LAURA
GIOVANA
GENIVALDO
ELIETE
PAULO
RAIMUNDA
MOISÉS
REBECA
RAVENA
JORGE
FÁTIMA
MARIA
PANDORA
DARLAN
KIRA
Participação Especial:
DELEGADO, NADINE, VINÍCIUS
CENA 01/ INT/
CASA DA RAVENA/ SLA DE ESTAR/ TARDE
Laura respira fundo,
compreendendo a gravidade da situação.
LAURA
(firme)
- Ravena, cê terá que ir à delegacia e contar a mesma história que eu contei.
Dizer que era eu quem tava dirigindo.
RAVENA
(teimosa)
- Não vou fazer isso. Não vou prestar depoimento nenhum. Já decidi, vou fugir.
LAURA
(desesperada)
- Mas que porra! Será que cê
não entende? Fugir não vai resolver
nada! Vai apenas piorar tudo!
RAVENA
- Não
vou deixar essa desgraça, estragar minha vida depois de morto. Já tá tudo
certo, viu? Arrume suas coisas Laura e venha comigo.
Nesse momento, Pandora
entra na sala, percebendo a tensão no ar.
PANDORA
(confusa)
- Tudo bem? O que tá acontecendo aqui?
Ravena se vira para
Pandora, seu rosto decidido.
RAVENA
(resoluta)
- Arrume tuas coisas, filha! Vamos
ter que fugir de novo.
PANDORA
- O quê? Fugir pra onde? Por quê?
LAURA
(implorando)
- Ravena, por favor, entenda. Enfrentar as consequências é a única
maneira de resolver logo isso.
RAVENA
- Arrume
logo suas coisas Pandora, não temos muito tempo a perder. Já tá tudo certo, nós
vamos ficar na casa de uma amiga lá em Carinhanha.
PANDORA
- Ondé
que é isso, gente?
LAURA
- Não
vou a lugar nenhum, já disse que não vou continuar fugindo.
PANDORA
- Se mãe
Laura não vai, muito menos eu. Não fiz nada pra tá fugindo.
RAVENA
(decepcionada)
- Muito
que bem! Já vi que nessa tô sozinha, né? Não vou perder a minha liberdade por
causa de uma desgraça daquela. Se cês não querem ir comigo, me dê licença que
vou reiniciar minha vida.
Ravena pega suas coisas e parte.
CENA 02/ INT/
IGREJA CAJADO DA FÉ/ NOITE
Moisés se aproxima
de Raimunda, sua expressão carregada de frustração.
MOISÉS
- E Rebeca, cadê?
RAIMUNDA
- Tá em casa. Ficou terminando de ajeitar umas coisas por lá.
MOISÉS
(irritado)
- Pois ela deveria de tá é aqui. Este retiro era especialmente pra ela. Sempre se
enfiando em coisas que não deve. E donde que ela tava que ninguém sabia?
RAIMUNDA
- Como a gente desconfiava, foi pra Feira de Santana encontrar com o palhaço
que ela tá gostando.
MOISÉS
- Logo
vi. E a culpa de tudo isso é tua, né Raimunda? Nunca soube por limites em sua
filha.
RAIMUNDA
- Oh varão, mas que culpa tenho eu? Não acha que seria bom a gente conversar
com esse rapaz, e ver as intenções dele?
MOISÉS
- Tenho
nada pra conversar com ninguém, não. Mas deixe tá, vou achar um bom marido pra
Rebeca. Antes que ela se perde igual a irmã.
CENA 03/ INT/
CASA DA LAURA/ QUARTO DE PANDORA/ NOITE
Laura senta ao lado
de Pandora, que está deitada na cama.
PANDORA
- Não
entendo mãe Ravena, viu? E esse jeito radical dela pensar. Ela acha mesmo que
fugir vai resolver as coisas?
LAURA
- Ravena
tá perdida, filha. Ela nem sabe mais que rumo tomar.
PANDORA
- E
agora minha mãe, o que vamos fazer?
LAURA
- Eu vou
dá seguimento em minha vida, né? Não lhe contei, fui na delegacia. Abri o jogo
e me entreguei. Agora esperar o processo.
PANDORA
- Então
é por isso que mãe Ravena ficou tão desesperada.
LAURA
- Por
isso mesmo. Mas não me arrependo não, viu? Tomei a melhor decisão possível no
momento. Não dá pra ficar sempre fugindo, né mesmo?
PANDORA
- Cê tá certa minha mãe.
CENA 04/ INT/
CASA DA JANA/ SALA DE ESTAR/ DIA
Na sala de estar,
Maria entra. Paulo, que está ali, a observa com olhos intensos.
MARIA
(preocupada)
- E mainha cadê, já foi?
PAULO
- Sim. Saiu nesse instante. Sente,
tome seu café.
Maria amedrontada se aproxima e senta na mesa,
mas um pouco distante de onde está Paulo.
PAULO
(sentimental)
- Não entendo, viu? Esse medo que
cê tem de mim. Nunca lhe fiz nenhum mal, nunca lhe machuquei, sempre cuidei
direitinho do cê. Oh minha linda, painho lhe ama e lhe quer muito bem. Cê é
minha princesinha, né?
MARIA
(com ódio)
- Cê não é meu pai. Não seja sonso.
Um pai de verdade nunca faria aquelas coisas que cê fazia comigo.
Paulo se aproxima
mais, seus olhos fixos em Maria.
PAULO
(determinado)
- Escute bem aqui Maria. Se cê continuar se envolvendo com aquele
moleque, vou ser obrigado a fazer algo que não quero. Cê não quer me obrigar a
fazer isso, quer?
Maria engole em
seco, sentindo um arrepio de medo percorrer sua espinha.
MARIA
- Tenho
nada com Darlan, não.
PAULO
- Acho
muito bom. Pois minha paciência tá por um fio. Cê é minha e jamais vou lhe
permitir ficar com ninguém.
MARIA
(apreensiva)
- Por favor, não faça nada. Lhe prometo que não vou me envolver mais com
ele.
PAULO
- Assim
espero! Tô de olho, viu? Se alguma coisa acontecer, cê é a culpada.
CENA 05/ INT/
DELEGACIA/ SALA DO DELEGADO/ DIA
Na sala do delegado,
Laura está sentada, seu rosto tenso reflete a preocupação que a consome. O delegado
olha para Laura, aguardando suas informações.
LAURA
(respirando fundo)
- Minha companheira não tá disposta a prestar depoimento. Quando cheguei
em casa, ela já não tava lá. Fugiu, senhor delegado.
O delegado franze a
testa, olhando para Laura com uma expressão inquisitiva.
DELEGADO
(suspeitoso)
- Isso dificulta um pouco as
coisas, viu dona Laura? A senhora não sabe para onde ela possa ter ido?
LAURA
- Sei não, senhor. Ravena
simplesmente arrumou as coisas dela e tomou o rumo.
DELEGADO
- Não entendo esse desespero dela.
Se a senhora mesmo já assumiu que é quem estava no volante, ela só iria
responder por omissão... Bem, vou
registrar essa informação sobre a fuga dela. A partir de agora, seguiremos
com os procedimentos legais necessários. É bom lembrar que a senhora não deve
sair da cidade. Lhe aconselho a encontrar um advogado ou um defensor público.
Laura acena
concordando.
CENA 06/ EXT/
CAMPA/ PÁTIO/ DIA
Uma multidão se
reúne. Giovana chega no CAMPA, à medida que ela se aproxima, olhares se voltam
para ela, seguidos por sorrisos calorosos e gestos de solidariedade. Amigos se
aproximam, cumprimentando-a com abraços apertados e palavras gentis.
GIOVANA
- Muito agradecida,
viu minha gente?
NADINE
(entusiasmada)
- Giovana, que bom lhe ver de novo por aqui! Sinto muito pela perda de
Raul, nós todos sentimos, né?
GIOVANA
-
Obrigada Nadine!
Giovana sorri e vai
até Kira, com os olhos marejados.
KIRA
- Seja
bem vinda de volta meu amor. Bem, não sou você, mas dei o meu melhor pra cuidar
de tudo aqui.
GIOVANA
- Imagina, fico muito grata por tudo o que cê fez.
(entristecendo)
- Tudo
aqui, todo esse projeto foi idealizado por mim e montado com a ajuda incansável
de Raul. Ele faz parte de tudo que tem aqui, sabe Kira? E quero honrar seu
legado, sua paixão por este lugar e pelas pessoas que ajudamos aqui.
KIRA
- E cê
tá certa, viu? Mas o que cê pretende fazer?
GIOVANA
- Ainda
não sei, mas vou pensar em algo. Quero poder sentir Raul perto de mim em tudo o
que for feito aqui.
CENA 07/ EXT/
COLÉGIO CENTRAL/ PÁTIO/ DIA
Maria está sentada em um dos bancos lendo um
livro. Darlan se aproxima dela.
DARLAN
- Oi Maria! O que tá lendo?
MARIA
(nervosa)
- Fica longe de mim, Darlan! Não
quero falar com cê!
Pandora percebendo a situação se aproxima
rapidamente, preocupada.
PANDORA
(acalmando)
- Maria te acalme, meu amor. O que
houve?
MARIA
(chorando, furiosa)
- Não quero saber de nada! Quero
ficar sozinha! Me deixa em paz, os dois! Que porra véi!
Maria se afasta furiosa. Pandora e Darlan
trocam olhares preocupados.
PANDORA
(preocupada)
- Ave Maria, Darlan, cê viu? Maria
nunca agiu assim antes.
DARLAN
(franzindo a testa)
- Sei não, viu Pandora? Mas algo
parece muito errado. Tenho essa sensação estranha, como se houvesse algo que
ela não tá nos contando. E, olhando para as reações dela, parece mais sério do
que imaginamos.
PANDORA
(assustada)
- Mas venha cá Darlan, cê acha
que... que tem alguma coisa a ver com aquele pai dela?
DARLAN
(gravemente)
- Na verdade nem quero acreditar
muito nisso, sabe Pandora? Mas desconfio que ele... Eu acho que esse homem vem
abusando de Maria.
PANDORA
(abismada)
- Abusando cê fala...
DARLAN
(firme)
- Pedofilia, é isso que desconfio.
Se eu tiver certo Maria deve ter sofrido o diabo nas mãos desse cara.
PANDORA
- Se isso for verdade, precisamos
ajudar Maria e colocar esse cara na cadeia.
CENA 08/
CENA INT/ CASA DOS SIRQUEIRAS/ SALA DE ESTAR/ DIA
Moisés e Raimunda
estão na sala de estar, conversando.
MOISÉS
(animado)
- O retiro foi um sucesso, viu Raimunda? Pena que Rebeca não quis
participar. Vou ter que ter uma conversa séria com ela e providenciar logo um
casamento pra essa menina. Antes que ela invente de fazer alguma besteira. Do
jeito que é lesada, vai que aparece prenha.
RAIMUNDA
- Que
isso varão? Deus me livre minha filha grávida sem casar. O que o povo vai
falar? Já basta o que fala de Laura por aí.
MOISÉS
- Mas
isso que dá, né Raimunda? O jeito que cê criou essas meninas. Mas agora o que
preciso é me preparar para o próximo congresso.
RAIMUNDA
- Oxente, de novo? Até quando vai ter esses congressos?
MOISÉS
- Sou um servo de Deus, varoa. Quando ele chama, tenho que servir. O
tempo dele não é igual o nosso. Esses congressos tem me sido de grande valia.
RAIMUNDA
(curiosa)
- Venha cá Moisés, me responde uma
coisa. Quanto foi arrecadado com as
taxas desse retiro?
Moisés hesita por um
momento antes de responder.
MOISÉS
(vago)
- Foi apenas um valor simbólico. Nada muito alto.
RAIMUNDA
(cética)
- Valor simbólico? Até onde sei, as taxas estavam bem altas. Mas me diga,
o que cê vai fazer com esse dinheiro? Agora temos uma chance de reformar a
igreja e montar o centro de caridade que eu sempre quis.
MOISÉS
(desconversando)
- Infelizmente, não será desta vez. Preciso usar esse dinheiro na minha
viagem para o congresso. As obras terão que esperar um tiquinho mais.
CENA 09/ INT/
CAMPA/SALA DE GIOVANA/ TARDE
Giovana está sentada em uma poltrona, perdida
em seus próprios pensamentos. Kira, com olhos cheios de compaixão, sentada ao
seu lado.
KIRA
- Tá difícil, né? Ter que seguir a
vida sem ele?
GIOVANA
(suspirando)
- Cê nem imagina o quanto. Tudo
parece que aconteceu tão de repente, que pra mim... Que pra mim ele tá lá, na
clínica dele atendendo seus pacientes e que nós vamos se ver mais tarde em
casa. Mas é loucura, nunca mais irei vê-lo.
KIRA
(com ternura)
- Oh meu amor, queria tanto poder
lhe ajudar.
GIOVANA
(sorrindo)
- Cê já tá me ajudando, minha linda.
Só o fato de tá aqui comigo, me ouvindo, significa muito. Com certeza tudo
seria ainda mais difícil se cê não tivesse aqui.
KIRA
(sussurrando)
- Talvez a vida tenha nos unido por
uma razão. Tô aqui pra você, para o que precisar.
Giovana se inclina e deita no ombro de Kira.
GIOVANA
- Só quero ficar assim, esquecer um
pouco o mundo lá fora.
Kira acaricia a cabeça de Giovana com uma mão e
com a outra entrelaça os dedos aos dedos de Giovana.
CENA 10/ INT/
CASA DOS SIRQUEIRAS/ QUARTO DO CASAL/ TARDE
Raimunda está no
quarto, arrumando algumas coisas, enquanto Rebeca está no banheiro escovando os
dentes.
RAIMUNDA
- Rebeca, seu pai já deixou bem claro, viu? Assim que ele voltar desse
congresso vai encontrar um jeito de lhe casar. Oh minha filha, espero que cê
fique longe desse rapaz do circo. É melhor cê ver um dos meninos da igreja,
assim seu pai fará gosto.
Rebeca sai do
banheiro com a escova de dentes na boca, segurando o tubo de creme dental.
REBECA
(reclamando)
- Oh minha mãe, que pasta de dente
ruim da moléstia é essa? Não espuma direito e tem um gosto horrível.
RAIMUNDA
- Oxente, e que pasta é essa? Donde cê encontrou?
REBECA
- Peguei na bolsa de painho. Mas é melhor avisar pra ele que essa aí não presta
não, viu?
Raimunda, ao olhar
mais de perto, percebe que não é uma pasta de dente.
RAIMUNDA
(desconfiada)
- Oxe,
mas isso não é pasta de dente! Isso aqui é gel lubrificante. Mas pra que diacho
seu pai quer um negócio desse?
CENA 11/ INT/
CASA DO JORGE/ SALA DE ESTAR/ NOITE
Jorge se aproxima de
Vinícius, segurando o celular de Fátima.
JORGE
- Oh
Vinicius, dê uma olhada aqui meu filho. Que aplicativo é esse aqui que sua mãe
instalou?
VINÍCIUS
- Não
foi mainha, fui eu que instalei. Serve pra hackear o whatsapp.
JORGE
(preocupado)
- Mas pra que mesmo cê baixou isso?
VINÍCIUS
- Mainha que pediu. Ela queria ter certeza de que o senhor não tava
mais falando com aquela mulher.
JORGE
- Então
isso quer dizer que sua mãe tá mesmo me espionando.
VINÍCIUS
- Mas
também, né? Depois de tanto chifre que levou.
JORGE
- Tu me
respeita, moleque!
VINÍCIUS
- Posso
voltar pro meu jogo, agora?
JORGE
- Vá,
pode voltar pra essa porcaria. Vou ali ter uma conversa com sua mãe.
CORTA PARA:
CENA 12/ INT/
CASA DO JORGE/ QUARTO DO CASAL/ NOITE
Fátima tá deitada na
cama, Jorge aparece com o celular dela na mão.
JORGE
- Venha
cá me diga uma coisa, que aplicativo é esse aqui?
FÁTIMA
- Oxe,
cê tá mexendo no meu celular?
JORGE
- Cê não
andou mexendo no meu? Agora me diga, tá me espionando, é isso?
FÁTIMA
- Só
quero ter certeza que cê não vai voltar a se encontrar com aquela piranha de
sua amante.
JORGE
- Não
fale besteira, que não tenho amante nenhuma.
(mexendo no celular)
- E olhe
aqui, já tô desinstalando, viu? E espero que cê respeita minha privacidade e
não volte a me espionar novamente.
Fátima finge sentir
uma forte dor no estômago, agarrando-se à barriga.
FÁTIMA
(gemendo)
- Ai, me
acode aqui Jorge! Algo tá errado, tô com muita dor!
Jorge, imediatamente
preocupado, esquece o celular e fica ao lado dela, tentando acalmá-la.
JORGE
(preocupado)
- Te
acalme, viu? É melhor lhe levar no hospital.
FÁTIMA
(assustada)
- Não
precisa, deita aqui comigo. Vamos ficar quietinho aqui que a dor logo passa.
Jorge deita do lado
de Fátima.
CENA 13/ INT/
BOUTIQUE DA RAVENA/ DIA
Laura está ocupada
organizando algumas peças na loja quando Raimunda entra. Laura se surpreende ao
ver a mãe ali.
LAURA
- Oxente, minha mãe? Mas que alegria em lhe ver aqui.
RAIMUNDA
(sorrindo)
- Aproveitei que seu pai foi pro
congresso de pastores e vim aqui lhe ver. E ver também minha neta, cadê ela?
LAURA
- Pandora nessa hora tá na escola.
RAIMUNDA
- Até já imaginei isso mesmo...
Olhe filha, ando meio desconfiada de seu pai, não sabe?
LAURA
- O que foi minha mãe?
RAIMUNDA
(baixo)
- Encontrei um gel lubrificante na bolsa dele. Na outra vez havia uma
sunga nas coisas dele. Seu pai abomina roupa de banho. Isso não faz sentido.
Entende?
Laura arregala os
olhos, claramente chocada com a informação.
LAURA
(confusa)
- Isso é muito estranho mesmo, viu? Pra que diabo painho iria querer gel
lubrificante?
RAIMUNDA
- É o que eu pergunto. Olhe que Deus me perdoe, seu pai sempre foi um homem
íntegro. Mas esse monte de congresso e essas coisas na bolsa dele já tá me
deixando com caramiolas.
LAURA
- Quero
lhe deixar mais avexada não, viu mainha? Mas com certeza aí tem coisa.
RAIMUNDA
- Nem me fale isso minha filha. Mas e Ravena cadê?
LAURA
- Tá aí
outra história cumprida. Vamos sentar por ali que vou lhe contar.
CENA 14/ EXT/
CLÍNICA PSIQUIATRA/ DIA
Genivaldo chega à
clínica psiquiátrica, visivelmente preocupado. Ele encontra Eliete andando em
meio ao jardim, totalmente transtornada.
GENIVALDO
- Oi!
ELIETE
(surpresa)
-
Oxente, cê morreu foi?
GENIVALDO
- Não,
tô vivo meu amor. Vim aqui lhe ver.
ELIETE
- Mas
aqui é o céu, só entra quem tá morto ou igual a mim foi arrebatado. Vou ter que
ter uma conversa com os anjos... Houve um grande equívoco. Sim, porque eu
sempre fui santa, então mereço tá aqui. Agora o cê? Sempre foi pecador, um
perdido na vida. Tá certo isso, não.
GENIVALDO
- Oh
mulher, pelo o que vejo cê tá pior do quê quando chegou aqui.
CENA 15/ INT/
BOUTIQUE DA RAVENA/ DIA
Está Laura e Raimunda sentadas em um Puff em
meio a loja.
LAURA
- Então mainha, foi isso que
aconteceu. Agora vou ter que responder um processo e corro até risco de ficar
presa.
RAIMUNDA
- Mas cê não devia ter assumido a culpa, minha filha. Se foi Ravena que tava no
volante, cê não teve culpa de nada.
LAURA
- Agora é tarde minha mãe, já
assumi. Fiz isso pra aliviar o lado de Ravena, mesmo assim ela preferiu fugir.
Agora preciso encontrar um advogado o quanto antes pois já terei a primeira
audiência.
RAIMUNDA
(se
lembrando)
- Kaleb!
LAURA
- O que tem Kaleb, mainha?
RAIMUNDA
- Kaleb é advogado minha filha, ele
vai poder lhe ajudar.
LAURA
(surpresa)
- E é? Pois então fale com ele, tô
precisando de um urgentemente.
RAIMUNDA
- Vou lhe passar o contato dele.
CENA 16/ INT/
CASA DA JANA/ TARDE
Maria vai indo em
direção a porta. Ao abrir a porta se depara com Pandora.
MARIA
(fria)
- O que
cê faz aqui?
PANDORA
(preocupada)
- Vamos sentar um pouco ali na
praça, quero conversar com cê um tiquinho.
MARIA
- Me deixe em paz Pandora, cê não
tinha nada que vim aqui. Falei pro cê não vim, não foi?
PANDORA
- Oh Má, a gente sempre se deu bem.
Venha comigo, preciso conversar com cê. Deixa eu lhe ajudar.
(falando baixinho)
- Cê não tá sozinha nessa meu amor,
confia em mim.
Maria olha para
Pandora, seus olhos vermelhos e marejados. Ela se afasta de Pandora, evitando
contato visual.
MARIA
- Não quero
falar sobre isso!
Paulo chega na sala,
deixando Maria ainda mais apreensiva com sua presença.
MARIA
(rude)
- Mas que desgraça, viu véi? Já lhe falei, quero ficar sozinha. Vai
embora, me deixa em paz!
Maria sai furiosa em
direção ao seu quarto.
PAULO
(gentil)
- Ligue não, viu? Maria sempre foi
assim desde pequena. Ela é muito tímida, retraída... Até nós da família às
vezes é difícil de lidar com ela. É o jeitinho dela, né? Cê toma café? Fiz um
agora pouco.
PANDORA
(sorriso forçado)
- Agradecida, mas preciso ir. Tchau!
Pandora sai rapidamente
da casa, Paulo fica a olhando com olhar de predador.
CORTA
PARA:
CENA 17/ INT/
CASA DA JANA/ QUARTO DE MARIA/ TARDE
Maria tá deitada em
sua cama se derramando em lágrimas. Paulo entra no quarto, Maria engole o choro
e respira fundo, amedrontada. seu olhar recai sobre Pandora, que está do lado
de fora da janela. Ele elogia a beleza dela, enquanto Maria se sente assustada
e insegura, temendo que Paulo possa fazer algo com sua amiga.
PAULO
(sorrindo com malícia)
- Olhe, tava ali agora olhando sua
irmãzinha... Como ela é bonita, hein? Impressionante que o marginal do seu pai
conseguiu fazer duas belezuras dessas.
(ameaçador)
- Se cê não for gentil comigo, vou
ter que me saciar com sua irmãzinha.
Paulo olha para
Maria com um olhar predatório, deixando-a desconfortável e apreensiva. Paulo
sai do quarto, deixando Maria assustada.
Obrigado pelo seu comentário!