Capítulo 17:
Cena 01 – Apartamento de Maria Eduarda [Interna/Noite]
MARIA EDUARDA: Olha Marcela, foi
muito feio o modo como você agiu com a Ingrid hoje. Precisava daquela grosseria
de sair de casa e ficar lá fora? O que você tem contra ela? É ciúme?
MARCELA: Ciúme? Eduarda, eu sei muito bem o
papel que tenho na sua vida, nada pode mudar. São anos, agora uma coisa eu te
digo, essa sua irmã não é flor que se cheire. Ela é má, ambiciosa, fria. Eu não
confio nela, você deveria tomar cuidado com ela.
MARIA EDUARDA: Ela é minha irmã,
Marcela. Só está tentando se aproximar, como toda a família. Que mal tem nisso?
Eu gostaria tanto que vocês se dessem bem, fossem amigas.
MARCELA: Amiga? Daquela cobra? Nem brincando.
MARIA EDUARDA: Agora já chega,
Marcela! Você não pode falar assim dela. Eu entendo que você a ache metida, ela
tem realmente esse ar de ser exibida, mas é o jeito dela. Ela tem dinheiro, foi
criada assim, não vamos mudá-la da noite para o dia.
MARCELA: Se você quer se enganar, o problema é
seu. A Ingrid não é o que aparenta e você vai descobrir isso, cedo ou tarde.
Agora se você me permite, eu vou dormir... O filme ficou chato! (Marcela
desliga a TV e vai para ao quarto).
(Alguém começa a
bater na porta).
MARIA EDUARDA: E agora? Quem será?
Já vai! (Maria Eduarda abre a porta).
GIGI: Eu preciso falar com você, é caso de
vida ou morte... Ou melhor, de emprego! (Fala ao entrar).
MARIA EDUARDA: Emprego?
Cena 02 – Paradise
Models [Interna/Manhã]
Música da cena:
Hoje Lembrei Do Teu Amor – Tiago Iorc
(Imagens de São
Paulos são retratadas conforme o dia amanhece, dando lugar a fachada da agência
de Malu).
INGRID: Bom dia, querido!
(Ingrid cumprimenta ao entrar na sala de René).
RENÉ: Eu já disse que
você não pode entrar na minha sala desse jeito. O que você pretende? Que toda
agência descubra a nossa relação?
INGRID: Eu quero mais
dinheiro, preciso comprar algumas coisas...
RENÉ: Mais dinheiro? Você
ficou maluca? Sua mãe já está começando a desconfiar dos nossos desfalques, já
transferi há pouco tempo para sua conta no banco da Suíça uma grande quantia em
dinheiro, onde tudo aquilo foi parar?
INGRID: Como assim onde foi
parar? Eu sou uma mulher cara, você sabe muito bem disso. Aquele dinheiro já
está acabando, eu preciso de mais. Entendeu ou preciso desenhar?
RENÉ: Então me explica
uma coisa. Como você quer assumir essa agência se você está acabando com a
saúde financeira dela? Quando você assumir, a empresa vai está se ruindo na
falência.
INGRID: Eu acho que você
não entendeu, eu não fui clara. (Ingrid senta numa cadeira de frente para
René). Eu quero mais dinheiro, estou preocupada em viver o hoje, o amanhã eu
penso em outro momento. Entendeu?
RENÉ: Eu já entendi e
continuo batendo na mesma tecla, sua mãe não está tão idiota como pensa por
conta da sua irmã, ela conhece essa agência como ninguém, ela vai perceber que
a quantidade de dinheiro que está faltando está cada vez maior.
INGRID: Ai René, chega...
Chega de enrolar, eu quero esse dinheiro na minha conta até amanhã. A agência
vai muito bem das pernas, com o tanto de dinheiro que tem entrado pela porta
principal, a minha mãe não vai descobrir que está saindo pela janela.
RENÉ: Eu desisto, você
não tem juízo...
INGRID: E por falar na
minha irmã, eu já estou me cansando de bancar a boa irmã. Não nasci pra isso,
eu brilho sozinha, não preciso de coadjuvante.
RENÉ: E agora, o que quer
dizer com isso?
INGRID: O que eu quero
dizer é que o Garibaldi já recebeu muto bem por um serviço que ele não
executou. Já está na hora dele dar continuidade em nossos planos.
RENÉ: Matar a sua irmã?
INGRID: Matar? Quem foi que
disse a palavra matar aqui? Eu não quero o mal da minha querida irmã, mas você
sabe como é, né? São Paulo é uma cidade tão violenta, vai que ela sofre um
assalto e é baleada. (Ingrid sorri).
RENÉ: Assalto? (Sorri de
volta). Já entendi!
Cena 03 – Jardim
Saúde (Casa de Mercedes) [Interna/Manhã]
(Mercedes ainda
está deitada em sua cama adormecida, quando começa a se mexer bruscamente ao aparentar
está tendo um pesadelo).
MERCEDES: (Mercedes sonha
novamente com a noiva. Dessa vez, a noiva caminha em direção ao altar. Não se
pode notar quem é a mulher que caminha em direção ao noivo, pois ela está de
costas. Todos estão de pé admirando aquele momento tão feliz, quando de repente
ouve-se um disparo. A noiva deixa o buquê cair, Mercedes então observa aquele
ramalhete de rosas brancas caído no chão, gotas de sangue começam a molhar
pétala por pétala). Não, não! (Mercedes acorda gritando).
JORGINHO: (Entra no quarto de
Mercedes rapidamente) O que foi mãe, teve um pesadelo?
MERCEDES: Não foi nada filho,
só um sonho ruim...
JORGINHO: De novo aquele
sonho com a noiva na igreja?
MERCEDES: De novo, esse
pesadelo se repete há vários meses. É como uma premonição, não queria ver isso.
Esse destino ruim, eu não quero ver!
(Jorginho abraça a
mãe para tentar acalmá-la).
Cena 04 – Paradise
Models (Sala de Malu) [Interna/Manhã]
(Ingrid e Malu
estão sentadas aguardando a chegada de Maria Eduarda, pois Malu quer falar com
as duas filhas).
MARIA EDUARDA: Mandou me chamar?
MALU: Mandei sim...
INGRID: E o que a senhora
tem de tão urgente para nos falar? Não podia ser em particular?
MALU: Não, não podia.
Entra Eduarda, senta... Tenho uma coisa para mostrar a vocês duas.
(Maria Eduarda
senta ao lado de Ingrid, enquanto Malu procura algo na gaveta de sua mesa, até
retirar uma caixa lá de dentro).
MALU: Quero mostrar uma
coisa a vocês duas... (Malu abre a caixa e em seu interior, existem duas
correntes de ouro com um pingente em cada um deles. São duas meninas, que
quando se encaixam ao serem unidos).
MARIA EDUARDA: Que lindo! (Fala ao
tocar nos colares).
INGRID: (Fala consigo mesma
em pensamento) Que coisa mais brega, fora de moda!
MALU: Bem, como eu já
tinha dito antes, eu nunca perdi a esperança de te encontrar minha filha. Então
mandei fazer essas correntes, eu imaginava que te encontraria logo e veria
vocês duas, juntas e com roupinhas parecidas usando essas correntes...
INGRID: Uma pena que o destino
não quis assim!
MARIA EDUARDA: (Percebe tristeza
em sua mãe ao tocar no assunto de não poder tê-la criado) Não seja por isso
Malu, eu vou usar essa corrente a partir de agora. Faço questão!
MALU: Não precisa minha
filha, esse é um presente tão antigo.
MARIA EDUARDA: Por isso mesmo,
faço questão de usá-lo com muito carinho.
(Sala de René).
INGRID: Liga para o
Garibaldi agora, eu tenho a oportunidade perfeita! (Diz ao invadir a sala de
René).
RENÉ: Oportunidade? Eu já
disse pra você não invadir a minha sala desse jeito.
INGRID: Vamos, ligue agora
para ele. Ele vai roubar a minha irmã e ela vai entrar para as estatísticas,
mais uma vítima de latrocínio... Roubo seguido de morte!
RENÉ: Que novidade é essa, Ingrid?
INGRID: Eu e a chata mal vestida
da minha irmã, acabamos de ganhar um presente direto do túnel do tempo...
RENÉ: Seja mais clara!
INGRID: Se você me deixasse
falar e não me interrompesse... Minha mãe deu uma corrente de ouro para mim e
para minha irmã, eu detestei, achei brega e totalmente fora de moda, mas a
minha irmã, é como se fosse uma rata se enfartando no lixo, não vai tirar do
pescoço...
RENÉ: E é aí que o
Garibaldi entra!
INGRID: Exatamente... Uma
corrente de ouro chama a atenção de bandidos, não chama?
RENÉ: Bastante!
INGRID: Coitadas! Minha mãe
por ter convivido menos do que esperava com a minha irmã querida e coitada da
Eduarda, que nunca teve uma jóia dessas e quando ganha, acontecesse uma
tragédia dessas! (Fala com ironia).
Cena 05 – Mansão
Germai (Sala de Jantar) [Interna/Dia]
Música da cena:
Inspiração – Liah Soares
(Betânia serve o
café da manhã para Pérola).
PÉROLA: Já chega, Betânia.
Eu já comi demais!
BETÂNIA: Claro que não
menina, você quase não come. Está magra demais! E agora com essa história de
não dormir em casa...
PÉROLA: Segura essa
língua... Não seja indiscreta!
BETÂNIA: Eu ajudei a te
criar, te conheço muito bem... Isso tá me cheirando a romance, romance!
PÉROLA: Não estou sentindo
nada, você que está dizendo...
BETÂNIA: Me engana que eu gosto,
viu Pérola? Vai fingindo que não sabe do que estou falando, que eu vou fingir
que acredito!
PÉROLA: (Disfarça enquanto
toma mais um pouco do café servido por Betânia).
Cena 06 – Paradise
Models (Portaria) [Externa/Dia]
(Gigi aparece na
portaria da agência de modelos com um estilo de roupa bastante peculiar e
colorido, extremamente extravagante).
PORTEIRO: Bom dia! A moça vai
fazer algum teste?
GIGI: (Sorri) Ainda não,
mas vou sair daqui hoje, contratada!
PORTEIRO: E está procurando
por quem?
PÉROLA: Maria Eduarda... A
filha da dona de tudo isso aqui, sua patroa!
(As portas do
elevador se abrem e Gigi aparece na recepção totalmente deslumbrada com a
decoração da agência).
GIGI: (Se benze) É agora
Gigi, sua sorte está lançada. Vai começar a carreira de sucesso de Gigi
Almeida!
Cena 07 – Paradise
Models (Sala de Maria Eduarda) [Interna/Dia]
Música da cena:
Café - Vitão
(Maria Eduarda
esboça alguns modelos de roupa em seu computador quando o telefone de sua sala
toca).
MARIA EDUARDA: (Atende o telefone)
Pronto! Oi Simone, sim eu conheço. Pode deixar entrar, obrigada!
(Pouco tempo
depois, Simone aparece na sala de Maria Eduarda acompanhada de Gigi).
GIGI: Menina, que sala é
essa? É do tamanho da minha casa inteira. Tá bem, hein?
MARIA EDUARDA: (Sorri) Aceita um
café, uma água?
GIGI: Eu prefiro um suco,
pode ser?
MARIA EDUARDA: Simone, você pode
providenciar por favor?
SIMONE: Claro, eu já trago.
GIGI: E se não for
incomodar, traz também uns biscoitos e um misto quente. Sabe como é né? Saí de
casa super cedo, não deu tempo de comer... Estou varada de fome!
SIMONE: Sim, daqui a pouco
eu trago.
Cena 08 – Boteco
[Interna/Tarde]
(Garibaldi está
sentado próximo ao balcão do bar tomando aguardente, quando seu celular começa
a tocar).
GARIBALDI: (Atende) Pronto.
Quem é vivo sempre aparece, não é mesmo?
RENÉ: Não seja palhaço,
não estou para brincadeiras. (Responde do outro lado da linha).
GARIBALDI: Qual o servicinho
da vez?
RENÉ: Sabe bem do que
está falando. Você foi pago para realizar uma encomenda e não cumpriu o nosso
acordo...
GARIBALDI: E que culpa eu
tenho se ela tinha um anjo da guarda?
RENÉ: Com anjo ou sem
anjo, eu quero que você cumpra o combinado, inclusive já tenho uma situação
ideal para você utilizar como inspiração para cumprir a sua tarefa.
GARIBALDI: Ah é? Qual é?
(René e Garibaldi
acertam todos os detalhes para que Garibaldi execute o seu plano de tirar a
vida de Maria Eduarda. Garibaldi ouve tudo atentamente, prestando atenção em
cada detalhe).
Cena 09 – Paradise
Models (Estúdio de Fotografia) [Interna/Tarde]
(Renata passa
algumas instruções para o fotografo quando Maria Eduarda chega ao local
acompanhada de Gigi).
MARIA EDUARDA: Renata, essa daqui
é a moça que te falei, lembra?
RENATA: Claro, a sua
vizinha, não é?
GIGI: Euzinha, ao vivo e
a cores. Com nome artístico e tudo!
RENATA: Nome artístico? E
qual é o seu nome artístico?
GIGI: Gigi Almeida!
RENATA: Não podemos negar
que é um nome bem sonoro. E você tem alguma experiência como modelo? Algum
trabalho?
GIGI: Bom, eu já fiz
alguns testes e...
MARIA EDUARDA: Tem o desfile
também, você desfilou na Fashion Week.
RENATA: É verdade, estou
começando a me lembrar de você... É aquela moça que desfilou de forma exótica.
GIGI: Forma exótica? O
que quer dizer com isso?
RENATA: Não é nada querida,
não ligue. Bem, acho que podemos fazer um teste de câmera. Você aceita?
GIGI: Com toda certeza!
Música da cena:
Toda Toda – Pikeno e Menor
(Após sair do
camarim, Gigi surge arrumada e maquiada para a sessão de fotos. O fotografo,
Renata e Maria Eduarda já estão a postos para acompanhar a sessão).
GIGI: (Fala consigo mesma
em pensamento) Sua grande chance chegou, Gigi. Você tem que arrasar!
Cena 10 – Delegacia
[Interna/Noite]
(Miguel e Peter
chegam à delegacia após um dia intenso de trabalho externo).
MIGUEL: Que confusão, eu
achei que a gente não fosse voltar ainda hoje para delegacia.
PETER: Também, com a
quantidade de horas que passamos até chegar ao esconderijo daquele
traficante...
MIGUEL: Nem me fale, a
parte boa disso tudo é que temos menos um criminoso impune e menos alguém
colaborando com o tráfico de drogas.
PETER: Vamos comer alguma
coisa, pedir uma pizza?
MIGUEL: Eu vou até a casa
da Maria Eduarda agora, estou com saudades e quero vê-la.
PETER: Ah os
apaixonados... Um dia serei eu, pelo menos assim espero.
MIGUEL: Que o vírus do amor
lhe persiga e contagie. É assim mesmo, acontece quando a gente menos espera e
de uma forma que nem imaginamos.
PETER: Se você diz... Eu
vou esperar o meu momento chegar!
MIGUEL: Bom, estou indo lá,
qualquer coisa você me liga.
PETER: Pode deixar!
(Miguel e Peter se
despedem e ele vai embora).
Cena 11 – Paradise
Models (Sala de Malu) [Interna/Noite]
(A agência está praticamente
vazia, grande parte dos funcionários foram embora, com exceção de Malu e
Renata).
MALU: Minha filha já foi,
Renata?
RENATA: Qual delas, você
quer dizer?
MALU: A Eduarda, a Ingrid
mal aparece nessa agência e quando vem, mal trabalha. Quero só ver quando ela
enfim vai descobrir essa vocação, além de ser rica.
RENATA: Coisa de jovem, já,
já ela encontra algo que gosta de fazer.
MALU: Assim espero, assim
espero!
RENATA: (Renata percebe um
semblante sério em Malu ao analisar os relatórios) Que foi, que cara é essa?
MALU: Esse balanço, cada
vez que chega uma atualização me dá uma impressão de que está faltando uma
grande quantia em dinheiro, só que eu não consigo identificar de onde. René diz
que é coisa da minha cabeça, mas eu acho que já está na hora de solicitar uma
auditoria financeira. Não posso deixar que tudo que eu construí durante esses
anos para a minha família se vá de ladeira à baixo.
RENATA: Você desconfia
dele, do René?
MALU: Sinceramente tenho
receio de que minhas suspeitas se confirmem... Mas enfim, enquanto isso, são
apenas suspeitas. Acho que já trabalhamos demais, que tal irmos para casa?
RENATA: Acho uma ótima
ideia, inclusive vamos agora!
Cena 12 – Jardim
Saúde (Rua) [Externa/Noite]
(Maria Eduarda e
Gigi descem do ônibus e caminham pela rua onde fica o cortiço).
GIGI: Ah, eu nem acredito que estou
realizando o meu grande sonho de ser modelo! Eu devo isso a você.
MARIA EDUARDA: Não precisa disso,
você é talentosa, vai aprender muito lá na agência.
GIGI: Você acha que um dia eu serei famosa
como a sua irmã?
MARIA EDUARDA: Isso só o tempo
poderá dizer, só o tempo!
(Garibaldi observa
as duas caminhando atrás de uma árvore. Conforme elas se aproximam, ele baixa
uma toca que está em sua cabeça, de modo que todo o seu rosto fica coberto,
dando ênfase aos seus olhos e em seguida, tira uma arma de cintura,
preparando-se para atacar).
GARIBALDI: Perdeu, perdeu... É um assalto!
(Maria Eduarda e
Gigi levantam as mãos).
GARIBALDI: (Aponta a arma para Maria Eduarda e a encara).
(A imagem foca em
Maria Eduarda com as mãos para cima, enquanto Garibaldi segue com a arma
apontada para ela, a cena congela e o capítulo encerra com o som de uma câmera
fotografando).
Obrigado pelo seu comentário!