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BUDAPESTE - CAPÍTULO 07

 



Budapeste - Capítulo 7

Budapeste – Hungria

Escrita por: 

Wanderson Albuquerque

Cena 01 – Margens do Rio Danúbio – Ext. - DIA


Frank está sentado em um banco que fica de frente para o Rio Danúbio. A temperatura está por volta dos 10*C. Ele olha fixamente para o horizonte. Neste momento, uma mão toca seu ombro.

Frank: Vic? Como você me encontrou aqui?

Victoria: Eu imaginei que estaria aqui. Era o lugar que vínhamos pra cá quando os nossos pais brigavam com a gente.

Frank: Bons tempos.

Victoria(sentando ao lado de Frank): Não gostei da forma que você agiu no restaurante. Ainda não consigo compreender toda essa raiva que você tem do Cedric.

Frank: Eu sei, fui um completo babaca. Talvez meu ódio por ele seja porque por alguma razão a gente se distanciou por conta dele.

Victoria: Mas a gente não se distanciou, Frank. Eu fui morar em Dublin, mas sempre que pude, eu te mandava mensagem e tentava te ligar.

Frank: Você tem razão. Acho que apesar dos 30 anos estarem batendo na porta, eu ainda consigo ser um completo imaturo.

Victoria: Vou ter que concordar com você. Olha, eu te amo, você é o meu irmão. Ninguém pode mudar isso, nem mesmo o Cedric. Amores vão e vem, mas isso aqui (aponta para o coração de Frank) é para sempre.

Frank: Eu te amo. Me perdoa.

Frank abraça Victoria fortemente, este, começa a debruçar em lágrimas. Sua irmã acaricia sua cabeça.

Cena 02 – Clínica Veterinária – Consultório – INT. – Dia.

Emese visualiza em seu laptop fotos da sua infância. Em uma das fotos, aparece uma com seu primo Konrad.

Emese: Por qual razão você foi seguir esse caminho, Konrad.

Emese é acordada do transe com dois toques na porta. É Lorenzo. Ela autoriza a sua entrada.

Lorenzo: Não gosto de vir ao seu trabalho, porque é muito barulho de cachorro latindo e gato miando.

Emese: Você está perdendo pontos comigo, Lorenzo (risos).

Lorenzo: Eu jamais faria nada para que você perdesse os pontos comigo.

Emese: Estou brincando, garoto. Mas qual o motivo da sua visita?

Lorenzo: Aproveitei que estava aqui perto e vim verificar se você estaria precisando de alguma coisa.

Emese: Estou precisando que você me leve para almoçar. Minha barriga está fazendo uma tremenda reviravolta.

Lorenzo: Claro! Podemos almoçar no restaurante italiano aqui perto.

Emese: Ótimo! Então, resolveu reviver suas raízes hoje?

Lorenzo: Às vezes é necessário se reconectar um pouco.

Cena 03 – Monster Grill – Int. – Dia

Alguns funcionários estão limpando todo o local. As cadeiras estão em cima da mesa. Konrad chega e debocha dos funcionários.

Konrad (deboche): Todos vocês são uns merdas! Olha só, olha pra esse chão como está sujo!

Faxineira: Nós acabamos de limpar isso aqui. Não está sujo.

Konrad (cinicamente): Ah, não está? E isso é o que?

Konrad pega uma garrafa de vinho que está próximo ao balcão, abre e despeja todo no chão.

Konrad: Então me explica o que é isso? Querem continuar trabalhando, não é? Então, tratem de deixar todo esse lugar brilhando. Ah, já ia me esquecendo, quem permitir deixar um negro, gay, judeu ou qualquer dessas merdas aqui, faço questão de jogar na rua.

Todos os funcionários se entreolham e Konrad sai em direção ao seu escritório.

Cena 04 – Restaurante Italiano – Int. – Dia

Lorenzo e Emese estão almoçando. O restaurante é aconchegante. No ambiente, toca uma música em formato de violino.

Emese: Eu não conhecia esse restaurante. Gostei de toda a decoração.

Lorenzo: Esse restaurante era o que meu pai me trazia quando eu era pequeno. Sempre venho aqui.

Emese: Você sente falta da sua família, não é mesmo?

Lorenzo: Muito, mas estou tranquilo. Assim que eu tiver um tempo, ou eu vou até lá, ou trago eles, claro, se você permitir.

Emese: Não seja bobo, Lorenzo. Sua família é muito bem-vinda lá em casa. Além do mais, eu amo quando a casa está cheia. Me sinto mais acolhida.

Lorenzo: Muito obrigado!

Emese: Não precisa agradecer.

Lorenzo: Eu estou pensando em mandar blindar seu carro. Com o Konrad no nível de psicopatia que se encontra, é melhor não arriscar.

Emese: Eu agradeço por você cuidar de mim, Lorenzo. Espero que entenda que eu quero você sempre perto de mim.

Lorenzo (esboça sorriso): Eu vou fazer o máximo pra sempre proteger você e a Sebestyénne.

Emese: Serei eternamente grata.

Lorenzo e Emese se olham, mas disfarçam olhando para os lados.



Cena 05 – Casa do Senador – Sala. Int

Borbála anda impacientemente para os lados segurando o convite do casamento de Vencel em mãos. Fridrich entra em cena e percebe a esposa aflita.

Fridrich: Mas o que está acontecendo, Borbála? Estou ficando tonto só de te ver andando pra lá e pra cá.

Borbála (entrega o convite): O Vencel vai casar!

Fridrich pega o convite. Close na mudança de expressão do senador que tem um acesso de fúria e joga um vaso na parede.

Fridrich (ódio): Marica dos infernos! Maldito! Esse desgraçado está sujando o nome da família!

Borbála: Eu espero que você tenha decência ao falar do seu filho! Antes de tudo, você é o pai dele!

Fridrich: Esse maldito morreu pra mim no dia que veio pra casa com esse assunto de ser gay. Eu não tenho filho! Meu filho está morto!

Borbála: Você é um cretino mesmo, Fridrich! Como pode estar rejeitando o seu próprio filho? (Se aproxima) Pois, saiba você que eu irei a esse casamento!

Fridrich: Pouco me importa pra onde você vai.

Borbála: Eu irei mandar um presente pra ele em nosso nome!

Fridrich (grita): O único presente possível que eu vou enviar pra ele será uma coroa de flores e uma cova!

Borbála dá um tapa na cara de Fridrich, este, retribui a bofetada, fazendo com que Borbála caia no chão.

Fridrich: Se você ousar tocar em mim novamente, eu mato aquele gay e trago a cabeça dele pra te dar de presente.

Fridrich sai e Borbála começa a chorar de raiva ali no chão mesmo.

Cena 06 – Cabana - Floresta – Int. - Dia

Na sala, Barbara desliga o telefone, como se tivesse acabado de receber uma ligação muito importante. Agnes adentra a sala.

Agnes: O que foi, Barbara?

Barbara: Nos deram uma missão. Essa é das grandes! Não acho que somente eu, você e o Konrad seríamos capazes de executar.

Agnes: E que missão é essa?

Bárbara: A ordem superior é de que a gente faça um atentado ao Jornal local.

Agnes: Mas isso vai fazer com que a polícia seja obrigada a investigar! Vai atrair muita atenção.

Bárbara (apreensiva): Eu sei… Eu sei. É por isso que precisamos pensar com cautela o que vamos fazer e como será os nossos passos.

Agnes: Não acho isso uma boa ideia. Tenho certeza que vai sobrar pra gente.

Barbara: Vou bolar um plano. Avise ao Konrad para estar aqui hoje às 21h.

Cena 07 – Jornal – Escritório. Int. – Dia

Zóltar entra em seu escritório e Zaco está a sua espera.

Zaco: Eu já estava ficando preocupado. Ninguém aqui no jornal sabia pra onde você tinha ido.

Zóltar: Fui comprovar minha teoria e a mesma estava certa. A polícia de Budapeste está vendida para o grupo neonazista.

Zaco (surpreso): A polícia? Mas como você pode ter tanta certeza?

Zóltar: O Delegado simplesmente não quis acreditar em minhas denúncias, tampouco quis ouvir. Senti até que rolou um tom de ameaça no final de nossa conversa.

Zaco: Isso significa que a partir de agora você está na mira deles

Zóltar: Exatamente. Não somente eu, todos os funcionários do Jornal precisam estar atentos a qualquer movimento. Ligue para Aranka e o István e peça pra que eles voltem pra Budapeste imediatamente.

Zaco: Certo. O que você vai fazer, Zóltar?

Zóltar: Eu vou cutucar esse grupo. Eles vão finalmente sair da toca e vamos pegar todos eles.

Zóltar olha para Zaco com a feição de desafiante.

Cena 08 – Fame Magazine – Escritório – INT. DIA

Otávio está criando alguns desenhos de futuros looks para as próximas coleções da Fame Magazine. Frank aparece.

Otávio (surpreso): Não esperava que você viesse até aqui.

Frank: Acho que eu te devo um pedido de desculpas. Tudo bem, eu sei que fui um completo babaca e já aceitei isso.

Otávio: Ainda bem que você sabe disso, Frank. Nossa, sua irmã contando um assunto super sério e você querendo dar lição de moral.

Frank: Eu sei! Eu já pedi desculpas a ela. Vim aqui fazer o mesmo.

Otávio: O problema, Frank, é que só desculpas não bastam. Eu realmente preciso entender o que acontece com você quando está cego de ódio.

Frank: Eu vou provar que sou uma boa pessoa para estar ao lado de todos vocês

Otávio: Tudo bem. Só não faz mais merda, por favor.

Frank: Topa um jantar, eu, você e a Felícia? Faz tempo que nós três não saímos juntos.

Otávio: Hoje eu realmente não posso, tenho que preparar muita coisa pra nova edição da revista e ainda decidir quais figurinos estarão no desfile na semana que vem.

Frank: Então, tudo bem. Posso te vir buscar? Eu vou para academia a noite posso passar aqui.

Otávio: Certo. Agora você pode ir, Frank? Não quero ser chato, mas eu realmente preciso finalizar isso aqui.

Frank assente e sai da sala. Otávio larga o lápis e fica pensativo.

Cena 09 – Clínica Veterinária – INT. DIA

Emese adentra a Clínica com seu jaleco. É recebida pelo porteiro.

PORTEIRO: Doutora Emese, chegou essa correspondência hoje mais cedo com o nome de sua tia. (entrega o pacote)

Emese: Muito Obrigada! Finalmente ela resolveu dar o ar da graça. (risos)

CORTA PARA:

Cena 10 – Clínica Veterinária – Consultório - INT. DIA

Emese coloca o pacote em sua mesa e pega um estilete. Ao abrir, se depara com uma boneca de pano e uma carta.

VOZ DE ILONA (GRAVAÇÃO): Eu sei que você é uma mulher forte e eu tenho o prazer de dizer que fiz parte da sua criação. Sua mãe, a minha querida irmã Melánia está orgulhosa de te ver assim. Sempre lutando pelos seus objetivos e ajudando todos a sua volta. Essa boneca, era da sua mãe. Nós vivíamos brigando por ela, mas sempre foi da sua mãe. Obrigada, Emese, de verdade.

Friderika - Kinek Mondjam El Vetkeimet


A música invade a cena que dura até a cena 14. Emese chora, pega a boneca e abraça fortemente. Close em Emese chorando copiosamente.

Cena 11 – Avenida Andrassy – Entardecer.

Na avenida principal de Budapeste, algumas lojas, bares, restaurantes e postes já anunciam a chegada da noite. As luzes formam um contraste com o céu que está prometendo chuva pra logo mais.

Cena 12 – PUB – INT – NOITE

O local está com pouco movimento. Zóltar, István, Aranka e Zaco estão em uma mesa próximo ao balcão.

Aranka: Estou tentando entender, porque precisamos sair tão rápido de Debrecen. Nós não descobrimos nada.

Zóltar: O foco não é no interior, Aranka. Vocês ainda não perceberam? Apesar de ter quase certeza que eles são um grupo grande, o foco é aqui em Budapeste.

István: Zóltar tem razão.

Zóltar: E com vocês em outra cidade não conseguiria proteger vocês.

Zaco: Ele está assim, cheio de mistérios. Queremos saber o que vamos fazer,

Zóltar: Preciso marcar uma entrevista na TV. A polícia está corrompida, eles não podem nos ajudar, no momento. Precisamos encontrar algum escândalo do Delegado pra afastarmos ele.

Aranka: E como vamos fazer isso?

Zóltar: Eu sei um jeito.

Zóltar mostra alguns e-mails para os demais.

István: Mas que porra é Partisan?

Zóltar (revirando os olhos): Os partisan eram grupos de combatentes irregulares que operavam durante a Segunda Guerra Mundial. Eles eram formados por civis ou membros de forças militares locais que se opunham à ocupação nazista em vários países europeus. Os partisan lutavam contra as forças de ocupação alemãs, bem como contra colaboracionistas locais. Eles realizavam atividades de sabotagem, emboscadas e ataques contra as tropas inimigas. Eles desempenharam um papel importante na resistência contra os nazistas.

Aranka: Então, se ele se autodenomina um “Partisan”, ele pode muito bem saber de mais coisas sobre o grupo neonazista.

Zaco (eufórico): É claro!

Zóltar: Eu só não sei se ele irá me responder. Eu não publiquei a última “fofoca” que ele me enviou.

István: Não custa nada tentar.

Eles se olham.

Cena 13 – Casa de Gabor – Sala – Int. Noite

Gabor está assistindo TV, um programa qualquer de auditório da TV húngara. Quando chega uma mensagem no seu celular de Vencel.

Vencel - Como estão as coisas por Budapeste? Enviei o convite para a casa dos meus pais, acho que já deve ter chegado. #medo.

Gabor – Não precisa se preocupar! Acho que sua mãe irá reagir de boas.

Vencel – Claro! Aquele nazista de merda do meu pai deve estar furioso.

Gabor – Tenho certeza que sim!

Gabor joga o telefone no sofá e pega o controle da TV e desliga, se cobre e prepara-se pra dormir.

Salgótarján – Hungria

Cena 14 – Fazenda – Sala – Int. Noite

Música: Wicked Game – Chris Isaak


Há um homem de por volta 60 anos sentado em seu sofá, apenas fumando seu charuto. A fumaça esvairá por toda a sala. Ele dá mais uma tragada. O cheiro de charuto caro permeia pelo lugar. O homem pega o cinzeiro e coloca as cinzas ali. Neste momento, um rapaz, aparentando ter uns 30 anos chega na sala.

Boldizsár: Senhor, me desculpe te atrapalhar, mas acabou de chegar uma nova carga.

Domokos (seco): Ótimo. Distribua para todas as regiões.

Boldizsár faz uma continência e bate em retirada.

Domokos permanece ali fumando seu charuto tranquilamente. Close nos seu rosto. A cena encerra.

A História não tem conexão real com a realidade. O preconceito e o ódio jamais deverão ser aceitos em qualquer sociedade! Apologia ao Nazismo no Brasil é crime previsto no art. 20, da Lei nº 7.716/89 do Código Penal, que define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor.

DENUNCIE!

Fim do Capítulo 7




 

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