Capítulo 04
A RAZÃO DE AMAR
Novela de João Marinho
Escrita por:
João Marinho
Personagens deste
capítulo
Coronel Afonso Valadares Letícia Fernandes
Branca Valadares. Madalena Correia
Celso Correia Marta
Correia
Empregada.
Quitéria Valadares
Fausto Valadares. Raul Fernandes
Horácio Duarte. Tereza
Valadares
Jacinto Valadares Coronel Venâncio
Correia
Vera Fernandes
Vilma Duarte
CENA 01/ MANSÃO DE CELSO/ SALA DE ESTAR/
INT./ NOITE
Continuação da última cena do bloco
anterior. O instrumental continua. Venâncio e Fausto não se
cumprimentam.
FAUSTO (para Celso) – Não sabia que
vocês se conheciam.
CELSO – É...
VENÂNCIO (para Fausto) – Nós somos irmãos!
FAUSTO (para Celso) – Você me enganou
direitinho! Por um momento achei que fossemos amigos. Mas estou vendo que você
é baita estrategista. Não quero mais fazer parceria com nada seu. Que vá pro
inferno a sua empresa, a concessão.
VENÂNCIO (para Celso) – Que empresa, que
concessão, hein, Celso?
CELSO – Não se intrometa nós meus
negócios!
A música deixa de ser tocada nessa
parte.
FAUSTO (para Celso) – Me decepcionei com
você! Bem que Afonso não queria essa parceria, mas eu insisti, que seria bom
pra cidade e outras. Ele sentia que algo não batia nessa história, mas eu
insisti. O mal é de família e você agora me parece ser o pior de todos.
CELSO (para Fausto) – Calma aí! Eu não
te chamei em minha casa para ser ofendido dessa maneira. Você nem deixou que eu
me explicasse. Ninguém vai resolver nada assim. Eu chamei os senhores aqui para
firmar uma parceria entre a empresa que eu trabalho e as duas famílias. Uma
espécie de aliança. Algo inédito na região e para as nossas famílias. Vocês não
entendem como essa ideia é brilhante e vai beneficiar todos nós?
FAUSTO – Eu não sei. Essa história de
parceria nem se dá muito certo. Eu não sei se confio em você.
CELSO – É um desejo antigo vê essa
cidade progredir.
FAUSTO – Essa cidade já está em
progresso e não precisa de seu dinheiro.
CELSO – Esse seu orgulho besta ainda vai
te prejudicar.
FAUSTO – Eu não tem mais nada pra fazer
aqui... Passar bem...
Fausto e Tereza saem e Vera e Raul
também.
VENÂNCIO – O que é você com toda essa
encenação aqui.
MADALENA (interrompe) – Eu viu pra fora
tomar um pouco de ar. Estou com um pouco de dor de cabeça.
VENÂNCIO (para Madalena) – Me espere lá.
Não vou demorar muito.
Madalena sai. Marta sobe para o quarto.
CELSO – Mandei preparar um jantar com
tanto carinho.
VENÂNCIO – O que é você está tramando?
CELSO – Não posso dizer. Mas, mudando de
assunto, você anda com segredinhos com a mulher de seu melhor amigo? Não ainda
negar. Eu sei muito bem que existe algo entre você e ela. Só espero que você
não tenha sido burro o suficiente para cometer o mesmo erro que cometeu no
passado.
VENÂNCIO – Você não sabe o que está
falando.
CELSO – Sei muito bem o que estou
falando.
VENÂNCIO (avança em Celso) – Cala essa
sua boca!
CELSO – Já entendi tudo. Mas pode ficar
tranquilo que eu não vou contar nada para o Raul. Mas eu sinto muita pena dele
e, principalmente, daquela moça ingênua, que caiu nos seus encantos.
VENÂNCIO – Que essa conversa só fique
aqui ou eu não vou ser bom de te mandar diretamente para a Inglaterra não, te
mando diretamente para as profundezas do inferno!
CELSO – Seu eu fosse você não ousava me
enfrentar. Não é porque você é meu irmão que você me conhece. Você não sabe do
que eu sou e muito menos do que eu sou capaz. Aquele menino bobinho ficou pra
traz.
VENÂNCIO – Passar bem!
Venâncio sai.
Corta para:
CENA 02/ FAZENDA CORREIA/ ESCRITÓRIO/
INT./ NOITE
Jacinto abre as gavetas a procura de
alguma carta, foto ou documento para Fausto. A empregada entra.
JOANA – Perdeu alguma coisa, Chico
Vieira?
JACINTO – Disse a Venâncio que ia
esperar ele aqui.
JOANA (desconfiada) – Você não me é
estranho, mas eu não consigo me lembrar de onde eu conheço você.
JACINTO (querendo desviar o foco da
conversa)– A gente deve se cruzado em algum lugar.
JOANA – É... Por ter sido isso.
A empregada sai. Venâncio entra.
VENÂNCIO – Ainda está aqui, Chico?
JACINTO – Estava aqui admirando seu
escritório. O senhor tem muito bom gosto.
VENÂNCIO – A minha noite não foi tão
agradável. Bem que poderíamos praticar tiro amanhã a tarde. Estou precisando de
uma diversão.
JACINTO – Combinado, Coronel! Amanhã a
tarde no mesmo local, na mesma hora.
VENÂNCIO – Pode ir pra casa. Você já fez
demais por isso.
Jacinto agradece e sai.
VENÂNCIO – Vou dormir, que amanhã é
outro dia e promete ser bem intenso como hoje.
Corta para:
CENA 03/ FAZENDA CORREIA/ INT./ TARDE
A cena começa na SALA DE ESTAR. Celso
caminha pela sala bebendo um pouco de café. Madalena senta-se no sofá.
MADALENA – Você continua impaciente,
como sempre..
CELSO – A vida me ensinou a ser assim,
Madalena. O corri para conseguir me fazer na vida. Não tenho a vida fútil e
infeliz que você e seu marido levam.
MADALENA (Levanta-se/ furiosa) – Olha
como você fala comigo! Passasse esses anos todos lá no exterior e ao menos não
aprendeu a respeitar as pessoas.
CELSO – Claro que eu aprendi a
respeitar, mas só respeito quem merece e você não merece o meu respeito. Não
merece nada meu. Nem os pêsames!
MADALENA – Você está sendo injusto
comigo. Mas isso não interessa mais.
Venâncio e Jacinto entram.
VENÂNCIO (para Celso) – O que é que você
veio fazer aqui? Você achou pouco o que aconteceu ontem?
CELSO (para Venâncio) – Vim pedir
desculpas pelo acontecido. Eu não esperava que fosse acontecer aquilo.
Jacinto vai para o escritório pegar suas
coisas.
VENÂNCIO – Você sabe muito bem das
nossas desavenças com os Valadares. Você queria o que com essa pareceria. Coisa
boa não deve ser.
CELSO – Você ainda vai ter muito orgulho
do que eu vou fazer pra essa cidade.
VENÂNCIO – Eu não confio em você!
CELSO – Que pena! Tínhamos tudo para
fazer uma bela parceria.
VENÂNCIO – Eu vou subir para tomar
banho.
MADALENA (interrompe) – Eu não sei como
você ainda tem paciência pra escutar seu irmão.
CELSO (para Venâncio) – Eu te espero no
escritório. A nossa conversa ainda não terminou.
Venâncio e Madalena sobem. Celso caminha
até o ESCRITÓRIO. Jacinto está debaixo da bancada pegando alguns
papéis caídos no chão. Celso, sem perceber a presença de Jacinto, entra e
senta-se numa cadeira próxima a porta. A câmera vai se aproximando de
Jacinto, que escuta tudo que Celso vai falando.
CELSO (off) – Coitado de Fausto.
(Gargalha). Mal sabe ele que não existe empresa nenhuma, que eu não sou
engenheiro e que eu estou aqui para brincar, num jeito bem-educado de falar.
Estou aqui para fazer o meu futuro, que foi interrompido pelo meu irmão. Para
isso, vou passar por cima de meu irmão, dos inimigos de nossa família e de
todos que ousarem atrapalhar o meu caminho. Eu não aquele jovem bestinha não!
Eu ainda vou ser o homem mais poderoso desse país e aí de quem ousar atrapalhar
meu caminho.
Jacinto escuta tudo, incrédulo. Evita se
fazer para fazer menos barulho possível. Corte descontínuo: Venâncio
entra no escritório e encontra Celso, ainda a sua espera.
VENÂNCIO – Você ainda está aí?
CELSO – Eu disse que tínhamos muito a
conversar!
VENÂNCIO – O que é que você quer
conversar comigo ainda?
CELSO – Você precisa me escutar. Você
precisa confiar no meu projeto. Eu tenho um projeto ambicioso que vai nos
beneficiar e muito a gente. A construção de uma nova ferrovia. Você tem que
confiar nesse projeto.
VENÂNCIO (Ignorante) – O prefeito da
cidade é Fausto. Fale com ele.
CELSO – E eu vou falar com ele sim. Eu
não vou desistir de meu projeto.
VENÂNCIO – Se bem eu te conheço, essa
sua obra faraônica vai ser só pra comer dinheiro!
CELSO – Por isso que eu estou dizendo
que eu e você seremos os mais beneficiados. Iremos ganhar muito dinheiro com essa
obra. Entendeu agora?
VENÂNCIO – Até que a sua ideia não é
ruim.
CELSO – Entendeu agora? Não somos
inimigos. Estamos no mesmo barco e defendendo os mesmos interesses. (Eles dão
um aperto). Espero ter seu apoio nisso. (Sorridente).
Eles saem. Jacinto, atrás da bancada, se
levanta.
JACINTO – Fausto precisa saber disso.
Corta para:
CENA 04/ PALMEIRÃO DO BREJO/ NOITE
Tocar a música “verdade e mentiras”, de
Sá e Guarabyra
Planos da cidade. Pessoas indo para
igreja. Homens indo para o bordel. Pessoas entrando no hotel. Pessoas se
beijando na praça. Crianças jogando futebol, brincando de amarelinha.
Corta para:
CENA 05/ MANSÃO DE FAUSTO/ SALA DE
ESTAR/ INT./ NOITE
Jacinto entra, apressado. Fausto se
assusta.
JACINTO – Precisava falar com o senhor!
Se o irmão do coronel Venâncio vier falar com o senhor não aceite nenhuma
proposta. Ele é um golpista. Ele não é engenheiro, não trabalha em nenhuma
empresa.
Tocar a música “inferno”, de Nação Zumbi
Focar na expressão enraivada de Fausto,
que se assusta com o que Jacinto acaba de dizer, mas não fica tão surpreso
quanto o Jagunço imaginava que ele ia ficar.
CENA 06/ MANSÃO DE FAUSTO/ SALA DE
ESTAR/ INT./ NOITE
Jacinto estranha a reação de Fausto.
JACINTO – O senhor não parece surpreso!
FAUSTO – Não pareço porque não estou.
Quer dizer, não tanto. Ontem tive o desprazer de descobrir que Celso é irmão de
Venâncio. Depois disso, nada que vem daquele rapaz e daquela família me
surpreendem mais.
JACINTO – De toda forma, está dado o
recado.
FAUSTO – Fez bem. Pelo menos, percebo
que está bem situado das coisas que acontecem naquela família. (Fumando um
charuto). Continue assim!
JACINTO – Por hoje é só isso!
Jacinto saiu. Fausto senta-se na cama,
pensativo. Incluir o flashback da cena 11 do capítulo 4:
VENÂNCIO – Nós somos irmãos!
Fim do Insert.
FAUSTO – Como eu pude cair na lábia
daquela família
Incluir o Flashback da cena 4 do
capítulo 4:
CELSO – Sou engenheiro e tenho parte
das ações da CottonSpace
Fim do Insert.
FAUSTO – Que ódio! Que ódio! (Pega um
copo que está em cima do centro de vidro e joga contra a parede).
Tereza, que estava descendo as escadas,
tem um susto.
TEREZA – O que foi, meu amor?
FAUSTO – Eu fui um idiota! Como é que eu
pude ser tão idiota?
TEREZA – Ainda é aquela história do tal
Celso?
FAUSTO – Você tinha razão desde o
início. Aquele rapaz não merece confiança. Veio pra cá para desestabilizar a
harmonia de nossa família. Eu fui mais rápido que ele. Descobri o seu jogo
sujo.
TEREZA – Quando o vi pela primeira vez
não gostei nada dele. Mas, por um segundo, achei que estivesse enganada. A
minha intuição não falha.
FAUSTO – Preciso falar com urgência com
Irineu. Eu preciso do apoio dele para fazer algo. Celso me parece ser mais
perigoso que o irmão. (Pensativo). Ele não me conhece e não sabe do que eu sou
capaz. Mexeu com a pessoa errada.
Corta para:
CENA 06/ FAZENDA VALADARES/ QUARTO/
INT./ NOITE
Branca, ao lado do marido, na cama,
pensa na vida. Se levanta. Caminha sorridente até a escrivaninha, onde estão
uma lamparina acesa e um retrato tirado no dia do casamento dela com o coronel.
Com lágrimas nos olhos, ela relembra o dia do atentado. Inserir Flashback da
cena 1 do capítulo 2:
O coronel Afonso pausa o discurso e não
consegue mais falar. Cai nos braços de Branca.
Fim do Insert.
Ela abraça o retrato. Inserir Flashback
da cena 3 do capítulo 1:
O Coronel Afonso, Branca, Fausto,
Tereza, Quitéria e Eduardo sentam à mesa, enquanto Maria coloca as comidas
sobre ela. Típico almoço de domingo, ainda sob as comemorações do ano novo que
se iniciava.
AFONSO – Ano novo! Novos planos,
novos rumos na nossa família, novas conquistas, novas vitórias! (Erguendo a
taça de vinho para que todos na mesa brindam)
Fim do Insert.
BRANCA – Lembra, Afonso, do dia em que
nos conhecemos. Você, vaidoso como sempre, e eu, uma simples e nada encantadora
moça. O meu pai dizia que eu nunca ia conseguir me casar. Consegui me casar com
o melhor partido da região. (Lágrimas caem de seus olhos). Tivemos um filho
lindo e uma família feliz. Lembro da primeira carta que me escrevestes. “Amo-te
desde que a vi pela primeira vez. Aqueles olhos claros logo me encantaram,
aqueles lábios vermelhos. Desde aquele dia não podia me enganar que viveria com
você para sempre”. Nunca esqueci dessas palavras...
Branca volta a se deitar na cama ao lado
do marido.
Corta para:
CENA 07/ FAZENDA CORREIA/ ESCRITÓRIO/
INT./ NOITE
Venâncio acima alguns papéis. Na sua
bancada tem uma garrafa de cachaça. Fausto percebe que a porta está entreaberta
e entra.
VENÂNCIO (assinando alguns papeis) – Ah,
você ainda está aí?
CELSO – Marta foi à igreja e Madalena
também! (Senta-se). Eu não sei o que tanto essas mulheres veem na igreja.
VENÂNCIO – As duas foram juntas?
CELSO – Foram. Pareciam duas santas! Nem
parece que só odeiam tanto! (Mudando de assunto). O que tanto tu assinas, hein?
VENÂNCIO – Documentos, meu caro! Você
não tem ideia de como eu trabalho por dia e ainda tenho que me defender das
acusações infundadas dessa imprensa que não larga do meu pé. Tem um monte de
gente atrapalhando o meu caminho e eu vou destruir todos. (Pensativo). Mas a
minha prioridade é me livrar do irmão de Afonso e adiantar ao máximo a ida de
Raul ao Rio de Janeiro.
CELSO – Raul vai para o Rio de Janeiro?
VENÂNCIO – Eu consegui que ele se
transferisse para o Rio de Janeiro. Vai trabalhar com os melhores advogados
criminalistas do país. Tem coisa melhor?
CELSO (refletindo) – Vinte anos se
passaram e seu discurso não muda. Vive cometendo os mesmos erros. Comigo foi o
filho que você renegou e me fez sair do país para cuidar dele e de sua
namoradinha, Marta. O que foi que você fez a Raul? (Fica alguns segundos em
silêncio e pensativo, procurando uma justificativa). Não, não é possível.... A
professorinha está grávida. Ela é sua amante. O filho que ela está esperando é
seu filho, coronel? Estou incrédulo com tudo isso. (Irônico). Um homem tão puro
como você se sujeitar a esse tipo de situação! (Rindo). Você não aprende com os
erros. Achou pouco que renegou um filho; teve Otávio, que você mal dá atenção.
E agora o que será desse outro filho?
VENÂNCIO – Eu não sei é meu.
CELSO (Interrompe) – Mas está com medo
porque sabe que a possibilidade é grande.
VENÂNCIO – Se você veio aqui ficar
fazendo suas insinuações desagradáveis, peço para que se retire!
CELSO – Eu estou falando alguma mentira!
VENÂNCIO – Eu só quero ficar sozinho e
não quero ninguém me incomodando.
Celso sai.
Corta para:
CENA
08/ PALMEIRÃO DO BREJO/ INT.EXT. / NOITE
A cena começa no INTERIOR da IGREJA
Madalena está rezando. Marta se aproxima
dela.
MARTA – Desde que eu voltei da
Inglaterra, nós mal nos falamos!
MADALENA – Eu tenho os meus motivos para
não gostar de você. Eu sei que aconteceu foi há muito tempo, mas eu nunca
esqueci.
MARTA – Eu sei que você tem todos os
motivos do mundo para me odiar, mas a gente não pode viver no passado. Eu e
Venâncio vivemos um romance. Foi bom, mas enquanto durou. Hoje somos apenas
amigos e cunhados.
MADALENA – Eu não sei não. Venâncio é
muito esperto e um mestre em seduzir mulheres.
MARTA – Nisso eu tenho que concordar.
Mas isso é um defeito que não só é dele. Quantos homens largam suas mulheres e
seus filhos para passar a noite nos bordeis?
MADALENA – Às vezes eu queria viver num
conto de fadas. (Pensativa). Eu queria encontrar um príncipe encantado e viver
com eles feliz para sempre.
MARTA – Os contos de fadas nos iludem,
os livros românticos nos iludem. (Mudando de assunto). Mas voltando ao que nós
estávamos falando, eu não quero que você sinta nenhuma raiva de mim. Não pense
que eu quero roubar seu marido, eu já sou muito bem casada.
MADALENA (feliz) – Você está me
parecendo sincera.
MARTA – E estou sendo sincera. (Pega nas
mãos de Madalena). Esqueça o passado!
MADALENA – De fato eu estava muito
enganada sobre você. Estou me sentindo melhor agora. (Abraça Marta).
Tocar a partir deste ponto o
instrumental “disfarçando”, de Lado a Lado.
Elas se levantam e saem da igreja. Em
seguida, entram na carruagem. Tocar a partir deste ponto o instrumental
“disfarçando”, da novela Lado a Lado. É mostrado pessoas andado pelas ruas de
Palmeirão do Brejo, crianças brincando. Uma forte chuva começa a cair.
CENA
09/ FAZENDA CORREIA// INT./ NOITE
A cena começa na SALA. Venâncio e Celso estão conversando, quando Jacinto
entra.
O instrumental encerra aqui.
VENÂNCIO – Cícero, estava precisando
mesmo falar com você!
JACINTO – Pois não, senhor!
VENÂNCIO – Venha ao meu escritório.
Eles entram no ESCRITÓRIO. Eles se sentam.
VENÂNCIO – Amanhã nós vamos praticar
tiro logo cedo e todos os dias será assim daqui por diante.
JACINTO – Para o senhor está fazendo
isso é porque tem algo muito importante para eu fazer!
VENÂNCIO – Sim, estou tendo um plano
para matar uma pessoa. Mas só vou te dizer na hora certa. E a partir de hoje
quero que você more aqui.
JACINTO – Eu não esperava esse convite!
VENÂNCIO – Não é um convite, mas uma
ordem! Eu preciso muito de você!
JACINTO – Estarei a sua disposição o dia
todo para o que der e vier. Se for precisar matar, eu mato.
Madalena e Marta entram.
VENÂNCIO – Eu nunca pensei que fosse ver
vocês duas juntas.
MARTA – A gente enterrou o passado,
Venâncio!
VENÂNCIO – Que bom! Fico feliz. Melhor
assim para todos.
MARTA – Agora, eu e Celso vamos para
casa.
VENÂNCIO (Para Madalena) – O Cícero vai
morar aqui agora. Como um criado, lógico.
MADALENA – Vou pedir para a Joana
preparar o quarto.
Corta:
CENA
10/ PALMEIRÃO DO BREJO/ EXT./ MANHÃ
O dia amanhecera ensolarado. Os pássaros
vão na direção do vento, que está forte. Jacinto coloca uma maçã em cima de uma
rocha, de altura média. Dá alguns passos para trás e atira. A maçã se desfaz em
pedaços. Tocar durante todo a cena o instrumental “Na Rua”, da novela Lado a
Lado.
VENÂNCIO (Bate palmas) – Você não erra
uma!
JACINTO – Anos atirando. Aprendi a me
virar só.
Venâncio pega a pistola, coloca uma maçã
em cima, dá alguns passos para trás e atira. O tiro acerta a pedra.
JACINTO (rindo) – Errou feio! Tem que
deixar a mão firme! Atire como sempre atirou.
VENÂNCIO – Hoje não estou inspirado para
atirar. Mas você continua firme. Cada dia melhor!
JACINTO – O senhor está me parecendo que
já tem um plano na cabeça para que eu faça algo.
VENÂNCIO – Só preciso de uma ocasião
oportuna para pôr em prática um plano para acabar com uma pessoa muito
especial. Você vai ficar sabendo na hora certa.
Corta para:
CENA
11/ FAZENDA VALADARES/ COZINHA/ INT./ MANHÃ
Joana está preparando o
almoço. Madalena entra e pergunta.
MADALENA – Venâncio saiu?
JOANA – Saiu logo cedo com o tal Cícero!
MADALENA – Aqueles dois agora só vivem
colados.
JOANA – Eu acho esse Cícero muito
misterioso. Ninguém sabe de onde ele veio nem nada. Se eu fosse o coronel
tomava cuidado. Às vezes o demônio se veste de anjo!
MADALENA – Deve ser impressão sua.
Corte
descontinuo: Venâncio e Jacinto entram.
VENÂNCIO – Chegamos!
Madalena os cumprimenta. Ela olha para o
braço de Jacinto e vê o relógio dele.
MADALENA (pensamento) – Jacinto?
Focar na expressão de espanto de Madalena.
Congelamento preto e branco emoldurado como um retrato.
Obrigado pelo seu comentário!