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LÁGRIMAS EM SILÊNCIO - Capítulo 43

 




Novela de Adélison Silva 

Personagens deste capítulo

LAURA
GIOVANA
GENIVALDO
ELIETE
PAULO
RAIMUNDA
MOISÉS
REBECA
RAVENA
JORGE
FÁTIMA
MARIA
PANDORA
DARLAN
KIRA



Participação Especial:
DELEGADO, NADINE, VINÍCIUS


CENA 01/ INT/ CASA DA RAVENA/ SLA DE ESTAR/ TARDE

Laura respira fundo, compreendendo a gravidade da situação.

 

LAURA

(firme)

- Ravena, cê terá que ir à delegacia e contar a mesma história que eu contei. Dizer que era eu quem tava dirigindo.

 

RAVENA

(teimosa)

- Não vou fazer isso. Não vou prestar depoimento nenhum. Já decidi, vou fugir.

 

LAURA

(desesperada)

- Mas que porra! Será que cê não entende? Fugir não vai resolver nada! Vai apenas piorar tudo!

 

RAVENA

- Não vou deixar essa desgraça, estragar minha vida depois de morto. Já tá tudo certo, viu? Arrume suas coisas Laura e venha comigo.

 

Nesse momento, Pandora entra na sala, percebendo a tensão no ar.

 

PANDORA

(confusa)

- Tudo bem? O que tá acontecendo aqui?

 

Ravena se vira para Pandora, seu rosto decidido.

 

RAVENA

(resoluta)

- Arrume tuas coisas, filha! Vamos ter que fugir de novo.

 

PANDORA

- O quê? Fugir pra onde? Por quê?

 

LAURA

(implorando)

- Ravena, por favor, entenda. Enfrentar as consequências é a única maneira de resolver logo isso.

 

RAVENA

- Arrume logo suas coisas Pandora, não temos muito tempo a perder. Já tá tudo certo, nós vamos ficar na casa de uma amiga lá em Carinhanha.

 

PANDORA

- Ondé que é isso, gente?

 

LAURA

- Não vou a lugar nenhum, já disse que não vou continuar fugindo.

 

PANDORA

- Se mãe Laura não vai, muito menos eu. Não fiz nada pra tá fugindo.

 

RAVENA

(decepcionada)

- Muito que bem! Já vi que nessa tô sozinha, né? Não vou perder a minha liberdade por causa de uma desgraça daquela. Se cês não querem ir comigo, me dê licença que vou reiniciar minha vida.

 

Ravena pega suas coisas e parte. 

 

CENA 02/ INT/ IGREJA CAJADO DA FÉ/ NOITE

Moisés se aproxima de Raimunda, sua expressão carregada de frustração.

 

MOISÉS

- E Rebeca, cadê?

 

RAIMUNDA
- Tá em casa. Ficou terminando de ajeitar umas coisas por lá.
 

 

MOISÉS

(irritado)

- Pois ela deveria de tá é aqui. Este retiro era especialmente pra ela. Sempre se enfiando em coisas que não deve. E donde que ela tava que ninguém sabia?

 

RAIMUNDA
- Como a gente desconfiava, foi pra Feira de Santana encontrar com o palhaço que ela tá gostando.

 

MOISÉS

- Logo vi. E a culpa de tudo isso é tua, né Raimunda? Nunca soube por limites em sua filha.

 

RAIMUNDA
- Oh varão, mas que culpa tenho eu? Não acha que seria bom a gente conversar com esse rapaz, e ver as intenções dele?

 

MOISÉS

- Tenho nada pra conversar com ninguém, não. Mas deixe tá, vou achar um bom marido pra Rebeca. Antes que ela se perde igual a irmã.

 

 

CENA 03/ INT/ CASA DA LAURA/ QUARTO DE PANDORA/ NOITE

Laura senta ao lado de Pandora, que está deitada na cama.

 

PANDORA

- Não entendo mãe Ravena, viu? E esse jeito radical dela pensar. Ela acha mesmo que fugir vai resolver as coisas?

 

LAURA

- Ravena tá perdida, filha. Ela nem sabe mais que rumo tomar.

 

PANDORA

- E agora minha mãe, o que vamos fazer?

 

LAURA

- Eu vou dá seguimento em minha vida, né? Não lhe contei, fui na delegacia. Abri o jogo e me entreguei. Agora esperar o processo.

 

PANDORA

- Então é por isso que mãe Ravena ficou tão desesperada.

 

LAURA

- Por isso mesmo. Mas não me arrependo não, viu? Tomei a melhor decisão possível no momento. Não dá pra ficar sempre fugindo, né mesmo?

 

PANDORA
- Cê tá certa minha mãe.
 

 


CENA 04/ INT/ CASA DA JANA/ SALA DE ESTAR/ DIA

Na sala de estar, Maria entra. Paulo, que está ali, a observa com olhos intensos.

 

MARIA

(preocupada)

- E mainha cadê, já foi?

 

PAULO

- Sim. Saiu nesse instante. Sente, tome seu café.

 

Maria amedrontada se aproxima e senta na mesa, mas um pouco distante de onde está Paulo.

 

PAULO

(sentimental)

- Não entendo, viu? Esse medo que cê tem de mim. Nunca lhe fiz nenhum mal, nunca lhe machuquei, sempre cuidei direitinho do cê. Oh minha linda, painho lhe ama e lhe quer muito bem. Cê é minha princesinha, né?

 

MARIA

(com ódio)

- Cê não é meu pai. Não seja sonso. Um pai de verdade nunca faria aquelas coisas que cê fazia comigo.

 

 

Paulo se aproxima mais, seus olhos fixos em Maria.

 

PAULO

(determinado)

- Escute bem aqui Maria. Se cê continuar se envolvendo com aquele moleque, vou ser obrigado a fazer algo que não quero. Cê não quer me obrigar a fazer isso, quer?

 

Maria engole em seco, sentindo um arrepio de medo percorrer sua espinha.

 

MARIA

- Tenho nada com Darlan, não.

 

PAULO

- Acho muito bom. Pois minha paciência tá por um fio. Cê é minha e jamais vou lhe permitir ficar com ninguém.

 

MARIA

(apreensiva)

- Por favor, não faça nada. Lhe prometo que não vou me envolver mais com ele.

 

PAULO

- Assim espero! Tô de olho, viu? Se alguma coisa acontecer, cê é a culpada.

 

 

CENA 05/ INT/ DELEGACIA/ SALA DO DELEGADO/ DIA

Na sala do delegado, Laura está sentada, seu rosto tenso reflete a preocupação que a consome. O delegado olha para Laura, aguardando suas informações.

 

LAURA

(respirando fundo)

- Minha companheira não tá disposta a prestar depoimento. Quando cheguei em casa, ela já não tava lá. Fugiu, senhor delegado.

 

O delegado franze a testa, olhando para Laura com uma expressão inquisitiva.

 

DELEGADO

(suspeitoso)

- Isso dificulta um pouco as coisas, viu dona Laura? A senhora não sabe para onde ela possa ter ido?

 

LAURA

- Sei não, senhor. Ravena simplesmente arrumou as coisas dela e tomou o rumo.

 

DELEGADO

- Não entendo esse desespero dela. Se a senhora mesmo já assumiu que é quem estava no volante, ela só iria responder por omissão... Bem, vou registrar essa informação sobre a fuga dela. A partir de agora, seguiremos com os procedimentos legais necessários. É bom lembrar que a senhora não deve sair da cidade. Lhe aconselho a encontrar um advogado ou um defensor público.

 

Laura acena concordando.

 

CENA 06/ EXT/ CAMPA/ PÁTIO/ DIA

Uma multidão se reúne. Giovana chega no CAMPA, à medida que ela se aproxima, olhares se voltam para ela, seguidos por sorrisos calorosos e gestos de solidariedade. Amigos se aproximam, cumprimentando-a com abraços apertados e palavras gentis.

 

GIOVANA

- Muito agradecida, viu minha gente?

 

NADINE

(entusiasmada)

- Giovana, que bom lhe ver de novo por aqui! Sinto muito pela perda de Raul, nós todos sentimos, né?

 

GIOVANA

- Obrigada Nadine!

 

Giovana sorri e vai até Kira, com os olhos marejados.

 

KIRA

- Seja bem vinda de volta meu amor. Bem, não sou você, mas dei o meu melhor pra cuidar de tudo aqui.

 

GIOVANA
- Imagina, fico muito grata por tudo o que cê fez.

(entristecendo)

- Tudo aqui, todo esse projeto foi idealizado por mim e montado com a ajuda incansável de Raul. Ele faz parte de tudo que tem aqui, sabe Kira? E quero honrar seu legado, sua paixão por este lugar e pelas pessoas que ajudamos aqui.

 

KIRA

- E cê tá certa, viu? Mas o que cê pretende fazer?

 

GIOVANA

- Ainda não sei, mas vou pensar em algo. Quero poder sentir Raul perto de mim em tudo o que for feito aqui.

 

 

 

CENA 07/ EXT/ COLÉGIO CENTRAL/ PÁTIO/ DIA

Maria está sentada em um dos bancos lendo um livro. Darlan se aproxima dela.

 

DARLAN

- Oi Maria! O que tá lendo?

 

MARIA

(nervosa)

- Fica longe de mim, Darlan! Não quero falar com cê!

 

Pandora percebendo a situação se aproxima rapidamente, preocupada.

 

PANDORA

(acalmando)

- Maria te acalme, meu amor. O que houve?

 

MARIA

(chorando, furiosa)

- Não quero saber de nada! Quero ficar sozinha! Me deixa em paz, os dois! Que porra véi!

 

Maria se afasta furiosa. Pandora e Darlan trocam olhares preocupados.

PANDORA

(preocupada)

- Ave Maria, Darlan, cê viu? Maria nunca agiu assim antes.

 

DARLAN

(franzindo a testa)

- Sei não, viu Pandora? Mas algo parece muito errado. Tenho essa sensação estranha, como se houvesse algo que ela não tá nos contando. E, olhando para as reações dela, parece mais sério do que imaginamos.

 

PANDORA

(assustada)

- Mas venha cá Darlan, cê acha que... que tem alguma coisa a ver com aquele pai dela?

 

DARLAN

(gravemente)

- Na verdade nem quero acreditar muito nisso, sabe Pandora? Mas desconfio que ele... Eu acho que esse homem vem abusando de Maria.

 

PANDORA

(abismada)

- Abusando cê fala...

 

DARLAN

(firme)

- Pedofilia, é isso que desconfio. Se eu tiver certo Maria deve ter sofrido o diabo nas mãos desse cara.

 

PANDORA

- Se isso for verdade, precisamos ajudar Maria e colocar esse cara na cadeia.

 

 

CENA 08/ CENA INT/ CASA DOS SIRQUEIRAS/ SALA DE ESTAR/ DIA

Moisés e Raimunda estão na sala de estar, conversando.

 

MOISÉS

(animado)

- O retiro foi um sucesso, viu Raimunda? Pena que Rebeca não quis participar. Vou ter que ter uma conversa séria com ela e providenciar logo um casamento pra essa menina. Antes que ela invente de fazer alguma besteira. Do jeito que é lesada, vai que aparece prenha.

 

RAIMUNDA

- Que isso varão? Deus me livre minha filha grávida sem casar. O que o povo vai falar? Já basta o que fala de Laura por aí.

 

MOISÉS

- Mas isso que dá, né Raimunda? O jeito que cê criou essas meninas. Mas agora o que preciso é me preparar para o próximo congresso.

 

RAIMUNDA
- Oxente, de novo? Até quando vai ter esses congressos?

 

MOISÉS

- Sou um servo de Deus, varoa. Quando ele chama, tenho que servir. O tempo dele não é igual o nosso. Esses congressos tem me sido de grande valia.

 

RAIMUNDA

(curiosa)

- Venha cá Moisés, me responde uma coisa. Quanto foi arrecadado com as taxas desse retiro?

 

Moisés hesita por um momento antes de responder.

 

MOISÉS

(vago)

- Foi apenas um valor simbólico. Nada muito alto.

 

RAIMUNDA

(cética)

- Valor simbólico? Até onde sei, as taxas estavam bem altas. Mas me diga, o que cê vai fazer com esse dinheiro? Agora temos uma chance de reformar a igreja e montar o centro de caridade que eu sempre quis.

 

MOISÉS

(desconversando)

- Infelizmente, não será desta vez. Preciso usar esse dinheiro na minha viagem para o congresso. As obras terão que esperar um tiquinho mais.

 

 

CENA 09/ INT/ CAMPA/SALA DE GIOVANA/ TARDE

Giovana está sentada em uma poltrona, perdida em seus próprios pensamentos. Kira, com olhos cheios de compaixão, sentada ao seu lado.

 

KIRA

- Tá difícil, né? Ter que seguir a vida sem ele?

 

GIOVANA

(suspirando)

- Cê nem imagina o quanto. Tudo parece que aconteceu tão de repente, que pra mim... Que pra mim ele tá lá, na clínica dele atendendo seus pacientes e que nós vamos se ver mais tarde em casa. Mas é loucura, nunca mais irei vê-lo.

 

KIRA

(com ternura)

- Oh meu amor, queria tanto poder lhe ajudar.

 

GIOVANA

(sorrindo)

- Cê já tá me ajudando, minha linda. Só o fato de tá aqui comigo, me ouvindo, significa muito. Com certeza tudo seria ainda mais difícil se cê não tivesse aqui.

 

KIRA

(sussurrando)

- Talvez a vida tenha nos unido por uma razão. Tô aqui pra você, para o que precisar.

 

Giovana se inclina e deita no ombro de Kira.

 

GIOVANA

- Só quero ficar assim, esquecer um pouco o mundo lá fora.

 

Kira acaricia a cabeça de Giovana com uma mão e com a outra entrelaça os dedos aos dedos de Giovana.

 

 

CENA 10/ INT/ CASA DOS SIRQUEIRAS/ QUARTO DO CASAL/ TARDE

Raimunda está no quarto, arrumando algumas coisas, enquanto Rebeca está no banheiro escovando os dentes.

 

RAIMUNDA

- Rebeca, seu pai já deixou bem claro, viu? Assim que ele voltar desse congresso vai encontrar um jeito de lhe casar. Oh minha filha, espero que cê fique longe desse rapaz do circo. É melhor cê ver um dos meninos da igreja, assim seu pai fará gosto.

 

Rebeca sai do banheiro com a escova de dentes na boca, segurando o tubo de creme dental.

 

REBECA

(reclamando)

- Oh minha mãe, que pasta de dente ruim da moléstia é essa? Não espuma direito e tem um gosto horrível.

 

RAIMUNDA
- Oxente, e que pasta é essa? Donde cê encontrou?

 

REBECA
- Peguei na bolsa de painho. Mas é melhor avisar pra ele que essa aí não presta não, viu?

 

Raimunda, ao olhar mais de perto, percebe que não é uma pasta de dente.

 

RAIMUNDA

(desconfiada)

- Oxe, mas isso não é pasta de dente! Isso aqui é gel lubrificante. Mas pra que diacho seu pai quer um negócio desse?

 

 

 

CENA 11/ INT/ CASA DO JORGE/ SALA DE ESTAR/ NOITE

Jorge se aproxima de Vinícius, segurando o celular de Fátima.

 

JORGE

- Oh Vinicius, dê uma olhada aqui meu filho. Que aplicativo é esse aqui que sua mãe instalou?

 

VINÍCIUS

- Não foi mainha, fui eu que instalei. Serve pra hackear o whatsapp.

 

JORGE

(preocupado)

- Mas pra que mesmo cê baixou isso?

 

VINÍCIUS

- Mainha que pediu. Ela queria ter certeza de que o senhor não tava mais falando com aquela mulher.

 

JORGE

- Então isso quer dizer que sua mãe tá mesmo me espionando.

 

VINÍCIUS

- Mas também, né? Depois de tanto chifre que levou.

 

JORGE

- Tu me respeita, moleque!

 

VINÍCIUS

- Posso voltar pro meu jogo, agora?

 

JORGE

- Vá, pode voltar pra essa porcaria. Vou ali ter uma conversa com sua mãe.

 

CORTA PARA:

CENA 12/ INT/ CASA DO JORGE/ QUARTO DO CASAL/ NOITE

Fátima tá deitada na cama, Jorge aparece com o celular dela na mão.

 

JORGE

- Venha cá me diga uma coisa, que aplicativo é esse aqui?

 

FÁTIMA

- Oxe, cê tá mexendo no meu celular?

 

JORGE

- Cê não andou mexendo no meu? Agora me diga, tá me espionando, é isso?

 

FÁTIMA

- Só quero ter certeza que cê não vai voltar a se encontrar com aquela piranha de sua amante.

 

JORGE

- Não fale besteira, que não tenho amante nenhuma.

(mexendo no celular)

- E olhe aqui, já tô desinstalando, viu? E espero que cê respeita minha privacidade e não volte a me espionar novamente.

 

Fátima finge sentir uma forte dor no estômago, agarrando-se à barriga.

 

FÁTIMA

(gemendo)

- Ai, me acode aqui Jorge! Algo tá errado, tô com muita dor!

 

Jorge, imediatamente preocupado, esquece o celular e fica ao lado dela, tentando acalmá-la.

 

JORGE

(preocupado)

- Te acalme, viu? É melhor lhe levar no hospital.

 

FÁTIMA

(assustada)

- Não precisa, deita aqui comigo. Vamos ficar quietinho aqui que a dor logo passa.

 

Jorge deita do lado de Fátima.

 

 

CENA 13/ INT/ BOUTIQUE DA RAVENA/ DIA

Laura está ocupada organizando algumas peças na loja quando Raimunda entra. Laura se surpreende ao ver a mãe ali.

 

LAURA

- Oxente, minha mãe? Mas que alegria em lhe ver aqui.

 

RAIMUNDA

(sorrindo)

- Aproveitei que seu pai foi pro congresso de pastores e vim aqui lhe ver. E ver também minha neta, cadê ela?

 

LAURA

- Pandora nessa hora tá na escola.

 

RAIMUNDA

- Até já imaginei isso mesmo... Olhe filha, ando meio desconfiada de seu pai, não sabe?

 

LAURA

- O que foi minha mãe?

 

RAIMUNDA

(baixo)

- Encontrei um gel lubrificante na bolsa dele. Na outra vez havia uma sunga nas coisas dele. Seu pai abomina roupa de banho. Isso não faz sentido. Entende?

 

Laura arregala os olhos, claramente chocada com a informação.

 

LAURA

(confusa)

- Isso é muito estranho mesmo, viu? Pra que diabo painho iria querer gel lubrificante?

 

RAIMUNDA
- É o que eu pergunto. Olhe que Deus me perdoe, seu pai sempre foi um homem íntegro. Mas esse monte de congresso e essas coisas na bolsa dele já tá me deixando com caramiolas.

 

LAURA

- Quero lhe deixar mais avexada não, viu mainha? Mas com certeza aí tem coisa.

 

RAIMUNDA
- Nem me fale isso minha filha. Mas e Ravena cadê?

 

LAURA

- Tá aí outra história cumprida. Vamos sentar por ali que vou lhe contar.

 

 

CENA 14/ EXT/ CLÍNICA PSIQUIATRA/ DIA

Genivaldo chega à clínica psiquiátrica, visivelmente preocupado. Ele encontra Eliete andando em meio ao jardim,  totalmente transtornada.

 

GENIVALDO

- Oi!

 

ELIETE

(surpresa)

- Oxente, cê morreu foi?

 

GENIVALDO

- Não, tô vivo meu amor. Vim aqui lhe ver.

 

ELIETE

- Mas aqui é o céu, só entra quem tá morto ou igual a mim foi arrebatado. Vou ter que ter uma conversa com os anjos... Houve um grande equívoco. Sim, porque eu sempre fui santa, então mereço tá aqui. Agora o cê? Sempre foi pecador, um perdido na vida. Tá certo isso, não.

 

GENIVALDO

- Oh mulher, pelo o que vejo cê tá pior do quê quando chegou aqui.

 

CENA 15/ INT/ BOUTIQUE DA RAVENA/ DIA

Está Laura e Raimunda sentadas em um Puff em meio a loja.

 

LAURA

- Então mainha, foi isso que aconteceu. Agora vou ter que responder um processo e corro até risco de ficar presa.

 

RAIMUNDA
- Mas cê não devia ter assumido a culpa, minha filha. Se foi Ravena que tava no volante, cê não teve culpa de nada.

 

LAURA

- Agora é tarde minha mãe, já assumi. Fiz isso pra aliviar o lado de Ravena, mesmo assim ela preferiu fugir. Agora preciso encontrar um advogado o quanto antes pois já terei a primeira audiência.

 

RAIMUNDA
 (se lembrando)

- Kaleb!

 

LAURA

- O que tem Kaleb, mainha?

 

RAIMUNDA

- Kaleb é advogado minha filha, ele vai poder lhe ajudar.

 

LAURA

(surpresa)

- E é? Pois então fale com ele, tô precisando de um urgentemente.

 

RAIMUNDA
- Vou lhe passar o contato dele.

 

CENA 16/ INT/ CASA DA JANA/ TARDE

Maria vai indo em direção a porta. Ao abrir a porta se depara com Pandora.

 

MARIA

(fria)

- O que cê faz aqui?

 

PANDORA

(preocupada)

- Vamos sentar um pouco ali na praça, quero conversar com cê um tiquinho.

 

MARIA

- Me deixe em paz Pandora, cê não tinha nada que vim aqui. Falei pro cê não vim, não foi?

 

PANDORA

- Oh Má, a gente sempre se deu bem. Venha comigo, preciso conversar com cê. Deixa eu lhe ajudar.

(falando baixinho)

- Cê não tá sozinha nessa meu amor, confia em mim.

 

Maria olha para Pandora, seus olhos vermelhos e marejados. Ela se afasta de Pandora, evitando contato visual.

 

MARIA

- Não quero falar sobre isso!

 

Paulo chega na sala, deixando Maria ainda mais apreensiva com sua presença.

 

MARIA

(rude)

- Mas que desgraça, viu véi? Já lhe falei, quero ficar sozinha. Vai embora, me deixa em paz!

 

Maria sai furiosa em direção ao seu quarto.

 

 

PAULO

(gentil)

- Ligue não, viu? Maria sempre foi assim desde pequena. Ela é muito tímida, retraída... Até nós da família às vezes é difícil de lidar com ela. É o jeitinho dela, né? Cê toma café? Fiz um agora pouco.

 

PANDORA

(sorriso forçado)

- Agradecida, mas preciso ir. Tchau!

 

 

Pandora sai rapidamente da casa, Paulo fica a olhando com olhar de predador.  

 

CORTA PARA:

CENA 17/ INT/ CASA DA JANA/ QUARTO DE MARIA/ TARDE

Maria tá deitada em sua cama se derramando em lágrimas. Paulo entra no quarto, Maria engole o choro e respira fundo, amedrontada. seu olhar recai sobre Pandora, que está do lado de fora da janela. Ele elogia a beleza dela, enquanto Maria se sente assustada e insegura, temendo que Paulo possa fazer algo com sua amiga.

 

PAULO

(sorrindo com malícia)

- Olhe, tava ali agora olhando sua irmãzinha... Como ela é bonita, hein? Impressionante que o marginal do seu pai conseguiu fazer duas belezuras dessas.

(ameaçador)

- Se cê não for gentil comigo, vou ter que me saciar com sua irmãzinha.

 

Paulo olha para Maria com um olhar predatório, deixando-a desconfortável e apreensiva. Paulo sai do quarto, deixando Maria assustada.






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