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O PREÇO A SE PAGAR - Capítulo 15

 




Cena 01/Igreja/Frente/Ext/Dia

Continuação da última cena do capítulo anterior. 

Rufino reage ao que Vladimir fala.  


Rufino - (desconversando) Que sandice é essa? Padre Januário morreu do coração. Como posso ter alguma coisa a ver com isso?! (t) E além do mais, não tenho que ficar dando satisfação pra um louco! 


Rufino segue seu caminho. 

Vladimir - Não estou mentindo! 


Cena 02/Igreja/Int/Dia

Rufino entra. Cumprimenta algumas pessoas de forma discreta e sem muito salamaleque, indo direto pro caixão. Ao chegar, faz o sinal da cruz e começa a falar baixo, como se estivesse rezando, sempre verificando se não tem ninguém escutando o que está dizendo (intercala o discurso, com algumas frases do Pai Nosso).


Rufino - Não tinha nada contra o senhor, pelo contrário. Sempre fui grato por tudo o que fez por mim... Mas sua morte foi preciso, necessária para a consagração do meu filho Pedro, pra que ele se torne o novo padre de Jandaia, como eu teria sido, se não tivesse acontecido tudo o que aconteceu e que o senhor sabe muito bem, já que ouviu muitas confissões minha... (t) Espero que não encara nada como pessoal e possa me perdoar, entender, o que princípio parece estranho, mas que no fim tudo se encaixa. São planos divinos, do Altíssimo. E só nos resta realizar seu desejo. Só ele sabe o que é melhor pra cada um de nos! (t) O senhor foi mais um dos instrumentos que Ele usou na realização desse plano e agora está aí, bem pertinho dele, bem melhor do que todos nós. Longe de todo o pecado, da imundice desse mundo devasso...  


Rufino se benze novamente. 


Rufino - (latim) Requiescat in pace! 


Nesse momento, Januário abre os dois olhos. Rufino leva um susto muito grande. E quando olha de volta, Januário continua morto, imóvel. Rufino fica assustado. Narcisa se aproxima. 


Narcisa - Tá tudo bem, seu Rufino? 


Rufino olha pra Narcisa, com cara de espanto. 


Narcisa - (sem entender) Parece que viu  um fantasma... 

Rufino - Não é nada, Narcisa. É o calor... tá muito abafado aqui dentro. 


Rufino olha, despeitadamente, para o caixão, verificando se está tudo certo. 


Corta para Basileu, Turíbio, Isabel e Filipa. 


Turíbio - Estou feliz de te ver de volta, meu filho. 

Basileu - Vim pra ficar, pai. 

Pra trabalhar, morar em Jandaia, como prometi pro senhor que faria, quando me formasse. Foi só o tempo de terminar o estágio que consegui. 

Filipa - Que boa notícia, Basileu. 

Turíbio - É uma felicidade, misturado a tristeza com essa perda. 

Basileu - Fico feliz de estar de volta, pai. A tempo de me despedir de padre Januário, de quem tanto gostava. 

Isabel - Por que não avisou nada, Basileu? Tínhamos preparado alguma coisa, uma festinha de boas vindas de volta...

Basileu - Quis fazer uma surpresa. 

Turíbio - Mas não vai faltar a oportunidade de comemorarmos o seu regresso definitivo. 

Basileu  - Como eu disse: vim pra ficar! 


Filipa lança um sorriso no rosto. Turíbio olha pra Filipa. 


Turíbio - E quanto a senhora, depois vamos conversar sobre essa sua roupa, nada apropriada pra ocasião. 

Filipa - O Basileu gostou, não foi?

Basileu fica sem graça, sem jeito, sem saber o que responder. 


Corta para Isabel se aproximando de Rebeca e Jeferson, que conversam sobre outro assunto. 


Isabel - Será que o Pedro vem?


Rebeca sente a provocação. 


Jeferson - O que você tem a ver com isso? 

Isabel - Tem tanto tempo que ele não aparece...


Rebeca se aproxima mais de Isabel. 


Rebeca - Você tá me provocando desde que cheguei. Só não meto a mão na sua cara pois estamos na igreja. Mas se continuar me provocando eu vou esquecer de onde estamos e do momento em que estamos passando... 


Jeferson controla Rebeca. 


Jeferson - Calma, meu amor. 


Rebeca se afasta. 


Jeferson - Dá o fora, Isabel. E esquece que existimos!  


Isabel fala ao pé do ouvido de Jeferson. 

Isabel - Acho que a Rebeca não vai gostar nada, nada, de saber que fomos pra cama. E que só não rolou nada, porque seu tio apareceu. 

Jeferson - Como você mesma disse, não rolou nada. 

Isabel - Mas bem que queria. Era nítida sua animação, se você me entende...


Isabel dá um beijo na bochecha de Jeferson, de rompante, e se afasta dele. Jeferson fica pensativo. 


Cena 03/Igreja/Frente/Ext/Tarde

Um carro luxuoso para na porta da igreja. O motorista desce e abre a porta. De dentro dele saí o representante do Arcebispo e o padre da cidade vizinha, que vai celebrar a cerimônia. Rufino recebe os dois, em cumprimentos formais. 


Rufino - Que bom que os senhores chegaram e vieram juntos! 

Padre - O representante do arcebispo me apanhou em Sacramento. 

Representante – Ordem do arcebispo. Que mandou uma carta pra todo povo de Jandaia. 


Representante do arcebispo entrega a carta pra Rufino 


Rufino - Em nome de todo povo jandaiense eu agradeço! (T) Então, vamos entrar e começar a cerimônia?! 

Representante – Sim, viemos aqui pra isso. 

Rufino - Nesse calor, daqui a pouco o corpo não vai começar a cheirar muito bem...


Padre e o representante se olham, surpresos pelo que acabam de ouvir. Rufino faz as honras, mostrando o caminho, seguindo atrás deles. 


Cena 04/Igreja/Int/Tarde

Todos reunidos em torno do caixão; mesmos personagens. O padre se prepara para começar a cerimônia. 


Padre - Estamos todos reunidos aqui, nesse lugar sagrado, pra darmos a nossa última despedida pro nosso querido Januário. Que foi o exemplo de um homem cheio de virtudes, temente a Deus.../


Padre continua falando, sem áudio.


 Vladmir entra. Olha pra todos, até achar Licurgo sentado, quieto, no seu canto. Vladimir se aproxima dele.


Vladimir - (grita) Foi você quem matou padre Januário. 


Vladmir acusa Licurgo, que se assusta. Momento. Reação de todos, buchicho. 


Licurgo - Eu... eu não fiz nada disso! 


Patrício se aproxima. 


Patrício - Para com isso, pai. Não fala besteira! 

Vladimir - Matou... matou, sim.

Moisés - Não bastasse achar que é Napoleão, agora mais essa! 

Vladimir - Padre Januário me disse cá, ao pé do ouvido. Foi veneno! 


Reação de todos. Novo buchicho. 


Cena 05/Estrada/Ext/Tarde

Pedro vem dirigindo seu carro. 

Música: Clube da Esquina II – Flavio Venturini 


Cena 06/Carro Pedro/Int/Dia

Pedro aumenta o volume do som. 


Ligar com áudio da cena anterior. 

Pedro começa a chorar, muito abalado com a morte de Januário. 


Inserts rápidos de cenas de Pedro com Januário. 

CAM volta pra Pedro, que não consegue controlar suas lágrimas. 


Pedro - Vou sentir tanto a falta do senhor...








Cena 07/Céu/Ext/Dia

Imagens áreas. CAM subjetiva mostra Beatriz se aproximando da cidade. Vemos seus pés balançando, vindo do céu, se aproximando aos poucos. 

Música: Ameno – Era. 

Sonoplastia: som forte e pesado de uma par de asas batendo forte.

Um luz branca, celestial irradia. Em um determinado momento, já conseguimos ver o carro de Pedro seguindo pela estrada. (Momento muito bonito e importante da história. Efeito especial). Beatriz se aproxima cada vez mais, ainda sem aparecer por completo. 


Cena 08/Estrada/Ext/Dia

Pedro vem dirigindo seu carro, quando uma luz forte, branca, toma conta de tudo. Pedro freia o carro bruscamente, assustado. Instantes. Quando Pedro abre os olhos, a luz branca sumiu, dando lugar a uma nuvem de poeira. 


Pedro - O que foi isso?


A nuvem de poeira vai se dissipando aos poucos, até que deixa nítida a imagem de Beatriz, parada na frente do carro de Pedro. Em torno dela, onde nossa anja aterrissou, o asfalto da estrada está todo destruído, quebrado. Pedro sai do seu carro, ainda perplexo, abalado, com tudo o que acabou de acontecer. Caminha até Beatriz, com os olhos fixos nela. Beatriz, tranquila, serena, com um vestido branco. A barra do seu vestido está queimada, rasgada. Pedro chega bem perto dela. Sente uma energia muito forte emanando dela. 


Pedro - Quem é você? 


Beatriz nada fala. Apenas lhe sorri. Um sorriso doce, puro, angelical. Pedro olha pro asfalto destruído e imediatamente olha pro céu, querendo buscar algum vestígio de onde ela possa ter vindo. 


Pedro - Você veio do céu? 


Beatriz responde afirmativamente com a cabeça. 


Pedro - Não pode ser! 


Beatriz se aproxima de Pedro. Ela estende sua mão e toca em seu peito, no seu coração. Um trovão ecoa no céu. Pedro olha novamente pra cima. Beatriz desmaia nos seus braços. Pedro se apoia no chão, segurando corpo de Beatriz, ainda muito confuso, tentando entender o que aconteceu. Pedro tira uma mecha de cabelo do rosto de Beatriz e fica observando. CAM dá um giro de 360° nos dois. Em seguida dá um plano geral. Momento. Pedro levanta, carregando Beatriz, ainda desacordada e caminha até seu carro, onde a coloca e em seguida entra. 


Cena 09/Carro Pedro/Int/Ext/Tarde 

Pedro já no banco do motorista, olha pra trás, onde Beatriz está e continua apagada. 


Pedro - Ela veio do céu! 


Pedro ajeita a cabeça de Beatriz, coloca seu cinto, liga o carro e segue, acelerado. 


Cena 10/Igreja/Int/Tarde

Todos chocados com o que Vladimir acaba de dizer. 


Rebeca - Veneno?


Rebeca fica muito pensativa. 


Zinha - Isso é o diabo. Quem está lhe soprando todas essas besteiras, sandices, é o demônio, a besta. Todo mundo sabe que padre Januário morreu do coração. 


Jeferson se aproxima de Vladmir. 


Jeferson - Se acalma, vô. É uma acusação muito grave que o senhor está fazendo. 

Vladimir - Eu sei o que estou dizendo. Se quiserem acreditar acreditem! 


Corta para Moisés e Marinho. 


Moisés - É muito séria as acusações que o Vladimir está fazendo. 

Meirinho - Não consigo nem imaginar uma coisa dessas. O Licurgo envenenando padre Januário?! Não faz sentindo! 


Corta para Isabel, Basileu, Tibúrcio e Filipa. 


Isabel - Caducou de vez...

Basileu - Ele fala com tanta certeza. Como se realmente fosse verdade o que está dizendo! 

Tibúrcio - O Licurgo é um pobre coitado, que não tem maldade e capacidade pra fazer algo terrível como isso. 

Filipa - Não coloco minha mão no fogo por ninguém! 


Corta de volta para o centro da confusão. 


Zinha - Tirem esse louco da igreja! 

Jeferson - Não fala assim do meu avó, sua beata futriqueira...

Padre - (grita) Basta! Basta! Onde vocês pensam que estão?! Respeitem a casa de Deus! Respeitem padre Januário! 

Representante – Isso aqui não é um mercado de peixe pra vocês ficarem batendo boca. 

Rufino - Vocês tem toda razão! (t) Padre Januário morreu do coração e agora ele descansa ao lado do nosso Senhor! 

Padre - Vou dar início a cerimônia e espero que todos saibam se comportar! 


Licurgo se aproxima de Rebeca e se aconchega nela, que não tira sua ruga de preocupação. 


Licurgo - O que vai acontecer agora?

Rebeca - O padre vai encomendar a alma do padre Januário. 


O padre se prepara e começa a cerimônia, perto do caixão. 


Padre - Estamos todos reunidos pra nos despedir do nosso querido padre Januário... 


As portas da igreja se abrem. Pedro entra na igreja, carregando Beatriz, que continua desacordada, em seus braços.


Licurgo - Pedro! 


Rebeca vira e vê Pedro. Momento. Todos voltam sua atenção pra entrada inesperada e surpreendente de Pedro. 


Rebeca - (surpresa) Ele veio! 


Desse momento, corta para: 


FIM DO CAPÍTULO 15






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