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A Razão de Amar - Capitulo 07 (Reprise)

  

A RAZÃO DE AMAR

 

Novela de João Marinho

 

Escrita por:

João Marinho

 

Personagens deste capítulo

Afonso Valadares

Branca Valadares

Eduardo Valadares

Herculano

Jacinto

Madalena Correia

Marta Correia

Olimpio Vasconcelos

Otávio Correia

Quitéria Valadares

Raul Fernandes

Vera Fernandes

Venâncio Correia

CENA 01/ FAZENDA VALADARES/ QUARTO/ INT./ MANHÃ

Continuação imediata da última cena do capítulo anterior. Afonso abre os olhos e mexe os dedos.

AFONSO (pausadamente e com muita dificuldade na fala) – Branca!

Branca não segura as lágrimas.

BRANCA – Meu amor, você está falando! Rezei tanto para que isso acontecesse.

AFONSO (pausadamente e com muita dificuldade na fala) – O que aconteceu?

BRANCA – É uma história muito longa. Você está muito debilitado para se preocupar com esse tipo de coisa.

Flashes vem à mente de Afonso. Inserir flashback da cena 01 do capítulo 02.

Coronel Afonso pausa o discurso e não consegue mais falar. Cai nos braços de Branca.

Fim do insert.

AFONSO (pausadamente) – Cadê Fausto? Eu quero falar com ele.

Branca teme em falar para o marido que Fausto morreu.

BRANCA – Meu amor, depois eu chamo ele. A sua mãe precisa te ver. Desde o dia do atentado que ela passa o dia rezando por você.

Corta para:

CENA 02/ GRUPO RODRIGUES/ ESCRITÓRIO/ INT./ MANHÃ

Irineu está escrevendo uma sugestão de pauta na máquina de escrever. Na sua mesa, diversos jornais dos dias anteriores. Ele pega um e lê.

IRINEU – “Uma rivalidade através dos séculos: Como a ferrenha disputa política entre os Correia e os Valadares modificaram o cenário político da cidade de Palmeirão do Brejo. ”. Já sei uma pauta para hoje. “Venâncio Correia: O retrato da injustiça da justiça brasileira”. A pauta de hoje de amanhã está feita.

A secretária entra no escritório.

SECRETÁRIA – Senhor, um oficial de justiça veio lhe entregar uma intimação.

IRINEU – Peça para que ele entre.

O Oficial entra e entrega a intimação a Irineu.

OFICIAL – Vim entregar essa intimação para que o senhor possa esclarecer alguns fatos envolvendo o nome do Coronel Venâncio.

IRINEU – Eu até já posso imaginar sobre o que é: Venâncio Correia.

O oficial saiu sem falar mais nada.

IRINEU – Ele acha que tem todo esse poder, que pode fazer tudo que quer, mas enquanto eu for jornalista ele não vai ter sossego. (Olha para câmera). Me aguarde, Venâncio, me aguarde que você não vai se ver livre de mim.

CENA 03/ FAZENDA VALADARES/ SALA DE JANTAR/ INT./ MANHÃ

Quitéria e Eduardo estão sentados à mesa tomando o café. Branca entra.

BRANCA – Olhem!

Os dois olham na direção da entrada da sala. Afonso aparece andando, vagarosamente, apoiado numa bengala. Quitéria se levanta emocionada. Ele vai ao filho e o abraça.

QUITÉRIA – Filho, tanto que eu rezei para que você se recuperasse!

AFONSO (pausadamente) – Mãe!

EDUARDO – Painho!

Os três se abraçam. Ele se senta à mesa. 

AFONSO (P/Branca) – Avisa para Fausto que eu quero falar com ele ainda hoje!

BRANCA – Eu não sei como falar isso, mas o Fausto não está mais entre nós.

AFONSO (com a fala arrastada) – Não estou entendendo! Como assim o Fausto não está mais entre nós?

BRANCA – Ele foi ferido com um tiro e não resistiu.

AFONSO – Não posso crer que uma coisa dessa tenha acontecido com meu irmão. (Sentiu uma pontada no peito). Ai!

BRANCA – Não sei para que eu fui dizer isso agora. Você não pode fazer esforço, Afonso! (Ela vai ao telefone e liga para Horácio). Doutor, Horácio acordou do coma e eu queria que o senhor viesse aqui para examiná-lo.

Corta para:

CENA 04/ FAZENDA CORREIA/ SALA DE ESTAR/ INT./ TARDE

Venâncio está com Raul tomando cachaça.

RAUL – Coronel, o Brasil está mudado!

VENÂNCIO – O Brasil nunca vai mudar. A cada ano nós ricos ficamos mais ricos e os pobres continuam mais pobres. Essa é a lei da sobrevivência aqui no Brasil. E eu quero que continue assim.

RAUL – Será que a Era dos Coronéis um dia vai passar?

VENÂNCIO - - Nunca. Mas a Era dos Valadares sim. Já se foi um; agora, falta o principal e o mais perigoso. Você ainda tem contato com Herculano?

RAUL – Pouco.

VENÂNCIO – Preciso falar com ele. Pedir desculpas e pedir para que ele faça um servicinho para mim.

RAUL – Vou ver ser consigo falar com ele ainda hoje.

VENÂNCIO – A família Valadares vai ter mais uma surpresinha!

Corta para:

CENA 05/ FAZENDA VALADARES/ QUARTO/ INT./ TARDE

Horácio examina Afonso. Mede sua temperatura, sua pressão.

HORÁCIO – Está tudo bem com o senhor, Afonso. Que susto que você deu! O senhor só não pode fazer esforço. Não pense nem tão cedo em voltar à política. O que o senhor sofreu foi algo muito sério. Quatro meses de coma não é fácil.

AFONSO – Eu não sei se vou aguentar muito tempo. A política é minha vida.

BRANCA – A recuperação não é assim do nada. Tem que repousar.

HORÁCIO – A sua voz está um pouco baixa e você está falando devagar porque é normal nesses primeiros dias. Afinal, o senhor passou quatro meses sem falar, sem mover. O corpo vai ter que voltar a se acostumar com a sua realidade e tudo mais

Horácio se despede dos dois.

Afonso fica pensativo. Inserir Flashback da cena 14 do capítulo 01:

O coronel, surpreso, questiona.

AFONSO – Venâncio tem uma? Não era bem essa a informação que eu queria, mas acho que acho que me vai ser útil.

Fim do insert.

AFONSO – Você não perde por esperar Venâncio.

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CENA 06/ FAZENDA CORREIA/ SALA DE ESTAR/ INT./ TARDE

Herculano entra e cumprimenta.

HERCULANO – Depois de ter me dispensado daquela forma, achei que o senhor não queria mais meus serviços.

VENÂNCIO – Me enganei, mas o que aconteceu não vem ao caso mais ao caso. Fausto sabia de um segredo meu e tinha provas. Ele morreu, mas as provas ainda estão na mansão dele. Quero que você as destrua para não correr o risco de caírem em mãos erradas.

HERCULANO – Mas o que são exatamente essas provas?

VENÂNCIO – Cartas assinadas em meu nome e no nome de Vera Fernandes.

HERCULANO – Irei fazer o que o senhor está me pedindo.

VENÂNCIO – Preciso que você faça isso ainda hoje.

Herculano confirma com a cabeça e sai. 

Corta para:

CENA 07/ PALMEIRÃO DO BREJO/ EXT./ NOITE

Tocar a música instrumental “disfarçando”, de Lado a Lado.

Planos da cidade. Casais de mãos dadas andando pelas ruas da cidade. Homens entrando no bar próximo à igreja. Casais indo à igreja. Homens indo ao bordel. Crianças correndo na praça

Corta para:

CENA 08/ FAZENDA VALADARES/ VARANDA/ EXT./ NOITE

Afonso senta-se numa cadeira de balanço ao lado da mulher fica admirando aquela noite estrelada e de lua.

A música acaba aqui.

AFONSO – Como eu estava sentindo saudade de ver uma noite assim de lua cheia.

BRANCA – Eu estava sentindo falta de conversar com você, de ouvir sua voz.

AFONSO – Mas Venâncio não pense que o que ele fez comigo não vai ter volta, porque vai. Amanhã eu quero falar com Irineu.

Jacinto se aproxima.

JACINTO – Boa noite, senhor!

AFONSO – Boa noite, Jacinto. O que você faz por aqui por essas horas?

JACINTO – Fazia algum tempo que eu tinha vindo aqui na fazenda. Decidi vim hoje. O senhor já está melhor, tomando ar. Eu queria pedir permissão para pegar o cavalo Herói. Eu irei precisar dele por uns tempos.

AFONSO – Claro! Eu dei ele de presente a você. Se não mexeram, ele deve estar no curral.

JACINTO – Obrigado, senhor. Venho avisar também que eu não vou mais trabalhar aqui na fazenda. Vou voltar para minha terra.

AFONSO – A escolha é toda sua. O mais importante você já fez para mim que foi aquilo que você descobriu dos Correia.

BRANCA – Eu não estou sabendo de nada disso, Venâncio!

AFONSO – Mas vai ficar sabendo mais dia menos dia!

Jacinto vai ao curral. Alguns minutos depois, ele volta montado no cavalo. Cavalga um pouco pela fazenda. Afonso fica admirando o jagunço cavalgar.

Corta para:

CENA 09 FAZENDA CORREIA/ INT./ NOITE

A cena começa ESCRITÓRIO.

Venâncio assina alguns papeis. A porta está entreaberta. Marta entra.

MARTA – A porta estava entreaberta, por isso entrei.

VENÂNCIO – Celso veio com você, Madalena?

MARTA – Não, eu vim sozinha. Celso foi resolver algumas coisas.

VENÂNCIO – É com você mesmo que eu queria falar. Só você pode convencer Madalena a não se separar.

MARTA – Eu acho muito engraçado você. Trai a esposa e ainda quer que ela fique presa a um casamento. Você tem que honesta com ela.

VENÂNCIO – Você não tem moral nenhuma para falar de honestidade.

MARTA – Eu vou fazer o que você está me pedindo. Mas não por você e sim por ela.

VENÂNCIO – Ela já deve estar vindo pegar as coisas dela.

MARTA – Eu a espero na sala.

Marta vai para a SALA DE ESTAR. No mesmo instante, Madalena entra apressada.

MARTA – Madalena, eu quero falar com você.

MADALENA – Eu estou apressada!

MARTA (a segura pelo braço) – Eu preciso falar com você!

Corta para:



CENA 10/ FAZENDA CORREIA/ SALA DE ESTAR/ INT./ NOITE

Continuação da última cena do bloco anterior. Marta segura Madalena pelo braço.

MADALENA – Qual é o assunto que você tem para tratar?

MARTA – Não saia desta casa, não se separe do seu marido. Estou dando um conselho como amiga.

MADALENA – Você não tem o direito de me pedir isso. A vida é minha e eu sei muito bem o que faço e o que estou fazendo com ela.

MARTA – Você só está pensando em você, na sua felicidade. (Marta aponta para Otávio, que está descendo as escadas). No seu filho você não está pensando. Pense bem antes de se precipitar e não ter mais como voltar atrás.

MADALENA (pensativa/chora) – Eu não quero abandonar meu filho, mas não quero deixar de viver com meu grande amor.

MARTA – Um amor de marido, namorado passa, mas de um filho não! Isso é um conselho que eu estou lhe dando. Você não vai poder se casar de novo porque a bigamia é crime. E o que você está fazendo é uma vingança besta para atacar Venâncio. Pense bem!

Madalena abraça o filho emocionada.

Corta:

CENA 11/ PALMEIRÃO DO BREJO/ EXT./ MANHÃ

Tocar a música “verdades e mentiras”, de Sá e guarabyra

Planos da cidade. Dia de muito sol. O carteiro entregando as correspondências e jornais nas casas. Pessoas indo à igreja. Vista aérea de toda a cidade. Pássaros voando. Plano geral da fachada da delegacia.

IRINEU (off) – Bom dia, recebi essa intimação ontem.

CENA 12/ DELEGACIA/ INT./ MANHÃ

OLIMPIO – Venâncio denunciou o senhor por calunia e difamação. O senhor não pode mais mencioná-lo em nenhum de seus artigos. Ação sujeita a multa. O juiz acatou o pedido e nós temos que seguir a lei e o que o juiz determina.

IRINEU – Mas isso é um absurdo! Isso é censura. Eu vou entrar com um processo contra ele também. Eu vou falar isso para o coronel Afonso. Ele pediu para eu ir lá hoje, que ele queria falar comigo.

OLIMPIO – Infelizmente, a nossa amizade é inerente ao caso. Espero que você entenda.

IRINEU – Infelizmente, os políticos atuam para calar seus opositores.

Irineu sai enraivado.

CENA 13/ FAZENDA VALADARES/ ESCRITÓRIO/ INT./ MANHÃ

Afonso abre o cofre e retira algumas cartas. No mesmo instante, Irineu entra.

IRINEU – Com licença, Afonso!

AFONSO – Eu precisava falar urgentemente com você.

IRINEU – Também precisava falar com o senhor.

AFONSO (entrega as cartas a Irineu) – Quero que você estas cartas no jornal de amanhã!

Focar na expressão assustada de Irineu. Congelamento preto e branco emoldurado como um retrato.

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