A MENINA NA PORTA
webnovela criada e escrita por Jonny Nascimento
Capítulo 07
Camila, uma delegada, chega na casa de Vera e Patrício para entender o que está acontecendo e quem é a criança que apareceu de surpresa na porta do casal.
GABRIELE (com medo) - Vocês vão me mandar de volta pra casa da minha mãe?
VERA - Fica calma, a gente só quer que a delegada ajude a gente a tomar uma decisão correta, não cometer um crime.
CAMILA - Exatamente, ninguém vai te levar de volta pra lugar nenhum, pequena. A titia aqui só veio entender o que tá acontecendo.
GABRIELE - O que aconteceu, moça, é que a minha madrasta tentou me matar. Ela me batia direto, e minha mãe nunca me defendeu, sempre ficou do lado dela.
CAMILA - Como se chama a sua mãe?
GABRIELE - Carol.
CAMILA - E a madrasta, no caso, é namorada da mãe ou do papai?
GABRIELE - Da minha mãe. O meu pai, nem conheço.
CAMILA - Que trágico… qual é o nome dela?
GABRIELE - É Val. Valéria.
CAMILA - Olha, pelo que eu tô vendo, essa menina não pode mesmo ficar com os pais. Ou melhor, as mães. Isso porque a madrasta é uma agressora de criança e a mãe é conivente com isso.
VERA (em dúvida) - E a gente vai fazer o que?
CAMILA - Bom, o correto é enviar a menina pro conselho tutelar.
PATRÍCIO - Eu também acho. Imaginem se a madrasta dessa menina aparece aqui, apontando uma arma pra nossa cara?
VERA - Credo, homem. Não quero isso, mas não quero colocar uma criança indefesa no conselho tutelar.
GABRIELE (assustada) - Eu não quero ir pra conselho tutelar nenhum, eu quero que a polícia pegue essa Val e prenda pra sempre numa corrente, no esgoto da cadeia.
Gabriele levanta e agarra as roupas de Camila.
GABRIELE - É isso que você é, não é? Uma policial? Prende ela, faz só isso! Esquece que o certo é me mandar pro conselho tutelar e foca em prender uma bandida perigosíssima.
Camila encara Gabriele, que está com uma expressão de medo e tristeza.
CAMILA (pensativa) - Está bem… vamos fazer o seguinte: a criança não pode ficar aqui, seria ilegal e vocês podem ser processados por sequestro. Mas com uma documentação de órfã, ela poderá ficar numa casa de adoção. Com isso, sugiro deixar a menina no orfanato da minha mãe, pelo menos enquanto a investigação acontece.
Todos se olham, e Vera se inclina na direção de Gabriele.
VERA - Está tudo bem para você?
GABRIELE - Sim…
CAMILA - Ótimo, amanhã mesmo daremos início nisso.
Todos se olham de forma melancólica.
CENA 2 || Casa de Carol. Enquanto Carol dorme, Val conversa no telefone.
VAL (irritadissima) - VOCÊ PRECISA ME AJUDAR! Eu tenho que achar essa peste, não tenho como fazer isso sozinha! DÁ PRA VOCÊ ENTENDER?
Do outro lado da linha, é revelada a identidade de quem está conversando com Val. Trata-se de Jorge, um assassino de aluguel que é cúmplice de Val há anos.
JORGE (deboche) - Calmaaa… ela não é um micróbio, jajá você vai ver.
VAL - Se você continuar sendo incompetente assim, eu te deixo fora dos esquemas. ACHA A GAROTA!
JORGE - Eu não sou advinha. Como vou saber onde uma criança iria se meter caso fugisse de casa no meio da chuva porque quase morreu?
VAL - Existem pistas, por exemplo, a Gabriele sempre desenhava uma casa cercada por uma montanha e muita grama… eu diria que é um sítio!
JORGE - E por causa de um desenho, você pensa que ela está em um sítio?
VAL - Se não gostou, procura do zero, sem dica. Eu acredito no seu potencial, você vai achar ela.
JORGE - Tá bom, vou ver o que eu posso fazer. Tchau fofa.
VAL - Espero que na próxima vez que eu te ligar, você tenha as informações que eu pedi. Tchau!
Val desliga o telefone e se joga no sofá, bufando.
VAL - Que ódio.
CENA 3 || No quarto, Carol desperta e se vira, encarando o teto. Uma lágrima escorre de seu olho, e ela só consegue pensar na filha.
CAROL - Onde foi que você se meteu, minha pequena…?
Carol se levanta e vai até o banheiro, abre o armário embutido no espelho e pega um remédio.
CAROL - Isso vai me ajudar a dormir…
Carol toma 2 comprimidos e volta para o quarto, onde deita na cama encolhida, aos prantos.
CENA 4 || Casa de Lívia. A cena começa com o reflexo de Eduarda, uma adolescente de porte nerd estereotipado, usando óculos e roupa largas, surgindo no espelho. Ela se observa no espelho demonstrando insatisfação com a aparência.
EDUARDA (insatisfeita) - Não acredito que ainda estou gorda…
Lívia, sua mãe, entra no quarto.
LÍVIA - Filha?
EDUARDA - Oi, mãe.
LÍVIA - Fui até a delegacia, falei com a delegada, e ela disse que vai tomar as devidas providências.
EDUARDA - Eu ainda acho que não precisava disso. Eu realmente tô gorda, e a Íris só apontou isso…
LÍVIA - Não importa. Mesmo que você esteja gorda, não tem o porquê dessa tal de Íris vir se meter. Ela é só uma cozinheira na sua escola, não a palpiteira.
EDUARDA - A senhora também acha que estou gorda?
LÍVIA - Olha… tá um pouco! Mas nada que uma boa dieta não resolva, né?!
EDUARDA (desanimada) - Tem razão…
LÍVIA - Se fechar a boquinha, você consegue, filha. Basta querer!
Lívia sai, e Eduarda se senta na cama triste com a própria aparência. Ela olha o celular e percebe que tem uma mensagem de sua amiga, Beatriz.
BEATRIZ (na mensagem): "Vc não sabe, meu irmão perdeu o BV."
Eduarda fica passada com isso e responde a mensagem na hora.
EDUARDA (mensagem): "Conta isso direito mona"
CENA 5 || A cena corta pra Beatriz no seu quarto, digitando no Whatsapp e respondendo Eduarda. Felipe tenta puxar o celular da irmã.
BEATRIZ - Larga isso, preciso contar pra Duda o que você feeeezzz. (risadas).
FELIPE (irritado) - É por isso que eu nunca te conto nada!
Felipe sai do quarto irritado e pede a ajuda de Célia, dona do orfanato onde estão os irmãos.
CÉLIA - O que foi, meu bem?
FELIPE - A Bia tá fazendo fofoca da minha vida pra uma amiga dela.
CÉLIA - Oh, Meu Deus. Vamos lá.
Célia vai até Beatriz.
CÉLIA - Biaaa, isso não se faz.
BEATRIZ - Ai, só estou contando tia Celinha.
CÉLIA - Não faça isso, é a vida do seu irmão, deixa ele.
Célia pega o celular e Beatriz.
CÉLIA - Como castigo, vai ficar sem celular até amanhã!
BEATRIZ (implorando) - Não, por favooor.
Célia sai do quarto, e Felipe debocha da cara de Bia. Ela joga uma almofada na cara dele e a cena acaba.
CENA 6 || No mesmo dia, Camila estaciona seu carro na frente do orfanato de Célia. Ela se vira para o banco de trás, onde está Gabriele, e pergunta:
CAMILA - Está pronta?
Gabriele faz cara de tensa e encara Camila.
CONTINUA…
Obrigado pelo seu comentário!