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VILAREJO - Capítulo 22



Capítulo 22

Cena 01 - Escritório Buarque Siqueira [Interna/Manhã]

[Antônio ainda não sabia como findaria seu relacionamento com Laura, mas ajudar sua família a não ruir, era seu principal objetivo.]


ADVOGADO: - Muito bem, muito bem. Para darmos prosseguimento ao acordo, já que vosmecê resolveu aceitar, preciso que comece assinando esse documento, é primordial. [Diz empurrando o papel sobre a mesa, com uma caneta e o tinteiro].


ANTÔNIO: [Observa o documento por um breve momento].


ADVOGADO: - Trata-se de um acordo pré-nupcial, o senhor deve compreender que apesar dela ser uma mulher sozinha e muito rica, deva se precaver. Afinal, mesmo precisando de um marido, não se pode dar margem para um homem desconhecido.


ANTÔNIO: - Ela também será uma desconhecida!


ADVOGADO: - Será mesmo? (Pergunta com um certo sarcasmo].


ANTÔNIO: - Eu posso saber o que o senhor quer dizer com isso? [Estranha].


ADVOGADO: - Nada, meu caro. Apenas fiz um comentário, só isso! [Completa].


ANTÔNIO: [Após ler, afunda a caneta com delicadeza no tinteiro e assina o acordo].


ADVOGADO: [Sorri ao observar Antônio assinar o documento].


Cena 02 - Fazenda Santa Clara [Interna/Manhã]

Música da cena: Flor de Lis - Melim

[Com a transição de cenas, surge a Fazenda Santa Clara. No lado externo da propriedade, homens trabalhavam na lavoura. Enquanto isso, no interior da casa, Ana Catarina lia alguns documentos dentro do escritório, quando começou a ouvir vozes se aproximando.]


EMPREGADA: - Eu disse que a senhorita não pode entrar! [Diz ao surgir logo atrás de Laura, que acabara de invadir o escritório de Ana Catarina].


LAURA: - E eu disse, que nem vosmecê e nem qualquer outra criada me impedirá de fazer o que eu quero! [Dispara].


ANA CATARINA: - Ora, ora… Vejo que suas visitas a minha casa, têm se tornado cada vez mais frequentes. Deixe-nos a sós!


EMPREGADA: - Desculpe, Senhora Condessa. Ela foi entrando e não quis me ouvir.


ANA CATARINA: - Eu percebi, minha querida. Não se preocupe, pode voltar aos seus afazeres. Eu vou recebê-la! [Diz ao se levantar e se aproximar do centro do escritório].


EMPREGADA: - Com licença! [Diz ao sair].


ANA CATARINA: - E então, acá estamos sozinhas. Posso saber o motivo da sua visita?


LAURA: - Esse! [Diz ao esbofetear Ana Catarina].


ANA CATARINA: [Surpresa, leva a mão ao rosto, no local em que Laura havia acabado de bater].


LAURA: - Isso é para vosmecê aprender a não se meter mais com o meu noivo. [Grita].


ANA CATARINA: [Furiosa, esbofeteia Laura duplamente, um tapa em cada lado da face] - E isso, para vosmecê entender que ninguém invade a minha casa e muito menos me bate.


LAURA: - Ora, sua…


ANA CATARINA: [Interrompe] - Poupe-me do palavreado peculiar, minha querida Laura. Agora as cartas já foram jogadas e podemos falar claramente. Vosmecê é uma mulher de mentalidade perturbada, amor frágil e muito explosiva. Não gosta de mim, assim como tampouco faço questão de demonstrar o mesmo. Saiba que o sentimento é recíproco!


LAURA: - Pois então, saiba que a guerra está declarada! [Diz friamente].


ANA CATARINA: [Sorri com sarcasmo] - Excelente, pois não entro em uma briga para perder. Tenha cuidado com o seu noivo, pois ele vai cansar de vosmecê em breve. 


LAURA: - Isso é o que veremos, condessa. É o que veremos!


ANA CATARINA: - Pois é, é o que veremos. Agora retire-se de minha casa, sua presença não é bem-quista acá. 


LAURA: - Eu vou te dar um último aviso. Saia da vida de Antônio ou vai se arrepender do dia em que pisou em São José dos Vilarejos.


ANA CATARINA: [Gargalha] - Pronto, agora que já ladrou o suficiente. Retire-se ou mandarei meu capaz jogá-la na rua como a boa bisca que eres! [Grita].


LAURA: [Encara Ana Catarina e em seguida vai embora].


ANA CATARINA: [Observa Laura ir embora após bater a porta e sair pelo corredor pisando fundo].


Cena 03 - Senzala [Interna/Manhã]

Música da cena: Além do Paraíso - Antônio Villeroy

[Carlota e Zeferino tinham uma atração fatal notável, por isso quando costumavam se encontrar, era como se fossem fogo e gasolina respectivamente.]


ZEFERINO: - Vassuncê tem que tomar mais cuidado, alguém ainda há de te ver entrando acá. [Diz enquanto veste a própria calça].


CARLOTA: [Veste-se também] - Precisa comemorar, vosmecê é o único que me conhece verdadeiramente e em todos os sentidos.


ZEFERINO: [Aproxima-se de Carlota por trás e beija suas costas] - Io sei disso, adoro sentir o vosso perfume.


CARLOTA: - Antônio casando-se com a milionária será a nova solução, com isso voltaremos a nadar no dinheiro. Entende isso? Vamos voltar aos tempos das vacas gordas, meu caro. Por mais que o casamento tenha uma cláusula de separação total de bens, naturalmente ela vai querer apoio do meu filho como administrador da fortuna e isso significa que Antônio será uma ponte para em breve, todo esse dinheiro vir para o meu banco, em outras palavras, minhas mãos!


ZEFERINO: - Entendo, mas vassuncê está esquecendo de um detalhe…


CARLOTA: [Vira-se para Zeferino e encara o capitão do mato] - Qual?


ZEFERINO: - Vosso filho já é noivo. Esqueceu-se da Laura Lobato? [Questiona].


CARLOTA: - Aquela intragável! Ela terá que se acostumar com o fim do compromisso. Do jeito que andam as coisas, não será muito difícil o meu filho querer se livrar dela, pois está insuportável com tanto ciúme. Entretanto, se isso não for o suficiente para afastá-los definitivamente, sabemos bem como dar um jeito nela. [Fala sorridente].


ZEFERINO: - Sabemos sim! [Beija Carlota].


Cena 04 - Acampamento Cigano [Interna/Manhã]

Música da cena: Sem Poupar Coração - Nana Caymmi

[Quando o dia amanheceu, Vicente percebeu que Vladimir havia recebido o seu recado e não tinha dormido na tenda aquela noite. Assim, ele podia apreciar ainda mais a presença de Leonora.]


LEONORA: [Desperta sorridente após dormir serenamente].


VICENTE: - Vosmecê continua sempre acordando assim, tão linda como a mais bela flor.


LEONORA: - E vosmecê como sempre, muito galante. Aceito seu elogio com muito gosto e faço mais, retribuo. Adoro acordar e a primeira coisa a ver ser o seu belo rosto. Eu não quero mais voltar a me separar de vosmecê, Vicente.


VICENTE: - Nós não iremos mais nos separar, minha gají. A partir de agora, seremos um só. Não vamos mais deixar o povo dessa cidade decidir o que devemos ou não fazer de nossas vidas. Vamos começar uma vida nova, sem mentiras!

Tradução: Gají = Mulher não cigana.


LEONORA: [Olha para Vicente e fica séria de repente] - Eu concordo com isso e por esse motivo, tenho que te contar uma coisa. Uma coisa muito importante, talvez a mais importante de todas de nossas vidas.


VICENTE: - Assim vosmecê me assusta… O que houve? [Estranha o jeito de falar de Leonora].


LEONORA: - Trata-se de um segredo. Um segredo que guardei durante muitos anos. Eu ia te contar a verdade do dia em que vim aqui, sua tenda e vosmecê estava com minha irmã.


VICENTE: - Aquilo foi um engano, tudo armado por vossa irmã, aquela víbora.


LEONORA: - Eu sei, eu sei e é por isso que preciso te contar essa verdade, vosmecê tem o direito de saber. Vicente, nós dois tivemos um filho.


VICENTE: - Um filho? [Surpreende-se]. - Um filho… E onde ele está? O que aconteceu? Quero conhecer o nosso filho! 


LEONORA: - Eu levei a gravidez adiante, mas em virtude de uma sociedade preconceituosa, uma mãe sem marido não seria bem vista, por isso tive que dar o bebê.


VICENTE: [Observa Leonora contar a história].


LEONORA: - Eu dei o nosso filho e ele foi criado por outra mulher, como se fosse filho dela. Nosso filho acredita que a mãe dele é a Carlota e seu primeiro falecido marido.


VICENTE: [Surpreende-se] - Então, vosmecê quer dizer o…


LEONORA: - Que Antônio Guerra na verdade é Antônio Herrera, filho de Vladimir Herrera, o rei dos ciganos. [Completa].


Cena 05 - Cachoeira [Interna/Manhã]

Música da cena: Corre - Gabi Luthai

[Sentados sob a sombra de uma árvore, Miguel e Maria do Céu conversavam enquanto eram observados de longe por Tomásia.]


MARIA DO CÉU: - Conhecê-la? [Repete].


MIGUEL: - Naturalmente. A Condessa de Burgos é uma mulher muito bondosa e uma verdadeira benfeitora, foi através dela que pude quebrar muitos paradigmas para nós, os negros. Assim, consegui estudar e entrar numa universidade debaixo do amparo dela e do conde, que era um homem muito generoso. 


MARIA DO CÉU: - Eu não sei se isso é uma boa ideia, vosmecê e Tomásia são meus únicos amigos, ninguém sabe que saio de casa. É arriscado me aproximar de mais pessoas!


MIGUEL: - Não se preocupe quanto a isso, eu já falei de vosmecê para ela. A condessa é uma mulher discreta e guardará nosso segredo. Ela fará muito gosto em conhecê-la. Prometa que vai pensar a respeito…


MARIA DO CÉU: - Está bem, eu prometo.


MIGUEL: - Era exatamente isso que eu esperava ouvir. [Conclui acariciando o rosto de Maria do Céu].


Cena 06 - Fazenda Santa Clara [Interna/Tarde]

[O advogado erguia um envelope na direção de Maria do Céu, que estava parada diante dele.]


ADVOGADO: - Aqui está, correu tudo como esperava. Ele assinou o acordo pré-nupcial.


ANA CATARINA: [Segura o envelope e o abre. Em seguida dá uma rápida analisada e nota a assinatura de Antônio] - Sorri, perfeito senhor advogado. Excelente trabalho, em breve eu serei uma mulher casada. [Completa sorridente enquanto olha o documento].




Cena 07 - Gazeta do Vilarejo [Interna/Tarde]

[Antônio estava em sua mesa na redação do jornal, quando percebeu alguém se aproximar.]


ANTÔNIO: - Laura, que surpresa em vê-la aqui. Não havíamos combinado nada!


LAURA: - Não me esperava, não era? Esperava que fosse a condessa? [Pergunta com ironia].


ANTÔNIO: - Vai começar com isso de novo, Laura? Isso já está se tornando muito desagradável, não acha?


LAURA: - E o que seria agradável? Um passeio com a condessa pelas ruas da cidade, como dois pombinhos apaixonados? [Aumenta o tom de voz].


ANTÔNIO: [Levanta-se da cadeira e encara Laura] - Creio que esse não seja o lugar para uma crise de ciúmes, acá é o meu local de trabalho.


LAURA: [Grita] - Eu estou pouco me importando com o local onde estamos. Quero que me diga agora mesmo o que estava fazendo com aquela mulher desclassificada?


ANTÔNIO: - Chega! A Condessa de Burgos não é uma mulher desclassificada como diz, pelo contrário, tem bem mais compostura do que vosmecê, que não passa de uma menina voluntariosa e mimada, cheia de ciúmes!


LAURA: - Antônio! Vosmecê me ofende falando assim…


ANTÔNIO: - Não, quem está ofendido acá sou eu. Esse é o meu local de trabalho e vosmecê me cansa com tanta desconfiança. Aliás, está aí… Eu estou muito cansado dessas suas crises de ciúmes e infantilidades.


LAURA: - O que está querendo dizer com isso?


ANTÔNIO: - Que eu acho melhor terminarmos o nosso compromisso. Será melhor para nós dois!


LAURA: [Sorri nervosa] - Vosmecê pensa que eu sou burra? De certo quer terminar comigo para correr para os braços daquela cortesã barata. [Grita].


ANTÔNIO: - De certo que não, eu quero terminar porque não suporto mais as suas crises de ciúmes. Vosmecê me sufoca e eu não quero mais isso, não quero seguir em frente com esse compromisso, já disse. É melhor terminarmos!


LAURA: [Aproxima-se de Antônio e o beija] - Vosmecê não pode fazer isso comigo, vosmecê me ama.


ANTÔNIO: [Afasta-se de Laura] - Não se humilhe mais, Laura. A decisão já está tomada!


LAURA: [Dá um tapa na cara de Antônio] - Vosmecê vai se arrepender disso. Amargamente! [Vai embora].


Cena 08 - Mercearia da Paz [Interna/Tarde]

Música da cena: Acreditar no Seu Amor - Liah Soares

[Com a transição de cenas, surge a fachada da Mercearia de Cândida e Joana. Encostada no balcão, Cândida fazia algumas contas quando a filha se aproximou.]


CÂNDIDA: - O que foi? Pensa que não sei quando está me encarando? [Disse enquanto continuava anotando num pedaço de papel].


JOANA: - Sabe o que é, mamãe? Acontece que um assunto tem me intrigado e eu gostaria de te fazer uma pergunta.


CÂNDIDA: - Ah, é? Pergunte então! [Diz enquanto continua anotando].


JOANA: - Porque a senhora odeia tanto os ciganos? Que mal essa gente te fez?


CÂNDIDA: [Para de escrever e fica séria instantaneamente] - Não quero falar sobre essa gente, não quero.


JOANA: - Por quê, mamãe? Por quê? [Questiona].


CÂNDIDA: - Já disse que não quero falar sobre esse assunto. Estou com muita dor de cabeça, vou subir. Tome conta de tudo! [Sai bruscamente].


JOANA: [Estranha o comportamento da mãe].


Cena 09 - Campo [Externa/Tarde]

Música da cena: Amor Gitano - Beyoncé ft. Alejandro Fernández

[Para espairecer após os últimos acontecimentos, Antônio resolveu sair a cavalo].


ANTÔNIO: [Puxa as rédeas do cavalo e faz com que ele pare de correr, de modo com que Antônio se deleite com as paisagens do campo].


ANA CATARINA: - Uma vez o senhor disse que o destino insistia em fazer com que nos encontrássemos, estou tendendo a acreditar nisso! [Disse ao se aproximar também a cavalo].


ANTÔNIO: - Condessa, perdoe-me a indelicadeza. Nem a vi chegar, estava distraido. Como vai? 


ANA CATARINA: - Vou muito bem, agradecida por perguntar. Vejo que vosmecê não está muito bem, seu rosto apresenta uma tristeza interior.


ANTÔNIO: - Vejo que a senhora entende bem as pessoas… 


ANA CATARINA: - Para curar a tristeza, uma boa corrida de cavalos. 


ANTÔNIO: - Corrida de cavalos, com a senhora? [Pergunta sorridente].


ANA CATARINA: - O que foi? Não acha que uma mulher é capaz de te vencer? 


ANTÔNIO: - Nada disso, acontece que…


ANA CATARINA: - Acontece que vosmecê sabe que vai perder. Veja e aprenda! [Puxa as rédeas do cavalo e sai a galope rapidamente].


ANTÔNIO: - Está bem, já que insiste! [Sorri ao observar Ana Catarina à cavalo e em seguida vai atrás dela].


Cena 10 - Casa dos Lobato [Interna/Tarde]

[Graça seguiu Laura que havia entrado em casa desesperada e subiu a escada de casa, que dava acesso ao pavimento superior da casa. Ao adentrar em seu quarto, jogou-se sobre a cama e se pôs a chorar.]


GRAÇA: - Minha filha, o que houve com vosmecê? Porque está dessa forma, em frangalhos?


LAURA: - Foi o Antônio, mamãe… [Diz aos prantos].


GRAÇA: - Já sei, brigaram outra vez?


LAURA: - Não, mamãe. Foi muito pior…


GRAÇA: [Estranha] - O que pode ser pior do que uma briguinha a toa de casal, minha filha?


LAURA: - Antônio rompeu comigo, mamãe. Ele não vai mais se casar comigo.


GRAÇA: - Rompeu? Como rompeu? Ele não pode fazer isso conosco. É ultrajante!


LAURA: - Precisamos fazer alguma coisa, mamãe. Me recuso a entregar o Antônio de mão beijada para aquela condessa mequetrefe.


GRAÇA: - Não se preocupe, minha filha. Sua mãe irá intervir, eu prometo!


Cena 11 - Casarão D’ávilla [Interna/Noite]

Música da cena: Apesar de Você - Chico Buarque

[A tarde se vai e o anoitecer chega com uma grande lua cheia, iluminando o céu da cidade. Com a transição de cenas, surge a área externa do engenho da família D’ávilla.]


CARLOTA: [Entrega a bolsa e o chapéu para que Rosaura os guarde] - Meu filho já chegou, Rosaura?


ROSAURA: - Não, sinhá… Mas tem visita esperando!


CARLOTA: - Visita? A essa hora? [Estranha].


GRAÇA: - Sim, Carlota. Eu e Laura passamos a tarde lhe esperando. Temos muito o que conversar! [Responde sentada em um dos sofás, ao lado de Laura].


CARLOTA: - Deixe-nos a sós, Rosaura e não deixe que ninguém nos interrompa, sim?


ROSAURA: - Sim, sinhá. [Diz ao sair da sala de estar].


CARLOTA: - Pois então, o que está acontecendo para estarem acá até essa hora, com essas caras tão sérias? [Questiona ao se aproximar].


GRAÇA: - Estamos com problemas e precisamos solucioná-los. Antônio teve a pachorra de terminar o noivado com a minha filha. 


CARLOTA: [Senta-se no outro sofá e sorri] - Eu ainda não entendo onde está o problema nisso.


LAURA: - Como não? Acaso está debochando de nós?


CARLOTA: - De certo que não, minha querida Laura. Apenas quero dizer que entendo perfeitamente o meu filho. Vosmecê é sem graça, além de insuportável. Ele fez muitíssimo bem, se quer saber minha opinião.


GRAÇA: - Carlota, ficou louca? [Esbraveja].


CARLOTA: - Se esse era o problema que vosmecê estava se referindo, eu o encaro como uma solução e recomendo as duas a fazer o mesmo. Agora se me permitem, preciso me recolher. Trabalhei demais hoje e estou com um pouco de dor de cabeça.


GRAÇA: - Ora! Como se atreve? Nós temos um acordo… Esqueceu que vosmecê e Antônio aceitaram o compromisso de casamento? Ele será muito bem recompensado com o dote de 40 mil contos de réis. Esqueceu?


CARLOTA: - Não, eu não esqueci dessa miséria que ofereceu ao meu filho para aceitar a missão de aturar vossa filha.


LAURA: - Não vai adiantar mamãe, Carlota e Antônio devem estar mancomunados com a tal condessa.


CARLOTA: - Não se preocupe, minha querida. A Condessa de Burgos vai passar bem longe dessa história. Acontece agora, que vosmecê não é mais uma mulher comprometida e que deve correr para encontrar outro homem interessado, coisa que eu acho bem difícil agora, ou se não, acabará ficando para titia.


LAURA: [Levanta-se] - Vamos embora, mamãe. Não podemos continuar sendo ofendidas assim, gratuitamente.


GRAÇA: [Levanta-se também] - Acho bom vosmecê voltar a si e ficar ao nosso lado, Carlota. Não se esqueça que eu sei muitas coisas que convém ocultar.


CARLOTA: [Sorri] - Ah, vosmecê quer conversar sobre o passado? Eu também sei de muitas coisas que devem ficar no passado, não lembra? 


GRAÇA: [Entende o que Carlota quer dizer e prefere recuar] - Vamos, minha filha. É inútil, não temos mais nada o que fazer acá. [Responde se direcionando a porta de saída].


LAURA: - Isso não vai ficar assim, Carlota. Vosmecê e Antônio certamente se arrependerão! [Diz ao sair acompanhada da mãe].


CARLOTA: [Sorri satisfeita] - Idalina… Idalina! [Grita].


IDALINA: [Entra na sala de estar correndo] - Sim, sinhá. Chamou?


CARLOTA: - Sim, quero um pouco daquele velho conhaque. Quero comemorar… Comemorar! [Celebra sua vitória].


Cena 12 - Campo [Externa/Noite]

[Após uma longa corrida a cavalos, Ana Catarina e Antônio se aproximavam da propriedade dela, quando resolveram parar.]


ANA CATARINA: - Viu como eu estava certa? Ganhei de vosmecê muito facilmente.


ANTÔNIO: - Devo admitir, vosmecê é uma excelente amazona. [Diz ao descer do cavalo].


ANA CATARINA: - Ainda há muito o que senhor deve saber sobre minha pessoa, meu caro.


ANTÔNIO: - Muito?


ANA CATARINA: - Uma mulher tem seus mistérios e revela apenas parte de si a história que lhe convém. [Diz ao tentar descer do cavalo].


ANTÔNIO: - Permita-me ajudá-la…


[Antônio segura na cintura de Ana Catarina para que ela desça com segurança e de repente, os dois se olham fixamente.]


ANA CATARINA: - Agradecida, o senhor é muito gentil. [Diz com as mãos sobre os ombros de Antônio].


Música da cena: Amor Gitano - Beyoncé ft. Alejandro Fernández


ANTÔNIO: [Não resiste, cede ao impulso e beija Ana Catarina].


[A imagem congela focando em Antônio e Ana Catarina aos beijos, surge um efeito de uma pintura envelhecida e o capítulo se encerra].


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