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BUDAPESTE - CAPÍTULO 16

 



Budapeste - Capítulo 16

Budapeste – Hungria

Cena 01 – Avenidas de Budapeste – Dia

Música: Egyszer véget ér – Péter Máte

O dia está cinza. Os corvos voam por toda cidade, ecoando seu grito de agonia por todos os cantos. O sino da Basílica de São Estevão toca. O apresentador do telejornal da manhã solta a notícia, na qual a música fica de plano de fundo.

“O que aconteceu em Budapeste ontem foi um dia para jamais ser esquecido. Diversas mortes em curto intervalo de tempo. O que está acontecendo com o nosso país? Estamos regredindo nas leis e também como sociedade. O Gabor Ákos faleceu ontem a noite depois de um verdadeiro atentado. A polícia investiga o caso”.

Cinco dias depois...

Cena 02 – Cemitério de Budapeste – Dia.


Há uma pessoa em frente a uma lápide no chão. É Emese. Ela está vestida com um vestido longo preto que vai até o seu tornozelo e um chapéu com um véu. Seus olhos estão inchados. Ela se abaixa e olha diretamente para lápide que tem escrito o nome de Gabor e uma foto.

Emese (fria): Eu prometi a mim mesma que iria acabar com todos aqueles que fizessem mal para as pessoas que eu amo e não vai ser diferente agora, Gabor. Eu juro pela minha alma que irei matar todos que ousarem encostar em alguém que eu amo.

Lorenzo se aproxima de Emese. Ele está fumando um cigarro e põe sua mão no ombro dela.

Lorenzo: Precisamos ir, Emese.

Emese (fúria): Meu nome é Emese Angyal, sou filha da justiça! Carrego o peso de ter o mesmo nome da mãe ancestral dos húngaros. Todos os nazistas irão morrer! Todos! A partir de agora, eles irão queimar.

Close no rosto de Emese que levanta o seu véu e está com um olhar de fúria.

Cena 03 – Casa de Gabor – Sala. – Int. – Dia.

Vencel está no sofá segurando uma camisa da seleção húngara que tem o nome de Gabor e o número 7. Ele chora.

Vencel (chorando): Por quê você precisou ir desse jeito?

A campainha toca, ele reluta, mas acaba levantando-se para abrir a porta. Em sua frente, está sua mãe, Borbála.

Vencel (raiva): Não quero falar com você.

Borbála (insiste): Por favor, meu filho, eu preciso conversar com você. Estou há dias sem contato e quero entender tudo...

Vencel (raiva): Espero que você saiba que o Gabor morreu por sua causa. Foi por causa do seu casamento com aquele bandido que ele hoje está morto! Como ousa ter essa cara de pau de vir até aqui?

Borbála: Meu filho, eu juro, não sabia que o Fridrich poderia ter mandado matar o Gabor. Jamais permitiria uma atrocidade dessas.

Vencel (seco): Você é tão culpada quanto ele e espero que sua consciência esteja pesando bastante. Nunca irei perdoar você.

Borbála (chora): Vencel, por favor...

Vencel (corta): Saia da minha frente! Se você realmente sente algum carinho por mim, vai embora agora!

Vencel fecha a porta com tudo. Ele ajoelha-se no chão e começa a gritar em uma mistura de raiva e dor. Sua mãe, do lado externo, ouve tudo e cai em prantos.

Cena 04 – Cafeteria – Int. – Dia

Nala toma um frappuccino, neste momento, Zóltar aparece. Ela levanta-se para cumprimenta-lo. Eles sentam nas suas respectivas cadeiras.

Nala: Infelizmente gostaria que esse encontro fosse para assuntos mais leves, porém, é contra minha vontade.

Zóltar: Eu sei. Não se preocupe quanto a isso.

Nala: Zóltar, eu ainda não confio em um oficial se quer da delegacia. Todos eram muito próximos ao Orsolya. Eu quero saber se posso confiar em você para o que irei te dizer.

Zóltar: É claro que pode.

Nala: Zóltar, finalmente conseguimos adentrar nas pastas do computador do Orsolya e o material que temos em mãos entrega diversos crimes acobertados. Porém, parece que esse documento foi modificado dias antes do suicídio do antigo delegado.

Zóltar: Como assim?

Nala: Alguém que tinha acesso a essas pastas alterou o conteúdo da mesma. Todos os crimes levam para o Konrad e eu tenho absoluta certeza que ele não seja o chefe desse grupo.

Zóltar: Você está me dizendo que estão querendo colocar tudo nas costas desse rapaz?

Nala: Exatamente. Acredito que ele tenha virado um peso morto. Inclusive, lembra daquele suicídio na praça dos heróis? Conseguiram parar as investigações, porque levava até outras pessoas.

Zóltar: Nala, isso é totalmente alarmante. Já sabe o que irá fazer?

Nala: Eles querem que eu prenda o Konrad primeiro, como delegada, preciso fazer isso, mas ele não é o alvo no momento. Preciso descobrir uma outra linha de investigação.

Zóltar: Isso é fácil. Eu consigo descobrir o nome das pessoas que tem mais acesso ao Konrad, principalmente aqueles que visitam o Monster Grill.

Nala olha para Zóltar confiante.

Cena 05 – Mansão Angyal – Escritório – Int. – Dia.

Emese está sentada em uma poltrona de couro. Ela está vestida em uma roupa offwhite. Ilona entra e fica de frente para a sobrinha.

Ilona: Minha querida, eu sei que você está triste, mas precisa comer alguma coisa. A Sebestyénne fez aquela torta de maçã que você adora e...

Emese (corta): Eu não quero. Pedi para que ninguém viesse até o escritório me incomodar. Fui clara.

Ilona: Emese, eu te entendo, mas você não pode afastar as pessoas dessa maneira, principalmente aqueles que te amam.

Emese (fria): Tia, eu te amo. Se você não quiser que eu chame os seguranças para te tirarem daqui, melhor sair por vontade própria.

Ilona (exalta): Chega! Eu não vou tolerar esse comportamento. Eu sou a sua tia e eu exijo o mínimo de respeito.

Emese (debocha): Por favor, não seja tóxica a esse ponto. Estou cansada de todos vocês quererem ditar o que eu devo ou não fazer.

Emese levanta-se da poltrona e vai em direção a porta.

Ilona (grita): Eu ainda não acabei, Emese!

Emese: Não deveria nem ter começado. (sai)

Ilona fica ali sem acreditar no que aconteceu. Close no rosto dela.


Cena 06 – Apartamento de Otávio – Sala – Int.

Otávio limpa alguns itens na mesa de centro. A campainha toca, ele vai até a porta. Ao se deparar com Felícia, ele volta para seus afazeres, ela também adentra no ambiente.

Otávio: Amiga, aonde você esteve? Eu te liguei durante vários dias e não obtive retorno. Tentei te entregar o convite para o desfile amanhã.

Felícia (seca): Me desculpe, Otávio, mas eu não tive uma semana muito boa. Foi justamente por isso que eu vim até aqui. Preciso conversar.

Otávio (Assustado): Estou começando a ficar um pouco preocupado. O que aconteceu?

Felícia (suspira): Antes de vir para a Hungria, eu morava com minha avó em um bairro muito pobre em Porto Alegre. Ela era uma verdadeira megera. Me bateu muito. Chegou um dia que ela me vendeu para um casal dinamarquês. Fiquei totalmente desolada, porque não queria deixar meus irmãos.

Otávio (surpreso): Felícia, eu não fazia ideia. Por que não me contou antes?

Felícia: Eu não sei. Depois que meus pais adotivos me levaram para Dinamarca, eu tive uma vida diferente, além de amor, eles me encheram de dinheiro. Sempre mantive contato com meus irmãos e quando completei 18 anos, trabalhei na empresa do meu pai e enviava um dinheiro pra eles. Na semana passada, minha avó faleceu. Eu não sei se devo voltar para o Brasil visita-los.

Otávio (abraça): Você quer minha opinião?

Felícia: Claro.

Otávio: No seu lugar, eu não voltaria. O Brasil não é um lugar que você tenha um apresso. Continue enviando dinheiro para seus irmãos, mas essa não é sua vida mais. Não é como se você fosse obrigada, entende?

Felícia chora e Otávio a abraça novamente.

Cena 07 – Mansão Bartha – Sala – Int.

Eva coloca alguns arranjos na sala, decorando todo o espaço. A empregada vai até Eva.

Empregada: Senhorita Eva, sinto muito te incomodar com isso, mas não recebi meu pagamento referente a esse mês.

Eva (chateada): Nossa. Eu tinha esquecido completamente. Há dias que o seu patrão não aparece por aqui. Até contas básicas como de água e luz não foram pagas. Não se preocupe, irei resolver e te darei um retorno.

A empregada assente e sai de cena. A Maçaneta da porta gira e Eva percebe. Ilona adentra a sala.

Ilona (surpresa): Achei que vocês iriam mudar todas as fechaduras daqui. Inclusive, estou estarrecida pelo fato de não ter nenhum segurança no portão.

Eva (emocionada): Minha amiga! Eu não imaginava que você estava aqui.

Elas sentam-se no sofá.

Eva: Mas me conta, quando você chegou?

Ilona: Cheguei há uns dias. Estou ficando na mansão Angyal. (olha ao redor) Estou achando tudo isso aqui tão apático.

Eva (suspira): Ah, Ilona, faz dias que o Konrad não aparece por aqui. Para piorar a situação, ele também não está pagando os funcionários. Os seguranças estão apenas trabalhando em respeito a você.

Ilona: Imaginei que isso aconteceria. Irei fazer um cheque que será mais que suficiente para pagar todas as contas.

Ilona retira de sua bolsa um cheque e assina. Ela entrega a Eva.

Eva: Obrigada.

Ilona: Nenhuma notícia do Konrad?

Eva: Nenhuma! Simplesmente sumiu do mapa. O Monster Grill, o pub que ele comprou até que vai bem, mas ele também não aparece por lá há dias.

Ilona (apreensiva): Não sei o que pensar. Estou com um nó na garganta toda vez que penso nesse menino.

Eva: Você acha que “ele” procurou o Konrad?

Ilona: Não tenha dúvidas quanto a isso. Esse é o meu maior medo.

Cena 08 – Casa de Gabor – Ext. – Dia

Vencel está sentado em uma cadeira do lado de fora da casa. Ele observa o pouco movimento da rua. Seu olhar é distante. Um carro, modelo Audi R8 para em frente a casa. Lorenzo e Emese saem do veículo. Emese vai até Vencel, enquanto Lorenzo espera no portão.

Vencel (surpreso): Emese?

Emese: Olá, finalmente nos conhecemos.

Vencel: Entre! Eu preparo um café para vocês dois.

Emese: Não, realmente não precisa. Eu vim até aqui para conversar rapidamente com você. Para ser sincera, não queria estar aqui. Você me lembra o Gabor e ainda não me conformei com a morte dele.

Vencel (cabisbaixo): Eu te entendo. Ainda não consigo dormir. Mas qual o motivo de você ter vindo até aqui?

Emese: Acredito que você sabe quem matou o Gabor e quero respostas.

Vencel: Emese, não posso te dizer com a certeza, mas meu pai, o senador Fridrich provavelmente é o assassino.

Close no rosto de Emese que está apática.

Cena 09 – Haras Kovács – Escritório – Int. – Dia.


András bebe seu whisky e caminha por todo o espaço. Kimerul adentra o escritório e percebe o filho inquieto.

Kimerul: Está acontecendo alguma coisa?

András: Não sei, pai. A Emese faz alguns dias que ignora minhas ligações e não quer me atender.

Kimerul: Não sei o motivo de você insistir nessa família. Ela só nos trouxe problemas.

András: Até hoje o senhor não me contou quem realmente é o assassino da minha mãe.

Kimerul (suspira): András, a sua mãe morreu por culpa do irmão do Kornél. Eu não quero que você comente isso com ninguém, este homem ainda está vivo! Ele é extremamente perigoso.

András: Preciso do nome desse crápula, não irei descansar até...

Kimerul (corta): Por favor, András! Esse homem é um criminoso poderoso. O máximo que vai acontecer com você é receber um tiro bem no meio do seu peito. Fim de conversa!

Cena 10 – Motel – Quarto. – Int.

Agnes e Konrad estão transando. Ele está por cima dela. Os corpos se unem, a nudez é totalmente explicita. Ela arranha suas costas em resposta ao ser penetrada. Eles atingem o orgasmo juntos e viram-se para o lado.

Agnes (ofegante): Hoje você estava a todo gás, hein?

Konrad: Estava precisando disso.

Agnes: Agora me diz, por qual razão você está sendo procurado pela polícia?

Konrad: E por que você quer saber disso?

Agnes: Eu sou sua namorada, então preciso saber de todos os seus passos para poder te ajudar, Konrad. Você sabe que a Barbara vai querer a sua cabeça, isso se ela já não fez para os outros.

Konrad: Estou pouco me fodendo para a Barbara. Eu gostaria de cortar aquela cabeça dela fora e pendurar na parede como um troféu, mas infelizmente não posso.

Agnes: Qual a relação dela com o fuhreh?

Konrad: Ela é a protegida dele, não sei, mas ninguém comenta como ela surgiu no grupo, a Barbara sempre esteve.

Agnes (pensativa): Se ninguém comenta, é porque há algo errado nisso. Acho que é a nossa oportunidade de virar o jogo contra ela.

Konrad (ri): Você está querendo entrar em uma guerra com a Barbara? Ela vai fazer pedacinho seu.

Agnes: Não vai. Vou descobrir o que ela esconde, daí vamos ter certeza de que há algo errado.

Agnes coloca a cabeça no peito de Konrad, a mesma passa a mão em todo o corpo dele. Close no rosto dela.

ANOITECE EM BUDAPESTE


Cena 11 – Ruas de Budapeste

Fatima caminha. Ela está com carregando umas sacolas de compras. Um carro preto para em frente a um hotel. Dois homens descem. O motorista abre a porta e Domokos desce. Fatima vislumbra a imagem do mesmo. Ela derruba as sacolas. O Barulho, apesar de baixo, é suficiente para que todos que estão próximo ao veículo vejam.

MOTORISTA: Está tudo bem, minha senhora?

Fatima (assustada): Domokos?

Domokos estranha a mulher em saber o seu nome e aos poucos reconhece o rosto de Fatima.

Domokos: Fatima?

CORTA PARA:

Cena 12 – Bordel – Quarto – Int. – Noite

O Senador Fridrich está deitado na cama, ele está sem camisa. Aos poucos, ele vai acordando e percebe que há algo molhado na cama. Ao levanta a coberta, depara-se com sangue. Ele tem um rompante e olha para o lado e vê a prostitua morta com uma faca estancada no peito.

Fridrich (GRITA): QUE MERDA É ESSA?

Cena 13 – Mansão Bartha – Jardim – Noite.

Eva e Ilona caminham pelo jardim, o qual está iluminado pelas luzes artificiais.

Ilona: Eu estou sem saber o que fazer em relação ao Konrad. Me dói tanto vê-lo se autodestruir.

Eva: Eu juro que tentei fazer o máximo possível enquanto você estava fora, mas não consegui.

Ilona: Eu sei, Eva. Você sempre foi uma grande amiga, até mais que isso. Uma verdadeira irmã.

Eva: Obrigada... Mas Ilona, está tudo certo por lá?

Eva fala as últimas palavras com um cuidado para ninguém ouvir.

Ilona: Está. Sinto que qualquer hora será preciso...

Eva: Você acha que esse momento vai chegar mesmo? Mas isso não colocaria a vida da Emese em perigo?

Ilona: Mas eu não posso fazer nada. Ainda tentei argumentar que não era seguro, mas foi totalmente irredutível.

Eva: Ilona, se isso acontecer, será um verdadeiro frisson no país.

Ilona (preocupada): Eu sei, mas não posso fazer mais nada.

Close no rosto de Ilona e Eva preocupadas.

Cena 15 – Bordel – Quarto – Int. – Noite.

O Senador Fridrich está sentado ao lado da cama em desespero. Ele ouve passos vindo do corredor. Ele vislumbra uma imagem de uma mulher loira.

Fridrich: Emese Angyal? O que está fazendo aqui?

Emese: Vim te ajudar e espero que o senhor possa retribuir esse gesto com gratidão.

Close no rosto de Emese olhando para o Senador.

A História não tem conexão real com a realidade. O preconceito e o ódio jamais deverão ser aceitos em qualquer sociedade! Apologia ao Nazismo no Brasil é crime previsto no art. 20, da Lei nº 7.716/89 do Código Penal, que define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor.

DENUNCIE!

Fim do Capítulo 16



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