Capítulo 48 (Últimos Capítulos)
Cena 01 - Casebre Abandonado [Interna/Noite]
[Zeferino estava algemado e continuava sem acreditar no que estava ouvindo.]
OFICIAL DE JUSTIÇA: - O que estão esperando? Podem levar!
GUARDA 1: - Sim, senhor.
ZEFERINO: - Sua desgraçada, vassuncê vai me pagar… Io vô contar tudo… Tudo! [Grita].
OFICIAL DE JUSTIÇA: - Chega de esbravejar, Zeferino. Poupe sua saliva, em breve vosmecê terá muito o que contar, só que na delegacia. Levem-o! [Grita].
CARLOTA: - Ninguém mais acredita em vosmecê, assassino. Vosmecê vai apodrecer na cadeia. Apodrecer! [Grita].
[Os guardas levam Zeferino e o oficial os acompanha.]
CARLOTA: [Sorri ao perceber que mais um de seus planos deu certo. Em seguida ela também deixa o local].
Cena 02 - Casa dos Lobato [Interna/Noite]
[Após visitar Maria do Céu no sótão, Graça desceu e retornou ao seu quarto. Ao adentrar, deixou a porta entreaberta e guardou a chave do lugar em sua caixa de jóias.]
AÇUCENA: [Aproxima-se e observa através da brecha].
GRAÇA: - Eu preciso dar um jeito de me livrar dessa desgraçada, ela está se tornando muito valente ao meu gosto. Ela não pode descobrir a farsa do escravo e nem se casar com ele. Ela não vai arruinar tudo o que fiz durante os últimos anos, não vai me deixar sem nenhum tostão. Não vai! [Fala consigo mesma].
Cena 03 - Mercearia da Paz [Interna/Noite]
Música da cena: Mil Noites de Um Amor Sem Fim - Silva
[Com a transição de cenas, surgem imagens externas da cidade e em seguida a fachada da mercearia. Joana se preparava para fechar quando sua mãe desceu.]
JOANA: - Mamãe, ainda vestida assim? [Questiona].
BIBIANA/CÂNDIDA: - Mi hija, eu no puedo seguir acá. Tengo que viver com mi gente. Com mi povo… Não nasci para viver acá, na cidade. Venha comigo, com certeza há lugar para vosmecê.
JOANA: - Mamãe, a senhora precisa voltar a si. Como pode? Antes odiava os ciganos, agora se diz um deles. Não consigo entender como uma queda pode ter te mudado tanto.
BIBIANA/CÂNDIDA: - Podemos dizer que era uma “queda que me faltava”, mi hija. [Diz ao sair].
JOANA: - Agora ela enlouqueceu de vez! [Conclui].
Cena 04 - Acampamento Cigano [Externa/Noite]
[Após se vestir, Ana Catarina saiu da tenda e foi ao encontro de Amália.]
ANA CATARINA: - Amália, vosmecê me chamou?
AMÁLIA: - Sim, minha querida. Me desculpe incomodá-la diante os últimos acontecimentos, mas vosmecê também é mãe e há de me entender. Preciso fazer alguma coisa para salvar meu filho.
ANA CATARINA: - Céus, o Miguel… Mas eu lembro que antes de ser presa separei a cópia da carta de alforria dele, sempre guardo cópias dos meus documentos. Mila não te mostrou?
AMÁLIA: - Sim, ela falou a respeito, porém quando fomos procurar o documento em seu quarto ele havia sumido.
ANA CATARINA: - Como assim sumiu? Um documento não pode simplesmente desaparecer assim, vosmecês procuraram em meu quarto?
AMÁLIA: - Sim, nós procuramos. Mila mostrou exatamente o local onde vosmecê havia guardado. Não sei o que pode ter acontecido.
ANA CATARINA: - Não se preocupe, Amália. Falarei com meu advogado e verei o que podemos fazer. Não irei esquecer de Miguel, ele é como se fosse um irmão pra mim.
AMÁLIA: - Eu sabia que poderia contar com vosmecê, muito obrigada.
ANA CATARINA: [Olha ao redor] - A propósito, vosmecê viu Mila? Não tive notícias dela a tarde toda.
AMÁLIA: - Sim, a última vez que falei com ela pela manhã, ela me disse que iria até à igreja, mas não se preocupe. Deve ter encontrado alguma amiguinha e não viu a hora passar.
ANA CATARINA: - É… Pode ter sido! [Responde pensativa].
[Ao avistar Ana Catarina, Vladimir e Leonora correm ao seu encontro.]
VLADIMIR: - Ana Catarina, vosmecê não sabe o que acabamos de saber.
ANA CATARINA: [Estranha] - Pela cara dos dois, imagino que algo extremamente importante.
LEONORA: - Sim, pode-se dizer que sim. Zeferino está preso! [Conclui].
Cena 05 - Fazenda Santa Clara [Interna/Noite]
[Sozinha com os demais criados na casa, Idalina transitava na casa livremente e costumava usar os pertences que Ana Catarina havia deixado.]
IDALINA: - Sim, io sou fidalga. Pode me chamar de Condessa… Condessa Idalina! [Fala para si mesma refletida no espelho]. - Adoraria dançar, mais io sou uma muié muito ocupada.
[Enquanto falava sozinha, podia-se notar um envelope em cima da escrivaninha, era o documento a que Ana Catarina se referia, a cópia da carta de alforria de Miguel.]
Cena 06 - Posto Policial [Interna/Noite]
[Furioso, Zeferino gritava enquanto batia nas grades da cela.]
ZEFERINO: - Me tirem desse lugar, io não fiz nada… Foi aquela desgraçada!
GUARDA: - Não vai adiantar gritar! [Diz ao sr aproximar].
ZEFERINO: - Guarda, veio me soltar? [Questiona].
GUARDA: [Sorri com ironia] - Duvido muito que vosmecê saia da cadeia tão cedo. Tem visita pra vosmecê!
ZEFERINO: - Visita? [Repete sem acreditar].
ANA CATARINA: - Sim, Zeferino e não saio daqui enquanto não conversarmos. [Completa ao chegar acompanhada de Antônio].
Cena 07 - Posto Policial [Interna/Noite]
[Zeferino ainda estava surpreso com as visitas que acabara de receber.]
GUARDA: - Vou deixá-los a sós, com licença! [Retira-se].
ZEFERINO: - Io não tenho nada para falar com vassuncê… [Afasta-se].
ANA CATARINA: - Sabemos muito bem que vosmecê não cometeu esses crimes sozinho, Zeferino. Há uma mandante intelectual, que claramente armou jogar toda a culpa em cima de você.
ANTÔNIO: - Sou advogado, Zeferino. Posso lhe ajudar se em troca, você retribuir essa ajuda e nos contar tudo o que sabe.
ANA CATARINA: - Exato. Nós queremos te propor um acordo!
ZEFERINO: - Acordo? [Estranha].
ANA CATARINA: - Sim, um acordo. Vou te explicar tudo o que precisa fazer.
[Ana Catarina começou a contar seu plano para Zeferino, que começou a prestar atenção e ouvir tudo atentamente].
Cena 08 - Casa dos Lobato [Interna/Noite]
[Aproveitando que Pedro ainda não havia voltado e que Graça havia dormido, Açucena aproveitou para entrar sorrateiramente no quarto da sogra e pegar a chave que ela havia escondido em seu porta-jóias.]
AÇUCENA: [Anda pelo quarto na ponta dos pés e abre o porta-jóias sem fazer barulho. Em seguida, pega a chave e torna a fechá-lo. Açucena então refez o mesmo caminho e deixou o quarto sem fazer barulho, encostando a porta silenciosamente, para por fim, respirar aliviada].
LAURA: - Açucena, o que fazia no quarto de minha mãe? [Estranha].
AÇUCENA: - O quarto de sua mãe? É… Acontece que essa casa é muito grande, acabei me perdendo. Foi isso! [Disfarça].
LAURA: - Sei que está mentindo, Açucena. Consigo ver em seus olhos!
AÇUCENA: - Não, acontece que…
LAURA: - Trata-se de Maria do Céu, não é? Vosmecê também ouviu barulhos no sótão?
AÇUCENA: [Surpreende-se].
LAURA: - O que minha mãe está fazendo é um crime e eu não concordo com isso, quero ajudá-la. Pode contar comigo e confiar em mim.
Cena 09 - Acampamento Cigano [Externa/Noite]
Música da cena: Flor de Lis - Melim
[Surge o acampamento cigano. Ana Catarina e Antônio retornavam da cidade após visitar Zeferino na cadeia.]
ANA CATARINA: - Acha mesmo que ele vai ceder?
ANTÔNIO: - Não acredito que ele irá receber ajuda de Carlota, ela armou para jogar toda a culpa nele e ele é toda a prova que temos do que aconteceu com o seu pai e sua irmã, ele pode nos contar tudo o que precisamos saber e aí sim, teremos como provar o que aconteceu.
[Mila retorna ao acampamento e é vista.]
ANA CATARINA: - Filha, vem cá! [Grita].
MILA: [Encara a mãe e segue outra direção].
ANTÔNIO: - O que deu nela? [Questiona].
ANA CATARINA: - Não sei…
ANTÔNIO: - Seja o que for, é melhor dar um pouco tempo para ela. Já tivemos essa cidade, ela vai te procurar e conversar em breve, vosmecê verá.
Cena 10 - Gazeta do Vilarejo [Interna/Manhã]
Música da cena: Acreditar no Seu Amor - Liah Soares
[Imagens externas da cidade são apresentadas e em seguida surge a fachada do jornal. No interior do lugar, um jornalista se aproximou da mesa de Ricardo, que digitava em sua máquina de datilografar.]
JORNALISTA: - Vejo que acordou inspirado hoje! Qual a manchete de hoje? [Questiona curioso].
RICARDO: - Sobre a reabertura do caso da morte do banqueiro Gonçalo D’ávilla e sua filha mais nova, Maria Letícia D’ávilla. O capitão do mato Zeferino foi preso, acusado de ter feito a fatídica emboscada. [Responde ao parar de digitar].
JORNALISTA: - Essa matéria será tão explosiva quanto dinamite!
RICARDO: - Eu não tenho dúvidas, meu caro. Assim, como eu não acredito que ele tenha armado tudo sozinho. [Completa].
Cena 11 - Acampamento Cigano [Externa/Manhã]
[Ao sair da tenda onde havia passado a noite, Ana Catarina avistou Mila apreciando a paisagem sozinha e resolveu se aproximar.]
ANA CATARINA: - Filha, aí está vosmecê. A vista deste ponto é realmente deslumbrante, não é? [Disse ao se aproximar].
MILA: [Afasta-se e começa a ir embora ao ouvir a voz da mãe].
ANA CATARINA: - Espera, minha filha. O que está acontecendo? Vosmecê está com algum problema? [Questiona].
MILA: - Eu não quero ter essa conversa…
ANA CATARINA: - Mas eu quero! Exijo saber o que está acontecendo. Vosmecê está agindo e se comportando de uma forma totalmente estranha. Eu não sei o que aconteceu. Será que vosmecê pode ser clara? Nós nunca tivemos segredos uma com a outra!
MILA: [Encara a mãe nesse momento] - A senhora tem certeza? A senhora tem realmente certeza do que está falando?
ANA CATARINA: [Estranha] - O que foi, Emília? O que aconteceu?
MILA: - Já sei de toda verdade, mamãe. Como pode ser capaz de tamanha infâmia?
ANA CATARINA: [Aterroriza-se e sente um arrepio] - Do que está falando?
MILA: - Eu já sei a verdade, não precisa mais negar. Sei que foi infiel, uma mulher adúltera… Já sei que não sou filha do conde! [Grita].
ANA CATARINA: - Não, minha filha… Quem te contou isso? Eu posso explicar! Eu realmente já estava grávida quando me casei com o seu pai, mas isso não muda em nada o amor que ele sentiu por você durante todos esses anos. Ele sabia de tudo e…
MILA: [Interrompe] - Quem é o meu pai, mamãe? Vosmecê ao menos sabe? Com quem a senhora se deitou? Ou vai dizer que não sabe quem é o amante e pai da sua filha? Vosmecê sabe ou teve uma vida libertina na Espanha como o meu tio disse?
ANA CATARINA: - Chega! [Grita ao erguer a mão].
MILA: - O que foi, mamãe? Bate! Bate, é só isso que falta para consumar essa história tão absurda.
ANA CATARINA: [Abaixa a mão] - Filha, me escute… Eu só preciso que vosmecê escute toda a história antes de tirar suas próprias conclusões.
MILA: - Não, mamãe. Vosmecê teve uma vida para ter uma conversa antes, porque deveria acreditar agora? Tarde demais! [Vai embora].
ANA CATARINA: - Não… Mila… Mila! [Grita desesperada].
Cena 12 - Casa dos Lobato [Externa/Manhã]
[Ao ouvir a maçaneta da porta, Maria do Céu pensou ser sua tia, mas logo se surpreendeu ao ver quem era ao abrir.]
MARIA DO CÉU: - Vosmecês! [Surpreende-se].
AÇUCENA: - Não se assuste…
LAURA: - Nós queremos e vamos te ajudar! [Explica].
[No instante seguinte, Maria do Céu surge na senzala e se aproxima do tronco, onde Miguel permanecia amarrado.]
MARIA DO CÉU: - Meu amor… Como vosmecê está? Eu estou acá…
MIGUEL: - Maria… O que faz acá? [Balbuciou visivelmente enfraquecido].
AÇUCENA: - Ele está fraco, dê um pouco d’água a ele… [Disse ao se aproximar com um copo de barro].
MARIA DO CÉU: - Beba, meu amor… Beba! Nós vamos sair daqui logo, eu prometo.
LAURA: - Eu vou ficar vigiando acá da porta, para quem ninguém nos veja. [Disse na entrada na senzala].
MIGUEL: - Meu amor… Eu senti sua falta!
MARIA DO CÉU: - Não fale nada, meu amor… Vosmecê precisa se recuperar. Coma um pouco, enquanto a minha tia não chega. Açucena e Laura estão do nosso lado, elas vão nos ajudar. [Disse enquanto dava um pedaço de fruta na boca de Miguel, que continuava amarrado ao tronco].
Cena 13 - Cachoeira [Externa/Tarde]
[Transtornada, Mila caminhava pela mata. Enquanto isso, Ana Catarina tentava alcançá-la, quando deu de cara com Ângelo no caminho.]
SEMINARISTA ÂNGELO: - Senhora, eu vim ver sua filha. A encontrei ontem e ela não estava bem. Como ela está? [Questiona].
ANA CATARINA: - Ângelo, graças a Deus. Há de ter sido Deus quem te colocou no meu caminho. Me ajude a encontrar minha filha antes que ela cometa uma loucura!
SEMINARISTA ÂNGELO: - Está bem… Pra que lado ela foi?
ANA CATARINA: - Por ali! [Aponta].
[Sozinha e andando sem rumo, Mila aproximou-se da margem do rio enquanto continuava a caminhar.]
MILA: - Mentira… Minha vida toda foi uma mentira! [Pensa em voz alta].
[Neste momento, Mila pisa em falso e as pedras deslizam, fazendo com que ela perca o equilíbrio e caia no rio.]
MILA: - Socorro… Eu não sei nada! [Gritou ao voltar pra superfície].
[Ao se aproximar do local, Ana Catarina avistou a filha e se desesperou.]
ANA CATARINA: - Emília! [Gritou ao ver a filha se afogando].
SEMINARISTA ÂNGELO: - Meu Deus! [Corre em direção ao rio].
[Enquanto isso, Mila era arrastada pela correnteza, enquanto sua mãe revivia o pior dia de sua vida.]
MILA: [Afunda na água e em seguida retorna a superfície] - Alguém… Alguém me ajude!
ANA CATARINA: - Não, não, não… De novo não, meu Deus. Eu não vou deixar, não vou! [Disse enquanto corria].
[Antes que Ângelo chegasse ao rio, novamente Mila afundou e dessa vez perdeu os sentidos embaixo d’água. Foi nesse momento que alguém mergulhou e a retirou de dentro da água.]
ANTÔNIO: - O que vosmecê fez, menina? [Disse ao retornar a superfície, carregando Mila inconsciente].
[Antônio levou Mila para terra firme e a constatar que ela estava pálida e com os lábios roxos, tentou reanimá-la.]
ANA CATARINA: - Meu Deus… Filha… Filha! Ela não abre os olhos, ela está morta… [Grita desesperada].
SEMINARISTA ÂNGELO: - Se acalme, senhora. Ele sabe o que está fazendo! [Disse ao ver Antônio fazer respiração boca a boca em Mila].
MILA: [Acorda colocando a água que ingeriu para fora].
ANTÔNIO: - Ela vai ficar bem, viram? [Respondeu ao perceber que Mila estava bem].
[Mila tenta se recompor e mexe os braços, revelando acidentalmente seu sinal de nascença.]
ANTÔNIO: [Nota o sinal e se surpreende].
ANA CATARINA: [Percebe que Antônio viu o sinal].
ANTÔNIO: - Mas o que significa isso? Não pode ser… [Diz incrédulo].
[A imagem congela focando em Antônio observando o sinal de Mila, surge um efeito de uma pintura envelhecida e o capítulo se encerra].
TRILHA SONORA OFICIAL
Obrigado pelo seu comentário!