CONTO DE NATAL
"O RANZINZA"
INSPIRADO NA HISTÓRIA DE CHARLES DICKENS
Episódio 4
Cena 1, Quarto de Epaminondas, noite.
Cinco badaladas do relógio são tocadas.
Uma névoa densa e branca se aproxima.
Um corpo mirrado e com um sorriso doentio aparece à vista de Epaminondas.
Fantasma do N/PR: Boa Noite, Epaminondas.
Epaminondas: Você deve ser o Fantasma do Natal Presente né? Presente do momento atual.
Fantasma do N/PR: Exato. Agora vamos, não temos tempo a perder.
O fantasma sopra um vento gelado e logo tudo fica denso e claro.
Cena 2, Casa de Valter, Sala, tarde.
Duas crianças estavam brincando enquanto uma mulher estava varrendo a casa.
Epaminondas: Essa aqui é a casa do meu empregado...
Fantasma do N/PR: Um homem que trabalha recebendo 300 reais por semana.
Uma menina aparece correndo.
Menina: Mãe! Mãe! Você não acredita no que eu vi!
Astrid: O que houve? Giovana chegou?
Menina: Ainda não, mas eu vi um peru de Natal lá na padaria que dava gosto de comer!
Astrid: Eu vou ver se dá pra comprar esse peru...
Menino: A Giovana está vindo, ela está vindo!
(Fundo animado).
A filha mais velha do casal, Giovana vinha todo Natal de uma cidade chamada Zibelão para a cidade onde os pais moravam.
Giovana: Mãe! Que saudades!
Elas se abraçam.
Astrid: Como anda as coisas por Zibelão? Você gosta de lá?
Giovana: Apesar dos prós e contras, eu gosto de morar lá. Me sinto livre.
Astrid: Que maravilha.
A cena muda e agora Valter e sua família estavam juntos.
Cena 3, Mesa, Sala, Casa de Valter, noite.
(Burburinho)
Valter: Tom, você gostou do passeio que demos?
Tom (sorri): Muito! Vimos de tudo um pouco, o banco, as praças, as lojas enfeitadas com luzes e coisas!
Valter: Tinha até uma moça que entregou ao Tom uma bala... achei lindo da parte dela.
Astrid fica emocionada.
Astrid: Vamos brindar. À moça, as pessoas que fazem o bem ao próximo, às crianças e as famílias!
Valter: Também queria brindar por uma pessoa. Uma pessoa que infelizmente não está sentado à mesa.
Astrid: Eu me recuso, Valter.
Valter: Não seja assim, Astrid.
Astrid: Eu sou com quem te trata mal, Valter. Com quem te humilha querendo ser o rei da cocada! Se quiser brindar por ele, brinde sozinho.
Valter se cala.
Astrid: Um feliz Natal a todos. Até a seres que são infelizes e precisam de mudança.
O espírito volta a soprar uma névoa densa.
Cena 4, Quarto de Valter, noite.
Valter: Eu ando preocupado com ele, Astrid.
Astrid: O que os médicos falaram?
Valter: Disseram que o quadro dele era irreversível. E que ele poderia...
Valter se cala.
Epaminondas: Espírito, o pequeno Tom vai viver?
Fantasma do N/PR: Isso são apenas sombras de seres que vagam na terra, mas dando uma opinião pode ser que o rapaz vá morrer se não conseguir ajuda.
Epaminondas: Não espírito, não! Um rapaz tão jovem...
Fantasma do N/PR: Não?! Não era você que não pensava no próximo, que se morresse um não faria falta porquê são escórias que só atrapalham e não ajudam?! Não seja hipócrita, Epaminondas.
Um clima tenso e silencioso se instaurou.
Epaminondas por dentro sentia raiva de si mesmo.
Cena 5 , Casa de Lincoln, Rua Esmeralda, noite.
Um pequeno grupo estava sentado em meio à mesa.
Lincoln estava rindo de uma piada que um amigo conversava, enquanto sua mulher conversava com uma colega.
Lincoln: Vamos fazer um jogo de adivinhação. Eu falo pistas, vocês tentam adivinhar, tudo bem?
Em coro: Sim!
Lincoln: Um animal. Um tanto repulsivo. Um tanto desagradável.
Rapaz: Um porco?
Moça: Um rato?
Moça: Já sei, é o seu tio Epaminondas!
Todos começam a rir.
Epaminondas fica constrangido.
Lincoln: Sinceramente não sei. Não sei por que ele não veio brindar conosco.
Marta: Ele não muda. Continua insensível.
Lincoln: Ele tinha dito que o Natal era uma besteira.
Epaminondas: Espírito, me tire daqui.
O fantasma permanece calado e imutável.
Epaminondas: Eu exijo sair daqui, por gentileza.
Fantasma do N/PR: Aqui, debaixo de minha manta há duas crianças. Terríveis.
Epaminondas: E não há chance de ajudá-las?
Fantasma do N/PR: Uma é a ignorância, a outra o egoísmo. Cuidado com elas, Epaminondas.
As crianças resmungam, xingam Epaminondas, que fica amedrontado.
Epaminondas: Saiam daqui!
O fantasma se torna uma bombinha e começa a explodir. As crianças se tornam esqueletos.
Epaminondas fica temeroso e começa a correr até que encontra uma porta.
Ele entra.
Continua...
Obrigado pelo seu comentário!