Capítulo 26
A RAZÃO DE AMAR
Novela de João Marinho
Personagens deste capítulo
Afonso Valadares Cecília Valadares
Branca Valadares Eduardo Correia
Celso Correia
Jorge Correia.
Vilma Duarte
Marta Correia Horácio Duarte
Olímpio Vasconcelos. Jorge Correia
Radialista Modista
CENA 01/ PALMEIRÃO DO BREJO/ EXT./ MANHÃ
Continuação imediata da última cena do capítulo anterior. Cecília se levanta, mas acaba se desequilibrando do barco e cai no rio.
CECÍLIA (Gritando) – Socorro! Socorro!
A água vai a levando.
OTÁVIO – Cecília! Cecília!
Otávio, desesperado, pula no rio. Ele tenta alcançar a amada, mas não consegue. A perde de vista. A correnteza do rio fica cada vez mais forte, o filho de Horácio se segura numa pedra, onde sobe e se senta. Leva as mãos ao rosto, em meio ao desespero que sentira.
OTÁVIO – Volta, Cecília! Não me deixa aqui sozinho. Eu preciso de você (Gritando). Volta, Cecília! (Chorando). Não faz isso comigo!
Corta para:
CENA 02/ FAZENDA CORREIA/ SALA DE JANTAR/ INT./ MANHÃ
Afonso e Branca se sentam à mesa, que está posta e farta de comida. Eles se servem, enquanto a empregada termina de colocar alguns talheres à mesa.
BRANCA – A casa está cada vez mais ficando vazia. Os nossos filhos já não são mais aquelas crianças sapecas que corriam pela fazenda e que não faziam nada, além de brincar.
AFONSO – Os nossos filhos são joias raras. Escolheram bem os seus pretendentes. Cada um já está com seu destino traçado. Eduardo com Olga e Cecília com Otávio.
BRANCA – Os nossos filhos merecem tudo o que estão conquistando seus sonhos. (Sente uma pontada no peito). Ai! De repente me veio uma pontada no peito. Uma pontada muito forte. Cecília está onde?
AFONSO – Ela saiu com Otávio. Foram passear de barco.
BRANCA – Estou sentindo uma coisa muito estranha. Nunca senti nada disso antes.
AFONSO – Você quer subir para o quarto.
BRANCA – Sim, eu não estou me sentindo bem.
Afonso ajuda Branca a subir para o quarto.
Corta para:
CENA 03/ PALMEIRÃO DO BREJO/ EXT./ MANHÃ
Carcará e Elias chegam próximo ao rio. Eles se sentam numa pedra. Em seguida, Elias pega uma vara de pescar.
CARCARÁ – Eu não sei pescar muito. Meu pai sabia mais.
ELIAS – Eu sei pescar um pouco. Mas esse rio tem tido pouco peixe.
Carcará vê um corpo boiando no rio.
CARCARÁ – O que é aquilo? (Percebe que é uma pessoa). É uma moça!
Carcará pula no rio para tentar salvar a moça. O rio já está mais calmo. Então, Carcará consegue chegar até a moça, percebendo que está desacordada. Ele a põe no braço e volta para a pedra. Ele coloca ela deitada no chão.
ELIAS – Está morta?
CARCARÁ – Só está desacordada! (Faz respiração boca a boca nela).
Corta para:
CENA 04/ CÉU/ PARAÍSO/ INT./ MANHÃ
Cecília vê passando em sua mente imagens da sua vida. Em seguida, ela vê muitas pessoas de branco. Se olha e vê que está de branco também. Ela anda sem saber como foi parar ali.
CECÍLIA (Intrigada) – Onde eu estou? Como eu vim parar aqui?
Joaquim e Quitéria se aproximam.
JOAQUIM – Você ainda não cumpriu sua missão.
CECÍLIA – Que missão? Eu morri?
QUITÉRIA – Não, minha neta! Você está ganhando uma nova chance de viver.
JOAQUIM – Volte e proteja seu pai de todo o mal.
CECÍLIA (Emocionada) – Por que eu não posso ficar? É tão bonito aqui. Tão tranquilo. É uma sensação tão agradável.
QUITÉRIA – Não chegou sua hora, minha neta!
Cecília sente uma coisa a puxando para o túnel.
Corta para:
CENA 05/ PALMEIRÃO DO BREJO/ EXT./ MANHÃ
Carcará tenta mais uma vez fazer respiração boca a boca em Cecília, mas ela não responde.
ELIAS – Acho que ela está morta!
Cecília recobra a consciência e começa a tossir água.
CECILIA (P/Carcará e Elias) – Quem são vocês?
CARCARÁ – Encontramos você boiando aqui no rio.
CECÍLIA – Cadê meu namorado?
CARCARÁ – Eu só vi você. Como é você?
CECÍLIA – Cecília Gomes Valadares.
ELIAS (Interrompe) – Você é família do Coronel Afonso?
CECÍLIA (Tossindo) – Sim.
ELIAS – Imaginei, pelo sobrenome. Não o conheço pessoalmente, mas sei que é o homem mais poderoso da cidade.
Corta para: Otávio, que sentado em cima da pedra, chora muito.
OTÁVIO (olhando para o céu) – Deus, me ajuda a achar Cecília. Eu não posso perder ela logo agora que estávamos tão contentes.
Corta para:
CENA 06/ MANSÃO DA FAMÍLIA DUARTE/ SALA DE ESTAR/ INT./ MANHÃ
Vilma está sentada no sofá lendo um pouco. O telefone toca duas vezes. Ela então atende.
VILMA – Alô?
BRANCA (off) – Vilma, Otávio e Cecília estão aí?
VILMA – Não, eles não disseram a vocês que iam passear de barca?
BRANCA (off) – Disseram, mas eu estou com pressentimento ruim.
VILMA – Eu vou ver se consigo localizá-los.
O mordomo entrega um buquê de flores para Vilma, que lê um bilhete que está contido nele.
VILMA (Lendo) – “De Lola” (Vê uma marca de beijo).
Focar na expressão intrigada
Corta para:
CENA 07/ MANSÃO DA FAMÍLIA DUARTE/ SALA DE ESTAR/ INT./ MANHÃ
Continuação da última cena do bloco anterior. Vilma fica intrigada com aquele buquê.
VILMA – Quem é Lola? Para quem é esse buquê? Não interessa.
Ele amassa o buquê e pede para que o mordomo o jogue no lixo. Em seguida, ela se senta no sofá, preocupada com Cecília e Otávio.
Corta para:
CENA 08/ FAZENDA VALADARES/ SALA DE ESTAR/ INT./ TARDE
Afonso e Branca estão preocupados na sala, com a falta de notícias de Cecília e Otávio. De repente, Otávio entra desesperado e todo molhado.
BRANCA (P/Otávio/ Desesperada) – Cadê Cecília? O que aconteceu?
OTÁVIO – Estamos passeando de barco quando ela se desequilibrou e caiu no rio. Depois disso, eu não vi mais. (Chorando). Estou desesperando! Não posso perder Cecília.
BRANCA (Chorando) – Eu sabia que tinha acontecido alguma coisa. Meu instinto de mãe não erra.
AFONSO – Eu vou acionar a polícia, vou pedir para que os rádios divulguem. (P/Branca). Vai ficar tudo bem, minha amada.
Eles se abraçam.
OTÁVIO – Eu vou para casa tomar um banho.
Otávio conforta seus sogros com um abraço.
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CENA 09/ MANSÃO DA FAMÍLIA DUARTE/ SALA DE ESTAR/ INT./ TARDE
Vilma anda de um lado para o outro na sala. Otávio entra.
VILMA (Nervosa) – Por que demorou tanto, meu filho?
OTÁVIO (Chorando) – Aconteceu algo horrível! Cecília está desaparecida.
VILMA (Triste) – Nossa, que tristeza! Branca me ligou dizendo que estava pressentindo algo ruim.
OTÁVIO – Afonso disse que ia chamar a polícia e ia divulgar em todos os jornais. Ela caiu do barco e afundou no rio.
VILMA – Nossa, que triste. Vou rezar muito para que ela seja encontrada. Já passei por uma tragédia envolvendo e foi horrível.
OTÁVIO – Se Deus quiser, ela vai ser encontrada!
Vilma e Otávio se abraçam.
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CENA 10/ PENSÃO DO ELIAS/ SALA DE ESTAR/ INT./ TARDE
Cecília sai do banheiro. Elias e Carcará a recepcionam.
ELIAS – Aqui é tudo simples, mas é de bom coração. Nós temos suco, bolo. Se quiser sentar para comer, fique à vontade. Eu sei que você cresceu comendo do bom e do melhor, mas aqui é tudo algazarra mesmo. Falamos um por cima do outro...
CECÍLIA – Eu não me importo muito com isso. Vou tomar um pouco de suco. Estou sem comer desde manhã. (P/Elias). Eu ainda não sei seu nome.
ELIAS – Meu nome é Elia.
CARCARÁ – E o meu nome é José Jacinto, mas pode me chamar de Carcará.
Começa a tocar a música “Deusa da minha rua”.
CECÍLIA (P/Carcará) – Eu acho que te conheço.
CARCARÁ (P/Cecília) – E você não me é estranha mesmo não. Acho que você estava com Olga no dia que esbarrei nela.
CECÍLIA (Sorridente) – Muito obrigada por ter me salvado. Eu quase morri.
CARCARÁ – Eu estou muito feliz por você está bem.
Eles se abraçam. O rádio informa.
RADIALISTA – Encontra-se desaparecida Cecília Gomes Valadares, filha do Coronrl. Ela estava em um barco com o namorado.
A música para por aqui.
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CENA 11/ PALMEIRÃO DO BREJO/ EXT/ TARDE.NOITE
Os policiais e alguns pescadores navegam pelo rio à procura de Cecília.
POLICIAL 1 (P/Pescador) – Procure algum vestígio de roupa dela em alguma pedra.
Está anoitecendo e eles continuam a procurar a filha do Coronel.
Corta para:
CENA 12/ FAZENDA VALADARES/ SALA DE ESTAR/ INT./ NOITE
Afonso, Branca, Olimpio, Horácio, Vilma, Débora, Tereza e Otávio estão apreensivos e esperando por notícias de Cecília. De repente, a porta da fazenda se abre e ela entra com Carcará.
CECÍLIA – Estou bem!
Focar na expressão de alegria de todos.
Congelamento preto e branco emoldurado como um retrato.
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