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LÁGRIMAS EM SILÊNCIO - Capítulo 33

 



Novela de Adélison Silva 

Personagens deste capítulo

JANA
LAURA
GIOVANA
ELIETE
RAIMUNDA
MOISÉS
REBECA
RAVENA
CÁSSIA
MAURÍCIO
BEATRIZ
JORGE
ROSENO
FÁTIMA
PANDORA
DARLAN
KIRA
VANESSA
 


Participação Especial:
 FEMINISTAS, MÃE DE DARLAN., RELIGIOSOS, PADRE, NADINE


CENA 01/ EXT/ CLÍNICA BIO IN VITRO/ SAÍDA/ NOITE

Beatriz sai da clínica e se encaminha até o seu carro. Ao abrir a porta, Jorge se aproxima.

 

JORGE
- Beatriz!

 

Ela fica mexida ao ver Jorge.

 

BEATRIZ

- Jorge!

 

JORGE

- Eu vim aqui pedir pra você não fazer a inseminação na minha mulher.

 

BEATRIZ

- Olha, querido, não é bem assim que as coisas funcionam, né? Não posso simplesmente deixar de fazer meu trabalho porque cê não quer. O que precisa ser feito é você sentar com sua mulher e conversar sobre isso.

 

JORGE

- Fátima não sabe o real motivo que eu não querer esse filho, mas cê sabe.

 

BEATRIZ

- Não sei de nada, e prefiro nem saber, viu?

 

JORGE

- Sabe sim. Sabe e sente o mesmo que eu. Vai dizer que cê não gostou do nosso encontro?

 

Conforme Jorge fala, ele se aproxima ainda mais de Beatriz.

 

JORGE

- Vai dizer que também não sente esse tesão louco, incontrolável. Oxe, que tô perdendo as estribeiras, não consigo parar de pensar em você.

 

BEATRIZ

- Jorge, pelo amor de Deus, não provoque. Olhe a situação em que cê tá me colocando. Fátima é minha paciente, não podemos nos envolver mais. Se gostei do nosso encontro?

Adorei, foi muito bom lhe ter ali novamente. Mas não dá pra isso continuar acontecendo.

 

JORGE

- Fale isso para a minha pele que transpira querendo a sua.

 

Jorge agarra Beatriz, e ela hesita por um momento. Ele insiste, e ela, finalmente, se entrega, e os dois dão um beijo caloroso.

 

CENA 02/ EXT/ RUA/ LADO DE FORA DA IGREJA CAJADO DA FÉ/ NOITE

O carro com Laura e Pandora se aproxima da igreja. Laura para do outro lado da rua, observando a igreja com um olhar nostálgico. Ela vira para Pandora, sorrindo.

 

LAURA

- Pandora, essa é a igreja do seu avô. O culto tá acabando agora. Vamos esperar aqui. Preciso que cê entenda uma coisa sobre meu pai, minha linda. Ele é um pouco rude às vezes e cheio de preconceitos. Peço que cê releve por enquanto. É muito importante pra mim que minha mãe lhe conheça. Espero que ele também possa ver a pessoa incrível que cê é. 


PANDORA

- Do jeito que cê fala, dá até medo desse homem.

 

LAURA

- Te avexe não, ele só é fanático demais.

 


 

CENA 03/ EXT/ RUA/ NOITE

Uma multidão de pessoas marcha em oração, carregando velas acesas e cartazes com mensagens pró-vida. Em meio a procissão vem Darlan ao lado de sua mãe, segurando uma vela enquanto caminha em oração. Do outro lado está Ravena juntamente com as outras Amazonas.

 

RAVENA

(gritando)

- Não podemos permitir que eles decidam sobre nossos corpos! Chega de opressão!

 

Ravena e suas colegas feministas começam a gritar palavras de ordem e levantam cartazes provocativos.

 

RAVENA

- Tire seu maldito terço do meu útero!

 

A mãe de Darlan olha incrédula para as feministas e sussurra para seu filho.

 

MÃE DE DARLAN

- Virgem Santíssima, que isso?

 

DARLAN

- Calma minha mãe, vamos continuar na procissão.

 

 

O padre, mantendo a compostura, ignora os insultos e continua sua marcha. Ele fecha os olhos, concentrando-se em suas preces.

 

RAVENA

(ridicularizando)

- Cês podem rezar o quanto quiserem, mas não vão controlar nossos corpos! Meu corpo minhas regras!

(gritando)

- Irmãs, vamos acabar com essa palhaçada!

 

Parte superior do formulário

Ravena e as demais avançam em direção à imagem sagrada que eles carregam e a derruba violentamente no chão. O objeto se parte em pedaços, enquanto os fiéis olham horrorizados.

Ravena, acompanhada por suas companheiras feministas, continua seu ataque. Elas agarram as Bíblias que alguns fiéis seguram e as rasgam com ferocidade, jogando as páginas ao vento. As ativistas pegam os pedaços das Bíblias e outros materiais religiosos e os colocam em uma pilha no chão. Então, com um isqueiro, acendem fogo na pilha. A multidão religiosa entra em pânico, alguns tentando apagar as chamas, enquanto outros assistem, atônitos, sem saber como reagir diante dessa afronta.

 

MÃE DE DARLAN

(chorando)

- Meu senhor do Bonfim tenha misericórdia!

 

O padre, um homem idoso, avança corajosamente em direção as manifestantes, erguendo um crucifixo em sua mão trêmula.

 

PADRE

(com determinação)

- Cês podem tentar profanar nossas imagens, mas não podem abalar nossa fé!

 

Ravena se aproxima e cospe na cara do padre.

 

RAVENA

- Volte pra sua igreja, seu verme!

 

Enquanto as chamas consomem os objetos religiosos, a cena é tomada por um clima caótico e destruição.

 

CENA 04/ EXT/ FEIRA DE SANTANA/ OFICINA DO JORGE/ NOITE

Roseno fecha a oficina com um suspiro de alívio após um dia de trabalho árduo. Ao se virar, dá de cara com Fátima que surge do escuro como um fantasma.

 

ROSENO

- Ave Maria, Fátima, que me matar do coração?

 

FÁTIMA

- E Jorge, cadê?

 

ROSENO

- Jorge teve que ir em Salvador, um cliente ligou pra ele.

 

FÁTIMA
- Tá na cara que cê tá mentindo, né Roseno? Poderia pelo menos ser mais criativo. É o que, hein? Salvador agora tá tendo mais oficina de carro, não é? Sim... pra Jorge ter que sair daqui pra ir lá. Já sei que Jorge tem uma amante fixa, e também sei que cê sabe quem é. Diga aí, quem é a vagabunda?

 

ROSENO

- Oxente Fátima, tô lhe dizendo o que Jorge me falou. Ele me avisou que iria em Salvador cuidar de um carro que ele havia reformado aqui. Parece que deu um probleminha no carro lá, e ele teve que resolver. Agora, se ele tá mentindo ou não, já não sei, né?

 

FÁTIMA

- Deixa está, então. Quando Jorge chegar me acerto com ele.

 

Fátima, com um olhar desconfiado, se afasta. Roseno pega seu telefone e já liga pra Jorge.

 

CENA 05/ INT/ MOTEL/ NOITE

Jorge está em pé ao telefone com Roseno, enquanto Beatriz está sentada na cama observando tudo.

 

JORGE

- Como que é, Roseno?

 

ROSENO
 (off)

- Saiu daqui agora pouco, e se prepara viu nego véi? Fátima tá toda desconfiada.

 

JORGE

- Tô sabendo! Valeu aí, vou me arrumar aqui.

 

Jorge começa a se vestir com pressa.

 

BEATRIZ

- Quanta pressa, hein!

 

JORGE

- Preciso ir embora, Fátima já tá no meu pé. Ela agora anda desconfiada. Queria muito passar a noite com cê minha linda, mas não vou poder, viu?

 

BEATRIZ

- Tá tudo errado, né Jorge? A gente não deveria tá aqui. Não posso continuar nessa situação. Isso não pode continuar acontecendo, essa foi a última vez. Por favor, não me procure mais.

 

JORGE

- Eu largaria tudo por você. Se cê disser que quer casar comigo, chego lá em casa agora e termino com Fátima.

 

BEATRIZ

- Azucrinou de vez, foi menino? Quem lhe falou que quero saber de casamento? Tô muito bem, obrigada.

 

Jorge, em um gesto impulsivo, agarra Beatriz pela cintura.


BEATRIZ

- Ui! Ai Jesus, que pegada!

 

JORGE

- É você que eu quero, é você que eu sempre quis!

 

BEATRIZ

(empurrando Jorge)

- Sonha não querido, é melhor se apressar. E oh, me esquece, viu? Não quero que me procure mais.

 

Jorge sai do quarto, deixando Beatriz pensativa.

 

CENA 06/ INT/ IGREJA CAJADO DA FÉ/ SALÃO PRINCIPAL/ NOITE

Raimunda, radiante, conversa animadamente com Laura e com Pandora. Moisés está mais na frente arrumando o púlpito.

 

RAIMUNDA
- Mas que menina mais linda! Nem acredito que já tenho uma neta desse tamanho.

 

LAURA

- Pandora quando soube que eu havia vindo aqui, ficou toda animada para conhecer a avó. Tive que vim de novo para trazer ela.

 

RAIMUNDA
- E fez bem, agora que nos reencontramos não podemos mais nos afastar. Nós somos uma família e temos que ficar unidos, né mesmo?

 

Moisés se aproxima, interrompendo o momento alegre com sua presença séria e imponente.

 

MOISÉS

- Olhe Laura, também tô muito feliz em ter você por aqui de novo. Porém, conhecereis a verdade e a verdade vos libertará. Cê e essa criatura sempre serão bem vindas aqui, e também lá em casa. Quando quiserem vim, as portas vão tá sempre abertas. Mas lhe peço uma coisa, viu Pandora? Não me chame de avô, porque cê não é minha neta. Foi criada em um laboratório por mãos humanas, não possui alma.

 

REBECA

- Valha me Deus! Dá nem pra acreditar, ela parece de verdade.

 

RAIMUNDA
- Moisés, por favor! Não estrague esse momento. Será que não posso ser feliz em tá com minha filha e minha neta? Que pecado há nisso meu Deus.

 

MOISÉS

- Não há pecado nenhum nisso, Raimunda. O pecado foi cometido lá atrás. E Laura sabe muito bem disso.

 

LAURA

- Não vou discutir com o senhor sobre isso, meu pai. Pandora é minha filha, e isso eu não preciso provar a ninguém.

 

Moisés se retira abruptamente, deixando um clima desconfortável e tenso na igreja. Pandora fica triste com as palavras de Moisés.

 

LAURA

- Tá tudo bem filha?

 

PANDORA

- Não acredito que ainda exista pessoas da cabeça tão fechada quanto esse homem.

 

RAIMUNDA

- Não ligue não minha neta! Não interessa como cê veio ao mundo, o importante é que cê tá aqui. Tô muito feliz com isso.

 

REBECA

- Mas não entendi. Como foi que Pandora foi feita, hein Gente?

 

LAURA

(sorrindo)

- Outra hora lhe explico, viu Rebeca?

 

CENA 07/ INT/ FEIRA DE SANTANA/ CASA DO JORGE/ QUARTO DO CASAL/ NOITE

Jorge entra no quarto, tentando ser discreto, mas Fátima acende a luz de repente. Ele dá um salto de susto.

 

FÁTIMA

- Onde cê tava?

 

JORGE

- Oxe meu amor, cê me assustou. Tive que ir em Salvador atender um cliente.

 

FÁTIMA

- Sei exatamente que tipo de cliente cê foi atender, viu? Deite e vá dormir, que amanhã cedo, vamos voltar pra Salvador. Vamos lá na clínica de Dra. Beatriz colher o material pra inseminar o nosso filho.

 

Jorge engole em seco, sabendo que não há como escapar das expectativas obsessivas de Fátima, ele se deita, resignado, enquanto ela permanece lá, observando-o.

 

CENA 08/ INT/ CASA DA RAVENA/ COZINHA/ DIA

Laura e Ravena estavam preparando o almoço enquanto conversavam.

 

LAURA

- Fiquei ali até sem reação. Painho simplesmente tratou Pandora como se ela fosse uma aberração criada em laboratório. Tava um clima todo descontraído, mainha toda feliz em conhecer a neta... Mas claro que painho tinha que estragar tudo, né?

 

RAVENA

- Não tô entendendo o porque de ser tá surpresa, esse cara já mostrou do que é capaz. Cê não tinha nada que ir lá, Laura. Já lhe falei diversas vezes, sua família agora sou eu e Pandora.

 

LAURA

- Não vou me afastar de mainha de novo por causa de meu pai.

 

RAVENA

- Tá certa, mas lhe digo uma coisa, viu? Se esse pastor se atrever a mexer com minha filha, vai se ver comigo.

 

Nesse momento Pandora entra com o celular na mão.

 

PANDORA

- E o que cê vai fazer em minha mãe? A mesma coisa que fez com o padre ontem no protesto?

 

LAURA

- Mas do que é que cê tá falando, Pandora?

 

Pandora mostra um poste que Darlan havia lhe enviado.

 

PANDORA

- Olhe aí, Darlan que me enviou. Mãe Ravena simplesmente cuspiu na cara de um padre. E não foi só isso não, viu? Como pode ser visto aí no vídeo. Ela e as outras Amazonas atacaram os fiéis, quebraram a imagem da procissão, rasgaram livros, queimaram tudo... Verdadeira atitude de vândalos.

 

LAURA

- Tô aqui vendo, mas não tô acreditando. Cê ficou louca, foi Ravena?

 

RAVENA

- Quem é esse Darlan que lhe enviou isso, hein Pandora?

 

PANDORA

- Darlan é um colega lá do colégio. E também um dos peregrinos que tava na procissão, juntamente com sua mãe que saiu ferida.

 

RAVENA

- Fique longe desse garoto, viu? Já vi que é uma péssima influência. A história tá totalmente fora de contexto. A nossa manifestação foi bem pacífica. Esse padre foi quem se atentou contra nós. Não se conteve ao ver que estávamos lutando em favor do aborto. A igreja quer controlar até os nossos corpos.

 

PANDORA

- Não é bem o que parece nas imagens, viu minha mãe?

 

RAVENA

- Olhe aqui, Pandora. Cê tá proibida de se encontrar com esse rapaz. Ouviu bem?

 

PANDORA

- Depois dessa, cê não tá em condições de me proibir de absolutamente nada.

 

Pandora vai saindo e Ravena vai atrás.

 

RAVENA

- Me respeita que sou sua mãe, viu menina?

 

LAURA

- Ravena me explique melhor tudo isso. Cê cuspiu mesmo na cara do padre.

 

RAVENA

- Não só cuspir, como rasguei sua roupa e taquei fogo. Não vou permitir que a igreja determine o que faço com meu próprio corpo.

 

CENA 09/ INT/ CLÍNICA BIO IN VITRO/ RECEPÇÃO/ DIA

Mauricio está na recepção, assinando sua agenda, ele dá uma olhada pra Cássia e dá uma piscadela. Cássia lhe lança um olhar sapeca. Beatriz entra na clínica e se depara com Jorge e Fátima esperando na recepção.

 

FÁTIMA

(animada)

- Bom dia Dra. Beatriz! Jorge meu marido, senhora já conhece, né? Ele veio pra poder colher o material para a inseminação de nosso filho.

 

Beatriz olha para Jorge com uma expressão neutra.

 

BEATRIZ

- Ótimo! Jana, auxilia o paciente aqui, explique pra ele direitinho o que tem que ser feito. Por favor, Jorge, acompanhe Jana até a sala para o procedimento.

 

Enquanto Jorge segue Jana para a sala de procedimentos, Beatriz se volta para Fátima.

 

BEATRIZ

- Fátima me acompanhe até meu consultório, precisamos conversar um pouco.

CORTA PARA:

CENA 10/ INT/ CLÍNICA BIO IN VITRO/ CONSULTÓRIO DE BEATRIZ/ DIA

Beatriz está sentada em seu consultório, conversando com Fátima sobre a situação delicada.

 

BEATRIZ

- Olhe Fátima vou ser bem curta e direta, viu? Muitos casais procura nossa clínica com o desejo de ter filhos. Mas pelo o que venho observando, não é esse o seu objetivo maior. Seu objetivo é unicamente segurar seu marido. E como médica devo lhe aconselhar que não deve dá continuidade a essa inseminação.

 

Fátima olha para Beatriz com uma expressão séria.

 

FÁTIMA

- Doutora, a senhora não entende. Não sabe a forma que Jorge me trata quando tô grávida. Ele me faz em sentir a mulher mais feliz do mundo. É carinhoso, é prestativo, é fiel...

 

Beatriz suspira, tentando encontrar as palavras certas.

 

BEATRIZ

(interrompendo)

- Vamos com calma, viu? Cê já me falou sobre tudo isso. Mas entenda Fátima, ter um filho não deve ser uma tentativa de segurar um relacionamento. Um filho merece ser criado em um ambiente de amor e estabilidade. Se a base do seu desejo é o medo de perder Jorge, isso não é saudável para você, para ele e, principalmente, para a criança que cês poderiam trazer ao mundo.

 

FÁTIMA

- Eu vou ter esse filho, doutora, de forma ou de outra. Se não for aqui, será em outra clínica. Não vou aceitar perder Jorge por uma sirigaita qualquer.

 

Beatriz balança a cabeça, resignada, sabendo que não pode forçar Fátima a mudar de ideia.

 

BEATRIZ

- Tá certo então, viu? Eu tentei. Farei o meu melhor para garantir que o processo seja seguro e saudável para você.

 

Fátima agradece com um aceno de cabeça.

 

 

CENA 11/ INT/ CAMPA/ DIA

Kira se aproxima de Giovana com o celular na mão.

 

KIRA

- Gih, cê deu uma olhada nisso? Viu o que Ravena fez no protesto? Fiquei chocada com a agressividade dela.

 

Giovana olha séria para Kira, balançando a cabeça.

 

GIOVANA

- Sim, tô ciente. Vim de casa para o CAMPA, olhando os postes que as meninas me marcaram sobre isso.

 

Nadine se aproxima, interrompendo a conversa.

 

NADINE

- Tá tudo pronto para começarmos, Giovana.

 

KIRA

- Começar o quê, mesmo?

 

GIOVANA

- Venha comigo, precisamos conversar sobre tudo o que aconteceu ontem.

 

Giovana pega um microfone e começa a falar para as mulheres reunidas.

 

GIOVANA

- Bom dia a todos! Acho que todos aqui tão cientes do protesto de ontem e da repercussão que isso virou. Tá errado, tá tudo errado. Essa não é a forma de lutar pelo os nossos direitos. Não podemos cair na agressividade e na intolerância que vimos nesse protesto. Cada pessoa tem sua história, suas crenças, e é importante respeitar tudo isso. Não podemos esquecer que nossa luta é por igualdade, e isso também significa respeitar as escolhas e crenças de cada ser.

 

 

CENA 12/ EXT/ RUA/ PRAÇA/ DIA

Darlan e Pandora estão sentados no banco enquanto conversam.

 

PANDORA

- E sua mãe, como é que tá?

 

DARLAN

- Ela caiu no empurra-empurra do povo e acabou machucando o braço. Mas ela tá bem, não foi nada tão grave. Só não vai poder fazer crochê por um tempo.

 

PANDORA

- Sinto muito, viu Darlan? Tô é envergonhada por tudo o que aconteceu. Mãe Ravena às vezes tem uns métodos bem agressivos de resolver as coisas.  Lá no Acre a gente fazia muito protesto como esse. Mas sempre procurávamos uma forma pacífica, mas aí minha mãe Ravena recrudescia e a policia intervia. E na maioria das vezes iríamos parar na delegacia.

 

DARLAN

- Eu vi lá o jeito dela. Realmente ela ultrapassa todos os limites.

 

PANDORA

- Falando em Acre, a nossa volta aqui pra Salvador trás um mistério muito grande. Mas nem mãe Ravena e nem mãe Laura quis me contar. Alguma coisa muito grave aconteceu lá, viu Darlan?

 

CENA 13/ INT/ IGREJA CAJADO DA FÉ/ SALÃO PRINCIPAL/ TARDE

Raimunda e Eliete estão conversando dentro da igreja enquanto Rebeca e Vanessa estão do lado de fora entregando panfletos.

 

ELIETE

- Venha cá irmã Raimunda. A irmã confia nessa Vanessa?

 

RAIMUNDA

- Oxente irmã Eliete, não vejo motivo de não confiar. Ela sempre foi engajada na igreja, participativa em todas as atividades.

 

ELIETE

- A senhora sabe que mãe de Vanessa é do candomblé, praticante de macumba, não sabe? E com certeza essa ideia de circo não saiu da cabecinha oca de Rebeca. Vou dizer uma coisa, viu irmã Raimunda? Essa Vanessa pode ser uma péssima influência pra sua filha.

 

Raimunda parece refletir sobre as palavras de Eliete, mas ao mesmo tempo, parece discordar.

 

RAIMUNDA

- Pois não vejo nada demais na amizade das duas. Vanessa sempre foi uma boa moça, e dedicada a sua fé. Vai saber, ela pode ser um instrumento de evangelização dentro de sua casa. Vai que um dia a mãe de Vanessa aceita Jesus e vira crente.

 

 

CENA 14/ EXT/ IGREJA CAJADO DA FÉ/ PORTA/ TARDE

Vanessa e Rebeca estão entregando panfletos para as pessoas na rua enquanto conversam.

 

VANESSA

- Rebeca, pense bem. Olhe a proposta que Júnior lhe fez. Esse homem tá arriado por você, minha linda. Arrume sua trouxa e foge com ele.

 

REBECA

- Oxente Vanessa! Mas isso não tá certo, é pecar contra o quarto mandamento. Se eu fugir, estarei desobedecendo painho e Deus não vai gostar.

 

VANESSA

- E cê quer casar com um homem que cê não ama? Cê quer passar o resto de sua vida infeliz? Deus nos deu o livre arbítrio, Rebeca. Ele quer que sejamos felizes e realizemos nossos sonhos. Se cê gosta de Júnior, se esse amor é verdadeiro, eu acredito que Deus compreenderia.

 

REBECA

- Cê acha, é? E se cê tiver errada e o diabo for atrás de mim. Valha-me Deus quero ir pro inferno não, viu?

 

VANESSA

- Deus quer que cê seja feliz, Rebeca. Não deixe que o medo ou a culpa lhe impeçam de seguir o que seu coração realmente deseja. A vontade de Deus é que cê seja feliz, apenas disso.

 

 

CENA 15/ INT/ CAMPA/ TARDE

Kira e Giovana estão sentadas em uma mesa, organizando algumas doações que receberam. Enquanto trabalham, Kira nota o colar no pescoço de Giovana e elogia.

 

KIRA

- Uau, não havia reparado. Que colar lindo, Gih!

 

GIOVANA

- Foi Raul que me deu. Estamos tentando dar uma nova chance ao nosso casamento, sabe?

 

Kira, sente uma pontada de ciúme, mas tenta disfarçar.

 

KIRA

- Isso é maravilhoso. O Raul tem um bom gosto, o colar é lindo. E como ele está?

 

GIOVANA

- Aparentemente tá bem. Ele vai fazer os exames pra saber direitinho o que foi aquele mal estar.

 

 

CEN 16/ INT/ RUA/ TARDE

Pandora e Darlan estão andando pela rua, envolvidos em uma conversa.

 

PANDORA

- É tão bom tá com você, Darlan!

 

DARLAN

- Também gosto muito de tá com cê.

 

PANDORA

- Darlan, espere, preciso te dizer...

Os dois param, e há um breve momento de silêncio carregado de expectativas. Pandora olha nos olhos de Darlan.

 

PANDORA

- Acho que tô me apaixonando por você.

 

Antes que Darlan tomasse uma atitude, eles são bruscamente interrompidos pelo som de uma buzina estridente. Ravena para o carro bem próximo a eles e olha furiosa para Pandora.

 

RAVENA

- Pandora, entre imediatamente no carro!

 

Pandora e Darlan se assustam com a súbita aparição de Ravena. 







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