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LÁGRIMAS EM SILÊNCIO - Capítulo 31

 



Novela de Adélison Silva 

Personagens deste capítulo

JANA
LAURA
GIOVANA
ELIETE
MOISÉS
REBECA
CÁSSIA
BEATRIZ
JORGE
ROSENO
FÁTIMA
MARIA
PANDORA
DARLAN
RAUL
VANESSA
JÚNIOR


Participação Especial:
LUÍZA


CENA 01/ INT/ APT DO RAUL/ MANHÃ

Raul acorda com uma forte dor de cabeça e uma sensação de tontura. Ele tenta se levantar da cama, mas suas pernas parecem fracas, quase cedendo sob seu peso. Desesperado, ele se agarra à borda da cama para evitar cair, mas sua força está falhando. Giovana acorda assustada com o barulho e rapidamente percebe a situação crítica em que Raul se encontra.

 

GIOVANA

(preocupada)

- Raul, o que tá acontecendo? Cê tá bem?

 

Raul tenta falar, mas sua voz sai fraca e embargada.

 

RAUL

(débil)

- Minha cabeça dói... não consigo me levantar. Preciso ir ao banheiro.

 

Giovana, alarmada, rapidamente se aproxima e apoia Raul, ajudando-o a se levantar com cuidado. Ela percebe que ele está pálido e claramente debilitado. Com muito esforço, ela o leva até o banheiro e o ajuda a se sentar no vaso sanitário.

 

GIOVANA

(preocupada)

- Não dá mais pra esperar, Raul. Cê precisa ir urgentemente ao médico.

 

CENA 02/ INT/ FEIRA DE SANTANA/ OFICINA DO JORGE/ DIA

Jorge e Roseno estão na oficina tomando café antes de começar o trabalho.

 

JORGE

- Fátima veio toda animada, moço. Toda sex, toda delicinha, querendo que a gente fabricasse o outro filho. Mas o Juvenal simplesmente não manifestou.

 

ROSENO

- Olhe meu brother, vou lhe dizer uma coisa, viu? Quando a mulher procura o cara e ele não cosegue dá conta do recado, é barril. Porque a mulher não entende, né? Que o Juvenal em vez em quando dá uma falhada.

 

JORGE

- Nunca fui de negar fogo pra ela não, Roseno. Só que agora é uma desgraça, não paro de pensar em Beatriz. Tenho que ver aquela mulher de novo.

 

CENA 03/ INT/ IGREJA CAJADO DA FÉ/ DIA

Rebeca está visivelmente nervosa enquanto se senta ao lado de Vanessa nos bancos da igreja. Ela engole em seco antes de reunir coragem para compartilhar sua notícia.

 

REBECA

(com a voz trêmula)

- Vanessa, eu... eu tô grávida.

 

Vanessa, surpresa, deixa escapar um suspiro de choque.

 

VANESSA

(assustada)

- É quê, mulher? Como assim grávida?

 

Rebeca tenta explicar, seus olhos procurando por apoio.

 

REBECA

- É de Júnior... nós... nós nos beijamos e agora acho que tô grávida.

 

Vanessa arregala os olhos, incrédula com a explicação da amiga.

 

VANESSA

(rindo)

- Oxente, mas que susto! Não é assim que a coisa acontece não, né Rebeca? Cê não pode engravidar só de um beijo! Cê nunca teve aulas de orientação sexual na escola, não?

 

REBECA

(rindo sem graça)

- Eu... tive, né. Mas sei lá, pensei que fosse assim que funcionava. Então, não tô grávida?

 

VANESSA

- Claro que não, menina. As ideia. Mas venha cá, então cês se beijaram, foi?

 

Rebeca assente concordando. E confessa sobre o convite de Júnior para ir com ele no circo.

 

REBECA

- Ele me chamou para ir com o circo. Mas, valha me Deus, isso é viver em pecado.

 

VANESSA

(suavemente)

- Rebeca, ele tá apaixonado por cê.

 

REBECA

(animada)

- Ele falou que se eu quiser, ele casa comigo. Aí não vai ser pecado, né? Porque vamos ser marido e mulher.

 

VANESSA
- Oh minha lida, pecado maior é não buscar a felicidade e o amor. Pecado é não ser feliz. Se cê gosta de Júnior, se ele te faz feliz, vá com ele. Deus quer que sejamos felizes, e se isso significa tá com Júnior, então siga seu coração.

 

 


CENA 04/ INT/ HOSPITAL/ CONSULTÓRIO DA DRA. LUÍZA/ DIA

Giovana está ao lado de Raul, visivelmente preocupada, enquanto a médica, Dra. Luíza, está sentada a frente dos dois fazendo perguntas.

 

LUÍZA

(com atenção)

- Então, Raul, me conte sobre esses sintomas. O que cê tem sentido?

 

RAUL

(sorriso nervoso)

- Ah, não é nada demais, Dra. São só umas coisinhas de nada. Talvez estresse do trabalho.

 

Giovana aperta a mão de Raul, preocupada.

 

LUÍZA

(interessada)

- Que "coisinhas de nada" são essas, Raul? Me diga direitinho.

 

RAUL

(minimizando)

- Bem, tenho tido umas tonturas frequentes, falta de ar e ando me sentindo muito cansado ultimamente.

 

A médica começa a examinar Raul com atenção, verificando seus sinais vitais.

 

LUÍZA

(pensativa)

- Tonturas, falta de ar e cansaço podem indicar várias coisas. Vou pedir alguns exames de sangue para investigar mais a fundo.

 

GIOVANA

(preocupada)

- Dra. Luíza, ele não tem se alimentado direito. Quando come, são só besteiras, sabe? Acho que pode ser por isso.

 

A médica assente, fazendo anotações no prontuário.

 

LUÍZA

(séria)

- Pode ser uma forte anemia, mas só os exames vão confirmar. Raul, precisamos que cê faça esses exames o mais rápido possível. E, por favor, comece a se alimentar de forma mais saudável. Marcarei um retorno para a semana que vem para discutirmos os resultados e definirmos o tratamento, se necessário.

 

Raul e Giovana assentem, a preocupação estampada em seus rostos.

 

 

CENA 05/ EXT/ COLÉGIO CENTRAL/ PÁTIO/ DIA

Pandora está sentada em um banco. Ela desabafa com Maria, que está ao seu lado.

 

PANDORA

(chateada)

-  Mandei mensagem chamando pra você pra gente ir a praia, mas cê nem foi.

 

MARIA

- Estava um pouco desanimada. Além disso, tinha ido ao CAMPA com mainha e tia Giovana.

 

Maria olha para Pandora com curiosidade.

 

MARIA

(mudando de assunto)

- Pandora, cê já se apaixonou alguma vez?

 

Pandora fica um pouco surpresa com a pergunta, mas decide ser honesta.

 

PANDORA

(olhando para o horizonte)

- Sim, uma vez. Foi por uma garota no Acre, a Michele. Sentia como se tivesse borboletas no estômago só de pensar nela, sabe? Era algo... mágico.

 

Ela olha para Maria e, involuntariamente, compara seus sentimentos passados com o que está começando a sentir por ela.

 

PANDORA

(comparando)

- É quase como o que sinto quando tô perto de você, Maria. Mas de um jeito diferente, especial. O que sinto por você é algo estranho, puro, ingênuo até. Quero sempre te ter por perto, mas não pra te possuir, só pra cuidar de você.

 

Maria fica sem jeito, Pandora percebe e pondera.

 

PANDORA

(curiosa)

- Mas porque perguntou isso? Você já sentiu isso por alguém?

 

Maria, surpresa e desconfortável, tenta disfarçar seus sentimentos.

 

MARIA

- Não. Só tinha curiosidade em saber mesmo como era.

 

Nesse momento, Darlan se aproxima, e Maria, nervosa, inventa uma desculpa.

 

MARIA

(apressada)

- Ah, preciso ir ao banheiro, depois a gente se fala.

 

Ela sai rapidamente, deixando Pandora e Darlan confusos com sua reação inesperada. Pandora olha para Darlan, sem entender o que acabou de acontecer.

 

DARLAN

- Até parece que ela fugiu de mim.

 

 

CENA 06/ INT/ CLÍNICA BIO IN VITRO/ CONSULTÓRIO DA BEATRIZ/ DIA

O consultório de Beatriz está tranquilo quando Fátima entra, surpreendendo-a.

 

BEATRIZ

- Fátima! Oxe, olhei agora pouco a agenda não me lembro de ter marcado nenhuma consulta contigo hoje.

 

FÁTIMA

(respirando fundo)

- E não marcou. Desculpe ter entrado assim Dra. Beatriz. Mas hoje na verdade, vim mais como amiga do que como paciente. Não sabe?

 

Beatriz franze a testa, intrigada.

 

BEATRIZ

(com curiosidade)

- Não tô entendendo, Fátima. Aconteceu alguma coisa?

 

Fátima não hesita, decidindo ir direto ao ponto.

 

FÁTIMA

(séria)

- Aconteceu. Tenho certeza de que Jorge tá tendo um caso, doutora. E não é apenas mais uma amante. Já sei que Jorge teve outras, ele é... bem, safado e galanteador, mas desta vez é diferente. Sinto que essa mulher mexeu com ele de uma forma que as outras não fizeram.

 

Beatriz fica visivelmente desconfortável com a revelação de Fátima.

 

BEATRIZ

(nervosa)

- Fátima, isso são apenas suspeitas. Não podemos tirar conclusões precipitadas.

 

Fátima olha diretamente nos olhos de Beatriz, determinada em sua decisão.

 

FÁTIMA

(decidida)

- Não sei, mas já vou tomar providências.

 

BEATRIZ

- E o que cê tá querendo, interromper o tratamento, é isso? Cê desistiu de ter outro filho.

 

FÁTIMA

- Pelo o contrário. Quero fazer uma inseminação, mas inseminar dois óvulos de uma vez. Quero ter dois filhos, doutora. Assim, eu amarro Jorge de vez. Ele vai ficar todo bobo e não vai lembrar de amante nenhuma.

 

Beatriz fica chocada com a determinação de Fátima, percebendo a complexidade da situação e as emoções intensas envolvidas.

 

 

CENA 07/ INT/ IGREJA CAJADO DA FÉ/ TARDE

Eliete está sentada em um banco, conversando com Moisés,

 

ELIETE

(com tristeza)

- Sabe pastor, nunca vi Genivaldo tão decidido como vejo agora. Ele tá determinado em se separar. Eu não quero perder meu marido, eu o amo. Tomei uma decisão, não vou mais insistir em converter Genivaldo. Ele vai seguir o caminho que ele julgar ser correto.

 

Moisés olha para Eliete com seriedade, suas palavras carregadas rigidez.

 

MOISÉS

- Irmã Eliete, deixe eu lhe fazer uma pergunta bem direta. O que mais vale pra senhora, perder seu casamento ou perder a vida eterna?

 

ELIETE

- Oxente meu pastor, que pergunta. Mas vale perder o meu casamento do que perder a vida eterna, é claro.

 

MOISÉS

- Sendo assim irmã Eliete, seja firme em sua fé. Não se deixe abalar pelas dificuldades. Se seu marido quer ir, deixe-o ir. O que a senhora não pode é ser conveniente com o pecado. Olhe bem meu exemplo irmã Eliete. Minha filha Laura vive mancebada com uma mulher. Eu poderia ter agido diferente e aceitado essa relação pecaminosa das duas, apenas para viver em harmonia com minha filha. Mas eu sei que isso vai contra os desígnios do Altíssimo, por esse motivo fui firme. Perdi minha filha durante anos, mas não fui conveniente ao pecado.

 

ELIETE

- O senhor tá certo. Genivaldo vive no pecado e quer que eu me perca junto com ele.

 

MOISÉS

- Seja a fortaleza em sua casa, e Deus lhe exaltará. Confie Nele e continue firme em sua jornada espiritual. Lembra irmã Eliete, é melhor entrar no céu sem uma perna do que ir para o inferno com as duas.

 

 

CENA 08/ INT/ APT DOS REIS/ TARDE

Raul está deitado na cama, Giovana entra no quarto, preocupada com a condição de seu marido.

 

GIOVANA

- E aí meu amor, como cê tá?

 

RAUL

- Tô um pouco melhor, mas ainda me sinto fraco.

 

Giovana deita ao lado dele, e começa a fazer carinho gentilmente em seu cabelo.

 

GIOVANA

(com ternura)

- Tô aqui do seu lado viu? Vai dá tudo certo, cê vai fazer os exames e vamos cuidar dessa anemia.

 

RAUL

- Desculpe por ter sido tão grosseiro em relação a Kira. Eu... acabei agindo impulsivamente.

 

GIOVANA

- Tá tudo certo. Não é hora de falar de Kira...  Humm! Fiz aquele risoto de camarão que cê adora. Vou buscar para nós.

 

Raul observa sua esposa enquanto ela se levanta para buscar o risoto.

 

 

CENA 09/ INT/ CASA DA RAVENA/ SALA DE ESTAR/ TARDE

Pandora está deitada no sofá, seu olhar perdido no celular. Laura observa a filha com atenção e percebe a tristeza em seus olhos.

 

LAURA

(com carinho)

- Que carinha é essa, hein? Parece preocupada.

 

Pandora senta-se e suspira, como se estivesse carregando um peso em seus ombros.

 

PANDORA

(com hesitação)

- Minha mãe, cê já se apaixonou por alguém e depois se viu apaixonada por outra pessoa ao mesmo tempo?

 

LAURA

(pensativa)

- Bem, acho que não. Mas acredito que isso pode acontecer, sim. Cê tá falando de Maria?

 

Pandora olha para a mãe, seus olhos cheios de confusão e anseio.

 

PANDORA

(com sinceridade)

- Sim, tô muito confusa. Eu gosto de Maria, sabe? Mas é um gostar estranho, não sei explicar. Não é possessivo, não é que eu queira ter ela, ter relações com ela. Não é nada disso. Apenas quero está com ela. É como se ela fosse uma parte de mim que sempre esteve faltando.

 

Laura sente o coração se apertar ao ouvir a confissão da filha. Ela toca gentilmente o rosto de Pandora.

 

LAURA

(com emoção)

- Oh minha linda, cê é jovem. É normal sentir essas emoções complexas. Mas havia dito que tá dividida entre duas pessoas. Cê tá gostando de outra pessoa?

 

Pandora hesita por um momento antes de falar sobre seus sentimentos.

 

PANDORA

- Tem um rapaz que entrou a pouco tempo no colégio. No começo, sentia muito ciúme dele com Maria. Ver os dois juntos era algo que me incomodava. Sinceramente ainda incomoda. E sempre pensei que fosse por sentir ciúme dela, mas, na verdade, o ciúme que sinto é dele, de Darlan. Eu sei que não deveria me envolver com rapazes, mas ele é diferente, minha mãe.

 

Laura sorri, por ver que Pandora começava a gostar de outra pessoa.

 

LAURA

- Não há nada de errado em gostar de rapazes. Sua mãe Ravena foi quem pegou ranço dos homens e acha que todos não prestam. Mas existe muito cara bacana por aí sim, viu? Tenho certeza que esse Darlan é um deles. Viva seus sentimentos, segue o seu coração, e seja feliz.

 

PANDORA

- É que sempre pensei que eu fosse lésbica que eu não gostasse de rapazes.

 

LAURA

- Pra quê rotular? Apenas viva suas paixões.

 

Laura abraça Pandora.

 

 

CENA 10/ INT/ CLÍNICA BIO IN VITRO/ RECEPÇÃO/ TARDE

Cássia termina de atender uma cliente. Ao virar para guardar a agenda ela derruba uma sacola no chão deixando a amostra o que tinha dentro. São produtos eróticos.

 

JANA

(abismada)

- Ave Maria, mulher! Que isso mesmo hein?

 

Cássia guarda rapidinho as coisas na sacola.

 

CÁSSIA

- Misericórdia! Isso é coisa de Maurício, não sabe? Passou no sex shop e comprou essas coisinhas para apimentar nossa relação.

 

JANA

- Tô de cara, não sabia que Dr. Maurício era chegado nessas coisas.

 

CÁSSIA

(rindo)

- Menina, cê tá por fora, viu? Não viu foi nada. Minha relação com Maurício é cheia de surpresas, sabe Jana? Mesmo depois de tantos anos de casados, a gente ainda somos capazes de explorar um ao outro. O nosso sexo não tem pressa, as coisas vão fluindo naturalmente.

 

JANA
- Isso é maravilhoso, viu Cássia?

 

CÁSSIA

- Hoje os gêmeos vão pra casa da avó. Aí Mauricio comprou essas coisinhas pra gente brincar.

 

 

CENA 11/ EXT/ CIRCO/ TARDE

Rebeca e Júnior caminham lado a lado, do lado de fora da tenda.

 

REBECA

(nervosa, olhando para o chão)

- Júnior, eu... Eu pensei que tivesse grávida por causa do nosso beijo.

 

Júnior ri, achando encantadora a ingenuidade de Rebeca. dela.

 

JÚNIOR

(sorrindo)

- Oxente menina, mas foi só um beijo. Ninguém engravida só com beijo.

 

REBECA

- Eu sei, Vanessa depois me explicou.

 

Ele coloca delicadamente uma mecha de cabelo atrás da orelha

 

JÚNIOR

(carinhoso)

- Mas a verdade é que adoraria ter um filho contigo.

 

Os olhos de Rebeca se arregalam em surpresa, mas ao mesmo tempo, ela se sente profundamente tocada pelas palavras de Júnior. Ele olha nos olhos dela com sinceridade.

 

JÚNIOR

(apaixonado)

- Na verdade, adoraria ter muito mais do que isso com você. Bora com o circo, vamos ficar juntos e andar por esse mundão fazendo nosso espetáculo.

 

 

Rebeca fica sem palavras, seu coração batendo forte em seu peito.

 

REBECA

(preocupada)

- Isso tá certo não, viu Júnior. Nós dois estamos afundados em um mar de pecado. Painho não vai aceitar isso.

 

JÚNIOR

(decidido)

- Então vamos tirar esse medo do nosso caminho, minha linda. Já lhe falei, eu me caso com você. Assim não viveremos em pecado, pois cê será minha mulher. Se quiser eu mesmo vou lá conversar com seu pai. Só não quero lhe perder.

 

Os dois dão um selinho, mas depois o beijo fica mais fervoroso.

 

 

CENA 12/ EXT/ FEIRA DE SANTANA/ OFICINA DO JORGE/ TARDE

Jorge, todo animado e galanteador, está explicando algo entusiasmadamente para uma cliente. Enquanto ele se inclina sobre o capô do carro, Fátima se aproxima, seus olhos observando a interação de longe. Roseno, percebe Fátima se aproximando e, com uma tosse discreta, tenta chamar a atenção de Jorge. Jorge, entendendo o sinal de Roseno, se afasta um pouco da cliente, mantendo uma distância respeitosa.

 

JORGE

(sorrindo)

- Então, dona Adriana, o problema aqui é um pouco mais complexo, mas fique tranquila, vamos resolver tudo para a senhora. Pode deixar que eu cuido pessoalmente do seu carro.

 

A cliente assente, agradece e entra em seu carro antes de partir. Jorge entra pra oficina e Fátima indo logo atrás.

 

 

CENA 13/ INT/ FEIRA DE SANTANA/ OFICINA DO JORGE/ TARDE

Jorge vai andando na frente, mexendo em uma coisa aqui e em outra ali, e Fátima na sua cola.

 

FÁTIMA

(incisiva)

- Quem era aquela mulher, hein Jorge?

 

JORGE

(defensivo)

- Cê tá azuada, é Fátima? Oxente, não viu que era uma cliente?

 

FÁTIMA

(firme)

- Pode ser que seja, mas pode ser que ela  seja a sua amante fixa.

 

JORGE

- Agora vi coisa, lá vem cê com esse papo de amante.

 

FÁTIMA

- Cê não me engana. Já sei que cê tem uma amante fixa. Não adianta negar.

 

JORGE

- Que amante, mulher? Pare de azucrinar meu juízo!

 

FÁTIMA

(determinada)

- Tá certo, tá certinho. Vi aqui pra lhe avisar que tomei uma decisão.

 

JORGE

(preocupado)

- Que decisão?

 

FÁTIMA

(resoluta)

- Nosso filho, Jorge! Pensei bem e decidi que, ele não vai ser mais feito do jeito tradicional.

 

JORGE

- Ah não? E o que cê pensa em fazer?

 

FÁTIMA

- Falei com Dra. Beatriz, e já tá tudo pronto para uma inseminação artificial. Só falta cê ir lá pra colher o material.

 

JORGE

- Pra que isso, Fátima?

 

FÁTIMA

- Eu quero ter um filho seu. Já tava todo animado com isso, não sei por que mudou de ideia. Aí tem coisa, mas do meu filho não abro mão.

 

 

 

CENA 14/ INT/ CLÍNICA BIO IN VITRO/ SALA DA BEATRIZ/ TARDE

Beatriz está sentada atrás da sua mesa, enquanto Jana está do outro lado.

 

FÁTIMA

- Essa mulher é completamente louca. Ela acha que o filho vai segurar o marido.

 

JANA

(curiosa)

- Dra. Beatriz, cê vai mesmo fazer essa inseminação?

 

BEATRIZ

(resoluta)

- Claro que sim, sou uma profissional. A história desses dois não me pertence. Pra mim é apenas um casal querendo ter filhos, e eu como médica vou ajudá-los.

 

JANA

- Só que sabemos que na prática não bem assim, né doutora? Esse cara mexe contigo.

 

BEATRIZ

(com resignação)

- Mexe, e mexe gostoso. É verdade que Jorge é atraente, charmoso, cheiroso, tesudo... mas isso não muda nada. Vou fazer meu trabalho e me afastar dele, que é o melhor a ser feito. Não vou ficar nesse papel de amante não, Jana. Se Fátima quer um filho, farei de tudo para que isso aconteça. Até os dois como ela deseja.

 

 

1. INT/ APT DOS REIS/ BANHEIRO/ DIA

Giovana, com os olhos fechados, está debaixo do choveiro, aproveitando o banho relaxante. De repente, a porta do box se abre e Raul entra, juntando-se a ela no chuveiro.

 

RAUL

- Cabe mais um aí?

 

GIOVANA

- Raul, já tô atrasada!

 

RAUL

- As meninas esperam.

 

Os dois compartilham o espaço no chuveiro, a água caindo sobre seus corpos. Eles começam a brincar, jogando água um no outro e rindo. Giovana, ainda brincando, passa as mãos pelas costas de Raul, e é nesse momento que ela nota algo estranho. Ela vê manchas vermelhas, algumas pequenas e outras maiores, nas costas dele. Sua expressão muda para preocupação.

 

GIOVANA

(preocupada)

- Que manchas são essas, Raul?








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