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Débora - Capítulo 29


Débora
CAPÍTULO 29

uma novela de
FELIPE LIMA BORGES

escrita por
FELIPE LIMA BORGES

baseada nos capítulos 3 a 5 do livro de Juízes

 No capítulo anterior: Bogotai anuncia às hebreias da Fortaleza quais serão suas tarefas. Quando uma delas se desespera para ir embora, Bogotai a mata quebrando seu pescoço. Jaziel avança à pé pelo deserto e Débora cavalga a toda velocidade. Najara informa Darda e as outras duas candidatas que a próxima tarefa é cada uma limpar um cômodo, ficando a cozinha para Darda. Na plantação, Éder nota a ausência de Jaziel e de Débora. Sara flagra Baraque analisando um mapa, e ele diz que com o tesouro que encontrar quer salvar sua família; Sara não aprova. Eloá e Danilo se aproximam de Darda, e Eloá diz que foi ela quem adulterou o prato que causou a crise de espirro em Najara. Apesar de Darda negar, Eloá insiste e Darda deixa escapar implicitamente que foi mesmo ela. O casal, entendendo que Darda quer muito trabalhar ali, a tranquilizam e prometem ajuda-la na tarefa da limpeza. Sama supervisiona um grupo de crianças que perguntam a ela quando poderão ir embora e ver seus pais. Sama fica com nó na garganta e, respondendo que isso é com os hazoritas e que depois verão, se segura para não chorar. Éder insinua para Lapidote que Débora e Jaziel têm algum segredo por não terem aparecido durante o dia. Lapidote diz que não aceitará ele falar assim de sua esposa. Éder insiste para saber o motivo e insinua mais coisas. Lapidote, firme, diz que não deve a ele a menor das satisfações.
FADE IN:

CENA 1: EXT. BETEL – RUA – PÔR DO SOL
Lapidote, sério e firme, encara Éder, com um sorrisinho irônico. Isabel então puxa o braço do marido.
ISABEL
Éder, vamos!
Éder solta o braço da mão dela e olha para Lapidote como se o ameaçasse... mas nada diz... e sai com a esposa.
ÉDER
Você sabe de algo sobre o sumiço de Jaziel e Débora?
Isabel fica sem jeito e tenta disfarçar.
ISABEL
Não... Não sei de nada.
ÉDER
Rum.
Os dois avançam pela rua. Lapidote, indignado, observa Éder por um tempo. Então faz que não e toma seu caminho.



CENA 2: INT. PALÁCIO – CASA – SALA – PÔR DO SOL
Najara chega em casa, vê Darda e as 3 moças paradas ali na sala e entrega suas compras para uma serva.
NAJARA
E então, meninas? Está tudo pronto? Os cômodos estão brilhando como o sol?!
Elas sorriem timidamente.
NAJARA
Espero que sim. Vou conferir agora mesmo, a começar aqui pela sala...
Najara então sai analisando o chão, os móveis e cada cantinho da sala. Darda e as moças se mantém tensas...

CENA 3: INT. CASA DO AMOR – NOITE
O sol se põe e cai a noite estrelada.
Quando Gadi chega à Casa do Amor e encontra Laís dançando no palco, não é preciso nenhuma conversa. Eles tocam a mão um do outro e rapidamente vão para a escada.

CENA 4: INT. CASA DO AMOR – QUARTO – NOITE
Os dois entram no quarto e fecham a porta. Laís então agarra Gadi e começa a beijá-lo, mas ele a interrompe.
GADI
Laís...
Laís para e o encara.
LAÍS
O que foi?
GADI
Espere...
Ela se afasta um pouquinho.
LAÍS
Tudo bem... Não esperava isso de você. (ri) Você está bem?
GADI
Sim, sim, estou ótimo. É que acontece que... eu não vim para isso hoje.
Laís estranha.
GADI
Deve ter notado que até apareci mais cedo... Na verdade eu quero conversar.
Laís se afasta e senta na cama.
LAÍS
Gadi, você sabe muito bem qual é a minha profissão.
GADI
Sim, claro. Mas hoje vim para falar com você.
LAÍS
Bem... Você é quem sabe. O tempo está correndo e o seu dinheiro está indo. Faça como bem quiser.
GADI
Farei.
Gadi então vai para a cama também.
GADI
Vamos nos sentar aqui...
Laís o acompanha e eles sentam na cabeceira. Ela então respira fundo.
LAÍS
Pensava que já tinha visto todo tipo de cliente... Mas você, Gadi, você me surpreendeu.
E sorriem...

CENA 5: EXT. VILAREJO – NOITE
Pérola finalmente desacelera quando Débora, montada, avista logo à frente e abaixo, um vilarejo onde reina o caos.
Ali, os soldados fazem os hebreus trabalharem em uma obra dentro do vilarejo. Chicotadas, chutes e cusparadas são constantes nos homens. As mulheres, desesperadas, tentam alcançar seus maridos, filhos e amigos, mas os soldados as impedem e alguns até abusam delas. A situação deixa alguns hebreus ainda mais furiosos, que tentam a todo custo se libertar e vingar suas mulheres, mas a opressão aumenta e acabam agredidos e caídos.
Vendo toda essa situação, Débora faz que não...
DÉBORA
Vamos, Pérola. Vamos nos preparar.
Ela puxa as rédeas ao que Pérola vira e entra na escuridão.

CENA 6: INT. PALÁCIO – CASA – SALA – DIA
Najara volta do quarto e para diante das moças. Eloá e Danilo também estão ali.
NAJARA
Todas estão de parabéns. As três estiveram à altura do cargo que disputam. Tanto a sala quanto a cozinha e o meu quarto estão brilhando como o sol à pino. Porém, uma se destacou com uma limpeza perfeita e, portanto, já está garantida na competição. (apontando) Você.
É Darda, que deixa escapar um sorriso de alegria. Eloá e Danilo se entreolham, cúmplices.
DARDA
Muito obrigada, senhora. É com prazer e honra que ouço isso. Obrigada.
NAJARA
Muito bem. Infelizmente uma precisa ser eliminada, e essa... (apontando) é você.
A moça se entristece e a outra respira aliviada.
NAJARA
Como eu já disse, você fez um ótimo trabalho no meu quarto, mas se esqueceu de uma manchinha minúscula no pé da cama. Como a sala também está ótima, essa manchinha foi a peça decisiva para a sua eliminação. Serva, acompanhe-a e entregue a ela minha carta de recomendação.
MOÇA ELIMINADA
Obrigada, senhora.
A serva chega ali e a moça eliminada a acompanha. Najara então olha para Darda e a outra moça.
NAJARA
Muito bem, meninas. A próxima e última missão de vocês será bastante aberta. Darei a mesma quantidade de dinheiro a cada uma, e vocês deverão sair para trazer algo que embeleze ainda mais essa casa. Algo que traga um frescor diferente, algo que, apesar de todo o luxo que temos, ainda falta. Usem a imaginação. Vocês terão o resto da noite para observarem bem minha decoração e descansarem. Deverão sair amanhã bem cedo. Quanto antes forem, maiores as chances de encontrarem algo bom e diferente.
Darda e a moça fazem que sim.
                              
CENA 7: EXT. VILAREJO – NOITE
O caos continua no vilarejo. Soldados espancam os homens, que mais apanham do que conseguem trabalhar, e abusam das mulheres. Gritos de socorro vêm de alguns homens e mulheres, e outros, olhando desesperados para o estrelado céu, exclamam em alto som com Deus.
Perto dali, ajoelhada na escuridão e com os olhos fechados, Débora ora. Uma oração rápida e silenciosa...
Por fim, ela abre os olhos e se levanta. Vê o caos à sua frente. Então puxa o pano e cobre a cabeça.
Um grupo de soldados, vermelhos de tanto gargalhar, perseguem algumas mulheres que rastejam no chão, desesperadas para escapar deles. Quando um levanta o chicote para bater nelas, um vulto cruza o ar à sua frente a toda velocidade. Eles se assustam e olham: uma lança acabou de se fincar na parede. Todos os soldados ali se entreolham confusos. Alguns já sacam suas espadas.
SOLDADO 1
Quem fez isso?! Quem atirou esta lança aqui?!
Eles então olham para o lugar de onde a lança veio, a escuridão da rua... O soldado 1 se aproxima de lá.
SOLDADO 1
Quem está aí???!!! Quem foi que pegou essa lança???!!! Quem foi o maldito que teve a ousadia de segurar uma arma hazorita???!!! Apareça, desgraçado, para que eu te mate!!!
PÁH!!! Um pedaço de madeira maciça, vindo da lateral acima, bate na cabeça do soldado, fazendo-o cair inconsciente e ensanguentado. Os soldados ficam ainda mais assustados e inquietos, mas não entendem o que está acontecendo. Todos desembainham as espadas.
Uma das hebreias, caída no chão, aponta esperançosa para cima, lá para o alto... Naquele momento todos ali, hebreus e hazoritas, também já viram: a silhueta de Débora, segurando a espada, está no alto de uma das casas.
Então os soldados correm para cercar a casa, mas ela volta para a escuridão. Os homens dão a volta na edificação. Os que estão em uma das laterais escuras são agarrados para dentro da penumbra e somem, ao passo que sobram apenas suas espadas caídas. Barulhos e, pouco depois, seus corpos voltam à luz, mas caídos. Soldados gritam dando ordens. Estão tensos, se movimentam com cuidado e olhando para todos os lados.
De repente, atrás da casa, a figura de Débora sai de entre as barracas e desfere golpes contra eles. Pegos de surpresa, são rapidamente mortos.
SOLDADO
Invasor! Lá! Ali atrás!
Os soldados vão naquela direção e avistam Débora, coberta, lutando contra os soldados. Seus movimentos são rápidos e certeiros, e não há um soldado que permaneça de pé diante dela. Um a um eles vão sendo derrotados, feridos e mortos pela espada rápida de Débora.
Com mais e mais soldados avançando contra ela, Débora é obrigada a usar também de socos e chutes, mas sempre com a espada como terceiro braço. Nisso, por causa dos movimentos rápidos, sua cabeça é descoberta, e os soldados mais afastados a veem.
SOLDADO
O invasor... é uma mulher!
Os hebreus se entreolham confusos.
HEBREU
Mulher?!
Já com seu rosto à mostra, Débora sai lutando contra cada soldado raivoso e com sangue nos olhos que há ali.

CENA 8: INT. CASA DO AMOR – QUARTO – NOITE
Conforme o tempo passa, Gadi e Laís conversam mais e mais. Sentados à vontade na cama, eles se abrem um para o outro falando de suas vidas, seus passados, sonhos, esperanças...
A conversa rende, e sempre que um fala o outro presta atenção com um brilho no olhar.

CENA 9: EXT. VILAREJO – NOITE
Com o número de soldados aumentando, Débora tem um pouco de dificuldade, mas então começa a usar de estratégia. Enquanto duela com vários, pula para trás de barracas, salta em cima de mesas, usa objetos como arma...
O tempo vai passando e, um a um, ela derrota os soldados e a pilha de mortos aumenta.
Por fim ela chuta um soldado no peito, duela com outro, fere-o no pescoço e, quando o outro se aproxima, desarma-o e atravessa sua espada nele; retira-a e o soldado cai morto. Era o último hazorita.
Por alguns instantes ela fica ali, parada, ofegante e com a espada ainda na mão. Pouco a pouco, os hebreus se aproximam curiosos, mas ainda receosos. Ao ouvi-los, Débora aponta-lhes a espada, mas logo a abaixa ao ver que são hebreus.
O povo então percebe que todos os soldados foram mortos por ela e olha aquilo tudo com extrema admiração.
HEBREU
Quem é você?!
Homens, mulheres, idosos, jovens e crianças a encaram com muita curiosidade.
DÉBORA
Uma amiga...
O povo se entreolha...
HEBREU
O nome... Qual é o seu nome?
Menos ofegante, Débora engole em seco e olha para eles.
DÉBORA
Débora.
No mesmo instante ela vira e corre, sumindo na escuridão.
Não muito longe dali ela monta em Pérola.
DÉBORA
Vamos, garota!
E dispara cavalgando. Alguns do povo correm até onde estava Pérola, e tudo o que conseguem ver é um pálido vulto sumindo na escuridão.

CENA 10: INT. CASA DO AMOR – QUARTO – NOITE
A madrugada avança...
Gadi percebe que Laís, já deitada, adormeceu. Ele então a observa, apreciando cada traço de seu rosto. Sorri... Depois pega um travesseiro e, com cuidado, coloca-o embaixo da cabeça dela.
Por fim ele também se deita e a observa mais um pouco antes de seus olhos se fecharem, pesados de sono.

CENA 11: INT. CASA DE DÉBORA – QUARTO – NOITE
Ajoelhado ao lado da cama, Lapidote ora. Ao terminar ele se levanta e se deita. Olha para a outra metade da cama, vazia... E passa a mão de leve onde deveria estar Débora.

CENA 12: EXT. HAROSETE – RUAS – DIA
A madrugada passa e o sol nasce...
Enquanto procura por algo para levar para a casa de Najara, Darda também não deixa sua concorrente, do outro lado de uma pracinha de vendedores, sair de sua vista. Mas então ela escuta uma voz... Uma voz feminina que parece cantar. Curiosa, olha para os lados... Vem de uma ruazinha ali perto. Dá uma olhada na outra candidata... Mas então decide deixar a concorrente para trás e ir procurar a dona da voz.
Darda passa pelo povo e a voz da cantora aumenta. Ela continua, continua... até que nota, sentada na escada de entrada de uma edificação, uma moça sentada e cantando com os olhos fechados. Alguns ali a assistem.
Quando a moça termina de cantar, Darda percebe que ela é cega. Alguns aplaudem e deixam moedas no pequeno cesto aos seus pés. Darda, impressionada com a voz, se aproxima da cantora, que a percebe.
MOÇA
Oi... Quem está aí?...
DARDA
Meu nome é Darda. Sou... Sou serva da casa do Capitão.
A moça parece se impressionar.
MOÇA
E o que a serva do Capitão deseja com uma ninguém?
Darda franze a testa e se aproxima mais.
DARDA
O que acha de abrilhantar a casa de meu senhor com o seu dom?
A moça é pega de surpresa...

CENA 13: EXT. BETEL – PLANTAÇÃO – DIA
Éder, ajoelhado, cavouca a terra, mas olha ao seu redor.
ÉDER
(murmurando) Mais um dia sem Jaziel...
E logo vê Tamar chegar ali com as outras mulheres para servi-los água.
ÉDER
(murmurando) E sem Débora, também. Rum...
E continua a trabalhar.

CENA 14: INT. SAPATARIA DE LAPIDOTE – DIA
Lapidote pinta uma sandália, mas seu olhar está distante. Pouco a pouco o movimento de sua mão com o pincel diminui... e sua mente viaja.
Pensa em Débora... Em seu sorriso... Em seus momentos juntos... Em suas trocas de carinho... No dia a dia da esposa... Nos abraços... Nos beijos...
Lapidote volta a si e percebe que parou o serviço. Sorri e volta a pintar.

CENA 15: EXT./INT. DIVERSOS LUGARES – DIA/NOITE
O tempo vai passando...
Débora luta em diversos lugares de Israel. Surpreende caravanas de escravos e os liberta. Salva homens do espancamento por não trabalharem como querem os capatazes. Defende mulheres que sofrem nas mãos dos soldados. Liberta vilarejos e pequenas cidades da opressão militar...
DÉBORA (NAR.)
Minha fama se espalhava mais rapidamente do que Pérola e eu conseguíamos nos mover pelas tribos. Em todos os lugares já muito se falava na “guerreira hebreia”.
Mesmo com feridas e machucados, Débora prossegue invencível.
Em casa e na sapataria, Lapidote ora cada dia mais, por mais tempo e com mais fervor.
Em vilarejos distantes, Jaziel se envolve em briguinhas com homens bêbados, mas continua sua jornada incerta.
Na Fortaleza, Sama, cada dia mais triste e abatida, segue fazendo os testes com as crianças, a fim de descobrir quais estarão aptas para crescerem como escravas e quais serão levadas à morte...
A missão de Débora não para, apenas aumenta. Emboscadas começam a se formar e soldados a cercam. Mas não há uma situação sequer em que Débora não consegue lutar contra todos com garra, força e fé e não saia vitoriosa.
Adélia e Laila finalmente abrem a loja de doces no local onde era a sala da casa. Recebem o povo com alegria.
Gadi e Laís acabam se aproximando muito até que, num dia em que passeiam pela manhã após terem saído da Casa do Amor, eles se aproximam e trocam um longo beijo...
Pouco tempo depois os dois se mudam para uma casa e começam a morar juntos.
Hanna se envolve cada vez mais no estudo da feitiçaria e, em um local escondido, suas mestras a ensinam sobre magias cada vez mais profundas.
Por mais esforços que fazem os soldados, e por maiores e mais intricadas que sejam suas estratégias, nada para Débora, que continua defendendo seu povo e perseguindo seus opressores.
Em um dia, depois de derrotar soldados hazoritas – que levavam um grupo de hebreias para serem suas escravas sexuais – e de libertá-las, Débora, olhando para os mortos e segurando sua espada, fala em alto e bom som.
DÉBORA
Justiça!
DÉBORA (NAR.)
Mas não a de Deus... e sim a minha. E eu estava muito perto de descobrir isso.
Em seu olhar obstinado e um tanto raivoso, IMAGEM CONGELA
CONTINUA...
FADE OUT:


No próximo capítulo: Iru visita Sama na Fortaleza. Lapidote conta a Tamar e Elian sobre os feitos de Débora. Sísera diz a Jabim que irá atrás da guerreira hebreia. E ela, Débora, chega a Harosete.

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