SARAMANDAIA
Capítulo 23 ��️
Criada por: Dias Gomes
Adaptada e escrita por: Luan Maciel
Produção Executiva: Ranable Webs
CENA 01. ARREDORES DE BOLE-BOLE. CASA DE CAMPO.
QUARTO. FIM DE TARDE
Algumas horas depois. A câmera mostra que Marcina está deitada
na cama e com as mãos amarradas. Carlito Prata está sentado
em uma cadeira bem em sua frente. Depois de um longo tempo
Marcina vai despertando e ela fica apavorada ao se dar conta de
que está em um lugar desconhecido e que Carlito Prata está a
mantendo como refém.
MARCINA (apavorada/confusa): - Carlito???? O que está
acontecendo aqui? Onde é que eu estou? (P) Porque eu estou
amarrada? Diga alguma coisa. Eu quero respostas.
CARLITO PRATA (sorrindo): - Eu disse que você ainda ia ser
minha, Marcina. Você está em um lugar onde ninguém vai
pensar em te procurar. Você nunca mais vai ver aquele monstro
do João Gibão. Você vai se render aos meus encantos.
MARCINA: - Eu vou começar a gritar, Carlito. É melhor você
me soltar agora mesmo. Eu não estou brincando com você.
Vai!!!
Carlito Prata se levanta e ele começa a andar pelo quarto
enquanto Marcina vai ficando ainda mais desesperada.
CARLITO PRATA (maquiavélico): - Você pode gritar a vontade,
Marcina. Ninguém vai conseguir te ouvir. Eu te dei a chance de
fazer a coisa, mas agora eu tenho você em minhas mãos.
MARCINA (revoltada): - Eu nunca achei que você seria capaz de
fazer uma coisas dessas comigo, Carlito. É melhor você me
soltar. Quando o João e os meus pais derem pela minha falta
eles não vão descansar enquanto não né encontrar.
CARLITO PRATA: - Eu estou contando com isso, Marcina. Se
depender de mim eles nunca vão te encontrar. Quando o povo
de Bole-Bole descobrir que você sumiu eles vão responsabilizar
o João Gibão, e irão fazer justiça com as próprias mãos. Essa
será a minha tão adorada vingança.
Carlito Prata esboça um sorriso. A câmera mostra que Marcina
vai gritando desesperada. O vilão fica com um olhar cínico.
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[ANOITECE]
CENA 02. BOLE-BOLE. RUA. EXTERNA. NOITE
João Gibão vai andando pela rua da cidade que a essa hora já
está totalmente deserta. Nesse momento para a sua surpresa
ele é surpreendido com a chegada de Maria Aparadeira e Seu
Cazuza que estão muito aflitos. João Gibão percebe que tem
algo de muito errado acontecendo.
MARIA APARADEIRA (angustiada): - João Gibão…. Onde é que
está a minha filha? Já fazem horas que ninguém tem notícias da
Marcina. Eu sei que você fez alguma coisa com ela. Confesse.
SEU CAZUZA (ponderando): - Maria… Você precisa manter a
compostura. Nós ainda não sabemos o que foi que aconteceu.
Você não pode ficar acusando o João asim sem nenhuma prova.
JOÃO GIBÃO: - Eu sinceramente não sei onde a Marcina está,
dona Maria Aparadeira. A última vez que eu vi ela foi na festa
da minha posse. Isso está estranho. Tem algo que não está
certo.
Maria Aparadeira se aproxima de João Gibão e fica batendo
desesperada no peitoral dele. Seu Cazuza tenta acalmar ela.
MARIA APARADEIRA (desabafando): - Eu sempre soube que
você não era homem para a minha filha, João Gibão. E agora ela
some assim de repente? Você tem muito o que explicar.
JOÃO GIBÃO (firme): - Eu sempre procurei entender esse ódio
que você sente por mim, dona Maria Aparadeira. Mas eu já
estou cansado de tudo isso. Eu não fiz nada contra a Marcina.
SEU CAZUZA: - Eu acredito em você, João. Eu sei que você
jamais faria nada desse tipo com a minha filha. (P) Vamos
embora, Maria. Você já fez o suficiente por hoje.
Seu Cazuza pega Maria Aparadeira pelos braços e eles vão
embora. João Gibão fica pensando onde Marcina pode estar.
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CENA 03. CASARÃO DA FAMÍLIA ROSADO. QUARTO DE
ESTELA. INTERNA. NOITE
Close em Estela que está deitada sobre a cama. Ela ainda não
conseguiu absorver a história de que Risoleta é sua verdadeira
mãe. Tempo. Uma batida pode ser ouvida na porta. Logo depois
Helena entra no quarto. Ela olha com arrependimento para
Estela que não consegue a olhar nos olhos.
HELENA (séria): - Eu sei que você deve ter muitas perguntas,
minha filha. E eu estou disposta a responder todas elas. Mas eu
só peço que você não me afaste de você. Isso seria a pior coisa
que poderia me acontecer. Só isso que eu te peço.
ESTELA (magoada): - Porque você nunca me contou a verdade?
Eu tinha o direito de saber que eu tenho uma mãe que sempre
ááprocurou por mim. E porque ela me abandonou?
HELENA: - Essa situação é bem delicada, Estela. Por mim eu
teria te contado a verdade, mas o seu pai nunca iria permitir
que isso acontecesse. (P) A Risoleta deixou você aos cuidados de
sua avó porque ela foi expulsa pelos hipócritas dessa cidade.
Mas ela sempre quis voltar para te buscar.
Estela engole seco a revelação de Helena. Ela fica abismada.
ESTELA (incrédula): - Eu já imaginava que o povo dessa cidade
era preconceituoso, mas eu não esperava que eles seriam
capazes de algo tão cruel e mesquinho assim.
HELENA (triste): - Eu estou te contando isso porque apesar de
todos os meus erros você é minha filha, Estela. Eu não vou
impedir se você quiser conhecer melhor a Risoleta. Você merece
saber da boca dela de tudo o que aconteceu.
ESTELA: - Eu não sei como te agradecer, mãe. Eu fiquei
magoada no começo, mas agora eu vejo que sou uma mulher de
sorte por ter uma mãe como você. Obrigada.
Estela e Helena se abraçam emocionadas. A câmera mostra a
lágrima saindo do olhar de Helena.
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CENA 04. HOSPITAL DE BOLE-BOLE. CORREDOR.
INTERNA. NOITE
O silêncio reina no local. A câmera mostra de um plano mais
intimista que Vitória e Lua Viana estão em silêncio
preocupados com a situação de Zélia. Aos poucos podemos
ouvir passos caminhando na direção de Vitória e Lua Viana. A
câmera dá um giro de 180° graus e mostra que se trata de Zico
Rosado.
VITÓRIA (gritando): - O que você veio fazer aqui, Zico? Veio se
certificar de que a sua tentativa de assassinato foi bem
concluída? Como você pode ser tão desprezível assim? Ela é sua
filha. Mas parece que isso não importa para você.
LUA VIANA (fora de si): - É melhor você ir embora, Zico
Rosado. Eu estou com tanta vontade de te matar que eu não sei
se eu irei conseguir me controlar. Fica longe d a Zélia, seu
desgraçado.
ZICO ROSADO: - Você acha mesmo que eu seria capaz de
matar alguém, Vitória? Ainda mais essa pessoa sendo minha
filha? Parece que você não me conhece mesmo. Eu não sou esse
monstro que você deve estar imaginando.
Vitória se aproxima de Zico Rosado e lhe dá um tapa na cara. O
vilão leva a mão ao rosto. Lua Viana vai ficando com mais ódio.
VITÓRIA (esbravejando): - Como você é cínico, Zico. Naquele
dia que a Zélia sumiu eu sei que foi você que manteve ela em
cárcere privado. Ela me confidenciou isso. Vai ter coragem de
mentir para mim olhando em meus olhos?
LUA VIANA (irritado): - Como é que é? Foi você que sumiu com
a Zélia naquele dia? Você é um infeliz, Zico Rosado. Fazer isso
com a própria filha é demais até mesmo para você.
ZICO ROSADO: - Eu fiz isso mesmo, mas eu não sabia que ela
era minha filha. Eu não queria fazer mal contra ela. Eu só
queria que ela entendesse que mudar o nome da cidade é um
erro. Você precisa acreditar em mim, Vitória.
VITÓRIA (firme): - Vai embora, Zico. Eu nunca mais quero te
ver na minha frente. Assim que a Zélia sair desse hospital eu
vou levar embora dessa cidade. Assim você nunca mais ver bem
eu e nem ela. Só assim você terá o que tanto deseja.
Vitória e Lua Viana dão as costas para Zico Rosado. O vilão fica
totalmente sem chão. Formigas começam a sair pelo nariz de
Zico Rosado. Ele consegue disfarçar com um lenço.
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CENA 05. ESTAÇÃO DE TREM. PLATAFORMA. EXTERNA.
NOITE
Um trem está parado na plataforma da estação. Poucas pessoas
estão no local. Um homem vem descendo do trem. Ele tira os
óculos e olha ao seu redor demonstrando não estar
surpreendido com a cidade. Ele é Homero (Cláudio Gabriel) que
parece não pertencer a esse lugar. Logo depois a câmera mostra
pés femininos descendo do trem, mas ainda não vemos seu
rosto.
HOMERO (orgulhoso): - Você tinha razão. Essa cidade é tão
pitoresca quanto a sua irmã tinha lhe contado. (P) Eu espero
que você esteja preparada. O povo dessa cidade vai tomar o
maior susto. Eles não estão preparados para tudo isso.
A câmera vai subindo e mostrando uma mulher é idêntica a
Dona Redonda, mas com outro estilo. Ela é Dona Bitela (Grace
Gianoukas). A semelhança deixa o maquinista do trem
abismado. Don Bitela respira fundo e olha para Homero.
DONA BITELA (ponderando): - Eu sei muito bem disso,
Homero. Nas você sabe muito bem o que eu vim fazer aqui. Eu
quero conhecer melhor a vida que a minha irmã tinha aqui.
HOMERO (sorrindo): - Se é isso que você então que assim seja.
Eu mal espero para ver a reação do povo ao olhar para você. Isso
será impagável. Foi por isso que eu vim para essa cidade no fim
do mundo.
DONA BITELA: - Você não tem jeito mesmo, Homero. Agora
vamos embora antes que algum desavisado apareça. Eu quero
chegar na cidade o quanto antes. Vamos logo.
Dona Bitela e Homero vão indo embora da estação de trem em
direção à cidade. O maquinista do trem fica de queixo caído.
MAQUINISTA (figurante): - Dona Redonda??? Não pode ser.
Todo mundo viu ela explodir. Essa cidade está muito esquisita.
O maquinista esfrega os olhos tentando recobrar a razão. Em
questão de segundos Dona Bitela e Homero somem no meio da
escuridão tortuosa de Bole-Bole.
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CENA 06. CASA DE LEOCÁDIA. QUARTO DE JOÃO GIBÃO.
INTERNA. NOITE
A câmera foca em João Gibão que está parado em frente a um
guarda roupa vasculhando tudo que ele encontra pela frente.
Nesse momento, Leocádia entra no quarto e fica abismada
vendo o que seu filho está fazendo. Ela se aproxima aos poucos.
LEOCÁDIA (intrigada): - João…. O que é que está acontecendo
com você, meu filho? Você está tão agitado. Eu nunca te vi
desse jeito. (P) Me conte o que está acontecendo. Por favor…
JOÃO GIBÃO (aflito): - A Marcina sumiu, mãe. Eu estou com
um pressentimento ruim de que algo ruim pode ter acontecido.
O Carlito sempre foi obcecado por ela. Isso não está certo.
LEOCÁDIA: - Você acha mesmo que o Carlito seria capaz de
fazer algo desse tipo? Eu acredito que ele não iria se arriscar
dessa maneira. Você tem certeza do que está falando?
João Gibão tira um cachecol de dentro do guarda roupa. Ele
olha de forma bem séria para sua mãe que vê a sua
preocupação.
JOÃO GIBÃO (sério): - Eu tenho certeza absoluta do que eu
estou falando, mãe. Ele tentou por várias vezes me separar da
Marcina. E agora ela some desse jeito? Eu vou procurar a
Marcina. E depois o Carlito terá muito o que explicar.
LEOCÁDIA (preocupada): - Toma cuidado, meu filho. Esse
Carlito Prata é muito perigoso. O ódio que ele sente por você
não é normal. Eu estou preocupada com você, João.
JOÃO GIBÃO: - Eu prometo que eu vou ter cuidado, mãe. Mas
eu não posso deixar a Marcina nas mãos daquele sádico do
Carlito. Eu vou salvar a mulher que eu amo.
João Gibão sai do quarto com o cachecol em suas mãos. A
câmera mostra o olhar de preocupação Leocádia.
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CENA 07. ARREDORES DE BOLE-BOLE. CASA DE CAMPO.
QUARTO. INTERNA. NOITE
O quarto está em total silêncio. Em um close mais fechado
podemos ver o desespero no olhar de Marcina. Em sinal de
pavor ela começa a roer a corda que prende os seus braços na
cama. Depois de longos minutos Marcina finalmente consegue
se soltar. Sem pensar duas vezes ela se prepara para fugir, mas
Carlito Prata aparece no quarto e a segura pelos braços.
CARLITO PRATA (ameaçador): - Eu posso saber onde é que você
está indo? Eu disse e espero que você entenda. Você não vai a
lugar, Marcina. A sua vida agora é aqui comigo. Aceite isso.
MARCINA (desesperada): - Porque você não me deixa em paz,
Carlito? Tudo o que eu mais quero é viver a minha vida em paz
ao lado do homem que eu amo. Porque você não entende isso?
CARLITO PRATA: - Porque você é minha!!!! Eu quero ver a
esperança sumir dos seus olhos aos poucos, Marcina. Esqueça
daquela aberração do João Gibão. Ele não vai te salvar.
Marcina fica completamente abatida. Carlito sorri satisfeito.
CARLITO PRATA (maquiavélico): - Olha só para você, Marcina.
Está imaginando quando o seu herói vai aparecer, não é
mesmo? Isso nunca vai acontecer. Ele é um covarde e você vai
perceber isso com o tempo. Acredite em mim.
MARCINA (em negação): - Você está errado, Carlito. O João não
é esse monstro que você tanto diz. As asas que ele tem nas
costas são como um dom. No fundo você sente inveja dele.
CARLITO PRATA: - Inveja? Isso só pode ser brincadeira. Eu sou
o melhor partido dessa cidade. Um corcunda que nem o João
Gibão não chega aos meus pés. Agora que eu tenho você aqui o
meu próximo passo é desmoralizar aquele maldito diante toda
a cidade. Todos verão eles como realmente é: Uma aberração.
Marcina fica completamente fora de si. Ela tenta partir para
cima de Carlito Prata. O vilão usa de violência e joga ela em
cima da cama. Logo depois ele sai e tranca o quarto. A câmera
mostra o medo no olhar de Marcina.
A imagem congela no olhar amedrontado de Marcina. Aos
poucos a imagem vai ganhando um efeito como se
transformasse em uma moldura.
Obrigado pelo seu comentário!