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A Razão de Amar - Capítulo 05 (Reprise)

 


 

 

 Capítulo 05

A RAZÃO DE AMAR

 

Novela de João Marinho

 

Escrita por:

João Marinho

 

Personagens deste capítulo

Afonso Valadares                                       Olímpio Vasconcelos

Bernardo Correia                                        Otávio Correia

Branca Valadares                                       Quitéria Valadares

Celso Correia                                             Raul Fernandes

Fausto Valadares                                       Venâncio Correia

Irineu Rodrigues                                        Vera Fernandes

Jacinto                                                        Tereza Valadares

Joana

Jorge Correia

Letícia Fernandes

Madalena Correia

Marta Correia

 

 

 

 

CENA 01/ MANSÃO DE FAUSTO/ SALA DE ESTAR/ INT./ NOITE

Continuação imediata da última cena do capítulo anterior. Fausto se assusta com o que Jacinto acaba de dizer, mas não fica tão surpreso quanto o Jagunço imaginava que ele ia ficar.

JACINTO – O senhor não parece surpreso!

FAUSTO – Não pareço porque não estou. Quer dizer, não tanto. Ontem tive o desprazer de descobrir que Celso é irmão de Venâncio. Depois disso, nada que vem daquele rapaz e daquela família me surpreendem mais.

JACINTO – De toda forma, está dado o recado.

FAUSTO – Fez bem. Pelo menos, percebo que está bem situado das coisas que acontecem naquela família. (Fumando um charuto). Continue assim!

JACINTO – Por hoje é só isso!

Jacinto saiu. Fausto senta-se na cama, pensativo. Incluir o flashback da cena 11 do capítulo 4:

VENÂNCIO – Nós somos irmãos!

Fim do Insert.

FAUSTO – Como eu pude cair na lábia daquela família

Incluir o Flashback da cena 4 do capítulo 4:

CELSO – Sou engenheiro e tenho parte das ações da CottonSpace

Fim do Insert.

FAUSTO – Que ódio! Que ódio! (Pega um copo que está em cima do centro de vidro e joga contra a parede).

Tereza, que estava descendo as escadas, tem um susto.

TEREZA – O que foi, meu amor?

FAUSTO – Eu fui um idiota! Como é que eu pude ser tão idiota?

TEREZA – Ainda é aquela história do tal Celso?

FAUSTO – Você tinha razão desde o início. Aquele rapaz não merece confiança. Veio pra cá para desestabilizar a harmonia de nossa família. Eu fui mais rápido que ele. Descobri o seu jogo sujo.

TEREZA – Quando o vi pela primeira vez não gostei nada dele. Mas, por um segundo, achei que estivesse enganada. A minha intuição não falha.

FAUSTO – Preciso falar com urgência com Irineu. Eu preciso do apoio dele para fazer algo. Celso me parece ser mais perigoso que o irmão. (Pensativo). Ele não me conhece e não sabe do que eu sou capaz. Mexeu com a pessoa errada.

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CENA 02/ FAZENDA VALADARES/ QUARTO/ INT./ NOITE

Branca, ao lado do marido, na cama, pensa na vida. Se levanta. Caminha sorridente até a escrivaninha, onde estão uma lamparina acesa e um retrato tirado no dia do casamento dela com o coronel. Com lágrimas nos olhos, ela relembra o dia do atentado. Inserir Flashback da cena 1 do capítulo 2:

O coronel Afonso pausa o discurso e não consegue mais falar. Cai nos braços de Branca.

Fim do Insert.

Ela abraça o retrato. Inserir Flashback da cena 3 do capítulo 1:

O Coronel Afonso, Branca, Fausto, Tereza, Quitéria e Eduardo sentam à mesa, enquanto Maria coloca as comidas sobre ela. Típico almoço de domingo, ainda sob as comemorações do ano novo que se iniciava.

AFONSO – Ano novo! Novos planos, novos rumos na nossa família, novas conquistas, novas vitórias! (Erguendo a taça de vinho para que todos na mesa brindam)

Fim do Insert.

BRANCA – Lembra, Afonso, do dia em que nos conhecemos. Você, vaidoso como sempre, e eu, uma simples e nada encantadora moça. O meu pai dizia que eu nunca ia conseguir me casar. Consegui me casar com o melhor partido da região. (Lágrimas caem de seus olhos). Tivemos um filho lindo e uma família feliz. Lembro da primeira carta que me escrevestes. “Amo-te desde que a vi pela primeira vez. Aqueles olhos claros logo me encantaram, aqueles lábios vermelhos. Desde aquele dia não podia me enganar que viveria com você para sempre”. Nunca esqueci dessas palavras...

Branca volta a se deitar na cama ao lado do marido.

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CENA 03/ FAZENDA CORREIA/ ESCRITÓRIO/ INT./ NOITE

Venâncio acima alguns papéis. Na sua bancada tem uma garrafa de cachaça. Fausto percebe que a porta está entreaberta e entra.

VENÂNCIO (assinando alguns papeis) – Ah, você ainda está aí?

CELSO – Marta foi à igreja e Madalena também! (Senta-se). Eu não sei o que tanto essas mulheres veem na igreja.

VENÂNCIO – As duas foram juntas?

CELSO – Foram. Pareciam duas santas! Nem parece que só odeiam tanto! (Mudando de assunto). O que tanto tu assinas, hein?

VENÂNCIO – Documentos, meu caro! Você não tem ideia de como eu trabalho por dia e ainda tenho que me defender das acusações infundadas dessa imprensa que não larga do meu pé. Tem um monte de gente atrapalhando o meu caminho e eu vou destruir todos. (Pensativo). Mas a minha prioridade é me livrar do irmão de Afonso e adiantar ao máximo a ida de Raul ao Rio de Janeiro.

CELSO – Raul vai para o Rio de Janeiro?

VENÂNCIO – Eu consegui que ele se transferisse para o Rio de Janeiro. Vai trabalhar com os melhores advogados criminalistas do país. Tem coisa melhor?

CELSO (refletindo) – Vinte anos se passaram e seu discurso não muda. Vive cometendo os mesmos erros. Comigo foi o filho que você renegou e me fez sair do país para cuidar dele e de sua namoradinha, Marta. O que foi que você fez a Raul? (Fica alguns segundos em silêncio e pensativo, procurando uma justificativa). Não, não é possível.... A professorinha está grávida. Ela é sua amante. O filho que ela está esperando é seu filho, coronel? Estou incrédulo com tudo isso. (Irônico). Um homem tão puro como você se sujeitar a esse tipo de situação! (Rindo). Você não aprende com os erros. Achou pouco que renegou um filho; teve Otávio, que você mal dá atenção. E agora o que será desse outro filho?

VENÂNCIO – Eu não sei é meu.

CELSO (Interrompe) – Mas está com medo porque sabe que a possibilidade é grande.

VENÂNCIO – Se você veio aqui ficar fazendo suas insinuações desagradáveis, peço para que se retire!

CELSO – Eu estou falando alguma mentira!

VENÂNCIO – Eu só quero ficar sozinho e não quero ninguém me incomodando.

Celso sai.

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CENA 04/ PALMEIRÃO DO BREJO/ INT.EXT. / NOITE

A cena começa no INTERIOR da IGREJA

Madalena está rezando. Marta se aproxima dela.

MARTA – Desde que eu voltei da Inglaterra, nós mal nos falamos!

MADALENA – Eu tenho os meus motivos para não gostar de você. Eu sei que aconteceu foi há muito tempo, mas eu nunca esqueci.

MARTA – Eu sei que você tem todos os motivos do mundo para me odiar, mas a gente não pode viver no passado. Eu e Venâncio vivemos um romance. Foi bom, mas enquanto durou. Hoje somos apenas amigos e cunhados.

MADALENA – Eu não sei não. Venâncio é muito esperto e um mestre em seduzir mulheres.

MARTA – Nisso eu tenho que concordar. Mas isso é um defeito que não só é dele. Quantos homens largam suas mulheres e seus filhos para passar a noite nos bordeis?

MADALENA – Às vezes eu queria viver num conto de fadas. (Pensativa). Eu queria encontrar um príncipe encantado e viver com eles feliz para sempre.

MARTA – Os contos de fadas nos iludem, os livros românticos nos iludem. (Mudando de assunto). Mas voltando ao que nós estávamos falando, eu não quero que você sinta nenhuma raiva de mim. Não pense que eu quero roubar seu marido, eu já sou muito bem casada.

MADALENA (feliz) – Você está me parecendo sincera.

MARTA – E estou sendo sincera. (Pega nas mãos de Madalena). Esqueça o passado!

MADALENA – De fato eu estava muito enganada sobre você. Estou me sentindo melhor agora. (Abraça Marta). 

Tocar a partir deste ponto o instrumental “disfarçando”, de Lado a Lado.

Elas se levantam e saem da igreja. Em seguida, entram na carruagem. Tocar a partir deste ponto o instrumental “disfarçando”, da novela Lado a Lado. É mostrado pessoas andado pelas ruas de Palmeirão do Brejo, crianças brincando. Uma forte chuva começa a cair.

CENA 05/ FAZENDA CORREIA// INT./ NOITE

A cena começa na SALA. Venâncio e Celso estão conversando, quando Jacinto entra.

O instrumental encerra aqui.

VENÂNCIO – Cícero, estava precisando mesmo falar com você!

JACINTO – Pois não, senhor!

VENÂNCIO – Venha ao meu escritório.

Eles entram no ESCRITÓRIO. Eles se sentam.

VENÂNCIO – Amanhã nós vamos praticar tiro logo cedo e todos os dias será assim daqui por diante.

JACINTO – Para o senhor está fazendo isso é porque tem algo muito importante para eu fazer!

VENÂNCIO – Sim, estou tendo um plano para matar uma pessoa. Mas só vou te dizer na hora certa. E a partir de hoje quero que você more aqui.

JACINTO – Eu não esperava esse convite!

VENÂNCIO – Não é um convite, mas uma ordem! Eu preciso muito de você!

JACINTO – Estarei a sua disposição o dia todo para o que der e vier. Se for precisar matar, eu mato.

Madalena e Marta entram.

VENÂNCIO – Eu nunca pensei que fosse ver vocês duas juntas.

MARTA – A gente enterrou o passado, Venâncio!

VENÂNCIO – Que bom! Fico feliz. Melhor assim para todos.

MARTA – Agora, eu e Celso vamos para casa.

VENÂNCIO (Para Madalena) – O Cícero vai morar aqui agora. Como um criado, lógico.

MADALENA – Vou pedir para a Joana preparar o quarto.

Corta:

CENA 06/ FAZENDA CORREIA/ QUARTO DOS EMPREGADOS/ INT./ NOITE

O relógio marca 10 horas da noite. Joana arruma a cama. Jacinto entra.

JACINTO (educado) – Não precisa se preocupar em arrumar a cama!

JOANA – Foi o coronel que mandou. Você deveria aproveitar a gentileza. Não é com todo mundo que Coronel Venâncio age assim não.

JACINTO – Somos companhia de tiro.

JOANA – O coronel sempre gostou de atirar. Desde que eu o conheço, que ele atira todo dia. É o esporte preferido dele. (Mudando de assunto). Está aí a cama arrumada. Se precisar de mais alguma coisa é só chamar.

Joana sai. Jacinto se deita na cama, pensativo. A câmera foca na expressão de felicidade de Jacinto.

JACINTO – Estou gostando dessa brincadeira!

Corta para:

CENA 07/ PALMEIRÃO DO BREJO/ EXT./ MANHÃ

O dia amanhecera ensolarado. Os pássaros vão na direção do vento, que está forte. Jacinto coloca uma maçã em cima de uma rocha, de altura média. Dá alguns passos para trás e atira. A maçã se desfaz em pedaços. Tocar durante todo a cena o instrumental “Na Rua”, da novela Lado a Lado.

VENÂNCIO (Bate palmas) – Você não erra uma!

JACINTO – Anos atirando. Aprendi a me virar só.

Venâncio pega a pistola, coloca uma maçã em cima, dá alguns passos para trás e atira. O tiro acerta a pedra.

JACINTO (rindo) – Errou feio! Tem que deixar a mão firme! Atire como sempre atirou.

VENÂNCIO – Hoje não estou inspirado para atirar. Mas você continua firme. Cada dia melhor!

JACINTO – O senhor está me parecendo que já tem um plano na cabeça para que eu faça algo.

VENÂNCIO – Só preciso de uma ocasião oportuna para pôr em prática um plano para acabar com uma pessoa muito especial. Você vai ficar sabendo na hora certa.

Corta para:

CENA 08/ FAZENDA VALADARES/ COZINHA/ INT./ MANHÃ

 Joana está preparando o almoço. Madalena entra e pergunta.

MADALENA – Venâncio saiu?

JOANA – Saiu logo cedo com o tal Cícero!

MADALENA – Aqueles dois agora só vivem colados.

JOANA – Eu acho esse Cícero muito misterioso. Ninguém sabe de onde ele veio nem nada. Se eu fosse o coronel tomava cuidado. Às vezes o demônio se veste de anjo!

MADALENA – Deve ser impressão sua.

Corte descontinuo: Venâncio e Jacinto entram.

VENÂNCIO – Chegamos!

Madalena os cumprimenta. Ela olha para o braço de Jacinto e vê o relógio dele.

MADALENA (pensamento) – Jacinto?




CENA 09/ FAZENDA VALADARES/ INT./ MANHÃ

Continuação imediata da última cena do bloco anterior. A cena continua na COZINHA. Venâncio observa Madalena em silêncio olhando para Jacinto.

MADALENA (em pensamento) – Não, pode ser. O Cícero não pode ser o Jacinto. O que ele quer aqui?

JACINTO (em pensamento) – Não, ela não pode ter me reconhecido. Não agora!

VENÂNCIO – Vocês vão ficar em silêncio um olhando para cara outro.

MADALENA – Prazer!

JACINTO – Prazer!

VENÂNCIO (para Madalena) – Eu vou subir para tomar um banho!

MADALENA – Eu vou à igreja.

Venâncio sobe. Jacinto vai para o QUARTO DOS EMPREGADOS. Madalena o acompanha ao quarto.

JACINTO – A senhora deseja alguma coisa?

Madalena fecha a porta do quarto.

MADALENA (dá um tapa no rosto de Jacinto/ gritando) – O que é que você? Me enlouquecer? Fala, Jacinto! Cícero Vieira. (Gargalhando). Você conseguiu me enganar direitinho! Em troca de que você está na minha casa com um nome falso? Para me tortura? É isso? Você completamente a noção do perigo? Fala! (Dá um tapa no rosto de Jacinto/ gritando). Vai ficar me olhando com esse olhar cínico?

JACINTO (apertando o braço/ gritando) – Eu não posso fazer nada! Não é por vontade minha. Você vai colocar tudo a perder por uma bobagem dessa! Aqui eu não sou Jacinto, mas Cícero! Você finge que não me conhece e fica tudo assim. Combinado?

Joana bate na porta.

JOANA (off) – Dona Madalena, está tudo bem? Estou escutando gritos vindo dá.

MADALENA – Está tudo bem, Joana!

Madalena abre a porta e sai.

Corta para:

CENA 10/ PALMEIRÃO DO BREJO/ EXT./ MANHÃ

Tocar o instrumental “Disfarçando” durante a cena.

Planos da cidade. Pessoas sentadas na praça, indo para igreja. Homens indo trabalhar. Crianças indo para a escola. Pássaros voando. Carteiro integrando o jornal e correspondências nas casas.

Corta para:

CENA 11/ MANSÃO DE FAUSTO/ SALA DE ESTAR/ INT./ MANHÃ

Na sala estão Fausto, Irineu. Fausto pega o jornal e lê.

FAUSTO – “Três meses sem solução. Quem mandou matar o Coronel Afonso? As circunstancias levam a crer que só pode ter o coronel Venâncio Correia por motivos óbvios de disputa pelo poder”

IRINEU – Gostou da pauta de hoje, Fausto?

FAUSTO – Perfeito! Quero só ver qual vai ser a reação dele? Falta algumas semanas para o aniversário dele. Seria um belo presente vê-lo atrás das grades.

Corta para:

CENA 12/ FAZENDA VALADARES/ SALA DE ESTAR/ INT./ NOITE

Venâncio está saindo do escritório, quando se depara com o delegado Olímpio.

OLIMPIO – Você não esperava que eu fosse aparecer aqui esta manhã, não é?

VENÂNCO – Algum problema, Olímpio? O senhor raramente vem à minha fazenda! Não que eu ache ruim, mas achei estranho!

OLIMPIO – Você está certo. É realmente difícil eu vim aqui. Mas precisava ter uma conversa com você.

VENÂNCIO – Sente-se! Aceita um chá, um café...

OLIMPIO – O que eu tenho para falar é rápido. Já leu o jornal de hoje.

VENÂNCIO – Não, ultimamente não tenho tido tempo para ler jornais.

OLIMPIO – Vou ler a manchete do jornal de hoje para você. “Três meses sem solução. Quem mandou matar o Coronel Afonso? As circunstancias levam a crer que só pode ter o coronel Venâncio Correia por motivos óbvios de disputa pelo poder”. Você sabe que não consegue enganar ninguém com esse seu cinismo. Tudo aponta para você.

VENÂNCIO – Tem provas? Porque até onde eu sei todo mundo é inocente, até que se prove. O senhor como conhecedor das leis deveria saber disso.

OLIMPIO – Você joga muito baixo.

VENÂNCIO – Delegado, com todo o respeito e admiração que eu tenho pelo senhor, acho muito desrespeitoso senhor vim em minha propriedade me acusar de algo que eu não fiz.

OLIMPIO – Eu não vou te prender porque, como você bem disse, eu não tenho provas. São apenas suposições.

VENÂNCIO – Espere um pouco.

Olímpio espera, enquanto Venâncio entra no escritório. Alguns segundos depois, ela volta com um envelope de dinheiro, entregando-o ao delegado.

VENÂNCIO – Tome e faça de conta que não aconteceu atentado, que está tudo bem com Afonso. Esqueça desse assunto!

O delegado, um pouco assustado, aceita o dinheiro. Sai, em seguida.

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CENA 13/ PALMEIRÃO DO BREJO/ EXT./ TARDE

Uma multidão se aglomera na praça.

VENÂNCIO (gritando) – A imprensa está me difamando. Isso é uma calúnia. É tudo invenção desse jornaleco desse Irineu. Todo mundo sabe que ele sempre tentou me destruir, mas não conseguiu. Não agora que ele vai.

Todos observam ele indignado com a imprensa. Irineu observa da calçada do jornal.

IRINEU (sorridente) – A isca fisgou o peixe!

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CENA 14/ FAZENDA CORREIA/ INT./ NOITE

Letreiro mostra: alguns dias depois.

Venâncio e Celso estão bebendo.

CELSO – Nessa história toda eu esqueci de uma coisa, você tem que rever o seu testamento. Afinal, você só tinha um herdeiro, mas agora, com a minha volta, tem Bernardo também.

VENÂNCIO – Você que é o pai dele. Ele é registrado em seu nome. Eu não devo nada a ele.

CELSO – Deve sim. Um pedido de desculpas.

VENÂNCIO – Você né o pai do Bernardo. Eu sou apenas um genitor.

CELSO – Coloque Bernardo em seu testamento ou eu conto para Raul de seu caso com Vera.

VENÂNCIO – Você a cada dia que se passa se torna uma pessoa mais desagradável, mas vou deixar sim para ele alguma coisa.

CELSO – Pense no que você vai deixar. E deixe também para mim. Eu que cuidei do seu filho todos esses anos. Tenho que receber uma boa herança de meu irmão pela caridade que fiz.

VENÂNCIO – Você não um ponto sem nó, hein?

CELSO – Era só isso que eu tinha para falar.

Eles se levantam e vão para SALA. Madalena, Raul, Vera, Marta estão conversando. Bernardo e Jorge brincando com Otávio e Letícia.

VENÂNCIO – O dia da despedida de Raul está se aproximando. Falta pouco mais de um mês para ele, Vera e Letícia irem para o Rio de Janeiro.

RAUL – Estou muito feliz e queria agradecer a você por nos ter proporcionado isso. Eu nunca vou esquecer o que você fez e faz por mim.

VENÂNCIO (para Raul) – Como a sua ida é próximo da data de meu aniversário, queria fazer uma festa para comemorarmos juntos. Uma festa de aniversário e uma despedida ao mesmo tempo.

RAUL – Você realmente não existe! Que nossa amizade seja eterna. (Para todos). Aqui temos uma amizade verdadeira e desde a infância. Uma mais duradoura que muitos casamentos.

Venâncio e Raul, sorridentes, se abraçam.

CENA 15/ FAZENDA VALADARES/ SALA DE ESTAR/ INT./ NOITE

Letreiro mostra: Duas semanas depois.

Fausto e Irineu estão conversando na sala.

IRINEU – Daqui a duas semanas, acontecerá o aniversário de Venâncio.

FAUSTO – Não sabia. Ele não me convidou!

IRINEU – Por motivos óbvios, mas eu tenho uma ideia. Nós vamos fazer um espetáculo à parte. A gente revela na festa o caso ente Venâncio e Vera. Nada melhor que matar dois com uma tacada. Eu tenho uma de como vou fazer. Ele me convidou para festa, por educação, mas convidou.

FAUSTO – Excelente ideia!

Corta para:

CENA 16/ FAZENDA CORREIA/ EXT.INT/ NOITE

Letreiro mostra: Dia da festa.

Os convidados entram na fazenda. Muitos casais, políticos, advogados, amigos, jornalistas. Jacinto está fazendo a segurança do local. Irineu entra. Fausto, que ficou do lado esperando um sinal de Irineu para poder entrar, foi a Jacinto. Venâncio e Raul cumprimentam a todos. A câmera adentra o interior da fazenda. Mesa farta de comida, os garçons caminham por toda a casa.

VENÂNCIO – Uma bela despedida!

RAUL – Não precisava de tudo isso.

VENANCIO – Esse é o meu presente de despedida e também do meu aniversário. Falta apenas alguns dias para a sua ida para o Rio de Janeiro. Espera um pouco que eu vou falar com o Cícero e com os outros jagunços. Não que nada atrapalhe essa festa.

Venâncio vai ao EXTERIOR falar com Jacinto. Se depara então com Fausto.

VENÂNCIO – Eu não me lembro de ter convidado você para minha festa.

FAUSTO – Não me convidou, mas eu me senti na obrigação de vir até aqui. Cansei dessa brincadeira de gato e rato. Raul e toda a sociedade palmeironense precisa saber a sua verdadeira face. Um charlatão, um bandido, um falso moralista.

Tocar o instrumental “Nova emboscada”, da novela Lado a Lado, a partir deste ponto.

VENÂNCIO – Eu sou mais esperto que você. (Aponta para Jacinto). Tenho um dos melhores atiradores da região. (P/Jacinto – ordenando/gritando). Atira nele, Cicero! Atira!

Jacinto aponta a arma na direção de Fausto. Aperta o gatilho, mas o tiro acerta uma averta que está atrás de Fausto. Jacinto voltasse para Venâncio.

FAUSTO – Esse homem que você diz que é o melhor da região é meu aliado. Jacinto é nome dele.

Jacinto sua peruca e seu bigode. Aponta a arma na direção do coronel Venâncio e aperta o gatilho, mas arma falha. Venâncio avança em Fausto, que retira uma arma da cintura. Os dois rolam no chão. Venâncio tentando pegar a arma de Fausto; este, tentando se defender. Jacinto joga a arma longe. Os outros jagunços vêm apartar a briga. Um estrondo de tiro é ouvido.

VENÂNCIO (gritando) – Ahhhhh!

Focar na expressão assustada de Venâncio. Congelamento preto e branco emoldurado como um retrato.







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