma brincadeira legal aqui. Eu vi outro dia na internet que
queimaram uns moradores de rua vivos...
RENAN: Gostei! Vamos tocar o terror.
(Lola estava dormindo embaixo da
marquise que costumava ficar quando acordou em meio a gritos).
LOLA: O que é isso, o que está
acontecendo? (Levanta e percebe que há fogo no local). Fogo, é fogo! (Se
desespera).
Cena 11 – Casa de Luiza, Porto de
Pedras [Interna/Noite]
Música da cena: Rock Roll And Lullaby
– Alexandre Poli
(Luiza Helena observava a
movimentação da rua através da janela de sua casa com a esperança de que sua
irmã voltasse).
LUIZA
HELENA: Onde será
que ela está? Onde será que a Betinha se enfiou? Eu só espero que aquela cabeça
dura não se meta em uma enrascada.
(Luiza Helena vai até uma cadeira de
balanço, onde se acomoda logo em seguida ao se sentar).
LUIZA
HELENA: (Olha para
um quadro na parede com a foto do pai e começa a se recordar do passado).
FLASHBACK
Há 20 anos atrás...
(Luiza Helena e Eunice estavam
completamente sem reação depois que perceberam que Manoel havia acabado de
ouvir o que elas estavam confidenciando).
MANOEL: O que foi que você disse? A Luiza
Helena está prenha?
EUNICE: Não, estávamos comentando sobre uma
mocinha aqui da vizinhança que está grávida.
MANOEL: Mentira! Eu ouvi muito bem, você
está grávida, não é? Me responda (Segura Luiza Helena pelos braços).
LUIZA
HELENA: É verdade e
eu não pretendo tirar, eu vou ter o meu filho.
MANOEL: E quem foi que fez isso com você?
Foi ele, não foi? O pintor!
LUIZA
HELENA: Eu me
entreguei a ele, foi por amor... Ele vai assumir, ele quer casar comigo.
MANOEL: E ele já está sabendo?
LUIZA
HELENA: Não, ele
ainda não sabe.
MANOEL: Pois então pode deixar, eu vou
cuidar disso! (Joga Luiza Helena na cama).
LUIZA
HELENA: O que vai
fazer? (Grita).
MANOEL: Eu vou limpar a nossa honra! (Sai).
FIM DO FLASHBACK
Atualmente...
LUIZA
HELENA: (Adormece na
cadeira de balanço).
Cena 12 – Mansão Martins de Andrade
[Interna/Noite]
(Sozinho, Demétrio prepara sua cama,
apaga as luzes e se deita).
DEMÉTRIO: (Ouve um barulho, senta na cama e acende a luz do abajur que está no
criado mudo ao lado de sua cama) Que barulho foi esse?
(Demétrio abre a porta do quarto e
caminha pelo corredor).
DEMÉTRIO: Tem alguém aí? (Diz enquanto desce a
escada, porém ninguém responde).
(Demétrio volta para o seu quarto
depois de não encontrar nada suspeito).
DEMÉTRIO: (Abre a porta do quarto e caminha em
direção a cama).
EVANDRO: Achou o que estava procurando?
(Questiona sentado numa poltrona que ficava no canto do quarto em meio a
penumbra).
DEMÉTRIO: Eu não acredito, de novo? Você é
mesmo um rato, anda pelas beiradas e em meio aos buracos para não ser visto?
EVANDRO: Digamos que eu tenho os meus
métodos! (Ironiza).
DEMÉTRIO: Eu já me cansei disso, eu vou chamar
a polícia agora. (Demétrio se vira, pega o telefone e disca para a polícia).
EVANDRO: (Usando luvas pretas de couro, Evandro se aproxima de Demétrio com uma
seringa e crava nas costas de Demétrio) E quem disse que nossa festa precisa de
mais convidados?
DEMÉTRIO: O que foi que você fez? (Pergunta olhando nos olhos de Evandro).
EVANDRO: (Tira o telefone da mão de Demétrio e encerra a ligação) Você iria
morrer mesmo, digamos que eu antecipei a sua partida. Você não acha que já
viveu o suficiente? Não seja rancoroso. Mas respondendo a sua pergunta, você já
ouviu falar em “overdose medicamentosa”? Digamos que você teve um surto hoje e
resolveu tomar todos os seus remédios, queria reverter a leucemia em seu
organismo, só que errou a dose... Que triste, não? Pena que não vai ter ninguém
para te socorrer.
DEMÉTRIO: (Começa a passar mal, perde o equilíbrio e cai sobre a cama) Desgraçado!
Você vai pagar caro por isso, você vai apodrecer na cadeia!
EVANDRO: Sem ameaças, você não está em condições para isso, meu caro. Manda um
beijo pra Deus, ou o Diabo... Sabe lá se você vai subir ou descer, não é mesmo?
Eu vou indo agora, manda lembranças do além enquanto eu estiver gastando seu
dinheiro, otário! (Evandro guarda a seringa e sai do quarto).
(Sozinho, Demétrio agoniza, tenta
levantar da cama para pegar o telefone e pedir socorro, mas perde as forças e
cai no chão. Notamos seu braço esticado tentando alcançar o telefone no criado
mudo, mas em seguida ela cai no chão e ele morre).
A imagem foca no plano superior do
quarto, onde podemos ver o corpo de Demétrio caído ao lado da cama. A cena
congela e vira uma capa de revista.
Obrigado pelo seu comentário!