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Passional - Episódio 05




PASSIONAL


Capítulo 5


Série criada e escrita por

LUAN MACIEL 


 







CENA 1. CASA DE MADALENA E ALFREDO. SALA. INT/ DIA

CONTINUAÇÃO IMEDIATA DO CAPÍTULO ANTERIOR. MADALENA TENTA SE APROXIMAR DE GAEL, MAS ELE ESTÁ BEM ARREDIO. ALFREDO VAI SORRINDO E DEMONSTRANDO ESTAR BEM SATISFEITO COM TUDO. A. CÂMERA FOCA EM PETRÔNIO QUE ESTÁ EM TOTAL SILÊNCIO.


MADALENA — (arrependida) Eu sinto muito meu filho. Eu juro que eu não sei o que deu em mim para ter feito algo dessa natureza. Me perdoe por favor.Eu te suplico. 

GAEL — Eu já disse para você não me chamar mais de filho. Eu agora tenho apenas o meu pai. Ele sim é um homem honrado. Não uma qualquer como você. 

ALFREDO — Eu bem que tentei te avisar, Madalena. Se você quer trocar a sua família por causa desse infeliz do Petrônio você vai arcar com as consequências dos seus atos. 

MADALENA — Porque você está fazendo isso comigo, Alfredo? Tudo o que eu quero é ser feliz com quem eu realmente amo. Será que é pedir demais?


ALFREDO ENCARA MADALENA COM MUITO ÓDIO. PETRÔNIO FICA ENTRE MADALENA E ALFREDO A PROTEGENDO.  CLOSE NO OLHAR DE GAEL QUE VAI PERDENDO AINDA MAIS A CALMA.


PETRÔNIO — Como você pode ser tão ingênuo assim, Gael? Só você mesmo não consegue perceber que o seu pai é um lobo em pele de cordeiro. Se você não sabe foi ele que entregou a minha filha para a repressão. 

GAEL — (esbravejando) Você está mentindo. O meu pai janais iria fazer algo tão asqueroso assim. Eu quero que você e essa mulher saiam da casa do meu oaiy. Anda logo Petrônio. Vai embora. 

MADALENA — O Petrônio está certo, meu filho. Foi o seu pai que entregou a pobre da Isabela para os oficiais do Doi- Codi. Se alguém tem culpa da Isabela estar sofrendo hoje esse alguém é o seu pai. 

ALFREDO — Até quando você vai ficar mentindo, Madalena? Quem me garante que aquela garota não merecesse o que o Doi-Codi está fazendo com ela. Vocês não podem me responsabilizar por algo que eu não fiz. 


ALFREDO CONTINUA SORRINDO. PETRÔNIO SE APROXIMA DO VILÃO E O SEGURA PELO COLARINHO DA CAMISA. 


PETRÔNIO — (furioso) Nunca mais ouse falar essas barbaridades da minha filha, Alfredo. Você é um ser desprezível que só pensa em dar bem. É uma pena que o Gael não consiga ver o quão podre você é.


PETRÔNIO SOLTA ALFREDO. O OLHAR DE GAEL É DE RAIVA.


GAEL — Eu estou cansado de vocês dois tentaram desmoralizar a imagem reta do meu pai. Vão embora daqui agora mesmo. Vocês não tem mais nada  o que fazer aqui..

MADALENA — (chorando) Meu filho…. Não faça isso. Tudo o que eu estou fazendo é para tentar abrir os seus olhos. Porque você não consegue entender isso?

ALFREDO — Você já ouviu o que o meu filho disse, Madalena. Saia da minha casa agora mesmo. E pode ter certeza de uma coisa. Eu vou tirar tiro de você, sua maldita. 

PETRÔNIO — Vamos embora desse lugar, Madalena. Você é uma boa mulher e não merece estar passando por isso. (P) Isso ainda não acabou, Alfredo. Você vai pagar por tudo o que você fez com a minha filha. Eu prometo. 


MADALENA SEGURA A MÃO DE PETRÔNIO E ELES VÃO EMBORA. GAEL FECHA A PORTA COM MUITA RAIVA. ALFREDO OLHA PARA SEU FILHO CON UM SORRISO MALICIOSO BO ROSTO.

CORTA PARA/


CENA 2. SEDE DO DOI-CODI. PORÃO. SALA DE TORTURA. INT/ DIA

ISABELA ESTÁ TOTALMENTE DESAMARRADA. A CÂMERA FOCA EM SEU OLHAR VAZIO E DESESPERADOR. MESMO COM MUITA DIFICULDADE ISABELA SE LEVANTA DA CAMA ONDE ELA ESTAVA. RLA TENTA IR ATÉ A PORTA, MAS NESSE INSTANTE O DELEGADO FLORES ENTRA NA SALA DE TORTURA E OLHA PARA ISABELA COM FRIEZA.


DELEGADO FLORES — Eu posso saber onde você pensa que está indo? Eu já disse que você não vai sair daqui enquanto eu não quiser. Depois do que aconteceu no dia de ontem você não vai sair dos meus domínios. 

ISABELA  — (com fraqueza) Você é um monstro, Flores. O que você fez comigo é algo abominável. Eu não merecia passar por isso. Eu quero ir embora. Você não pode continuar me mantendo aqui presa. 

DELEGADO FLORES — Não posso? Aqui dentro desse lugar eu posso fazer o que eu quiser. Eu sou a única pessoa que está ao seu lado. Onde está o seu pai? Onde estão os seus amigos? Eu sou o único que se preocupa com você. 

ISABELA — Você é um doente. Eu prefiro morrer do que ficar mais um só dia aqui com você. Depois de tudo que você fez eu tenho certeza do que eu e os meus amigos estamos fazendo é a coisa certa. Eu te odeio, Flores. 


MESMO COM MUITA DIFICULDADE, ISABELA COSPE NA CARA DO DELEGADO FLORES. O VILÃO FICA DESCONTROLADO. 


DELEGADO FLORES — (gritando) Você acha mesmo que pode me enfrentar, garota? Eu até agora tentei ser o menos ruim possível com você. Mas você está prestes a conhecer o meu pior lado. Disso você pode ter certeza. 

ISABELA — Você abusou de mim, sei desgraçado. Você aproveitou da sua posição para fazer a pior coisa que se pode fazer com uma mulher. Você é nojento, Flores.

DELEGADO FLORES — Você pode estar achando isso agora, Isabela. Mas depois de algum tempo você verá que isso é a melhor coisa que poderia ter te acontecido. A diferença de idade entre nós é grande, mas eu sou o único homem que pode te fazer feliz. 

ISABELA — Você só pode estar ficando louco, Flores. Eu jamais me rebaixaria ficando com um homem nojento que nem você. Eu prefiro a morte do que ver isso acontecer. 


COM MUITA RAIVA O DELEGADO FLORES DÁ UM TAPA COM MUITA FORÇA NO ROSTO DE ISABELA QUE CAI NO CHÃO. 


DELEGADO FLORES — Aí que é o seu lugar, sua maldita. Você e todos esses desordeiros devem ficar aos meus pés. Entenda de uma vez por todas. Você só vai sair daqui dentro de um caixão. Estamos entendidos?

ISABELA — Eu ainda acredito na justiça. Por mais coisas terríveis que você ne faça eu sempre vou acreditar que eu posso ser quem eu desejo ser. Isso você não vai tirar de mim. 

DELEGADO FLORES — Pense o que você quiser, garota. Eu vou te dar aqui sozinha para que você sinta a esperança sumindo dos seus olhos. Aí eu quero ver você admitir que eu estou do lado certo fa história. 


O DELEGADO FLORES DEIXA IDABELA ESTIRADA NO CHÃO E DAI DA SALA DE TORTURAS TRANCANDO A PORTA. AS LÁGRIMAS VEM AO ROSTO DE ISABELA QUE OUVE OITRAS PESSOAS SENDO TORTURADAS NAS SALAS AO LADO.

CORTA PARA/


CENA 3. RIO DE JANEIRO. STOCK-SHOTS. EXT/ NOITE

PLANO GERAL DA CENA. VEMOS IMAGENS AÉREA DIVERSAS XA CIDADE XO RIO DE JANEIRO. A VIDA NA DÉCADA DE 60 E SEUS COSTUMES BEMN DIFERENTES DO QUAL CONHECEMOS. O FOMDA CENA VAI FICANDO MAIS SOTURNO ENQUANTO VENOS AS IMAGENS INTERCALAR ENTRE DIVERSAS PAISAGENS DA CIDADE MARAVILHOSA CON A FACHADA DA MANSÃO DE OMAR.

TRILHA SONORA: https://youtu.be/jBnedtBKUso?si=9oQzR9vAag1amrEQ 

FUNDE PARA/


CENA 4. MANSÃO DE OMAR BIANCHINI. SALA DE ESTAR. INT/ NOITE

A CÂMERA FOCA DE UMA FORMA MAIS INTIMISTA EM OMAR QUE ESTÁ SENTADO EM UMA POKTRONA E TOMANDO UM COPO DE WHISKY. A PORTA DA MANSÃO SE ABRE E VEMOS MÔNICA ENTRAR COM MUITO ÓDIO EM SEU OLHAR. OMAR COLOCA SEU COPO DE WHISKY RM CIMA DA MESA QUE ESTÁ AO SEU LADO. ELE OLHA OARA DUA FILHA DIRETAMENTE.


OMAR — O que você veio fazer aqui, Mônica? É melhor você ir embora. Eu quero ficar sozinho. Nada do que você tenha para me falar é do meu interesse. 

MÔNICA — (furiosa) Eu te dei a chance de fazer a coisa certa, pai. Mas parece que você não quer colaborar comigo. (P) Ou você esquece essa loucura de dar metade da herança que é minha por direito para aquela bastarda, ou então eu serei obrigada a te internar em um hospício alegando que você perdeu toda a sua sanidade. 

OMAR — Você sabe com quem você está falando, Mônica? Eu não preciso da sua permissão para fazer o que eu quero. (T) A única coisa que você pensa é em dinheiro, Mônica. Nas isso vai acabar. Eu já deixei especificado com o meu advogado. Se algo acontecer comigo ou com a minha filha Madalena você não vai receber nenhum centavo, Mônica. 

MÔNICA — Essa tal de Madalena não passa de uma suburbana. Ela não tem um pingo de classe ou elegância. Presta bem atenção no que você está fazendo. É isso mesmo.que você quer deixar como legado? 



OMAR SE LEVANTA DE SUA POLTRONA. MÔNICA ENCARANDO SEU PAI DE UMA FORMA SÉRIA E TENSA. 


OMAR — (sério) Você quer mesmo jogar sujo, Mônica? Então faça o que você quiser. Mas de uma coisa você pode estar certa. Eu não irei me curvar diante das suas vontades. E essa guerra você não vai ganhar.

MÔNICA — Tudo o que eu estou fazendo é zelar patrimônio que foi da minha mãe. Eu não vou deixar que nenhuma aventureira venha tirar aquilo que é meu por direito.

OMAR — Eu estou cansado de ver você falar tanto sobre dinheiro, Mônica. É por isso que daqui alguns dias eu vou conhecer a minha filha Madalena. Você é muito gananciosa. Você é uma decepção cono filha.

MÔNICA — Eu sou uma decepção como filha? Quando eu era pequena você nunca se importou em me dar um pingo de atenção. Agora eu vou tirar tudo que você mais ama, pai. Eu quero ver você sofrer. 


OMAR OLHA COM MUITA SERIEDADE. MÔNICA O ENCARA.


OMAR — Nisso eu sou obrigado a concordar com você, Mônica. Mas nada justifica essa sua ganância desenfreada. O que você quer provar com tudo isso?

MÔNICA — Que você sempre me preteriu porque qualquer outro motivo. O seu dinheiro deveria ser todo meu. E por inclusive que pareça até o paspalho do Albano está do seu lado. Mas isso vai mudar. Quando eu destruir a vida daquela bastarda. Acredite em mim. 

OMAR — Tente fazer isso, Mônica. Aí você vai conhecer do que eu sou capaz de fazer. Você não me conhece.


MÔNICA FICA FERVENDO DE ÓDIO. ELA VAI EMBORA DA MANSÃO SEM OLHAR PARA TRÁS. CLOSE NO ROSTO SÉRIO DE OMAR.

CORTA PARA/


CENA 5. PENSÃO DE CLEONICE. DALA. INT/ NOITE 

MARINA ESTÁ SENTADA SOZINHA NO SOFÁ DA SALA COM O SEU PENSAMENTO MUITO DISTANTE.  JANAÍNA SURGE NA SALA E CAI NA DIREÇÃO DE MARINA E SENTA BEM NA FRENTE DE MARINA. O SEMBLANTE DE JANAÍNA É PREOCUPANTE. MARINA DESPERTA E ELA FICA OLHANDO PARA JANAÍNA.

JANAÍNA — (séria)  Eu sei que você não me conhece e que eu sou nova aqui na pensão. Mas eu preciso te dar um aviso. Toma muito cuidado. Invadir a sede do Doi-Codi pode ser um caminho sem volta. É para o seu próprio bem. 

MARINA — Quem você pensa que é? E como você soube sobre isso? A Cleonice não pode saber sobre isso. Ela já perdeu um filho e eu não quero que fique preocupada. 

JANAÍNA — Eu me chamo Janaína e sou filha do Delegado Flores. (P) Eu posso imaginar o que está passando por sua cabeça nesse momento. Eu conheço o meu pai melhor do que ninguém. Ele não vai deixar que você invada o Doi-Codi e saia de lá viva. 

MARINA — Como é que é? Você é a filha daquele monstro? O que é que você está fazendo aqui? A filha de um assassino não é bem vinda aqui em nosso meio. 


MARINA SE LEVANTA DO SOFÁ DEMONSTRANDO ESTAR MUITO NERVOSA. JANAÍNA SE MANTÉM FIRME E BEM CALMA.


MARINA  — (nervosa) É muita coragem sua vir até aqui depois de tudo o que o monstro do seu pai fez? A minha vontade é de tirar daqui na base da força. Mas eu não vou fazer isso. Então queira ir embora por favor. 

JANAÍNA — Eu imagino o quanto você deve ter sofrido e ainda vem sofrendo nas mãos do meu pai. Mas eu não sou ele. Eu sinto repulsa de tudo o que ele faz. Acredite. 

MARINA — Eu não acredito em nenhuma palavra que sai da sua boca . Só de olhar para você eu sinto raiva. O seu pai matou um grande amigo meu e está com a minha melhor amiga presa não sei onde. O que eu quero é que ele pague por tudo que ele está fazendo. 

JANAÍNA — (alterando a voz) E como você acha que eu me sinto? Eu vivi 5 anos morando fora do país e quando eu volto o homem que eu tanto admirava se transformar em um genocida. Eu me sinto tão perdida.


MARINA NÃO CONSEGUE VER VERDADE NAS PALAVRAS DE JANAÍNA. LOGO APÓS CLEONICE ENTRA NA SALA E OLHA PARA MARINA DE UMA FORMA DIRETA. 


CLEONICE — Já chega dessa discussão, Marina. A Janaína é minha convidada e nada do que você diga vai mudar esse fato. No momento não interessa de quem ela é filha e sim que está querendo ajudar. Para mim isso basta.

MARINA — (sem acreditar) Você não pode estar falando sério, Cleonice. O Delegado Flores matou o seu filho. O mínimo que você deveria fazer é expulsar essa garota daqui. Ela é contra tudo o que o nosso grupo representa. 

JANAÍNA — Eu juro que eu estou tentando te entender, Marina. Mais uma vez eu vou te dizer. Eu não igual ao meu pai. 

CLEONICE — Já chega desse conflito entre vocês duas. Eu não quero mais saber disso você né ouviu, Marina? Você e a Janaína são minhas convidadas e precisam conversar. Eu vejo que vocês podem se entender. Agora eu vou deitar que eu preciso dormir..


CLEONICE SAI DA SALA EM DIREÇÃO AOS QUARTOS DA PENSÃO. A CÂMERA MOSTRA O CLIMA DE INIMIZADE ENTRE MARIA E JANAÍNA. O CLIMA VAI FICANDO MAIS PESADO. 

CORTA PARA/


CENA 6. CASA DE PETRÔNIO E ISABELA. QUARTO. INT/ NOITE 

A CÂMERA FOCA NO OLHAR CHEIO DE LÁGRIMAS DE MADALENA. A PORTA DO QUARTO SE ABRE E VEMOS PETRÔNIO TRAZER UMA XÍCARA DE CHÁ PARA QUE MADALENA POSSA SE ACALMAR. ELE ENTRRGA A XÍCARA DE CHÁ PARA MADALENA QUE CONTINUA CHORANDO E SE MOSTRA MUITO ABALADA. PETRÔNIO TOCA SUAVEMENTE EM SUAS MÃOS. 


MADALENA —(chorando/ abalada) Porque isso tinha que acontecer, Petrônio? Logo agora que a gente começou a se acertar o meu filho pensa que eu sou uma mulher qualquer. Isso não está certo. O Alfredo conseguiu transformar o Gael em uma versão distorcida dele.

PETRÔNIO — Sinceramente eu não sei o que te dizer, meu amor. O Alfredo conseguiu se fazer de vítima na frente do Gael. Mas eu prometo que isso não vai ficar assim.

MADALENA — Primeiro a Marina envolvida nessas manifestações contra a ditadura e agora o Gael me odiando. O que eu fiz para merecer isso? Eu queria apenas o bem dos meus filhos.

PETRÔNIO — Você não tem culpa de absolutamente nada, Madalena. O único culpado é o Alfredo que entregou a minha filha como uma simples mercadoria para os oficiais da repressão. Isso é inadmissível. 


MADALENA E PETRÔNIO SE OLHAM. O SENTIMENTO EBTRE ELES É DE ESTAR COM AS MÃOS ATADAS. MADALENA TENTA CONFORTAR PETRÔNIO, E ELE O MESMO.


MADALENA — Eu que deveria estar te consolando, Petrônio. A sua filha deve estar sofrendo algo terrível nas mãos daquele Delegado Flores. Me desculpa por ser tão insensível. 

PETRÔNIO — Você não tem nada que me pedir desculpas, meu amor. Essa situação tende a ficar cada vez mais delicada. Mas eu não vou sair do seu lado para nada. Disso você pode ter certeza. 

MADALENA — Eu não posso ficar aqui chorando e me lamentando. Eu tenho que ser forte, pois o Alfredo vai vir com tudo para cima de mim. Mas eu não vou deixar ele envenenar o meu filho contra mim. Não vou mesmo!

PETRÔNIO — O que o Alfredo fez contra a minha Isabela é algo tão asqueroso e nojento. Eu vou na delegacia e irei denunciar ele. Alguém precisa fazer alguma coisa. 


MADALENA FICA APREENSIVA. PETRÔNIO A OLHA FIXAMENTE. MADALENA E PETRÔNIO FICAM EM SILÊNCIO POR ALGUNS POUCOS SEGUNDOS.


MADALENA — Você tem certeza disso, Petrônio? Você realmente acha que isso seja necessário? Eu acho que essa atitude é drástica demais. Devemos cuidar disso sem ter que envolver a polícia.

PETRÔNIO — (sério) Pode acreditar em mim, Madalena. O Alfredo tem que pagar por tudo que ele fez. E eu não digo só em relação a minha filha e sim com você também. Ele abusou de você em um momento de fragilidade. Ele merece ser responsabilizado. 

MADALENA — Eu só consigo pensar como o Gael vai achar de tudo isso. Eu sei que ele foi influenciado pelo Alfredo, mas eu não consigo parar de me preocupar. 

PETRÔNIO — É claromque você se preocupa, Madalena. Você é uma ótima mãe. Eu quero apenas que você confie em mim. O Alfredo não escapar de tudo o que ele fez. 


MADALENA TENTA ESBOÇAR UM SORRISO, MAS ELA NÃO CONSEGUE. PETRÔNIO SEGURA EM SUAS MÃOS A CONSOLANDO. 

CORTA PARA/


CENA 7. APARTAMENTO DE OLÍVIA. SALA. INT/ NOITE

OUVE-SE O BARULHO DO TIC DO RELÓGIO. OLÍVIA ANDA DE UM LADO PARA O OUTRO BEM NERVOSA. ELA OLHA A TOFO INSTANTE PARA O RELÓGIO DEMONSTRANDO ESTAR BEM PREOCUPADA. TIAGO ENTRA PELA PORTA E OLÍVIA O ABRAÇA E DEPOIS FICA BEM ZANGADA.


OLÍVIA — (respira aliviada/ brava) Onde é que você estava, Tiago? 2 Dias… Você nunca ficou tanto tempo fora de casa, meu filho. Você sabe o quanto essas ruas estão perigosas. Por favor não faz mais isso.

TIAGO —Eu precisava esfriar a minha cabeça, mãe. Era muita coisa acontecendo. É esse sumiço da Isabela. Você que continua a se envolver com aquele crápula do Alfredo e agora eu fui parado por dois oficiais do Doi-Codi. Eles queriam me impedir de ir para onde eu quero. Isso é um absurdo. 

OLÍVIA — Quantas vezes eu tentei te avisar sobre isso, meu filho? É melhor você desistir disso enquanto é tempo. Eu te suplico, Tiago. Sai desse movimento comunista. 

TIAGO — (alterado) Você prestou atenção no que você disse, mãe? Eu e os meus amigos não somos comunistas. Nós apenas queremos que esse governo torturador pare de matar pessoas inocentes. Qual é o problema nisso?


OLÍVIA FICA SEM PALAVRAS. TIAGO DEMONSTRA ESTAR DECEPCIONADO COM A OPINIÃO DE SUA MÃE.


TIAGO — Até hoje eu não consigo entender essa sua relação com o Alfredo. Durante todos esses anos você sofreu as mais diversas humilhações e mesmo assim você não deixa esse homem. Me diga o que você viu de tão especial nele, mãe?

OLÍVIA — Você nunca vai me entender, Tiago. A minha relação com o Alfredo é algo além do amor. É como se eu dependesse dele para ser feliz. Eu não sei explicar.

TIAGO — Eu não consigo acreditar no que você está me dizendo, mãe. Você não precisa desse crápula para ser feliz. Quando é que você vai entender isso? 

OLÍVIA — Essa situação não é tão fácil assim, meu filho. Você não sabe quão ameaçador o Alfredo pode ser. E além do mais tem mais coisas que me ligam a ele.



TIAGO SE MOSTRA CURIOSO. OLÍVIA TENTA DISFARÇAR. 


TIAGO — (intrigado) Do que é que você está falando, mãe? Por um acaso o Alfredo tem algo haver com o desaparecimento do meu pai? Diga por favor.

OLÍVIA — Esquece essa história, Tiago. O seu pai sumiu e ninguém nunca soube nada sobre ele. O Alfredo não tem nada haver com o sumiço do seu pai.

TIAGO — (sério) Como você pode tem tanta certeza? Porque você insiste em ficar defendendo esse homem? Ele nunca te amou e tudo o que ele foi te deixar esperando por algo que nunca aconteceu. 

OLÍVIA — Eu não quero mais ter que falar sobre isso, meu filho. Você querendo ou não eu continuo amando o Alfredo. Ele é o homem que eu quero ao meu lado.


TIAGO SAI DA SALA PARECENDO UM FURACÃO FORA DE CONTROLE. OLÍVIA SE SENTA NO SOFÁ E DESABA EM LÁGRIMAS. 

CORTA PARA/


CENA 8. PASSAGEM DE TEMPO. EXT. DIA

OS DIAS VÃO SE PASSANDO DE UMA FORMA BEM RÁPIDO E DINÂMICA. A TRANSIÇÃO DO DIA PARA A NOIRE E VICE E VERSA É NOS APRESENTADA DE UMA FORMA BEM ORGÂNICA. 

SURGE UM LETREIRO NA TELA: UMA SEMANA DEPIS.

CORTA PARA/


CENA 9. RIO DE JANEIRO. RUA/ CARRO. EXT/ DIA

UM CARRO PRETO (DE ÉPOCA)  ESTÁ PARADO EM UMA RUA QUE ESTÁ ESTRANHAMENTE VAZIA. A CÂMERA DÁ UM CORTE RÁPIDO PARA DENTRO CARRO E PODEMOS VER QUE LÁ DENTRO ESTÃO MAEINA, PACO L, NONATO E UM OUTRO HOMEM QUE ESTÃO PLANEJANDO ALGO IMPORTANTE. TODOS ESTÃO VESTIDOS COM ROUPAS DO EXÉRCITO PARA CONFUNDIR OS OFICIAIS DO DOI-CODI. 


HOMEM — Eu espero que vocês tenham entendido o meu plano. Vai ser arriscado, mas eu sei que vai dar certo.

NONATO — (preocupado) Ainda dá tempo de você e o Paco desistirem, Marina. Essa operacyvai ser muito perigosa. Eu não posso garantir que tudo vai sair bem.

MARINA — Já faz uma semana que você está querendo me fazer desistir, Nonato. Entenda de uma vez por todas. Eu não vou desistir. Eu vim até aqui e irei até o fim. 

PACO — O meu tio está certo, Marina. É melhor você ir embora. Eu te prometo que nós vamos salvar a Isabela.



MARINA FICA MUITO INCOMODADA. ELA OLHA COM MUITA SERIEDADE PARA TODOS QUE ESTÃO DENTRO DO CARRO. 


MARINA  — Vamos parar com essa conversa e vamos fazer o que viemos fazer. A Isabela está precisando de nossa  ajuda. Quanto mais tempo ficarmos aqui parado será pior.

HOMEM — Eu gostei da sua atitude, garota. Vamos partir para cima  desses malditos. É a hora de salvar a Isabela desse inferno que ela está. Estão todos prontos?

NONATO — Está bem, Marina. Eu só quero que você saiba onde nós estamos se metendo. Eu não vou mais impedir que você seja quem você realmente é. Pode acreditar em mim. 

MARINA — (firme) Eu acho bom mesmo, Nonato. Até agora não me desceu aquela história da filha do Flores estar morando na pensão. Ela é filha de um assassino. 


MARINA ENCARA NONATO QUE SE SENTE ACUADO. O HOMEM QUE ESTÁ NO VOLABTE DO CARRO FICA NERVOSO.


HOMEM — Eu não quero saber dessa discussão. Nós vamos invadir a sede do Doi-Codi agora mesmo. Todos temos que estar comprometidos com o que vamos fazer.


O SILÊNCIO REINA DENTRO DO CARRO. EM QUESTÃO DE SEGUNDOS O HOMEM GIRA A CHAVE DO CARRO QUE CAI INDO EM DIREÇÃO AO PORTAL PRINCIPAL DA SEDE DO DOI-CODI. 

CORTA PARA/


CENA 10. PENSÃO DE CLEONICE. SALA. INT/ DIA

A CÂMERA ACOMPANHA O DELEGADO FLORES QUE ENTRA NA SALA DA PENSÃO E ELE ESTÁ COM UN SEMBLANTE DE POUCOS AMIGOS. CLEONICE VEM AO ENCONTRO DO DELEGADO FLORES QUE A OLHA COM DESPREZO. O OLHAR DO DELEGADO FLORES PARA CLEONICE É DE PURO PRECONCEITO POR ELA SER UMA MULHER NEGRA.


CLEONICE — Eu não estou acreditando no que os meus olhos estão vendo. O que você está fazendo na sala da minha pensão, seu assassino? Você pode até ter esquecido, mas você matou o meu filho. Está se lembrando?

DELEGADO FLORES — (ardiloso) Você acha que eu não me lembro do infeliz do seu filho? Eu tive o maior gosto de ter matado aquele comunista imundo. Mas não é por isso que eu vim até aqui. Eu quero ver a minha filha. Vá chamar ela agora mesmo, sua negrinha. 

CLEONICE — Em primeiro lugar, olha como você fala comigo. E em segundo lugar eu não vou permitir que você fale com a Janaína. Ela já sofreu demais com a sua rejeição. Queira ir embora agora mesmo. Eu não vou pedir de novo.

DELEGADO FLORES — Você é muito desaforada para o meu gosto. Você não tem nada haver com isso. É melhor você não tentar me desafiar. Ou então você vai conhecer a minha fúria. A mesma fúria que matou seu filho.


CLEONICE ENCARA O DELEGADO FLORES SEM MEDO. O VILÃO LEVANTA A MÃO PARA BATER EM CLEONICE. NESSE MOMENTO JANAÍNA ENTRA NA SALA E CONFRONTA SEU PAI.


JANAÍNA — (gritando) Fica longe dele, seu monstro. Depois de tudo o que você me disse ainda tem coragem de aparecer aqui? Como você pode ser tão asqueroso assim?

DELEGADO FLORES — Olha só agora o lugar que você foi conseguir abrigo. Você está no meio desses comunistas que só querem baderna e confusão. Eu vim te buscar e você não pode negar. Você me entendeu? 

JANAÍNA — Eu nao vou para lugar nenhum com você. E tem mais uma coisa. Eu exijo saber onde você está mantendo a Isabela presa. Já faz mais de uma semana que você vem fazendo ela sofrer diversas torturas. Eu sei muito bem como você trabalha, Delegado Flores. 

DELEGADO FLORES — Isso vocês nunca vão conseguir tirar de mim. Se depender de mim a Isabela vai morrer nos porões do Doi-Codi. E vocês não vão resgatar ela nunca. 


O DELEGADO FLORES SORRI. JANAÍNA VAI FICANDO CADA VEZ MAIS ENOJADA COM A ATITUDE DE SEU PAI. CLEONICE FICA AO LADO DE  JANAÍNA E A PROTEGE.


CLEONICE — Você não tem direito de falar nada, seu maldito. Você abandonou a sua filha quando ela mais precisava de você. Agora é tarde para você querer voltar atrás. 

JANAÍNA — (corajosa) A Cleonice está coberta de razão. (P) Depois que a minha mãe morreu você nunca mais se importou comigo. E agora se transformou nesse homem desprezível. Eu tenho asco a você, pai. 

DELEGADO FLORES — É isso mesmo que você quer, Janaína? Então que assim seja. A partir de hoje esqueça que um dia você teve um pai. Para mim é só mais uma dessas comunistas. E não cruze o meu caminho. Pois o que está acontecendo com a Isabela pode acontecer com você. 


O DELEGADO FLORES SAI DA PENSÃO COM MUITO ÓDIO. CLEONICE ABRAÇA JANAÍNA E A CONFORTA.

CORTA PARA/


CENA 11. CASA DE PETRÔNIO E ISABELA. SALA. INT/ DIA

CLOSE EM MADALENA QUE ESTÁ SENTADA NA FRENTE DE UMA MÁQUINA DE COSTURA PARA TENTAR DISTRAIR SUA MENTE. ALGUÉM BATE NA PORTA O QUE TIRA A CONCENTRAÇÃO DE MADALENA. ELA SE LEVANTA E VAI ATÉ A PORTA E A ABRE. O SEU SEMBLANTE MUDA RAPIDAMENTE AO VER QUE ALFREDO ESTÁ PARADO BEM EM SUA FRENTE. ELE ENTRA E FICA OLHANDO PARA MADALENA COM MUITO DESPREZO.


ALFREDO — Olha só para você, Madalena. Vivendo com o Petrônio como se fosse uma mulher qualquer. Realmente você não se dá o valor. Depois dessa semana eu pensei que você estaria chorando pelos cantos após ouvir da boca do seu próprio filho que ele te odeia.


 MADALENA — Tudo isso por dia culpa, Alfredo. Você conseguiu jogar o meu filho contra mim. Eu não posso acreditar que o Gael se tornou tão igual a você. Isso era tudo que eu estava querendo evitar. Mas eu falhei. 

ALFREDO — Nisso eu sou obrigado a concordar com você, Madalena. Você é um fracasso como mãe e pior ainda como mulher. Eu sinto repulsa de ter sido casado com uma mulher fraca e deprimente que nem você.


MADALENA SEM PENSAR DÁ UM TAPA NA CARA DE ALFREDO. O VILÃO LEVA A MÃO AO ROSTO ENQUANTO FICA FURIOSO.


ALFREDO — Parece que você perdeu o medo do que possa te acontecer, Madalena. Nunca mais ouse me dar um tapa ou sequer levantar a mão para mim. Você ouviu?

MADALENA — Você que nunca mais ouse me humilhar dessa forma, Alfredo. Eu cansei de sofrer essas humilhações calada. Eu. Só vou deixar-me jogar para baixo assim.

ALFREDO — (ardiloso) Quem você pensa que é para falar assim comigo? Eu ainda sou o seu marido. Você acha mesmo que o maldito do Petrônio vai te proteger da minha fúria? Aproveite enquanto você pode. Essa sua aventura está para acabar. 

MADALENA — Vai embora dessa casa agora mesmo, Alfredo. Eu nunca mais quero te ver na minha frente. Eu sinto nojo de você. (P) E se prepare, Alfredo. O Petrônio vai fazer de tudo para te colocar na cadeia pelo o que você fez para a Isabela.


ALFREDO FICA MUITO VIOLENTO. ELE SEGURA MADALENA PELO PESCOÇO COM FORÇA. ELA VAI FICANDO SEM AR.


ALFREDO — (fora de controle) Eu poderia te matar agora mesmo, sua desgraçada. Mas você não vale o risco. Ru não vou me sujar por alguém tão insignificante como você, Madalena. 

MADALENA — (sem ar) Faça o que você quiser, Alfredo. Eu não importo mais com o que aconteça comigo. Eu ficarei feliz em saber que os nosso filhos não estão sobre o seu controle doentio.

ALFREDO — Quer saber de uma coisa, Madalena? Eu não deveria ter vindo aqui. Você ainda vai pagar por me destratar dessa forma. Só de ver o Gael te odiar eu já fico realizado. Você nunca vai conseguir reparar a sua relação com ele.


ALFREDO SOLTA O PESCOÇO DE MADALENA. ELA CONSEGUE VOLTAR A RESPIRAR. ELE VAI EMBORA, MAS ANTES LANÇA UM OLHAR DE ÓDIO PARA SUA ESPOSA. 

CORTA PARA/


CENA 12. SEDE DO DOI-CODI. PÁTIO. EXT/ DIA

PLANO GERAL DA CENA. MARIA, PACO, NONATO E O OUTRO HOMEM QUE ESTÁ ACOMPANHANDO ELES VÃO SAINDO DE DENTRO DO CARRO. ALGUNS OFICIAIS DO DOI-CODI FICAM INTRIGADOS COM A PRESENÇA DELES QUE PARECEM SER DO EXÉRCITO BRASILEIRO. UM DOS OFICIAIS DO DOI-CODI SE APROXIMAM DELES E O CLIMA FICA MAIS TENSO.


OFICIAL — Quem são vocês? E o que vocês querem aqui?

HOMEM — (mentindo) Nós fomos enviados pelo exército para buscar um dos prisioneiros que estão nas salas de torturas. Isso é uma ordem do General Osório. 

OFICIAL — Eu não posso liberar a entrada de agentes do governo que eu nunca vi antes. Eu preciso ver algum documento que comprove o que você está me falando.

NONATO — (tenso) Você quer mesmo desafiar as ordens de um General de alta patente do exército brasileiro? O que o Delegado Flores vai dizer quando ele souber disso?


MESMO ACHANDO QUE ALGO DE ERRADO ESTÁ ACONTECENDO O OFICIAL DEIXA TODOS SEGUIREM PARA O INTERIOR DA SEDE DO DOI-CODI. DEPOIS DE SE AFASTAREM ELES VÃO COCHICHANDO ENTRE SI. 


MARINA — (sussurrando) Viu o que eu estava na falando. Eu sabia que nós não teríamos maiores problemas em conseguir entrar. Agora o que nós precisamos fazer é tirar a Isabela desse lugar nefasto. 

NONATO — O problema nunca foi entrar, Marina. O problema é como nós vamos sair desse lugar. Você entendeu? 

PACO — (sério) É melhor a gente ficar em silêncio. Esses oficiais ainda podem suspeitar de alguma coisa. Quanto menos a gente falar vai ser melhor para nós. 

HOMEM — O garoto está certo. Quanto menos a gente falar mais sucesso a nossa operação terá. Agora vamos deixar de conversar. E vamos ao resgate dos inocentes. 


MARINA, PACO, NONATO E O HOMEM VÃO CAMINHANDO ATÉ NA DIREÇÃO DE UMA PORTA QUE DÁ PARA O INTERIOR DA SEDE DO DOI-CODI. ELES ABREM A PORTA E ENTRAM.

CORTA PARA/


CENA 13. JORNAL. REDAÇÃO. INT/ DIA

EM UM PLANO MAIS ABERTO VEMOS VÁRIOS JORNALISTAS TRABALHANDO NA REDAÇÃO DENUN JORNAL. PETRÔNIO VEM ANDANDO NO CORREDOR DA REDAÇÃO E TODOS FICAM SURPRESOS COM A PRESENÇA DELE ALI. LOGO DEPOIS QUEM TAMBÉM APARECE ALI É ODILON O EDITOR CHEFE DO JORNAL QUE SE APROXIMA DE PETRÔNIO BEM SÉRIO.


ODILON — (aflito) Ainda que você pode vir até o jornal, Petrônio. A situações não está nada fácil. A sua última reportagem não caiu muito bem para a censura. 

PETRÔNIO — Eu já imaginava que isso pudesse acontecer, Odilon. Principalmente agora que a minha filha está presa nos porões daquele inferno que é o Doi-Codi. Mas é nesses momentos que nós não podemos abaixar a cabeça diante das coisas erradas que nós vemos.

ODILON — Eu estou de mãos atadas, Petrônio. A censura do governo militar está no meu pé por causa da linha editorial do jornal. Eles estão pedindo que você se retrate ou então a situação pode ficar mais difícil.

PETRÔNIO — Eles acham que eu vou ceder diante dessas ameaças? As pessoas precisam saber o que acontece por trás das cortinas do governo. Se eles quiserem me matar ótimo, mas eu não vou parar enquanto essa ditadura não ter fim.


ODILON FICA EM UM IMPASSE. PETRÔNIO SE MOSTRA FIRME.


ODILON — (abatido) Eu sinto muito, Petrônio. Mas eu não posso arriscar o bem do meu jornal e das pessoas que trabalham comigo por nossa amizade. Eu contei tudo que eu sei para o governo sobre você. Me perdoe.

PETRÔNIO — (incrédulo) Você fez o que, Odilon? Eu pensei que a gente estava do mesmo lado desds história. Você é meu amigo e mesmo assim você teve coragem de mOk luentregar? Eu confiei em você. É assim que me agradece? 

ODILON — Você não entende, Petrônio. Eu não tinha escolha. Eu não poderia perder tudo que a minha família levou uma vida inteira para conquistar. Eu sinto muito. 

PETRÔNIO — Sempre temos uma escolha. E você fez a sua, Odilon. Eu espero sinceramente que Deus possa te perdoar por esse seu ato. Porque eu não sei o que pensar nesse momento. 


DOIS SOLDADOS DO EXÉRCITO ENTRAM NA REDAÇÃO DO JORNAL E VÃO NA DIREÇÃO DE PETRÔNIO QUE FICA IMÓVEL. 


SOLDADO — Petrônio Duarte…. Você está preso por atos de terrorismo e obstrução da justiça militar. É melhor você não tentar resistir. Vai ser melhor você me acompanhar por vontade própria. 

ODILON — Pode não parecer, mas eu sinto muito que isso esteja acontecendo, Petrônio. Mas eu não podia perder tudo em troca da nossa amizade. Eu Esprit que você entenda. 

PETRÔNIO — Eu espero que você fique em paz, Odilon. Eu não tenho raiva de você. Eu entendo o motivo porque você fez isso, mas uma hora a vida vai te cobrar. 

SOLDADO — Já chega, Petrônio. Eu preciso te levar até o quarto do exército. O General Osório está querendo muito falar com você. E você não tem como adiar isso.


O SOLDADO ALGEMA PETRÔNIO. LOGO DEPOIS PETRÔNIO VAI SENDO LEVADO PRESO DIANTE DOS OLHARES DE TODAS AS PESSOAS QUE ESTÃO NA REDAÇÃO DO JORNAL.

CORTA PARA/


CENA 14. SEDE DO DOI-CODI. CORREDOR. INT/ DIA

A CÂMERA ACOMPANHA MARINA, PACO, NONATO E O CHEFE DA OPERAÇÃO QUE VÃO ANDANDO PELOS CORREDORES DA BASE DA REPRESSÃO. ELES OUVEM GRITOS DE PESSOAS SENDO TORTURADAS. MARINA PARA NA FRENTE DA PORTA EE UNA SALA DE TORTURA E ALGO NEXE ABSURDAMENTE COM ELA.


HOMEM — (irritadiço) Porque foi que você parou, Marina? Nós precisamos continuar e encontrar a sala onde a Isabela está sendo mantida prisioneira. Eu sei que é difícil ouvir esses gritos, mas precisamos ser fortes.

NONATO — Ele está certo, Marina. Agora que nós chegamos até aqui nós não podemos recuar. Não era isso que você queria? Salvar a Isabela? Esse é o único jeito.

MARINA — Vocês não entendem. Eu sinto que eu preciso entrhar por essa porta. Tem alguma coisa né dizendo que eu preciso entrar aí dentro. A minha intuição nunca falha.

PACO — Eu acredito em você, Marina. Até hoje eu me lembro que foi você que sentiu que o meu irmão estava morto. Se você quer entrar nessa sala então é exatamente isso o que nós iremos fazer.


MARINA SEGURA A MÃO DE PACO. ELA TOMA CORAGEM PARA ENTRAR NA SALA DE TORTURA DO DOI-CODI.


HOMEM — Você quer mesmo estragar meses de planejamento nessa operação? Não é só a sua amiga que está presa nesse lugar. Tem pessoas que já morreram aqui. Você sabe disso ou você só não se importa? 

MARINA — (sussurrando) É claro que eu me importo com as outras vítimas que a ditadura faz. Mas você precisa acreditar em mim. Eu sinto que a Isabela está atrás dessa porta. 

HOMEM — Eu espero que você esteja certa, Marina. Porque se você estiver errada eu não sei o que pode nos acontecer. 


MARINA GIRA A MAÇANETA DA PORTA E ENTRA NA SALA DE TORTURAS. A CÂMERA MOSTRA A AFLIÇÃO NO OLHAR DE PACO QUE ESTÁ BEM TENSO. NONATO TOCA NO OMBRO DE DEI SOBRINHO O CONFORTANDO.

CORTA PARA/


CENA 15. CASA DE PETRÔNIO E ISABELA. ENTRADA/ RUA. EXT/ DIA

A CÂMERA MOSTRA DE UMA MANEIRA BEM AMPLA QUE MADALENA ESTÁ SAINDO DA CASA DE PETRÔNIO COM UM SEMBLANTE BEM CARREGADO. WM UM CORTE RÁPIDO A CÂMERA FOCA AGORA EM UM CARRO PARADO A POUCOS METROS DE DISTÂNCIA. DENTRO DO CARRO ESTÁ MÔNICA QUE OLHA COM MUITO ÓDIO NA DIREÇÃO DE MADALENA.


MÔNICA — Então essa é a infeliz que é a filha bastarda do meu pai! Eu não vou deixar que essa maldita atrapalhe os meus planos. Ela precisa morrer. 


MÔNICA GITA A CHAVE DO CARRO E VAI INDO NA DIREÇÃO DE MADALENA. A NOSSA PROTAGONISTA VAI ATRAVESSANDO SEM SUSPEITAR QUE ALGO DE RUIM ESTÁ PARA ACONTECER. QUANDO O CARRO DE MÔNICA ESTÁ PARA ACERTAR MADALENA ELA É SALVA POR CÉLIA QUE ESTAVA PASSANDO BEM NA HORA. MÔNICA DERRAPA O CARRO BRUSCAMENTE. 


MÔNICA — (furiosa) Droga!!!!! Era para eu ter conseguido matar essa bastarda imunda. Mas agora eu preciso ir embora desse subúrbio. Ninguém pode ligar o meu nome a essa tentativa de assassinato. 


MÔNICA ACELERA MAIS UMA VEZ E VAI EMBORA COM MUITA PRESSA. A CÂMERA AGORA MOSTRA MADALENA QUE ESTÁ JOGADA NO CHÃO. ELA É AJUDADA POR CÉLIA, E AMBAS ESTÃO EM ESTADO DE CHOQUE COM O QUE ACONTECEU. 


CÉLIA — Madalena…. Você está bem, minha irmã? (P) Por favor fale alguma coisa. Esse susto que a gente levou foi grande, mas eu estou ficando preocupada com você. 


MADALENA CONTINUA EM SILÊNCIO. O SEU SEMBLANTE É UM MISTO DE CHOQUE E SURPRESA. CÉLIA OLHA PARA ELA. A CÂMERA FOCA NO SEMBLANTE INDECIFRÁVEL DE MADALENA. 


A IMAGEM CONGELA NO OLHAR DE MADALENA. AOS POUCOS A IMAGEM VAI GANHANDO UM TOM EM PRETO E BRANCO. 









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