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VENTO NORTE: Capítulo 02

 


Participação especial: Carlo Porto como Diego

Cena 01/ Residência Fontes/ Sala de Estar/ Dia.

Close em Vera deitada no sofá, acordada, com todos em sua volta preocupados. 

Vera: Eu estou bem! Foi apenas um mal-estar... 

Regina: Mamãe... A senhora deveria procurar ajuda! Vamos ao médico, eu lhe acompanho! 

Alberto: Vera, por favor... 

Vera: (frustrada) Está certo, amanhã mais cedo, eu vou ao médico para deixá-los mais tranquilos! Mas eu sei que não é nada. O que tive foi devido ao estresse, ao calor... 

Close em Regina preocupada. 

Eleonora se dirige até Vera com um chá de gengibre. 

Eleonora: Beba filha, vai lhe fazer bem! 

Vera: Agradecida dona Eleonora. 

Close em Vera bebendo o chá. 

Cena 02/ Rua/ Dia. 

Plano geral dos feridos na perseguição. 

Cena 03/ Rua/ Dia. 

Close em Gustavo baleado. Uma multidão começa a se formar em volta. 

Cena 04/ Residência Flores Viana/ Suíte principal/ Dia. 

Rosália continua inquieta. Ela anda pelo quarto zonza. Até que ela para de andar e olha para o porta-retratos dela e de Gustavo ao lado da cama. Rosália pega o porta-retrato e um flashback começa. 

FLASHBACK ON: 

Gustavo e Rosália estão no campo, sentados em uma toalha, fazendo um piquenique. Gustavo faz um olhar apaixonado para Rosália, toca em seus cabelos e diz: 

Gustavo: Eu amo você, e é por isso, que aqui, hoje, em nosso aniversário de dois anos de namoro, lhe peço, aos olhos da mãe natureza, a mãe mor, que criou a terra e a vida, em casamento (ele tira do bolso uma caixinha com um anel dentro.)

Rosália: Gustavo... (se emociona) 

Gustavo: Rosália, você aceita se casar comigo? 

Rosália: (eufórica) Sim! Sim! Sim! Aceito meu amor, aceito! (emocionada) 

Gustavo e Rosália se beijam apaixonadamente. 

FLASHBACK OFF: 

Cena 05/ Rua/ Dia. 

Close na multidão que se formou em volta de Gustavo. A ambulância chega. Os enfermeiros descem do carro e afastam a multidão. Eles levam Gustavo. Close na porta da ambulância se fechando em câmera lenta, com Gustavo dentro. 

Cena 06/ Residência Trajano Ferraço/ Sala de estar/ Dia. 

Celso está ao telefone com Regina. 

Celso: (tel.) Me mantenha informado sobre o estado de saúde de Dona Vera! 

As crianças que estavam ouvindo escondidas no corredor (com rostos visíveis), se dirigem até Celso. 

Melissa: O que houve papai? 

Celso: Sua avó teve um mal-estar. 

Carlos: A vovó está bem?

Celso: Agora está, mas por precaução, sua mãe passará a noite lá. Bom... Mudando um pouco o foco, o diretor da escola telefonou Carlos, por que você não foi a aula ontem? 

Carlos: Eu estava indisposto papai...

Celso: Indisposto? Se você não estivesse com disposição, teria ficado em casa e repousado, não teria ficado jogado por essas ruas. Eu não criei filho para ser gigolô. Devido ao seu comportamento, ficará uma semana de castigo. Da escola para casa, da casa para a escola. 

Carlos: (frustrado) Papai... Por favor... 

Celso: Não tem pai, agora vá para o seu quarto e reflita sobre o que você fez! 

Carlos se dirige até o corredor de cabeça baixa. 

Close em Celso e Melissa. 

Cena 07/ Hospital Municipal/ Recepção/ Dia. 

A porta do hospital se abre em câmera lenta. Gustavo chega com a maca e os enfermeiros o trazendo. 

Cena 08/ Hospital Municipal/ Sala do dr. Otávio/ Dia. 

Sua secretária Selma (25), entra em sua sala e dá um comunicado ao doutor Otávio (55).

Selma: Doutor, acaba de chegar um paciente em estado terminal, baleado na avenida das américas.

O doutor pega sua maleta e vai em direção à moça. Close na porta fechando.   

Cena 09/ Hospital Municipal/ Recepção/ Dia. 

A enfermeira Isabel (33) se dirige até o balcão e conversa com a secretária (30)

Isabel: Os enfermeiros que socorreram o paciente encontraram sua carteira com documentados em seu paletó. Trata-se de Gustavo Flores Viana. 

Cena 10/ Residência Flores Viana/ Sala de estar/ Dia. 

Rosália continua inquieta na janela de casa. Ela liga o rádio para se distrair. 

No rádio começa a tocar uma música. 

Música: Diz que vai, vai - Odete Amaral.


A música acaba e começa o noticiário. 

Narrador: Houve uma perseguição policial mais cedo, na barra da tijuca, avenida das américas. Cinco pessoas foram baleadas, uma mulher morreu no local e um homem está internado em estado crítico. As outras pessoas sofreram ferimentos leves. 

Rosália desliga o rádio e fica preocupada. Close em Rosália. 

Abertura:


Vinheta de Intervalo:


Cena 11/ Hospital Municipal/ Sala de cirurgia/ Dia. 

Os médicos estão operando Gustavo. O doutor Otávio extrai a bala. Close nos médicos se empenhando para salvar o paciente.

Cena 12/ Residência Fontes/ Quarto de hóspedes/ Dia. 

Regina está escrevendo em seu diário. O som fica mudo. Se ouve apenas a voz de Regina enquanto ela escreve. 

Regina: Mamãe desfaleceu essa manhã, fiquei extremamente preocupada... Ela disse que iria ao médico amanhã... Espero que não seja nada grave... 

Close em Regina preocupada. 

Cena 13/ Residência Muniz/ Sala de jantar/ Dia. 

Roberto, Helena e Vicente estão almoçando. 

Roberto: Helena, você soube que houve uma perseguição pela manhã na barra? 

Helena: Soube, uma lástima! Os Culpados são os governantes! Políticos ladrões, que protegem os bandidos, marajás, gente do alto! 

Roberto: Uma pessoa morreu e outras quatro ficaram feridas. Há um homem internado na clínica municipal, mas tenho dúvidas se irá se salvar...

Helena: O que nos resta é rezar por essas pessoas! O rio nunca esteve tão violento quanto nos últimos meses... (pausa ofegante) Uma cidade tão bonita... 

Roberto, Helena e Vicente ficam reflexivos. 

Cena 14/ Residência Fontes/ Cozinha/ Dia. 

Eleonora está preparando o almoço. Ela joga algumas folhas no feijão. Regina aparece. 

Regina: Vim lhe ajudar vovó! 

Eleonora: Não é necessário filha! 

Regina: Eu faço questão vovó! 

Regina pega uma batata e começa a descascá-la. Close em Regina. 

Cena 15/ Residência Trajano Ferraço/ Sala de estar/ Dia. 

Celso entra com duas sacolas e entrega uma para Melissa que está no sofá lendo. 

Celso: Acabo de comprar esses sanduíches. Vá até os aposentos de Carlos e entregue um a ele. Irei preparar um suco para nós bebermos. 

Cena 16/ Bordel Le Blanc/ Quarto/ Dia. 

Close em Diego que está deitado em uma cama improvisada no chão. 


Laura está se aprontado em frente ao espelho. 

Laura: Como você se divertiu em um horário não habitual, a conta ficou mais cara, eu já havia lhe dito. 

Ele se levanta de cueca e vai em direção à ela. 

Diego: Você não irá aliviar para o meu lado, depois dessa tarde incrível que tivemos juntos? 

Laura: São mil cruzeiros, por gentileza. 

Diego: Só possuo trezentos em minha carteira. 

Laura: Você pode ajudar na casa hoje a noite, Nosso bartender pediu as contas, você pode ocupar o lugar dele. 

Diego: (ri) Eu não sou homem de trabalhar como bartender de prostíbulo.

Laura: Então serei obrigada a chamar as autoridades competentes. 

Diego: (ri) Autoridades? Se olhe no espelho, você não passa de uma rameira, uma vadia renegada e apontada na rua pela sociedade! Não serei nem ao menos processado. Qualquer homem precisa se aliviar, vim desfrutar dos prazeres da vida, aqui nessa casa. Qualquer juiz me dará ganho de causa.  

Laura: (triste) Então chamarei nosso segurança, mas não para lhe colocar para fora dessa casa, mas para lhe dar uma surra! 

Diego: Segurança? Está certo! Mas não creio que você consiga chamá-lo, já que do jeito que você estará... 

Laura fica surpresa. 

Diego dá um soco em Laura que cai no chão.

Laura: (grito) So... 

Quando ela iria gritar, ele coloca a mão em sua boca e começa a socá-la no abdômen. 

A câmera vagueia pelo quarto e pausa em frente a porta. Se ouve apenas os sussurros de Laura junto à um instrumental. 

Instrumental: 


Cena 17/ Residência Trajano Ferraço/ Quarto de Carlos/ Dia. 

Carlos chora deitado na cama, agarrado ao travesseiro. Melissa entra no quarto e Carlos disfarça.

Melissa: Você está chorando? 

Carlos: (triste) Não seja idiota, chorar é para maricas. 

Melissa: Bom... Papai mandou te entregar (entrega sanduíche para Carlos)

Carlos: Obrigado! 

Melissa se retira e Carlos se aproxima até o prato com o sanduíche. 

Carlos: (ri debochadamente) Belo consolo... Eu não vou ficar aqui! 

Carlos fica pensativo até que se depara com a janela. Ele faz um olhar cínico e debochado. 

Cena 18/ Hospital Municipal/ Corredor do hospital/ Dia. 

Otávio caminha pelo corredor da sala de cirurgia em direção a enfermeira Joyce (35). 

Otávio: Conseguimos retirar a bala, mas ele perdeu muito sangue e a bala atingiu um órgão vital... É provável que não sobreviva. 

Joyce: Pobre Homem!

Close em Otávio e Joyce reflexivos. 

Cena 19/ Residência Trajano/ Externa/ Dia. 

Carlos pula o muro de casa. Ele observa para os dois lados para ver se alguém está olhando. Carlos sai andando pela rua bem discreto, até que começa a correr e saltitar. 

Cena 20/ Residência Flores Viana/ Sala de Estar/ Dia. 

Rosália está lendo um livro, quando de repente o telefone toca. Ela respira fundo e vai atender.

Rosália: (TEL) Pois não? 

Alguns segundos se passam até que ela se desestabiliza... 

Rosália: (TEL) Meu Deus! Como ele está? Em que hospital? Me diga... 

Ela desliga o telefone. Rosália fica desesperada. Ela pega a bolsa e o chapéu e sai. 
Em câmera lenta, a tela vagueia até o porta-retratos de Rosália e Gustavo que há ao lado do sofá, na mesinha de canto, junto à uma sonoplastia de fundo. 


A imagem fica em preto e branco, como se fosse um filme dos anos 40. Gancho no porta-retratos de Rosália e Gustavo.



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