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VILAREJO - Capítulo 23


Capítulo 23

Cena 01 - Campo [Externa/Noite]

[Após ser beijada por Antônio, Ana Catarina voltava a sentir seu corpo trêmulo como não sentia há muitos anos.]


ANA CATARINA: - Não deveríamos ter feito isso, é errado. Vosmecê é noivo, possui compromisso com Laura Lobato. 


ANTÔNIO: - Permita-me lhe deixar a par das novidades, mas eu não sou mais noivo de Laura, terminamos hoje cedo. Agora eu sou um homem livre!


ANA CATARINA: - Livre? [Surpreende-se]. - Não diga!


ANTÔNIO: - Digo sim, livre para uma nova chance de ser feliz. Basta uma só palavra, condessa. Uma única palavra e…


ANA CATARINA: [Interrompe] - Eu preciso ir, não me sinto muito bem.


ANTÔNIO: - O que houve? O que está sentindo? [Preocupa-se].


ANA CATARINA: - Não é nada demais, coisas femininas. Se importa se formos embora agora?


ANTÔNIO: - Não, é claro que não. Eu te ajudo a subir no seu cavalo…


ANA CATARINA: - Não! Não precisa se incomodar, eu consigo subir sozinha. [Diz ao subir no cavalo, sem ajuda de Antônio].


ANTÔNIO: - Está bem, eu acompanho a senhora até sua fazenda. Vamos! [Conclui ao montar em seu cavalo].


Cena 02 - Acampamento Cigano [Interna/Noite]

[Sozinha em sua tenda, Madalena lia o futuro nas cartas quando Açucena se aproximou.]


AÇUCENA: - Vovó, eu preciso conversar com a senhora!


MADALENA: - Eu já sei do que se trata. É sobre aquele rapaz, não é? O que te beijou? Maldita seja a sorte desse xaborron!

Tradução: Xaborron = Menino.


AÇUCENA: - É, vovó. Não posso mentir, é sobre ele. Quero e preciso de vosmecê nesse momento, preciso do seu carinho e de sua compreensão. 


MADALENA: - Não posso, minha filha. Não possamos passar por cima das nossas tradições, da nossa gente. Se esquecermos disso, seremos amaldiçoadas.


AÇUCENA: - Vovó, isso são apenas superstições… Eu não quero me casar com o Vladimir, não pretendo seguir com esse compromisso e estou disposta a falar com ele sobre isso. Quero ficar com Pedro, eu estou apaixonada por ele!


MADALENA: [Levanta-se furiosa] - Maldita seja a minha sorte, onde foi que eu errei? Um raio há de cair em minha cabeça e as maledicências há de nos acompanhar!


AÇUCENA: - Vovó, eu apenas estou apaixonada. Me entenda, será que vosmecê nunca sentiu o amor?


MADALENA: - Os jovens não pensam com sensatez e por isso rompem nossa tradição. Mas aqui, isso não há de acontecer. Vosmecê não irá desmanchar os nossos votos, eu não vou deixar, não vou! [Conclui].


Cena 03 - Fazenda Santa Clara [Externa/Noite]

[Ao chegar em sua fazenda, Ana Catarina logo desceu de seu cavalo.]


ANA CATARINA: - Não precisa se incomodar em descer, Senhor Guerra. Eu vou me recolher agora, foi muito gentil de sua parte me acompanhar.


ANTÔNIO: - Tem certeza? Posso acompanhá-la até lá dentro.


ANA CATARINA: - Não será necessário, fico muito agradecida pela preocupação. Foi uma ótima tarde, não é mesmo? 


ANTÔNIO: - Sem dúvidas, espero que possamos repetir algum dia.


ANA CATARINA: - Naturalmente. Tenha uma boa noite, Senhor Guerra!


ANTÔNIO: - Ela será ótima, pois estive numa maravilhosa companhia. Boa noite, Condessa. [Sai a galope].


Música da cena: Coleção - André Leonno


ANA CATARINA: [Sobe a escadaria da fazenda, inquieta] - O que está acontecendo comigo? Beijá-lo não pode mexer comigo, não pode. Eu não posso me esquecer dos motivos que me trouxeram de volta e do ódio que sinto de Antônio e Carlota Guerra. [Conclui ao entrar em casa].


Cena 04 - Acampamento Cigano [Externa/Noite]

[Com a transição de cenas, surge a área externa do acampamento cigano. Entre amigos, Vladimir percebeu Antônio se aproximar a cavalo e foi recebê-lo.]


VLADIMIR: - Meu amigo, gadjó. Fico feliz em vê-lo, bendita seja a tua sorte. Que bons ventos o trazem aqui? [Pergunta ao se aproximar].

Tradução: Gadjó = Homem não cigano.


ANTÔNIO: - Estava passando aqui perto e resolvi fazer uma visita aos meus velhos amigos ciganos, me sinto muito bem estando entre vocês. [Responde ao descer do cavalo].


VLADIMIR: - É bom ouvir isso, meu amigo. Vosmecê sempre será bem-vindo aqui e será como um de nós.


[Nesse momento, Leonora e Vicente saem do interior de uma das tendas do acampamento.]


ANTÔNIO: [Estranha] - Titia! O que faz aqui?


LEONORA: - É uma longa história, meu amor. Que surpresa vê-lo aqui também! 


ANTÔNIO: - Eu gosto muito desse lugar, desde a minha juventude. Eu e Vladimir somos velhos amigos. Não é Vladimir?


VLADIMIR: - É sim, Antônio é diferente dos outros senhores da cidade. Ele nos entende e nos trata com muito respeito. É sem dúvida um grande amigo! [Responde colocando a mão no ombro de Antônio].


LEONORA: - É a voz do sangue que o traz até aqui! [Fala consigo mesma através do pensamento].


VICENTE: [Observa Antônio e Vladimir emocionado, pois aquela era a primeira vez que via e sabia que os dois eram seus filhos, juntos no acampamento] - É sempre muito bom vê-lo aqui, Antônio. Será que posso lhe dar um abraço?


ANTÔNIO: - Um abraço? É claro, com muito gosto. [Responde sorridente, abrindo os braços].


VICENTE: [Emociona-se ao abraçar Antônio como filho pela primeira vez].


Cena 05 - Casarão D’ávilla [Interna/Noite]

Música da Cena: Ecoou um canto forte na senzala - Roberto Souza

[Surge a fazenda D’ávilla iluminada. Carlota já havia se recolhido quando Rosaura terminava de organizar a cozinha e Idalina adentrou.]



IDALINA: - Vassuncê não sabe o que io acabei de ouvir! [Diz ao se aproximar de Rosaura].


ROSAURA: - Não sei e nem quero ouvir… [Responde enquanto continua secando porcelanas].


IDALINA: - Azar o seu, io cantar assim mesmo. Eu ouvi a Dona Carlota e as azedas da Dona Graça e Sinhazinha Laura discutindo. Parece que sinhozinho Antônio terminou tudo com ela. Precisava ver, ela estava furiosa.


ROSAURA: [Para de secar a louça] - Vassuncê tem certeza do que ouviu?


IDALINA: - Certeza absoluta. Sinhozinho Antônio e Laura Lobato, não vão mais se casar! [Completa].


ROSAURA: - Que Deus tenha piedade, pois io não estou gostando nada disso.


IDALINA: [Estranha] - Por quê, Rosaura?


ROSAURA: - Nada, coisa minha. [Conclui].


Cena 06 - Escritório Buarque Siqueira [Interna/Manhã]

Música da cena: Vilarejo - Marisa Monte

[O dia amanhece e o sol logo irradia os campos da cidade de São José dos Vilarejos. Em seguida, algumas imagens da cidade são apresentadas e por fim, a fachada da casa onde funciona o escritório do advogado que estava cuidando do acordo de casamento de Ana Catarina.]


ADVOGADO: [Abre a porta e se depara com Antônio] - Senhor Guerra, não o esperava tão cedo. Entre! [Dá passagem para que Antônio entre em sua sala].


ANTÔNIO: - Eu estive pensando e estou um pouco curioso sobre minha futura esposa. Por isso vim fazer um pedido!


ADVOGADO: - Um pedido? Diga-me do que se trata e eu direi se será concedido ou não.


ANTÔNIO: - Eu na verdade tenho uma exigência. Eu exijo conhecer a minha futura esposa antes do casamento. O senhor há de convir, que é um disparate me casar, sem sequer saber com quem. Ou eu conheço a noiva, ou não haverá casamento. [Completa].




Cena 07 - Casarão Lobato [Interna/Manhã]

Música da cena: Flor de Lis - Melim

[Algumas imagens da cidade são apresentadas e em seguida surge a fachada da casa da família Lobato.]


GRAÇA: [Entra em casa atordoada e bate à porta com força].


LAURA: [Estranha a atitude da mãe e se aproxima] - Mamãe, o que houve? Sente-se mal?


GRAÇA: - Minha filha, vosmecê não sabe o que acabo de descobrir. É uma verdadeira dinamite de tão explosiva a notícia que descobrir.


LAURA: - A senhora está me assustando. O que ocorreu? Fale de uma vez!


GRAÇA: - Trata-se de um boato, não sei se é verdade, mas acontece que faz todo o sentido agora.


LAURA: - Chega de rodeios e fale de uma vez, mamãe. É sobre o Antônio? [Questiona].


GRAÇA: - Há um boato correndo solto na cidade de que o Antônio terminou o compromisso com vosmecê pois aceitou se casar com uma mulher milionária.


LAURA: - Não pode ser, eu não posso admitir isso. Há de ser aquela condessa de comportamento indecente. Só pode ser!


GRAÇA: - Se for ela, descobriremos em breve. Só nos resta esperar! [Completa].


Cena 08 - Escritório Buarque Siqueira [Interna/Tarde]

[O advogado abriu a porta para que Miguel entrasse no escritório após lhe enviar um recado.]


MIGUEL: - Vim assim que recebi o seu recado. Percebi que era urgente, o que ocorreu? [Diz ao tirar o chapéu].


ADVOGADO: - Certamente, que bom que veio prontamente. [Diz ao fechar a porta].


MIGUEL: - Pode falar então, estou a todo ouvidos.


ADVOGADO: - Antônio Guerra esteve aqui e está decidido a desfazer o compromisso se não conhecer a noiva antes da cerimônia de casamento.


MIGUEL: [Surpreende-se].


Cena 09 - Campo [Externa/Tarde]

Música da cena: Coleção - André Leonno

[Após passar algum tempo em casa, Ana Catarina resolveu dar uma volta pela fazenda para se distrair, quando encontrou alguém que vinha lhe visitar.]


VLADIMIR: - Ah, vosmecê está aí! [Diz feliz ao reencontrar Ana Catarina].


ANA CATARINA: - Estava indo dar uma caminhada. Fico feliz em vê-lo, o seu povo gostou dos mantimentos que lhes doei?


VLADIMIR: - Sim, eles ficaram muito agradecidos. Bendita seja a tua sorte, gají.

Tradução: Gají = Mulher não cigana.


ANA CATARINA: - Não fiz mais do que minha obrigação, repartir um pouco do que tenho. 


VLADIMIR: [Observa Ana Catarina fixamente] - Claro, vosmecê tem razão.


ANA CATARINA: [Estranha a forma de olhar de Vladimir] - O que houve? Por quê me olhas assim? Acaso o vento me despenteou?


VLADIMIR: - Eu posso estar enganado, mas sinto acá, bem no fundo do meu coração. É uma sensação estranha, como se eu já te conhecesse há muito tempo.


ANA CATARINA: - A única coisa que eu posso te dizer, meu caro amigo é que o seu coração é muito bonito e essa história um dia será esclarecida, eu prometo.


VLADIMIR: - O que quer dizer com isso, condessa? [Estranha].


ANA CATARINA: - Trata-se de uma velha história que um dia irei te contar. Eu prometo! [Conclui].


Cena 10 - Cachoeira [Interna/Tarde]

Música da cena: Lua Cheia - Dienis (Participação Especial: Letícia Spiller)

[No local e horário combinado, Pedro e Açucena voltaram a se encontrar.]


PEDRO: [Beija Açucena] - Eu queria te pedir desculpas pelo o que disse em nosso último encontro, não quis parecer preconceituoso. Vosmecê é muito bonita, eu gosto muito de estar na sua companhia.


AÇUCENA: - Tudo bem! Vamos precisar de muita paciência, pois minha avó está muito resistente em nos apoiar, mas tenho certeza de que ela vai amolecer. A propósito, já falou com a sua família?


PEDRO: [Se esquiva] - Temo que com a minha família será ainda mais difícil, precisaremos ser fortes.


AÇUCENA: - Eu serei. Tenho certeza de que irei conquistar a sua mãe! [Beija Pedro novamente].


Cena 11 - Fazenda Santa Clara [Interna/Noite]

Música da Cena: Mil Noites de Um Amor Sem Fim - Silva

[o pôr do sol é apresentado e logo a noite chega. Com a transição de cenas, surge a fachada da Fazenda Santa Clara. As empregadas serviam o jantar, enquanto Ana Catarina e Miguel conversavam.]


ANA CATARINA: [Come um pouco] - Vosmecê disse que queria conversar comigo, aconteceu alguma coisa?


MIGUEL: - Aconteceu sim, preciso lhe falar. Antônio Guerra esteve no escritório do tabelião hoje e exigiu conhecer a noiva, disse que se não acatar essa exigência, não haverá casamento.


ANA CATARINA: - Por mim, está tudo bem. Ele já assinou o contrato pré-nupcial com separação total de bens, não creio que agora ele desistirá do casamento.


MIGUEL: [Se espanta com a calma de Ana Catarina] - Eu juro que não consigo entender como vosmecê consegue ficar tão calma…


ANA CATARINA: - Eu estou muitíssimo confiante, Miguel. Quando marcou com o advogado? [Questiona enquanto continua jantando tranquilamente].


MIGUEL: - Amanhã pela manhã, às 10 horas da manhã.


ANA CATARINA: - Pois para mim, está perfeito. Estarei lá amanhã, às 10, pontualmente. [Conclui].


Cena 12 - Escritório Buarque Siqueira [Interna/Manhã]

[O dia amanhece e logo o sol aparece. As pessoas começam a transitar pelas ruas da cidade, em meio às carruagens e charretes. Surge então a fachada do escritório do tabelião.]


ADVOGADO: [Observa Antônio olhar as horas no relógio de bolso frequentemente e repetidas vezes] - Acalme-se, Senhor Guerra. A noiva não deve demorar!


CARLOTA: - O advogado tem razão, meu filho. A noiva está dentro do horário marcado, nós é quem nos antecipamos.


ANTÔNIO: - Será que ela virá? (Questiona ansioso).


[Neste momento, ouvem-se batidas na porta].


ADVOGADO: - Aí está, há de ser ela! Com licença. [Diz ao se afastar para abrir a porta].


CARLOTA: - Acalme-se, Antônio. Vosmecê está muito afobado!


ADVOGADO: - Pronto, aqui está a noiva. [Disse ao apresentá-los].


[Carlota  e Antônio então, se viram e se surpreendem ao avistar Ana Catarina ao lado de Miguel.]


ANTÔNIO: - Vosmecê? [Surpreende-se].


ANA CATARINA: - Como vai, Senhor Guerra? [Questiona sorridente].


[A imagem congela focando em Ana Catarina sorridente diante Antônio e Carlota, surge um efeito de uma pintura envelhecida e o capítulo se encerra].


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