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Na Boca Do Povo - Capítulo 44 (Últimas Semanas)

 

Capítulo 44 (últimas semanas)

Cena 01 – Na Boca Do Povo, Redação [Interna/Tarde]

(Betinha estava estarrecida com o que acabara de ouvir).

 

BETINHA: O que foi que você disse? (Pergunta novamente).

EVANDRO: Olha só, tinha rato nessa toca. Estava ouvindo atrás da porta? Coisa feia! (Debocha).

LUIZA HELENA: Betinha, calma. Não é nada disso que você ouviu...

EVANDRO: É sim! É exatamente o que você ouviu... Você é filha da pescadora e do pintorzinho de viaduto. Sua vida toda é uma mentira, você estava sendo feita de idiota.

LUIZA HELENA: Cala a boca, desgraçado! (Esbraveja).

DURANT: Minha filha, nós vamos te explicar tudo.

BETINHA: Filha? Então é verdade isso que ele falou? Você não é a minha irmã?

LUIZA HELENA: (Começa a chorar).

BETINHA: Você é minha mãe? (Pergunta chocada).

EVANDRO: Eu não já disse que é, fedelha? Além de bastarda, você também é surda? Você é fruto da história conturbada desses dois. Não é isso, meu amor? (Pergunta se referindo a Luiza Helena).

(Betinha encara Luiza Helena e Durant).

 

Cena 02 – Casa de Durant [Interna/Tarde]

(Quando Rafael entrou deu logo de cara com sua mãe, Maria Rita que estava sentada no sofá da sala).

 

MARIA RITA: Ai, ainda bem que você chegou meu filho.

RAFAEL: Que foi, mãe? Aconteceu alguma coisa? (Pergunta tirando a mochila).

MARIA RITA: Aconteceu! Aliás, está acontecendo... Parece que um tornado passou por essa casa!

RAFAEL: Eu não estou entendendo nada. Será que dá para a senhora falar mais claramente? O que foi que aconteceu?

MARIA RITA: O seu tio... O Durant! Ele descobriu que a Betinha é filha dele com a Luiza Helena. (Dispara).

RAFAEL: (Surpreende-se) Filha dele? Como assim, filha dele?

MARIA RITA: Por algum motivo que eu não sei ainda qual, a Luiza Helena criou a própria filha como se fosse sua irmã. E ao que tudo indica, o Evandro sabia desse segredo e foi através dele que conseguiu casar com a Luiza Helena.

RAFAEL: Mas isso não faz o menor sentido, que história maluca é essa?

MARIA RITA: A pura verdade, filho. Seu tio fez um teste de DNA e já está comprovado. Você precisa encontrar a Betinha agora, ela precisa ser preparada para ter essa notícia, essa bomba não pode simplesmente cair em cima da cabeça dela. Imagina, o mundo dela vai desabar!

RAFAEL: Meu Deus! Não dá para acreditar nisso... E onde está o meu tio? (Diz sentando-se no sofá, ainda atônito).

MARIA RITA: É justamente isso que mais está me deixando nervosa. O seu tio saiu daqui enlouquecido, dizendo que ia matar o Evandro. Eu estou morrendo de medo que ele faça alguma loucura.

RAFAEL: Então eu tenho que ir atrás dele primeiro, preciso evitar que ele coloque as mãos naquele cara. Ele foi para a revista?

MARIA RITA: Eu acho que sim. Eu liguei para a Luiza Helena e avisei, mas se você puder dar uma força. Eu fico aqui em casa, para o caso dele aparecer.

RAFAEL: Combinado, então eu vou indo. (Sai correndo de casa).

MARIA RITA: Valha-me meu São Januário, que o meu primo não cometa nenhuma loucura que possa se arrepender ou desgraçar toda a sua vida. (Reza).

 

Cena 03 – Ruas de São Paulo [Externa/Tarde]

Música da cena: Fogo – Karin Hils

(Imagens externas mostram a cidade de São Paulo em toda sua rotina frenética. Em seguida, surgem as ruas do bairro do Morumbi).

 

ENRICO: (Surge empurrando a própria cadeira de rodas após descer de um ônibus) É aqui! Agora eu me lembro bem, foi exatamente aqui onde eu fui agredido. Então é esse lugar que eu preciso voltar a observar para fazer justiça! (Fala consigo mesmo enquanto percorre as ruas do bairro).

 

Cena 04 – Na Boca Do Povo, Redação [Interna/Tarde]

(Com os ânimos aflorados, Luiza Helena tentava conversar com a filha para lhe explicar toda a verdade).

 

BETINHA: (Grita) Responde, eu estou falando com você. É verdade o que o Evandro disse, você é mesmo a minha mãe?

LUIZA HELENA: (Respira fundo) Eu imaginei tantas vezes esse momento e tentava me preparar da melhor forma para te contar toda essa história. Eu não queria que tivesse sido assim!

BETINHA: Como você pode? Como foi capaz de me enganar desse jeito?

LUIZA HELENA: Foi por amor, eu tinha medo de te machucar, de te ferir!

BETINHA: E que raio de amor é esse que você mente? Que você engana? Se você não queria me ferir, sinto muito em lhe dizer, mas você já feriu.

DURANT: Espera minha filha, você tem...

BETINHA: (interrompe Durant) Não me chame de filha! Eu não sou filha de vocês. Desde quando você sabe?

FERNANDA: (Surge na recepção da revista após ouvir toda a história).

BETINHA: Responde! Desde quando você sabe? Você também estava junto com ela nessa mentirada toda? Você também foi cúmplice e quis me fazer de palhaça?

LUIZA HELENA: (Seca as lágrimas em seu rosto) Não! A culpa é só minha, o Durant não sabia da sua existência até chegarmos em São Paulo.

DURANT: Eu descobri só hoje! (Responde).

LUIZA HELENA: Minha filha, por favor me escute. Eu tenho tanta coisa para te falar, para te explicar. Depois que eu te contar toda a nossa história e como aconteceu, você vai me entender.

BETINHA: (Chora) Filha? Agora é fácil você encher a boca e me chamar de filha depois de tantos anos mentindo pra mim. O que você quer que eu faça agora? Que te abrace e te chame de mãe, como se nada tivesse acontecido? Isso não vai acontecer, sabe porque? Porque você não tem esse direito, você não tem filha, você não é e nunca será a minha mãe! (Grita).

LUIZA HELENA: Não, Betinha... A gente precisa conversar!

BETINHA: Eu não quero conversar, principalmente depois de descobrir essa mentira tão baixa. A minha vida toda é uma mentira e isso graças a você! Eu vou sair daqui e não quero te ver nunca mais. Nunca mais!

(Betinha aciona o elevador e vai embora).

FERNANDA: Luiza, ela está nervosa agora. Vocês estão na verdade, ela precisa de um tempo para digerir tudo isso para que vocês se entendam. Me deixe ir com ela, eu vou tentar acalmá-la.

DURANT: A Fernanda tem razão! A última coisa que a Betinha vai querer saber é de nós dois nesse momento.

LUIZA HELENA: (Segura a mão de Fernanda) Traz a minha filha de volta pra mim?

FERNANDA: Eu vou fazer o possível! (Diz para em seguida ir até o elevador de serviço para tentar alcançar Betinha).

(Na garagem, Betinha surge completamente transtornada aos prantos).

BETINHA: (Chora enquanto vozes ecoam em sua cabeça, relembrando-a da verdade que ela havia acabado de descobrir. Em seguida ela destrava o alarme do carro e senta-se em frente ao volante).

(Fernanda sai do interior do elevador de serviço e ao chegar na garagem, procura pelo carro de Betinha).

FERNANDA: (Avista o carro de Betinha e corre até ele).

BETINHA: O que você quer? Eu não quero falar com ninguém, eu quero ficar sozinha! (Diz ao perceber que Fernanda entrou em seu carro e sentou-se no banco do carona).

FERNANDA: Eu sei que estou longe de ser a amiga que você tanto sonhou nesse momento, mas eu não vou te deixar sozinha nesse momento. Pode gritar, espernear, me xingar. Eu não vou descer desse carro!

BETINHA: Você é quem sabe...

FERNANDA: Eu prometo que vou ficar em silêncio e só falo se você pedir.

BETINHA: (Liga o motor do carro e acelera, saindo da garagem do prédio onde fica a revista).

(Conforme o veículo percorre a garagem do subsolo, percebemos que vai ficando um rastro de óleo pelo caminho).

CARUSO: (Observa o carro deixar a garagem enquanto limpa as duas mãos, após cortar os freios do carro de Betinha).

 

Cena 05 – Sobrado de Lola/Amara [Interna/Tarde]

(Lola/Amara adentra no interior da propriedade que acabara de comprar).

 

LOLA/AMARA: (Abre as janelas para deixar a luz entrar e arejar o local) Lar doce lar. Uma pintura aqui, um reparo ali e logo essa casa vai ficar do jeitinho que eu sempre sonhei. (Fala consigo mesmo enquanto observa o local).

 

Cena 06 – Ruas de São Paulo [Externa/Tarde]

(Pelas ruas da cidade, Betinha dirige em alta velocidade completamente transtornada).

 

BETINHA: (Chora descontroladamente enquanto dirige).

FERNANDA: Betinha, você precisa se acalmar! Vai devagar, você está indo rápido demais.

BETINHA: O mundo está caindo em cima da minha cabeça, tudo o que eu acreditei era uma mentira. Eu não sou quem eu achei que era!

FERNANDA: Claro que é, Betinha! Porque você não dá uma chance da sua mãe te explicar o que aconteceu? Alguma história deve ter por traz de tudo isso.

BETINHA: Aquela mentirosa não é a minha mãe! Eu não quero que seja. Eu só queria que isso tudo fosse um pesadelo e que eu acordasse sem que isso tudo tivesse acontecido.

FERNANDA: Eu posso imaginar o quanto isso está doendo em você, mas você precisa se acalmar, tentar colocar sua cabeça no lugar e decidir o que vai fazer da sua vida. Todo mundo está nervoso e principalmente agora que estamos saindo por aí sem rumo. Já imaginou o quanto o Rafael deve estar preocupado com você? Isso não é justo, ele não tem culpa.

BETINHA: (Fica em silêncio por alguns segundos).

FERNANDA: Para esse carro, vamos tomar um café pra você pode colocar todo esse ressentimento para fora...

BETINHA: Está bem, você tem razão. Eu vou parar um pouco, se não eu vou enlouquecer! (Diz enquanto pisa no freio).

FERNANDA: (Percebe que Betinha pisou no freio para reduzir a velocidade, mas nada acontece) Que foi? Você não ia parar o carro?

BETINHA: (Olha para o freio do carro enquanto pisa insistentemente) Não está funcionando, tem algo de errado!

FERNANDA: Como não está funcionando? Betinha, para esse carro agora. (Diz amedrontada).

(O carro de Betinha entra numa área movimentada).

BETINHA: (Pisa no freio) Eu não consigo, o freio não está me obedecendo. Eu não consigo parar o carro...

FERNANDA: Cuidado Betinha, cuidado! (Grita).

(Para desviar de uma mulher com um carrinho de bebê na faixa de pedestre, Betinha fura o sinal vermelho no cruzamento e é atingida em cheio por outro carro em alta velocidade. Com o impacto, o carro capota algumas vezes e para com as rodas para o alto).

 

 

Cena 07 – Ruas de São Paulo [Externa/Tarde]

(O carro de Betinha continuava com as rodas para cima e estava visivelmente destruído. Pessoas corriam pela rua para ver o que tinha acontecido, enquanto outras tentavam ajudar de alguma forma. No interior do veículo, Betinha estava inconsciente, enquanto Fernanda começava a reagir).

 

FERNANDA: (Geme pelas dores no corpo enquanto está pendurada de cabeça para baixo, presa ao cinto de segurança) Betinha, você está bem? Betinha...

BETINHA: (Permanece inconsciente com um corte na testa que sangrava muito).

(O veículo continuava vazando gasolina enquanto uma fumaça intensa saía do compartimento onde ficava armazenado o motor do carro).

HOMEM: Moça, vocês estão bem? (Questiona ao se aproximar).

FERNANDA: Eu estou sentindo muita dor e a minha amiga não responde, eu não consigo saber se ela está viva.

HOMEM: (O homem que estava passando pela rua no momento do acidente havia resolvido ajudar. Após o comentário de Fernanda, ele rapidamente correu para o outro lado e checa a pulsação de Betinha) Ela está viva, tem pulso. Já chamei uma ambulância, não deve demorar!

FERNANDA: (Desprende o cinto de segurança e cai) Precisamos levá-la até um hospital e avisar a mãe dela.

HOMEM: Se você quiser, eu posso ligar. Você sabe o número de alguém de cor?

FERNANDA: Sei sim... (Fica em silêncio ao perceber que está sangrando entre as pernas).

HOMEM: (Percebe que Fernanda está sangrando) Moça, isso daí é sangue?

FERNANDA: (Se contorce em posição fetal apertando as pernas, como se estivesse tentando proteger seu bebê).

 

Cena 08 – Na Boca Do Povo, Redação [Interna/Noite]

Música da cena: Instrumental de Suspense

(Já era inicio da noite quando quando Rafael chegou até a revista e ficou surpreso ao ver o estado da recepção da revista após a briga entre Durant e Evandro).

 

DURANT: Rafael? (Questionou interrompendo os curativos que Luiza Helena tentava fazer).

RAFAEL: Tio! Que bom que te encontrei... A minha mãe me contou tudo o que aconteceu. Pelo o estado em que o senhor está, vejo que cheguei tarde demais e que o senhor já encontrou com o Evandro. O senhor não fez nenhuma besteira, fez?

DURANT: Se você quer saber se eu matei aquele canalha, infelizmente a resposta é não. Eu não matei aquele canalha!

RAFAEL: Graças a Deus, não valia a pena acabar com a sua vida por conta daquele cretino. E a Betinha, onde ela está? Ela já sabe a verdade? Provavelmente deve estar eufórica de tanta alegria, ter pai e mãe vivos, pertinho dela...

LUIZA HELENA: Infelizmente não foi assim! A minha filha nos rejeitou, ela ficou completamente furiosa e saiu sem nos deixar explicar nada.

RAFAEL: Como ela saiu? Saiu desse jeito? Depois de descobrir a verdade? Vocês não poderiam ter deixado.

DURANT: Não se preocupe, a Fernanda foi com ela para tentar acalmá-la. Eu espero que ela consiga iluminar os pensamentos da minha filha. Eu quero tanto abraçá-la e tentar recuperar o tempo perdido.

(O celular de Rafael toca).

RAFAEL: (Tira o celular do bolso e em seguida atende a ligação) Alô? Sim, sou eu... Acidente? Como acidente? Mas onde foi isso? Como ela está?

LUIZA HELENA: (Olha para Durant e fica assustada).

DURANT: O que foi que aconteceu, Rafael? (Questiona aterrorizado).

RAFAEL: (Começa a chorar de nervoso enquanto fala ao telefone) Mas elas estão vivas? Sim, eu sei onde é. Já estamos indo até aí. (Encerra a ligação).

LUIZA HELENA: É alguma coisa com a minha filha, não é? Aconteceu alguma coisa com a Betinha? Fala! (Questiona completamente nervosa).

RAFAEL: A Betinha e a Fernanda sofreram um acidente de carro. Um desconhecido me ligou do local onde tudo aconteceu, parece que ele ajudou a socorrê-las. Agora elas estão sendo levadas para o Hospital Santa Veridiana, no centro.

LUIZA HELENA: Meu Deus! (Fica horrorizada). Foi culpa minha, é tudo culpa minha. Eu matei a minha filha, eu matei a minha filha...

DURANT: (Abraça Luiza Helena) Não, você não matou. Ela está viva, precisamos ter fé. Vamos até o hospital, a Betinha e a Fernanda precisam de nós agora...

RAFAEL: (Pressiona o botão do elevador).

DURANT: Vamos!

LUIZA HELENA: (Pega a bolsa em cima do sofá e corre em direção ao elevador).

(Juntos, os três entram no elevador e as portas se fecham).

EVANDRO: (Sai de sua sala ao perceber que está sozinho) Podem correr para se despedir, de hoje a bastarda pentelha não passa. (Ironiza).

 

Cena 09 – Hospital Santa Veridiana [Interna/Noite]

(Surge um extenso corredor do hospital, enfermeiros e paramédicos empurravam a maca com Betinha que estava imobilizada e continuava inconsciente).

 

MÉDICO: (Com as mãos, checava a dilatação da pupila de Betinha) Qual é o caso?

PARAMÉDICO: Acidente de carro, abdômen enrijecido e com sinais de possível hemorragia interna! (Explica o caso enquanto empurra a maca).

MÉDICA: Levem para a sala de ultrassonografia, precisamos descobrir o foco da hemorragia para contê-la.

(Os enfermeiros adentram com a maca onde está Betinha em uma sala. Em seguida, a outra parte da equipe conduzia Fernanda, que também estava imobilizada em outra maca).

MÉDICO: E aqui, o que temos? (Pergunta ao examinar Fernanda rapidamente).

PARAMÉDICA: Paciente estava no carro junto com a outra moça, ferimento superficial na boca, gravida de 15 semanas, está com dor intensa no ventre e com intenso sangramento na região pélvica, possível descolamento de placenta por conta do impacto.

MÉDICO: Leva para a sala 2 que eu vou atende-la imediatamente, chamem a obstetrícia, vamos precisar de apoio.

FERNANDA: Eu não quero perder o meu bebê, salvem o meu filho! (Diz enquanto chora desesperadamente).

MÉDICO: Vamos fazer todo o possível para salvá-lo, não se preocupe.

(Os enfermeiros percorrem o corredor e adentram numa sala, deixando um rastro de sangue pelo chão).

 

Cena 10 – Apartamento de Judith [Interna/Noite]

Música da cena: Me Leva – Alice Caymmi

(Imagens externas mostram a cidade de São Paulo com seu grande fluxo de carros na rua. Os prédios são apresentados através de imagens aéreas, entre eles, surge o prédio onde Glória e Judith moram).

 

JUDITH: (Pinta a unha enquanto observa Glória varrer a casa) Vamos estrupício, varra direito. Será possível que para varrer uma casa você serve? A sua sorte é que você mora no andar debaixo, porque se não fosse isso, não ia te dar o dinheiro da passagem. Você ia embora de ônibus entrando pela porta traseira!

GLÓRIA: (Varre a sala com má vontade) Eu estou cansada, não nasci para os serviços domésticos.

JUDITH: E eu com isso? Desde quando pedi para saber relato da vida de uma empregada? Você é paga para limpar e não para reclamar. Feche o bico e varra, quer vida mole? Senta num pudim, estrupício!

(O celular de Glória toca).

GLÓRIA: Ih, é o meu celular... Vou ter que atender, Ju!

JUDITH: Dona Judith! Pra você é Dona Judith. Não esqueça que há uma grande diferença entre nós e que você não passa de uma estrupício. Agora atenda a droga desse celular, aposto que é cobrança de cartão. Com essa cara de estelionatária que você tem, aposto que não pagou a fatura. (Começa a rir debochando).

GLÓRIA: Alô? A Fernanda? Como assim? Onde é que ela está? Eu estou indo pra lá agora mesmo. (Encerra a chamada).

JUDITH: Aconteceu alguma coisa com a Fernanda? O que foi que houve, estrupício? Desenbucha!

GLÓRIA: Era do hospital, não me explicaram direito... Parece que a Fernanda sofreu um acidente. Eu preciso ir até lá, eu preciso saber como a minha filha está.

JUDITH: Claro, eu gosto da Fernanda como se fosse minha própria filha. Ela sim me tratava como gente de verdade. Eu vou com você, vou só pegar a minha bolsa lá dentro e o meu motorista vai nos levar, me espera. (Diz ao correr rumo ao interior do apartamento, deixando Glória sozinha).

 

Cena 11 – Hospital Santa Veridiana [Interna/Noite]

(Já fazia algum tempo que Luiza Helena, Rafael e Durant aguardavam por notícias na recepção do hospital. Logo depois, Maria Rita chegou ao local para se juntar a eles).

 

LUIZA HELENA: Não é possível que nos deixem aqui nessa angústia, esperando tanto tempo por notícias. Eu preciso saber noticias da minha filha, se ela está bem.

MARIA RITA: Calma, essas coisas são assim mesmo. Daqui a pouco um médico aparece e vai dizer que está tudo bem, você vai ver só. (Disse tentando acalmar Luiza Helena, enquanto permanecia sentada ao seu lado no sofá da recepção do hospital).

(No outro canto da sala, Durant e Rafael conversavam).

DURANT: Você avisou a Glória? Apesar dela não ser flor que se cheire, a Fernanda é filha dela.

RAFAEL: Eu pedi para a recepcionista ligar, ela não quer me ver nem pintado de ouro, capaz de dizer que fui eu quem provocou o acidente.

(O médico se aproxima da recepção).

RAFAEL: Aí vem o médico!

LUIZA HELENA: (Levanta-se bruscamente) Doutor, como a minha filha está? O nome dela é Roberta. Roberta Miranda Ferreira...

(Durant, Rafael e Maria Rita se aproximam também).

MÉDICO: (Checa o prontuário) Sim, a paciente está sendo operada nesse momento. Ela teve escoriações superficiais, entretanto com o impacto, ela sofreu um rompimento do baço, precisamos operá-la para sanar a hemorragia. Ela vai ficar bem!

LUIZA HELENA: Graças a Deus! Obrigada, obrigada, obrigada meu Deus! (Diz rezando).

RAFAEL: E a Fernanda e o meu filho? A moça que estava com a Roberta no carro.

MÉDICO: A moça está bem, só que o bebê nós infelizmente não conseguimos salvar. Ela teve um descolamento do saco gestacional e não conseguimos manter o bebê, ela estava perdendo muito sangue. Quando ela chegou até aqui, a hemorragia já estava muito severa. Agora ela está passando pelo processo de curetagem, em breve ela vai para o quarto.

RAFAEL: O meu filho morreu, tio. O meu filho morreu! (Diz chorando).

DURANT (Abraça Rafael para consolá-lo).

 

Cena 12 – Chesca’s, Restaurante Italiano [Interna/Noite]

(Quando Enrico chegou em casa, o restaurante já havia encerrado o expediente. Francesca, Zeca e Gioconda assistiam um filme na sala de estar).

 

ENRICO: Boa noite! Que bom ver todos reunidos assim, na santa paz. (Disse após fechar a porta).

FRANCESCA: Buona, bambino! Quer comer alguma coisa? A mamma esquenta seu jantar, quer?

ENRICO: Não precisa se preocupar comigo, mamma. Eu fiz um lanche lá na Casa 1, o dia foi bem intenso hoje, eu só quero descansar.

FRANCESCA: Va bene, bambino. Va bene! Se mudar de ideia, estaremos aqui. Eu vou para meu quarto agora. Boa noite! (Diz ao sair da sala de estar).

ZECA: (Observa Enrico percorrer o corredor) Ué, você não vai dizer nada? Não vai dizer que ele tem visita? (Questiona).

FRANCESCA: Io non! Deixa que o bambino tenha uma surpresa...

GIOCONDA: Alcoviteira! (Murmurou enquanto cochilava na poltrona).

FRANCESCA: (Cai na risada com a fala da mãe).

(Ao entrar no quarto, Enrico se surpreendeu com quem estava esperando por ele).

ENRICO: Você? O que está fazendo aqui?

ÍTALO: Não se preocupe, não vim passar a noite aqui, nem quero te incomodar. Eu apenas vim te parabenizar pela notícia. Já soube do resultado da fisioterapia e fico muito feliz que esteja progredindo. Espero poder comemorar com você em breve quando você voltar a andar.

ENRICO: Desculpa a rispidez. Eu estou um pouco cansado! É muita gentileza da sua parte vir até aqui me dizer isso. Muito obrigado! (Responde sem jeito após ter soado grosseiro).

ÍTALO: Eu não vim aqui à toa. Eu vim por amor! Mas eu não quero te pressionar. Eu vou te reconquistar, eu vou provar que eu mudei, que eu sou outro Ítalo. Eu prometo! (Beija o rosto de Ítalo carinhosamente). Agora eu já vou, boa noite.

ENRICO: Boa noite... (Responde com a mão no rosto observando Ítalo ir embora).

 

Cena 13 – Ruas de São Paulo [Externa/Noite]

(O sinal havia fechado e muitos carros aguardavam para prosseguir. Aproveitando-se desse momento, Pirulito caminhava entre os veículos pedindo alguns trocados).

 

PIRULITO: (Caminhava entre os carros enquanto batia na janela dos automóveis. Alguns motoristas o ignorava, enquanto outros lhe cediam algumas moedas) Obrigado, tio! (Respondeu após segurar alguns trocados).

(O sinal abre e Pirulito volta para a calçada).

LOLA/AMARA: Oi! (Diz ao se aproximar do menino).

PIRULITO: Oi... A senhora por aqui de novo?

LOLA/AMARA: Pois é! Estava passando por aqui perto e resolvi vim te ver. Você já comeu hoje?

PIRULITO: Ainda não, eu estava descolando uma grana pra comprar um rango na padaria.

LOLA/AMARA: Então guarde o seu dinheiro, o seu jantar hoje será por minha conta. Quer jantar comigo, Pirulito? (Questiona inclinada olhando o menino nos olhos).

PIRULITO: Jantar? Num restaurante de verdade?

LOLA/AMARA: Sim senhor! Um restaurante de verdade, onde você vai poder pedir tudo o que quiser, até a sobremesa. E então, aceita? (Questiona ao estender a mão para o menino).

PIRULITO: Demorou! (Sorri e aperta a mão de Lola/Amara).

 

Cena 14 – Hospital Santa Veridiana [Interna/Manhã]

Música da cena: Sampa – Caetano Veloso

(O dia amanhece ensolarado em São Paulo. Os termômetros urbanos marcavam 29 graus na capital paulista. Pessoas transitavam pelas ruas do centro, em seguida surgiu a fachada do hospital. Já no quarto, Betinha era monitorada por uma enfermeira após a cirurgia).

 

ENFERMEIRA: (Checa se o soro está atravessando o acesso normalmente).

BETINHA: (Abre os olhos lentamente após o efeito da anestesia).

ENFERMEIRA: Acordou, dorminhoca! Como você se sente? (Pergunta ao perceber que Betinha acordou).

BETINHA: Mal... Parece que um caminhão passou por cima de mim. Me sinto estranha!

ENFERMEIRA: É normal que se sinta assim, é o efeito da anestesia passando. Já administrei seus antibióticos e logo, logo você estará novinha em folha, prontíssima pra outra...

(A porta do quarto se abre e Luiza Helena entra).

LUIZA HELENA: Minha filha, que bom te ver acordada. Você não sabe o quanto sofremos te vendo assim, deitadinha numa cama de hospital.

BETINHA: O que você está fazendo aqui, Luiza Helena? (Pergunta friamente).

LUIZA HELENA: Como o que eu estou fazendo aqui? Eu sou a sua mãe...

BETINHA: Você não é a minha mãe! Você não é a minha irmã, você não é ninguém. Você não é nada! Eu quero que você saia daqui agora mesmo, saia do meu quarto imediatamente. (Grita).

 

A imagem foca em Luiza Helena surpresa com a reação agressiva de Betinha. A cena congela e vira uma capa de revista.



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