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A Razão de Amar - Capítulo 39 (Reprise)

  

 Capítulo 39

A RAZÃO DE AMAR

 

Novela de João Marinho

 

Escrita por:

João Marinho

 

Personagens deste capítulo

    Otavio Duarte                                                                                  Atendente               

Celso Correia                                          Lola

Jorge Correia.                                         Afonso Valadares

Madalena Correia.                                    Miro                        

Marta Correia                                           Carmen

Olímpio Vasconcelos.                              Pablo

Radialista.                                                

Letícia Fernandes

Cecília Valadares

José Jacinto – Carcará

Débora Valadares

 

 

 

 

 

CENA 01/ PALMEIRÃO DO BREJO/ ESTRADA/ EXT./ MANHÃ

Continuação da última cena do capítulo anterior. Guilherme vê o corpo carbonizado e um documento próximo a ele. Apesar de estar um pouco queimado, dá para identificar o nome no documento.

GUILHERME – José Jacinto Vieira.

Os policiais analisam o documento e confirmam.

POLICIAL 1 – É ele mesmo!

GUILHERME – Morreu carbonizado! Que acidente horrível.

POLICIAL – O que fazemos com esses entulhos e com esse corpo?

GUILHERME – Eu vou ver o que eu faço com tudo isso!

Guilherme fica pensativo.

Corta para:

CENA 02/ VILA DOS CIGANOS/ CASA DE MIRO/ COZINHA/ INT./ MANHÃ

Carcará está tomando café. Sentada também à mesa, Carmem está mexendo na borra do café. Ele fica curioso e fica encantado com o que ela está fazendo.

CARCARÁ – O que a senhora está fazendo?

CARMEM – Estou lendo o futuro o futuro através da borra do café. Tradições antigas de meu povo.

CARCARÁ – E como você está vendo o futuro.

CARMEM – O futuro reserva muitos avanços, mas também muitas guerras, muitas doenças.

Neste instante, Miro entra fazendo malabarismo com três bolas.

MIRO (P/Carcará) – Sabe fazer malabarismo, Carcará?

CARCARÁ – Não sei nem para onde vai!

MIRO – Foi uma das primeiras coisas que eu aprendi com os meus pais. Hoje, eles já não estão mais vivos, mas deixaram de herança o circo, que é simples, mas traz muitas alegrias.

Carcará se levanta e pega. Miro começa a ensinar Carcará a fazer malabarismo.

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CENA 03/ FAZENDA VALADARES QUARTO DE CICÍLIA/ INT./ MANHÃ

Cecília olha o céu azul pela janela do quarto. Ela está muito sorridente. Em seguida, se senta na cama e lê um pouco um livro. Neste instante, Branca entra.

BRANCA – O Otávio já está lá em baixo.

CECÍLIA – Ah, mãe, eu sou a pessoa mais feliz do mundo. O Otávio tem sido tão atencioso comigo ultimamente.

BRANCA – Era ciúmes. Infelizmente, ele não estava sabendo lidar com isso.

CECÍLIA – Eu estou muito feliz..., mas as vezes eu fico me questionando se essa mudança dele é verdadeira ou se é apenas uma estratégia para se reaproxima de mim. Prefiro acreditar que ele mudou porque refletiu os erros.

BRANCA – Eu vejo a mudança como verdadeira. Mas isso já nem importa mais, já que o Carcará se mostrou um assassino muito cruel.

CECÍLIA (Pensativa) – Onde será que ela está?

BRANCA – Que esse rapaz seja achado logo e que volte para a cadeia!

Em seguida, elas saem do quarto.

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CENA 04/ FAZENDA VALADARES/ SALA DE JANTAR/ INT. / MANHÃ

Estão na sala de jantar, Afonso, Otávio e Eduardo. O filho de Horácio anda de um lado para o outro preocupado.

AFONSO (Interrompe) – Carcará ainda não foi encontrado!

EDUARDO – É inadmissível um assassino como ele ficar solto por aí!

OTÁVIO (Pensativo) – Vocês acham que esse incêndio foi criminoso?

EDUARDO – Pode ser que sim, mas não sei. Deve ter sido algum curto circuito.

Neste instante, Cecília e Branca entram na sala de jantar. Cecília e Otávio se beijam. Todos se sentam à mesa.

CECÍLIA (P/Otávio) – Achei que você fosse para o hospital hoje.

OTÁVIO – E vou, mas vou mais tarde. Preciso resolver algumas coisas antes de ir para o Hospital. (Mudando de assunto). Hoje, a gente poderia sair à noite. Assistir uma peça de teatro. O hospital tem sido tão estressante.

CECÍLIA – Você devia deixar de lado mais o hospital.

EDUARDO – ultimamente, está um surto de tuberculose e outras doenças no hospital.

CECÍLIA – Eu que não queria trabalhar em um hospital. Admiro muito os médicos, enfermeiros e todos que trabalham para salvar vidas.

EDUARDO – A justiça e a saúde são dois dos pilares de um bom governo.

CECÍLIA – A Educação. Eu sou formada para ensinar e sei muito bem a importância que a educação tem nas vidas das pessoas.

OTÁVIO (Mudando de assunto) – A conversa está boa, mas eu tenho que ir. Vim dá um abraço e um beijo na minha namorada. Preciso resolver alguns problemas do hospital.

Otávio se levanta e dá um beijo em Cecília. Em seguida, Otávio sai.

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CENA 05/ MANSÃO DA FAMÍLIA FERNANDES/ QUARTO DE RAUL/ INT./ MANHÃ

Raul está desenhando e pintando alguns quadros. Letícia entra com um pouco de café. Ele se senta ao lado do pai.

LETÍCIA – O senhor vai continuar se escondendo da polícia? O senhor ainda está devendo à justiça. Quase matou um dos membros de uma das famílias mais importantes da região.

RAUL – Eu não vou voltar à prisão. Não fiz nada de errado. Aquele rapaz te enganou e eu só dei um recado. Eu não matei ninguém. Aquele filho da puta ainda está vivo. Devia ter morrido e ido para o inferno!

LETÍCIA – A polícia vai vim aqui em casa mais dias, menos dias. A delegacia foi queimada, mas eles estão transferindo alguns presos para outras delegacias.

RAUL – Eu fujo, mas não irei mais ser preso.

Neste instante, Zilda entra. Ela está um pouco preocupada.

ZILDA (P/Letícia) – O Raul é muito frio. Está foragido e está com toda essa tranquilidade. Nem parece que está defendo a justiça. (P/Raul). Eu só não te denuncio por amor a Letícia. Ela já sofreu demais para ver o pai sendo preso mais uma vez. Mas você nunca me enganou. Passaram-se quase 30 anos da morte de Vera, e o senhor não aprendeu com nada. Parece que foi pouco os 20 anos que você ficou preso. É.... difícil essa situação. (Exaltada). Às vezes eu acho que você não é louco, mas se faz para sair como vítima das situações.

LETÍCIA (P/Zilda) – Calma! Não precisa agir dessa forma. (P/Raul). A Zilda está falando isso no calor do momento.

ZILDA (P/Raul) – Eu não falo mais nada nessa casa.

Zilda sai. Letícia e Raul se entreolham.

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CENA 06/ FAZENDA CORREIA/ QUARTO DE JORGE/ INT. / MANHÃ

Jorge lê alguns documentos. Neste instante, Lola entra e o abraça.

LOLA – Você nem se recuperou direito e já está trabalhando. Você não me dá carinho, mal me beija.

JORGE – Você sabe muito bem que eu só estou com você por causa desse filho.

LOLA – Você me prometeu o mundo, mas só me deu raiva até agora. Não me dá um beijo. Aquela Letícia te enfeitiçou mesmo. Nem a facada que o pai dela deu parece ter te colocado juízo na cabeça.

JORGE – Você não entende de amor, de sentimentos. Sempre ganhou dinheiro para se relacionar com outros homens. Já é uma mulher feita. Você não sabe o quanto isso me dói.

LOLA – Eu te amo! Eu sou uma mulher feita, mas não sou filha de um assassino.

Lola surpreende Jorge com um beijo. O filho de Celso se deixa envolver por todo o amor

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CENA 07/ FAZENDA CORREIA/ ESCRITÓRIO/ INT./ MANHÃ

Coronel Celso Correia lê um pouco o jornal, enquanto bebe um pouco de café. Ele está um pouco pensativo. Na vitrola, está tocando a música “Eponina”, de Ernesto Nazareh. Ele olha para a correspondência.

CELSO (P/Marta) – Estou pensando nessa proposta ainda. Será que eu devo aceitar? Mas primeiro terei uma reunião com os proprietários dessa empresa.

MARTA – A gente tem que que analisar tudo. Os ganhos, as perdas. Essa sociedade pode ser boa para eles, mas não para nós.

Neste instante, Jorge entra com uma carta em mãos.

JORGE (P/Celso) – Encontrei essa carta na entrada da sala. É daquela mesma empresa.

Celso abre a carta.

CELSO – “Sr. Celso Correia, estarei indo à sua propriedade em dois dias para firmarmos um acordo para a nossa sociedade. Estarei levando alguns documentos para que o nosso acordo seja o mais transparente possível”. (P/Jorge). O proprietário vem na fazenda ainda essa semana para nós conversamos sobre esse acordo.

JORGE – O senhor tem interesse em fazer essa sociedade?

CELSO – Vai depender da nossa conversa, meu filho! Não é uma negociação tão simples como se parece.

MARTA (Interrompe) – Mexer com dinheiro é coisa séria, meu filho. Qualquer deslize, os negócios da família estão indo à falência, caso os acordos sejam malsucedidos.

Jorge confirma com a cabeça.

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CENA 08/ PALMEIRÃO DO BREJO/ RUAS DA CIDADE/ INT./ TARDE

Tocar a música “Maracatu Atômico”, de Nação de Zumbi. A tarde na cidade está muito tranquila. Mulheres entrando na modista. Casais entrando na igreja.  Homem vendendo flores na praça. Pessoas andando e conversando nas calçadas. Carros passando nas ruas.

A música acaba por aqui.

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CENA 09/ FAZENDA VALADARES/ SALA DE ESTAR/ INT./ TARDE

O delegado Guilherme e três policiais entram na fazenda. Neste instante, Afonso está na sala. O delegado está um pouco nervoso. O patriarca da família Valadares não hesita em questionar.

AFONSO – Descobriram alguma coisa?

GUILHERME – Nós vasculhamos tudo na cidade e fora dela e encontramos uma viatura da polícia em uma ribanceira toda destruída e queimada.

Inserir Flashback da cena 1 do capítulo 39:

Guilherme vê o corpo carbonizado e um documento próximo a ele. Apesar de estar um pouco queimado, dá para identificar o nome no documento.

GUILHERME – José Jacinto Vieira.

Os policiais analisam o documento e confirmam.

POLICIAL 1 – É ele mesmo!

Fim do insert.

GUILHERME – O Carcará está morto.

Neste instante, Cecília entra na sala e escuta o que o delegado acabara de dizer.

CECÍLIA – O carcará está morto?

Focar na expressão de surpresa de Cecília.

Corta para:

CENA 10/ FAZENDA VALADARES/ SALA DE ESTAR/ INT./ TARDE

Continuação imediata da última do bloco anterior. Cecília está incrédula com o que acabara de escutar.

CECÍLIA – Morto?

GUILHERME – Sim, nós encontramos o documento dele no local.

Guilherme entrega o documento de Carcará a Cecília, que olha ainda sem acreditar. Ele sobe ao quarto em silêncio. Afonso percebe que ela subiu muito mexida com a notícia.

AFONSO (P/Guilherme) – Como foi isso?

GUILHERME – Não se sabe as causas do acidente, mas foi muito feio. O carro ficou muito destruído e o corpo irreconhecível.

AFONSO – Infelizmente, ele teve o que mereceu.

O delegado e os policiais saem em seguida.

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CENA 11/ FAZENDA VALADARES/ QUARTO DE CECÍLIA/ INT./ TARDE 

Cecília entra no quarto muito abalada. Começa a se lembrar dos momentos felizes com Carcará. Tocar a música “Deusa da minha rua”, do filme “Lisbela e o prisioneiro”.

Inserir Flashback da cena 08 do capítulo 34:

Cecília e Carcará se beijam e se abraçam.

CECÍLIA – Sonhei com você essa noite!

CARCARÁ – No dia que você quase se afogou, eu sonhei com um afogamento. Talvez, seja que o nosso destino está interligado.

CECÍLIA – Vamos viver muitos momentos juntos ainda.

Eles se abraçam e se beijam novamente e continuam conversando.

CARCARÁ – Nós poderíamos sair hoje à noite. Aceita sair comigo hoje à noite?

CECÍLIA – Claro! É a primeira vez que você me chama para sair.

CARCARÁ – Para tudo se tem uma primeira vez. E você é muito bonita, muito boa e vou te fazer feliz.

Fim do Insert.

A música deixa de ser tocada neste ponto.

Cecília anda pelo quarto olhando o documento de Carcará. Neste instante, Branca entra e percebe a filha está muito triste.

BRANCA – Você ainda amava ele, não é, minha filha?

CECÍLIA – Quando eu soube da notícia, me veio uma angustia. Uma sensação de tristeza.

Eles se abraçam. Cecília chora muito.

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CENA 12/ MANSÃO DA FAMÍLIA FERNANDES/ SALA DE ESTAR/ INT./ TARDE

Mauro, o advogado de Raul, está conversando, sentado no sofá, com Letícia, Zilda e Raul.

MAURO – Eu aconselho, meu amigo, que você se entregue. Nós estudamos juntos, conhecemos muito das leis. Você já foi preso, mas já cumpriu a pena toda. Achou pouco e agora se envolveu em outro crime. Tentativa de homicídio. Isso é muito grave. A polícia vai bater e não vai demorar muito.

RAUL (P/Mauro) – Eu não suporto traição e injustiça!

MAURO – Não se combate traição e injustiça com violência. Para isso, existe a lei.

LETÍCIA – O meu pai sempre foi assim. Não consegue dialogar. Parte logo para a violência.

MAURO – Vai ficar difícil te defender.

Neste instante, alguém bate na porta. Letícia abre e se depara com o delegado Guilherme e três policias.

GUILHERME (P/Raul) – O juiz decretou que, por motivos de força maior, ocasionada pelo incêndio na delegacia, você ficará em prisão domiciliar, não podendo ter acesso a quaisquer meios de comunicação. Nem ao telefone, nem ao rádio e, claro, não pode sair de casa, além de que só pode ter contato com as pessoas de sua família e o advogado.

Raul fica surpreso, mas ao mesmo tempo fica feliz com a notícia de que ficará em casa.

Corta para:

CENA 13/ PALMEIRÃO DO BREJO/ RUAS DA CIDADE/ INT./ NOITE

Tocar a música “Carcará”, de Otto. Planos da cidade. Mostrar homens entrando no bordel. Casais entrando na igreja. Pessoas conversando na praça. Crianças brincando de bola de gude, amarelinha e jogando bola. Homem passando nas casas vendendo balão. Repentista cantarolando em frente à igreja.

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CENA 14/ MANSÃO DA FAMÍLIA DUARTE/ SALA DE ESTAR/ INT./ NOITE

No instante que Otávio e Eduardo entram em casa, Horácio está ao telefone. O patriarca da família Duarte está visivelmente surpreso com o que ouvira na ligação. Otávio não hesita em questionar.

OTÁVIO – O que foi que aconteceu, pai?

HORÁCIO – O Carcará morreu em um acidente de carro.

Otávio abre um sorriso.

OTÁVIO – Como foi isso?

HORÁCIO – Eu não sei direito a história, mas parece que o carro em que ele estava foi encontrado carbonizado em uma ribanceira e também foi um corpo carbonizado.

OTÁVIO – Isso foi pouco perto do que ele fez com a minha irmã. Mas agora ele já deve estar no queimando no inferno.

EDUARDO (Interrompe) – Ele teve a morte que mereceu. O próprio demônio deve ter vindo pegar ele.

OTÁVIO – Agora, eu vou sair com Cecília. Eu ia no teatro, mas vou fazer melhor. Vou leva-la ao restaurante. Vou fazer uma surpresa para ela.

Eduardo sobe para o quarto, enquanto Otávio sai.

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CENA 15/ VILA DOS CIGANOS/ CASA DE MIRO/ SALA/ INT./ NOITE 

Tocar a música “Entry the Gladiators”. Miro, Carmem, Pablo e Carcará fazem malabarismo na sala. Em dançam e brincam. Miro está fantasiado de palhaço. Carmem segura em suas mãos uma roupa preta e uma máscara. Ela entrega a roupa para Carcará.

CARMEM – Você irá se fantasiar de o mascarado. Eu vou te ensinar algumas mágicas bem simples. Você fará as mágicas dos espetáculos.

CARCARÁ – Desde que eu saí da casa da minha mãe, é a primeira vez que eu estou sendo bem acolhido. Eu gosto muito de espetáculo circense, de palhaço.

CARMEM – Eu senti que você é uma pessoa muito alegre, mas ao mesmo tempo muito sofrida.

Eles se abraçam.

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CENA 16/ HOTEL CASSINO/ RESTAURANTE/ INT./ NOITE

Cecília e Otávio entram de mãos dadas e se sentam em uma mesa. Está tocando a música “Eponina”, de Ernesto Nazareh. O garçom vem à mesa e anota os pedidos deles. Em seguida, Otávio tira uma caixa do bolso. De dentro da caixinha, ele retira um anel.

OTÁVIO – Cecília, aceita se casar comigo?

Ele fica alguns segundos em silêncio.

Focar na expressão de surpresa de Cecília.

Congelamento preto e branco emoldurado como um retrato.

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