CAPÍTULO 39
ATENÇÃO!
A trama apresenta apenas adolescentes cheios de
espinhas, aparelho nos dentes, óculos, pele oleosa etc. Não siga o que é dito.
É tudo ficção.
Uma novela de Crisley
Personagens deste capítulo (ordem de aparição):
Chris
Caio
Sara
Danilo
André
CENA
1: SALA DE LÍDERES/ INT./ MANHÃ
Caio
fecha a porta e vai até Chris.
CHRIS
— Cê tá fechando a porta aí, safado.
CAIO
— Eu tô. A gente tem que ficar um pouquinho.
CHRIS
— Já disse que é melhor não. Vai que alguém vê e espalha pra escola? E eu tô
achando que a Karen vai espalhar também, então, sei lá.
CAIO
— Vem cá. Só um beijinho.
CHRIS
— Só um.
Eles
dão selinho, se olham e dão selinho novamente. Ali de fora, Sara chega e
olha para dentro da sala. Ela vê os dois dando selinho. Sara fica em choque.
Ela olha novamente, mas logo se retira dali. Chris e Caio param de dar
selinhos. Chris vai até a porta e olha para o lado de fora. Ele não vê ninguém
e volta até Caio.
CHRIS
— Chega, né?
CAIO
— Já? Mas por quê?
CHRIS
— Porque alguém pode acabar vendo a gente se beijando e aí já era.
CAIO
— Não ligo. A gente já tá separado mesmo.
CHRIS
— Mas eu ligo, eu já disse.
CAIO
— Disse o quê?
CHRIS
— Ué, que eu ligo. Eu ligo pros meus amigos, quero saber o que eles vão pensar,
como eles vão reagir quando eu contar. Eu que quero contar.
CAIO
— Eu também. Inclusive vou contar pra minha irmã e pro meu pai assim que eu
tiver uma oportunidade. Deu uma brecha, eu vou contar.
CHRIS
— Eu vou contar pra minha mãe também. Não sei como ela vai reagir, mas vou
contar. Tomara que ela fique de boa, porque não quero ter que brigar por você.
CAIO
— (sorrindo) Você brigaria por mim?
CHRIS
— (com vergonha) Eu... Eu não quis dizer isso. Eu quis dizer que... Sim! Eu
brigaria por você. Tá satisfeito?
CAIO
— Tô. Quer dizer, mais ou menos.
CHRIS
— Mais ou menos por quê?
CAIO
— Porque eu quero mais um beijo. Pode ser?
CHRIS
— Não. Vou sair. Quero mais beijo não.
CAIO
— Só mais um.
CHRIS
— Sai daqui, beijoqueiro! Vaza, vaza, vaza!
Chris
sai correndo da sala. Caio ri. Ele fecha a porta. Logo em seguida a porta se
abre.
CAIO
— Voltou já? (se vira e para de rir ao ver Sara) Sara. Oi.
SARA
— Oi. Eu tô atrapalhando?
CAIO
— Não, não. Pode entrar, ué.
SARA
— Ok. (senta-se) A gente pode conversar?
CAIO
— Claro. Pode falar. Aconteceu alguma coisa? (senta-se)
SARA
— Eu vi o Chris saindo daqui e vi o momento certo pra conversar com você. Na
verdade, eu já queria conversar antes, mas agora mais ainda.
CAIO
— Tá me assustando. É sobre o quê?
SARA
— Cê sabe sobre o que é.
CAIO
— Depende. São muitos assuntos. Fala o que é.
SARA
— Caio, seja sincero comigo, por favor.
CAIO
— Fala, Sara.
SARA
— Você e o Chris são o quê?
CAIO
— Como assim? Do que cê tá falando?
SARA
— Vocês são amigos, irmãos, brothers, namorados...?
CAIO
— (fica nervoso) Amigos, ué.
SARA
— Eu pedi sinceridade. Cê disse que eu poderia ser uma amiga sua e eu quero a
sua sinceridade.
CAIO
— Você quer que eu fale o quê? Pode falar que eu falo.
SARA
— Eu não quero colocar um roteiro na sua mão. Quero só que você fale o que você
e o Chris são. Só isso.
CAIO
— E eu já disse: Amigos! Ponto!
SARA
— (se levanta) Não são amigos! Vocês não são amigos, Caio. A Karen foi até lá
me contar...//
CAIO
— (se levanta) Mas não é pra ligar pro que a Karen fala. Ela mudou a chave, não
faz mais sentido colocar ela em todo assunto.
SARA
— Mas ela foi lá onde eu tava pra fazer fofoquinha, deixar uma coisa no ar. Ela
foi até mim e fez com que eu viesse aqui e visse o que eu precisava ver.
CAIO
— Eu não acredito que você acreditou mesmo nela, Sara. Ela fez o diabo esses
últimos dias e você tá caindo na dela!
SARA
— Eu sei, eu sei. Eu duvidei de cada palavra que saiu daquela boca dela. Mas eu
vim até aqui pra conversar. Quando eu cruzei aquele corredor, eu não acreditei
no que eu vi.
CAIO
— E o que você viu?
SARA
— Cê quer mesmo que eu responda, Caio?
CAIO
— Eu quero!
SARA
— Quer mesmo? Você quer que eu fale o que você tava fazendo com o Chris aqui na
sala?
CAIO
— (fica nervoso) Eu só... É que... (t)
SARA
— Não precisa continuar. Já sei o que vocês são. Cês tão juntos. Foi por isso
que cê terminou comigo. Foi por isso que o Chris não quis ficar com a Maria.
Mas eu te pergunto, Caio: Foi por minha causa que você quis ficar com o Chris?
CAIO
— Não. É claro que não.
SARA
— Então por que foi que você terminou comigo pra ficar com ele?
CAIO
— É que... (t) Sara, eu gostava mesmo de você. Mas daí apareceu o Chris. Eu não
soube o que fazer. Eu não podia te trair. Eu não podia fazer isso com uma
pessoa que eu sempre gostei, sempre admirei.
SARA
— (começa a chorar) Mas foi, Caio. Você terminou comigo e foi ficar com o
Chris. Caio, me responde, sinceramente. Cê tava ficando com o Chris enquanto
tava comigo?
CAIO
— Não. Quer dizer, a gente se beijou uma vez, mas logo eu disse pra ele que
precisava resolver tudo com você antes e ele com a Maria. A gente não queria
fazer isso com vocês porque a gente gosta muito de vocês duas.
SARA
— É bom saber. Eu sei que eu disse que um tava frio com o outro em relação a
namoro, tanto que eu prefiro muito mais ser sua amiga, mas eu, realmente, Caio,
não esperava isso vindo de uma pessoa como você.
CAIO
— Desculpa, Sara.
SARA
— Não precisa se desculpar. Eu no seu lugar faria a mesma coisa. (enxuga as
lágrimas) E é por isso que eu apoio vocês.
CAIO
— (surpreso) O quê?
SARA
— É isso mesmo. Eu apoio vocês. Não vai ser uma, duas, três Karens que vai
fazer eu te odiar só por você ter escolhido outra pessoa a mim. Eu apoio e eu
vou falar isso pro Chris também.
CAIO
— É sério?
SARA
— Sério. Mas quando vocês vão contar que tão juntos?
CAIO
— Não sei. A gente tem um pouco de medo. A gente vai contar primeiro pros
nossos pais e depois a gente vê o que faz.
SARA
— Ok. Posso te dar um abraço?
CAIO
— Claro que pode.
Caio
e Sara se abraçam. Eles se emocionam. Sara o olha e sai da sala.
Corta
para:
CENA
2: CASA DE ANDRÉ/ QUARTO/ INT./ TARDE
Entardece. André e
Danilo entram ali no quarto. Eles jogam as mochilas na cama. Danilo senta-se na
cadeira e André na cama.
ANDRÉ
— Seu pai ou sua mãe sabe que cê tá aqui?
DANILO
— Não. Ninguém liga muito que eu vá direto da escola pra outro canto.
ANDRÉ
— Ah. Então, bora comer e depois estudar?
DANILO
— Não tô com muita fome.
ANDRÉ
— Nem eu. Então bora estudar.
DANILO
— (um pouco nervoso) André...
ANDRÉ
— Hum?
DANILO
— Eu fiquei sem jeito de vir até aqui, ainda mais que sua mãe não tá.
ANDRÉ
— Não tem problema.
DANILO
— Eu não vim pra estudar. É isso.
ANDRÉ
— Então... Veio aqui pra quê?
DANILO
— Eu tenho que contar uma coisa pra você, mas, sei lá, só não sai. Não consigo.
ANDRÉ
— Parece que você quer me contar alguma coisa tem um século. Fala logo de uma
vez o que é.
DANILO
— É que eu fico ansioso, não consigo falar, eu me atrapalho todo e acabo não
falando nada.
ANDRÉ
— Mas cê tem que falar, senão eu fico perdido.
DANILO
— Mas eu não consigo.
ANDRÉ
— Mas se você quer falar, então fala logo de uma vez. É sobre o quê?
DANILO
— É sobre... (t) É sobre nós.
ANDRÉ
— Cê não quer mais estudar, né? Eu sabia! A diretora tinha te obrigado daquela
vez, mas agora você já não precisa mais, até porque eu já tô na escola há um
tempo...//
DANILO
— Não é nada disso.
ANDRÉ
— Ah. Que bom! Porque eu gosto muito de estudar com você.
DANILO
— Eu também gosto de estudar com você. Mas é bem mais complexo.
ANDRÉ
— Fala, Danilo. Tá me deixando ansioso.
DANILO
— (se levanta) É que... (t) André, desde que a gente começou a estudar juntos,
eu fico com uma coisa martelando aqui na minha cabeça. Eu não sei por que
começou isso, mas começou. E eu vou te contar o que é porque eu já não aguento
mais ficar com isso preso.
ANDRÉ
— Então fala!
DANILO
— André, eu gosto de você.
ANDRÉ
— Você... Você gosta de mim?
DANILO
— Sim. E eu gosto de você de um jeito que eu quero ficar com você o tempo todo.
Eu arrumo desculpa pra sair até do futebol, que tá se aproximando, pra ficar
perto de você. Eu fico olhando as conversas no aplicativo e fico rindo sozinho
porque eu sei que você vai tar ali pra mim depois. (se aproxima de André)
André, eu gosto muito de você.
André
fica sem reação.
FIM DO CAPÍTULO
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