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ESPERANÇA - CAPÍTULO 07



ESPERANÇA

Capítulo 07

Novela criada e escrita por

Wesley Franco

 

CENA 1. EXT. DELEGACIA – DIA

Um grupo de manifestantes se reúne em frente à delegacia. Camila, Chandra Dafni, Padre Olavo, Candoca, Eriberto, Angislanclécia, e outros moradores da cidade gritam palavras de ordem, segurando cartazes pedindo a libertação de Matteo. O clima é tenso, mas cheio de determinação.

MANIFESTANTES (GRITANDO EM CORO) – Soltem Matteo! Justiça para Matteo!

O delegado Afrãnio sai furioso da delegacia, ajeitando o chapéu, claramente irritado com o barulho e a manifestação

AFRÂNIO (GRITANDO) – Dispersar! Agora! Vocês estão atrapalhando a ordem pública!

ERIBERTO – Nós só sairemos daqui quando você parar de ser o capacho do Coronel Almeida e cumprir a lei! Matteo é menor de idade e deve ser solto!

Afrânio, furioso, perde a paciência. Ele saca sua arma e dispara alguns tiros para o alto, assustando os manifestantes. O som dos tiros ecoa na rua, causando pânico e uma grande corrida.

AFRÂNIO (GRITANDO) – Eu avisei! Voltem para suas casas ou na próxima vez, os tiros não serão para cima!

Camila, apesar do pânico ao redor, permanece firme e caminha em direção ao delegado Afrânio, os olhos dela fixo nos deles. Afrânio, ainda segurando a arma, olha com desdém enquanto ela se aproxima.

CAMILA – Seus tiros não me assustam, delegado. Eu não vou me calar nem parar de me manifestar contra a prisão injusta do Matteo.

Afrânio, visivelmente irritado, abaixa a arma, mas não afrouxa o seu tom autoritário contra Camila.

AFRÂNIO – Olha o jeito que você fala comigo, mocinha, eu poderia muito bem te prender também. E, se continuar com essa rebeldia, eu vou pessoalmente contar ao seu pai no que você anda se metendo. Tenho certeza de que ele vai adorar saber que a filha dele anda se metendo em baderna defendendo criminoso.

CAMILA (IRRITADA) – O Matteo não é nenhum criminoso! Conte o que quiser ao meu pai, afinal é ele que manda em você, pois você não passa de um capacho! Mas que fique claro, que nem ele, nem você, vão me calar. Eu vou continuar lutando pelo que é certo.

O padre Olavo, percebendo que a situação está saindo do controle, se aproxima, tentando interceder.

OLAVO – Camila, por favor, vamos conversar com calma. Delegado Afrânio, nós só queremos justiça e paz. Não precisamos resolver isso com violência.

O delegado dá uma risada seca, sem tirar os olhos de Camila.

AFRÂNIO (SARCASTICAMENTE) – Justiça, padre? Ou uma revolução? Vocês estão promovendo desobediência civil.

OLAVO – Seja maleável delegado, o Matteo acabou de perder a mãe. Vocês não vão deixar nem que ele saia para dá um último adeus?

AFRÂNIO – Ele só vai sair de lá de dentro quando eu quiser!

Eriberto, bastante sério e decidido se aproxima encarando o delegado e segurando seu caderno de anotações.

ERIBERTO – Eu vou escrever sobre esse abuso no meu jornal. Todo mundo vai saber como você usa de violência para reprimir manifestantes pacíficos. E garanto que essa notícia vai correr o estado. Os tempos de repressão acabaram delegado!

Afrânio olha para Eriberto, seu rosto demonstra uma certa tensão com a menção de ser exposto na imprensa local. Ele abaixa a cabeça brevemente, como se estivesse considerando as consequências, mas logo volta encarar todos à sua frente com um olhar de superioridade.

AFRÂNIO – Escreva o que quiser, mas saiba que esse protesto não vai adiar de nada. Agora dispersem, ou teremos mais problemas.

Camila cruza os braços, não se movendo, enquanto o padre Olavo continua tentando trazer todos à razão.

AFRÂNIO – Quem ficar, vai preso!

OLAVO – Não vamos resolver nada aqui com ameaças, delegado. Vamos buscar uma solução pacífica para essa situação.

CAMILA – Isso ainda não acabou.

Camila, Eriberto, Padre Olavo e os outros começam a se dispersar, enquanto o delegado Afrânio observa com desconfiança e irritação.

                                                         CORTA PARA:

CENA 2. INT. BANCO DA CIDADE – SALA DA PRESIDÊNCIA – DIA

Homero está ao telefone, enquanto o Coronel Almeida se acomoda confortavelmente em uma poltrona de couro, com um ar impaciente, mas confiante. Ele observa o ambiente com olhos calculistas, sua mente trabalha nos próximos passos. Homero, logo encerra a ligação, depositando o telefone na mesa. Ele se volta para Almeida com um leve sorriso.

HOMERO – Estava falando com o advogado do banco. Ele acredita que podemos adiantar o processo de execução da hipoteca da fazenda Bellini...há uma alternativa mais rápida.

Almeida se inclina um pouco para frente, claramente interessado.

ALMEIDA – E qual seria essa alternativa?

HOMERO – Podemos adiantar o processo com uma ação judicial, principalmente considerando os últimos acontecimentos. O advogado explicou que dada a clara impossibilidade de pagamento da dívida, basta uma autorização do juiz.

Almeida sorri de canto, relaxando um pouco mais na poltrona, e com um tom cheio de autoconfiança.

ALMEIDA – Eu conheço o juiz da comarca. Ele é meu amigo pessoal, posso fazer uma visita e garantir que ele autorize isso rápido. Muito rápido.

HOMERO – Da minha parte, entrarei com a ação ainda hoje. Se o juiz colaborar como você diz, logo a fazenda Bellini será colocada a leilão.

O rosto de Almeida se ilumina de maldade e ele solta uma risada de satisfação.

ALMEIDA – Perfeito! Que seja rápido! Quero ver aquelas terras nas minhas mãos o quanto antes. Quando aquele moleque voltar a ver o sol fora daquelas grades, ele e os irmãos não terão mais nada.

Homero mantém a compostura, enquanto Almeida continua a sorrir, visivelmente satisfeito com o desenrolar dos acontecimentos.

ALMEIDA (SOMBRIO) – Que esse leilão seja o fim definitivo da família Bellini.

                                                         CORTA PARA:

CENA 3.INT. SEDE DO JORNAL “O AMIGO DO POVO” – DIA

Eriberto entra com pressa no jornal, seguido por Angislanclécia, ambos claramente agitados.

ERIBERTO – Isso foi longe demais! O delegado está completamente fora de controle. Ele e o Coronel Almeida acham que podem fazer o que bem entendem, como se essa cidade fosse uma extensão da casa deles.

ANGISLANCLÉCIA – A atitude do delegado foi completamente errada, ele reprimiu com violência um protesto pacífico e por uma causa justa.

ERIBERTO – Nós precisamos fazer alguma coisa, não só para ajudar a tirar o Matteo da cadeia, mas também para acabar com esse autoritarismo que vem sendo imposto a essa cidade.

Eriberto caminha até a sua mesa, jogando com força um maço de papéis em cima, sua raiva é evidente.

ERIBERTO – Nós vamos denunciar o que está acontecendo nessa cidade através do jornal. Eu vou escrever um artigo contando tudo que aconteceu. Amanhã cedo, a cidade inteira vai saber!

ANGISLANCLÉCIA (PREOCUPADA) – Eriberto, pensa bem...você sabe o poder que o Coronel Almeida tem. Publicar uma denúncia direta a ele pode significar uma retaliação ao jornal. Eles podem fechar o jornal, ou fazer alguma coisa ainda pior.

ERIBERTO (ENFÁTICO) – Nós somos jornalistas, Angislanclécia! O nosso dever é dizer a verdade, não importa o preço. Se não fizermos isso, então para quê estamos aqui? Pra quê temos um jornal? Pra escrever sobre festas e quermesses?

Angislanclécia cruza os braços, claramente apreensiva. Ela sabe que Eriberto tem razão, mas o medo da retaliação do coronel a preocupa.

ANGISLANCLÉCIA – Eu sei, mas estamos falando do Coronel Almeida. Você sabe do que ele é capaz, aquele homem me assusta.

ERIBERTO - Se a gente se calar, quem vai falar? Um jornalista precisa ter coragem. Coragem pra enfrentar esses tiranos, coragem pra defender o povo!

Eriberto se senta em sua mesa e começa e escrever no papel à sua frente.

ERIBERTO – Amanhã o povo vai ler a verdade sobre o que aconteceu naquela delegacia.

ANGISLANCLÉCIA – Espero que você esteja certo, mas estarei com você. Vou te ajudar a revisar o artigo.

Angislanclécia pega uma cadeira e se aproxima de Eriberto, enquanto ele continua a escrever o artigo.

                                                        CORTA PARA:


CENA 5. INT. PREFEITURA DE ESPERANÇA – RECEPÇÃO – DIA

Hismeria, secretária do prefeito, está arrumando suas coisas em sua mesa para ir embora. Ela coloca papéis em ordem e pega sua bolsa. Ao fundo, Augusto e Pedro aparecem, andando pelo corredor em direção à saída.

PEDRO (SORRINDO) – Hismeria, já está indo embora? Pensei em te convidar pra gente ir na lanchonete. Tomar um café, comer um lanche, conversar um pouco. No trabalho a gente quase não tem tempo de conversar.

HISMERIA – Ah, Pedro, muito obrigada pelo convite, mas hoje eu estou tão cansada. Podemos ir outro dia, pode ser?

PEDRO – Claro, claro! A gente marca outro dia então, sem pressa.

Hismeria sorri, coloca a bolsa no ombro e se despede de Pedro e Augusto.

HISMERIA – Boa noite para vocês, até amanhã!

Hismeria sai. Pedro suspira, enquanto Augusto solta uma risada maliciosa.

AUGUSTO (RINDO) – Levou um fora, hein, campeão?

PEDRO – Que nada! Cedo ou tarde, ela vai acabar na minha cama. E quando isso acontecer, vou trazer a calcinha dela para você como prova.

Os dois riem juntos. Pedro tenta não demonstrar que está incomodado com o comentário, mas Augusto percebe.

AUGUSTO (PROVOCA) – Enquanto isso não acontece, o que acha de a gente passar no bordel da Madame Yvette? Já que o clima não tá bom pro lado da secretária.

PEDRO – Ótima ideia! Hoje eu estou com vontade de duas meninas!

Eles riem novamente, saindo da prefeitura satisfeitos e trocando piadas enquanto caminham em direção ao bordel.

                                                        CORTA PARA:

CENA 6. INT. FAZENDA ALMEIDA - CASA DOS ALMEIDA – SALA – NOITE

Coronel Almeida está sentado em sua poltrona de couro, fumando um charuto, enquanto espera que o jantar fique pronto. Camila desce as escadas, seus olhos estão vermelhos de tanto chorar, seu semblante é de raiva e tristeza.

CAMILA (FEROZ) – Pai, a gente precisa conversar. Agora!

Almeida apaga o charuto lentamente, sentindo o peso da tensão no ar, e se levanta.

ALMEIDA – O que significa esse tom, Camila? Isso é jeito de falar com seu pai?

CAMILA – O Matteo te acusou de mandar incendiar a fazenda Bellini, de ser o responsável pela morte da mãe dele, e hoje ele está preso por sua causa. Porque ao invés de você se defender das acusações, usou do seu poder para calá-lo.

ALMEIDA (CONTROLADO) – Essas acusações são absurdas, vindas de um moleque que não sabe o que fala. Eu não tenho nada a ver com o incêndio ou com a morte da Francesca.

CAMILA (FURIOSA) – Pare de negar! Você não pode continuar negando uma coisa que a cidade inteira sabe que tem seu dedo! Matteo está na cadeia por sua ordem, pai! Como você pode ser tão cruel? Ele perdeu a mãe e agora você o deixa apodrecer lá como se fosse um criminoso! Amanhã é o enterro da mãe dele, e ele se quer poderá se despedir dela por sua culpa.

ALMEIDA (FIRME) – Eu não deixo ninguém apodrecer. Ele está preso porque causou um escândalo em minha festa, agrediu a mim e expôs mentiras para a cidade inteira. Não vou permitir que isso passe impune.

Camila começa a chorar, mas sua expressão se endurece ainda mais. Ela respira fundo, tentando controlar a dor.

CAMILA (COM A VOZ TRÊMULA) – Eu amo o Matteo, pai. Eu o amo de verdade, e eu não posso aceitar que você faça isso com ele, que você o destrua por pura vingança.

O silêncio paira por alguns segundos, Almeida fica incrédulo com a confissão de amor de Camila por Matteo, ele se aproxima de Camila, seus olhos estão em chamas de raiva.

ALMEIDA (GRITANDO) – O que? Você está me dizendo que acama aquele desgraçado? Eu proíbo, Camila! Eu proíbo você de se quer pensar nesse moleque!

CAMILA (DESAFIANDO) – Você não pode me proibir de nada! Não vai controlar a minha vida como controla todos nessa cidade! Eu não vou deixar, eu não vou permitir que você mande na minha vida!

Almeida dá um passo à frente, cada vez mais tomado pela ira, seu rosto está vermelho de raiva.

ALMEIDA (AMEAÇADOR) – Eu sou seu pai, e você vai me obedecer. Enquanto viver debaixo do meu teto, você faz o que eu mando.

CAMILA – Então eu prefiro sair desse teto, se é isso que você quer, eu vou embora. Mas eu não vou deixar você destruir o Matteo. Eu ainda não sei como, mas eu vou tirá-lo da cadeia, com ou sem a sua permissão.

Almeida se aproxima de Camila, segurando-a pelos braços com força.

ALMEIDA – Você não vai a lugar nenhum. Eu não vou permitir que você jogue sua vida fora por causa de um rapaz que só vai te arruinar.

CAMILA – A única pessoa arruinando a minha vida é você, pai.

Ela se solta bruscamente das mãos de Almeida, que fica imóvel, atordoado pelas palavras da filha. Camila sai correndo da sala, deixando Almeida sozinho, seu olhar é endurecido de ódio e incompreensão. Almeida está fervendo de raiva, respirando pesadamente. Ele dá alguns passos pela sala, tentando controlar sua fúria, mas é inútil. Ele se vira bruscamente para o corredor e grita com toda a força.

ALMEIDA (GRITANDO, FURIOSO) – DOROTÉIA! DOROTÉIA!

Os gritos ecoam pela casa, e, em segundos, Dorotéia aparece na entrada da sala, com uma expressão de susto. Atrás dela, Eulália surge, visivelmente apreensiva com os berros. Ambas entram na sala, paradas diante do Coronel que está tomado pela ira.

DOROTÉIA (ASSUSTADA) – O que está acontecendo Almeida? Por que está gritando assim?

Eulália observa a situação com uma mistura de curiosidade e ansiedade, enquanto Almeida avança sobre Dorotéia, com o rosto contorcido de raiva.

ALMEIDA (FURIOSO, APONTANDO O DEDO NA CARA DE DOROTÉIA) – Você sabia! Você sabia que a Camila estava se envolvendo com aquele maldito do Matteo, não sabia?

Dorotéia recua um passo, chocada com a acusação. Ela balança a cabeça, engando rapidamente.

DOROTÉIA (DEFENSIVA, QUASE CHORANDO) – Não! Não, Almeida, eu não sabia de nada! Se eu soubesse, teria te contato, eu juro.

Eulália, que estava apenas observando, cruza os braços e lança um olhar desconfiado para Dorotéia.

EULÁLIA – Eu não sei, não...Me parece que você sabia sim, uma mãe sempre sabe dessas coisas. Talvez estivesse acobertando a menina, tentando evitar um confronto com o Almeida.

Dorotéia vira-se rapidamente para Eulália, chocada com a insinuação. Almeida aperta os punhos, os olhos ardendo de fúria crescente. A insinuação de Eulália parece acender ainda mais a raiva do Coronel.

ALMEIDA – Então é isso? Você estava encobrindo essa situação, igualmente fez com o Marcos quando ele tinha uma relação de sadomização com o Vittorio. Enquanto eu tento proteger nossa família, você esconde essas coisas como se eu fosse um tolo!

DOROTÉIA (CHORANDO) – Não, Almeida! Pelo amor de Deus, eu não sabia, eu jamais faria isso, você tem que acreditar em mim.

Almeida para por um momento, ofegante, tentando se recompor. Ele fecha os olhos como se estivesse pensando na próxima decisão, então abre novamente, com uma frieza mortal.

ALMEIDA – Eu vou dar um fim nisso. Camila vai sair daqui ela vai estudar no Rio Grande do Sul. Longe de tudo e de todos!

DOROTÉIA (CHORANDO) – Não, Não, Não! Almeida, por favor...Primeiro o Marcos, agora a Camila, eu não posso ficar sem meus filhos.

EULÁLIA – Você está certo, meu filho. A Camila precisa de disciplina, e você precisa tomar o controle da situação antes que ela piore. Longe daqui ela vai aprender o que é o respeito e o valor da família. E será melhor para ela do que ficar se envolvendo com esse Matteo.

Dorotéia soluça de chorar, em desespero, seu olhar alternando entre Almeida e Eulália. Ela percebe que está perdendo os filhos.

ALMEIDA – Já está decidido. Camila vai para o Rio Grande do Sul, e eu não quero mais ouvir uma palavra sobre isso. Irei providenciar para que ela vá o quanto antes.

Dorotéia desaba no sofá, lágrimas escorrendo pelo rosto. Eulália, de pé ao lado de Almeida, mantém-se altiva, satisfeita com o rumo das coisas.

DOROTÉIA – Almeida, você está nos destruindo. Está destruindo nossa família.

ALMEIDA – Eu estou salvando nossa família! Você deveria entender isso.

Almeida sai da sala, deixando Dorotéia soluçando e Eulália ao seu lado, impassível.

                                                         CORTA PARA:

CENA 7. INT. BORDEL DE MADAME YVETTE – QUARTO – NOITE

Robervaldo está deitado de costas sobre uma cama coberta por um lençol branco, ele está vestindo apenas uma pequena cueca branca, esperando ansiosamente a chegada de alguém. Sua expressão é de expectativa, seus olhos fixos na porta, que logo começa a se abrir lentamente. Um sorriso de antecipação se forma nos lábios de Robervaldo quando a pessoa entra no quarto. Embora a identidade dessa pessoa não seja revelada, a presença é clara.

ROBERVALDO (SEDUTOR) – Fiquei feliz em saber que você viria hoje, estava com saudades.

Ele se move para se ajoelhar na cama, agora com uma postura mais vulnerável e ao mesmo tempo confiante, ele acaricia o próprio peitoral. Seu olhar não desvia do visitante.

ROBERVALDO – Eu sei que tem acontecido muitas coisas ultimamente na cidade, mas não fica muito tempo sem vim não. Você sabe o quanto eu sou louco por você...

Robervaldo começa a tirar sua cueca, ficando completamente pelado na cama, ele se vira de costas para o visitante e se põe de quatro. A tensão se instala no ar, mas a identidade da pessoa misteriosa permanece em suspense. O olhar de Robervaldo é cheio de desejo e expectativa, se ouve um som de um forte tapa que é dado na bunda de Robervaldo, seguido de um gemido seu e um sorriso malicioso.

                                                         CORTA PARA:

CENA 8. EXT. ESPERANÇA – NOITE/DIA

           SONOPLASTIA ON: BOOGIE WOOGIE BUGLE BOY – CLUSTER SISTERS

Abre uma imagem panorâmica da cidade de Esperança, mostrando o Sol que começa a nascer, brilhando no céu. Aos poucos o dia começa a tomar conta do céu e as pessoas começam a circular pela cidade. O jornaleiro entrega os jornais nas casas das pessoas e vende pelas ruas. O título da manchete do jornal aparece em close: “O ABUSO DE PODER DO CORONEL ALMEIDA E DO DELEGADO AFRÂNIO: QUANDO A JUSTIÇA É CALADA”.

                                                    SONOPLASTIA OFF

                                                         CORTA PARA:

CENA 9. INT. CASA DE MARTINA E JERÔNIMO – SALA – DIA

Jerônimo, Martina, Rodolfo e Isabella entram em casa, a atmosfera é pesada, o silêncio impera após o enterro de Francesca.

RODOLFO – Tia, estou com fome.

MARTINA (COM CARINHO) – Vamos até a cozinha. Vou preparar algo para você.

Martina e Rodolfo saem da sala e vão para a cozinha. Isabella, abatida, começa a subir as escadas lentamente.

ISABELLA – Vou tomar um banho.

Jerônimo observa Isabella subir, hesita por um momento, então começa a segui-la em silêncio. Isabella entra no banheiro e fecha a porta, mas não a tranca. Jerônimo se aproxima da porta e observa através da fresta da maçaneta. Isabella começa a tirar o vestido, e logo depois fica completamente nua. Jerônimo observa tudo com olhar de desejo e apalpando a própria calça. De repente, passos ecoam na escada. Jerônimo, assustado, endireita-se rapidamente, ajeita o paletó e corre discretamente para seu quarto.

                                                         CORTA PARA:

CENA 10. EXT. DELEGACIA – DIA

Afrânio chega à delegacia, ele está vestindo um terno escuro, está de óculos escuro e carrega uma maleta. Ao se aproximar da entrada, ele para de forma abrupta, seus olhos se fixam no muro da delegacia.

AFRÂNIO – O que é isso agora?

Ele se aproxima do muro e lê a frase “Afrânio, pau mandado” escrita com tinta. O rosto dele se contorce em raiva e constrangimento.

AFRÂNIO (GRITANDO) – Quem fez isso? Quem teve a audácia de me desonrar dessa forma?

FIM DO CAPÍTULO

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