CENA 01: ÔNIBUS. INTERIOR. DIA
(Música de fundo: Instrumental - Tenso)
Continuação imediata do capítulo anterior. Jéssica continua abaixada, tentando acalmar-se. O assaltante saqueia todos os passageiros. Na parte do motorista, o outro bandido está fazendo ele de refém, enquanto ele segue dirigindo.
ASSALTANTE – Deixa eu assumir o volante!
MOTORISTA – Aí você me complica, não posso fazer isso.
ASSALTANTE – Deixa eu assumir essa porra ou eu estouro a tua cabeça!
MOTORISTA – (tentando comunicar para a polícia) Rua Paulina, Rua Paulina…
O motorista continua seguindo a rota do ônibus e está se aproximando da rua da Casa Rosada. O assaltante começa a disputar o volante com ele. (Instrumental encerra)
CENA 02: PADARIA. INTERIOR. DIA
Ana e Celso estão frente a frente, encarando-se com seriedade.
CELSO – Como assim terminar, Ana? Isso é algum tipo de brincadeira?
ANA – Não, Celso. Eu estou falando sério. Não me sinto preparada para assumir um relacionamento agora.
CELSO – Eu não consigo te entender, Ana. Uma hora você me diz que eu sou o homem da sua vida, outra hora que não está preparada? Você pensa que eu sou o quê? Algum brinquedinho pra você usar e depois jogar fora quando cansar?
ANA – Não é isso.
CELSO – Mas é o que está parecendo.
ANA – Eu nunca estive em um relacionamento sério antes, Celso. Tenho medo de estar dando um passo maior que a perna e acabar te magoando.
CELSO – Também faz muito tempo que eu não me envolvo com ninguém, Ana. Há muitos anos. Mas eu estou disposto a tentar.
ANA – Eu não sei se devo…
CELSO – Não sabe se deve o quê? O que me parece é que você não quer se esforçar para isso aqui dar certo.
ANA – Não é isso/
CELSO – (corta) Então o que é? Me explica, eu quero tentar entender. São os seus pais? Eles estão implicando por eu ser bem mais velho?
ANA – Não, Celso, pelo amor de Deus. De onde você tira essas coisas?
CELSO – Não sei, Ana, eu estou procurando uma justificativa. Porque não é possível isso. Você me deixa inseguro às vezes…
ANA – Não fala assim.
CELSO – É a verdade.
Ana respira fundo e pensa por um momento.
ANA – Tudo bem, Celso. Vamos tentar fazer isso dar certo.
CELSO – Tem certeza que você quer isso mesmo?
ANA – Não era isso que você queria ouvir? Pronto, nós vamos tentar.
CELSO – Não quero que você faça as coisas por se sentir obrigada.
ANA – Celso, essa discussão acaba aqui. Agora é bola pra frente.
CENA 03: RUA. FACHADA CASA ROSADA. EXTERIOR. TARDE
(Música de fundo: Instrumental - Tenso Impacto)
Renata fica em choque ao ouvir as palavras de Gabriela.
RENATA – Chega, Gabriela! Não vou suportar que você fique falando mentiras da minha filha na minha frente.
GABRIELA – Se você não aguenta ouvir, não significa que não é verdade. Pergunta para a sua filha, vamos ver se ela tem coragem de mentir.
RENATA – Você é uma psicótica! Eu não vou continuar aqui ouvindo você inventando histórias loucas.
Renata, enfurecida, vira as costas para Gabriela e começa a caminhar em direção à rua, sem se importar com os carros. Renata se vira novamente para Gabriela.
RENATA – (Gritando) Se afasta da minha família! Eu nunca mais quero te ver de novo!
Renata volta a caminhar e vai até o meio da estrada. Gabriela olha para o lado e vê um ônibus desgovernado se aproximando.
GABRIELA – (Gritando) Renata, cuidado!
Gabriela corre até onde Renata está e a empurra. Renata cai no chão. Gabriela, antes de sair do meio da estrada, olha para o lado e vê o ônibus na sua frente, ela fica paralisada de medo. Gabriela é atingida pelo impacto e é arremessada para longe, seu corpo cai no asfalto. O ônibus para.
MULHER – (Desesperada) Alguém liga para a ambulância!
Renata fica em choque ao ver o que acabou de acontecer. (Instrumental encerra)
CENA 04: CASA ROSADA. ESCRITÓRIO DE HELENA. INTERIOR. TARDE
Helena está trabalhando em seu escritório, quando houve a agitação que está ocorrendo na rua e barulho de sirenes.
HELENA – Meu Deus, o que é isso?
Helena levanta de sua cadeira e vai até a janela. Ao olhar para a rua vê uma multidão de pessoas, um ônibus atravessado, uma ambulância e três viaturas de polícia.
HELENA – O que tá acontecendo???
Helena sai correndo do escritório.
ABERTURA:
CORTE:
CENA 05: RUA. FACHADA CASA ROSADA. EXTERIOR. TARDE
A polícia consegue retirar os passageiros de dentro do ônibus, os assaltantes estão algemados e foram colocados dentro do camburão. Jéssica desce do veículo, assustada, e a primeira pessoa que vê à sua frente é Renata, correndo para os braços da mãe.
JÉSSICA – Mãe!!! Você tá bem? Cadê a Gabriela?
RENATA – (pânico) Aconteceu uma tragédia, minha filha.
JÉSSICA – Como assim?
Jéssica olha para o lado e vê Gabriela sendo colocada em uma prancha. Helena chega à fachada do lado de fora e encara o segurança.
HELENA – O que está havendo?
SEGURANÇA – A Gabriela, dona Helena… Ela foi atropelada! A mãe daquela Jéssica veio aqui, ela que ia ser atingida/
HELENA – Como é que é?
Helena corre até a ambulância e vê a prancha com Gabriela sendo colocada no interior do veículo. A ficha de Helena cai e ela começa a chorar e gritar desesperadamente.
HELENA – Gabriela!!! Gabriela!!!
FADE OUT.
CENA 06: HOSPITAL. INTERIOR. NOITE
FADE IN. Helena está na sala de espera, aguardando notícias de Gabriela. Ela bebe um copo d'água, tentando acalmar seu nervosismo. Jéssica chega ao local e Helena não deixa de reparar.
(Música de fundo: Instrumental - Triste)
As duas se encaram, estão visivelmente abatidas, cada uma de sua forma. Helena caminha na direção dela e ambas ficam próximas.
HELENA – O que é que você tá fazendo aqui?
JÉSSICA – (intimidada) Eu vim ver a Gabriela, Helena…
HELENA – (incrédula) Você o quê?! Tem que ser muito sem noção mesmo, Jéssica. Como se não bastasse todo o mal que você causou, você ainda tem a coragem de vir aqui.
JÉSSICA – (chorosa) Eu não fiz nada, Helena/
HELENA – (corta) Para! Você sabe muito bem que é a maior culpada nisso tudo! Se você não tivesse colocado a Gabriela no meio desse seu joguinho ridículo, nada disso teria acontecido. Maldita a hora que eu te aceitei naquela agência!
JÉSSICA – Eu não queria que nada disso tivesse acontecido…
HELENA – Mas aconteceu! E ainda não existe fórmula para apagar o passado. (P) A Gabriela só não morreu por sorte, mas pode ter certeza que ela não vai sair ilesa desse acidente e você tem, sim, uma parcela de culpa!
JÉSSICA – (chorando) Me perdoa, Helena! Me perdoa, por favor.
HELENA – Para com esse showzinho! Isso não me sensibiliza. A única coisa que me sensibiliza agora é saber que a minha amiga está lá dentro, entre a vida e a morte! E não é a mim que você tem que pedir perdão.
Jéssica baixa a cabeça e chora silenciosamente. Helena permanece firme.
HELENA – Você é uma garota, Jéssica. Ainda tem muito a aprender com a vida. Mas vai aprender bem longe da Gabriela, porque perto de você ela só vai ter mais sofrimento. Então, por favor, não apareça mais lá na agência e não procure mais pela Gabriela. A começar por agora, eu peço que você vá embora daqui.
Jéssica encara Helena pela última vez, respira fundo e vai embora. Saindo, cruza com Ana, que repara na jovem, mas segue até a mãe.
ANA – Mãe!
HELENA – Oh, minha filha, que bom que você chegou.
ANA – Como é que tá a Gabriela?
HELENA – Internada. O médico disse que viria aqui dar notícias quando pudesse.
ANA – Aquela menina que saiu agora foi a Jéssica?
HELENA – A própria. Culpada de toda essa desgraça…
Uma mulher já de idade chega até a sala de espera, completamente desnorteada. É Lourdes (Elisa Lucinda).
LOURDES – Cadê a minha filha??? Cadê a minha filha??? Eu sou Maria de Lourdes Fernandes, mãe de Gabriela Fernandes. Ela está internada aqui!!!
O médico chega até a sala de espera e tenta acalmá-la. Helena e Ana se aproximam da mulher.
MÉDICO – A senhora é mãe da paciente Gabriela Fernandes?
LOURDES – Eu mesma.
MÉDICO – A informação que posso passar é que ela está sedada, pois terá que passar por algumas cirurgias. A previsão é de que só acorde amanhã.
LOURDES – Eu só saio daqui quando a minha filha acordar e eu puder falar com ela!
HELENA – Com licença, senhora. Eu me chamo Helena, sou amiga da Gabriela. Nós trabalhamos juntas na agência.
LOURDES – Eu conheço você… A Gabriela sempre fala de você com o maior orgulho, que é uma excelente chefe.
HELENA – Se a senhora quiser, eu aconselho que vá pra casa, pois eu irei passar a noite aqui. É melhor para que possa descansar, esse ambiente daqui não é bom.
LOURDES – Mas eu queria estar aqui quando a minha filha acordasse.
HELENA – Faça o seguinte, me passe seu número de telefone. Quando a Gabriela acordar, eu lhe dou um toque, se precisar até mando lhe buscarem.
LOURDES – Muito obrigada, minha filha.
Helena dá um sorriso amarelo para ela. (Instrumental encerra)
CENA 07: APARTAMENTO DE RENATA. SALA. INTERIOR. NOITE
Jéssica chega em casa, exausta após tudo o que acabou de acontecer. Ao entrar na sala, ela se depara com Renata e Caio, que estavam esperando por ela. Jéssica não consegue conter sua dor e entra em uma crise de choro, desabando no sofá. Caio tenta se aproximar dela mas ela reage de forma agressiva.
JÉSSICA – (Soluçando) Caio, vai embora! Não quero te ver nunca mais!
Caio levanta e vai até Renata.
CAIO – Boa sorte.
Caio vai embora do apartamento e Renata se aproxima da filha.
RENATA – Jéssica, por favor, olha para mim.
Jéssica empurra Renata com força.
JÉSSICA – (Gritando) Não encosta em mim! Nada disso teria acontecido se não fosse por você!
RENATA – Jéssica, por favor. Foi apenas um acidente.
JÉSSICA – Eu não quero falar com você. Me deixa sozinha!
CENA 08: APARTAMENTO DE ILANA. INTERIOR. NOITE
Ilana recebe uma mensagem em seu celular. Ela desbloqueia a tela e visualiza um recado de Vicente:
"Topa almoçar comigo amanhã? Quero debater sobre a sua peça."
Ilana dá um sorriso bobo.
ILANA – (digitando) É claro!!!
Ilana fica sorridente enquanto pensa em Vicente, não conseguindo tirá-lo da cabeça.
(Música de fundo: Futuros Amantes - Chico Buarque)
CENA 09: RIO DE JANEIRO. EXTERIOR. DIA
Amanhece na trama. Takes das pessoas se divertindo na praia, brincando ou banhando-se no mar. Corte para a fachada da Mansão de Paula.
CENA 10: MANSÃO DE PAULA. QUARTO DE MIRIAM. INTERIOR. DIA
(Música encerra) Miriam está se revirando inquieta na cama. A jovem acorda tossindo muito, está pálida e visivelmente enfraquecida.
MIRIAM – (tossindo) Mãe… Mãe… Mãe!
Após alguns segundos, Paula chega no quarto e se desespera ao ver a filha naquele estado.
PAULA – Filha! O que é que você tem?
MIRIAM – Eu não tô bem, mãe. Tô com muita dor de cabeça e falta de ar.
PAULA – Meu Deus do céu! Eu vou te levar para o médico agora.
MIRIAM – Não precisa, me dá um remédio…
PAULA – Precisa sim! Isso não é normal e você está estranha há dias. Vamos!
CENA 11: HOSPITAL. QUARTO DE GABRIELA. INTERIOR. DIA
Helena e Ana estão no canto da sala. Gabriela começa a despertar, está completamente enfaixada, apenas com a cabeça à mostra. O médico se aproxima dela.
GABRIELA – Onde é que eu tô?
MÉDICO – No hospital.
GABRIELA – Hospital???
(Música de fundo: Instrumental - Triste Profundo)
Helena se aproxima da amiga, tentando conter as lágrimas. Ana acompanha a mãe, lhe dando apoio.
HELENA – Você sofreu um acidente, Gabi. Mas agora já está tudo bem. (P) Você renasceu, minha amiga.
GABRIELA – (entrando em desespero) O que tá acontecendo? Eu não tô entendendo. Por que eu tô toda enfaixada? Eu não tô sentindo meu corpo…
MÉDICO – Gabriela, tente manter a calma, você não pode ter estresses. A vida que você vai encontrar agora, não é a mesma que você conhecia.
GABRIELA – (chorando) Fala logo o que tá acontecendo!!!
MÉDICO – As lesões que você sofreu no acidente atingiram a medula espinhal a nível cervical, causando perda dos movimentos do tronco, pernas e braços.
GABRIELA – Não… Não… Não…
MÉDICO – Você está tetraplégica, Gabriela.
GABRIELA – NÃOOOOOOOOOOOOOOO!!!!
Gabriela dá um grito de desespero ensurdecedor. Helena não consegue conter-se, desabando em lágrimas no ombro de Ana. Gabriela chora incontrolavelmente, incrédula.
ENCERRAMENTO (com instrumental):
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