Cena 01/Praça/Ext/Noite
Zinha vem caminhando com duas beatas.
Zinha - Milagre... Foi milagre o que aconteceu! (T) E não pensem que foi
por merecimento do jovem Pedro, não. Tenho certeza que Deus
poupou a vida dele, pelo pai que ele tem. Pra não te trazer tanto
sofrimento, diante da perda do filho amado, idolatrado...
Cena 02/Bar Turibio/Frente/Ext/Noite
Turibio, Licurgo e Salatiel conversam na porta do bar.
Turibio - Que bom que tudo terminou bem!
Licurgo - Graças Deus! E ao padre Januário, que juntos salvaram a vida do
Pedrinho... Vou acender uma vale pra alma do padre Januário e
agradecer pelo que ele fez.
Licurgo corre em direção a igreja.
Salatiel - Só pode ter sido milagre. Não vejo outra explicação pro Pedro ter
se salvado, diante daquela igreja, que agora que virou ruínas.
Turibio - Você crê em milagres, meu caro? Esses tipos de acontecimentos,
são uma demonstração de que existe um poder, uma força maior,
que rege nosso mundo, colocando a prova os infiéis.
Salatiel sente um calafrio.
Salatiel - Não duvido de nada nessa minha vida. Nesse mundão onde tudo
é possível acontecer!
Cena 03/Hospital/Quarto/Int/Noite
Pedro está deitado na cama. Do seu lado está o médico, com seus exames; Rufino e
Beatriz, que está sentada ao lado de Pedro, na cama, de mãos dadas com ele.
Médico - Seu estado clínico, surpreendentemente, está tudo bem, Pedro.
Não tem nada de errado com seus exames, depois desse susto.
Rufino - E coloca susto nisso, doutor. Um baita susto! Mas Deus nunca
abandona seus filhos, merecedores de sua atenção e do seu zelo,
como meu Pedro.
Pedro - Quando vou ter alta, doutor?
Médico - Como disse seu estado clínico está bom. Mas quero que passe a
noite aqui, em observação. Amanhã mesmo te dou alta e você volta
pra casa.
Rufino - Pra casa mesmo. Você vai voltar pra Jandaia, Pedro.
Pedro - Não posso abandonar meu povo, que agora vai precisar tanto de
mim, pra reconstruir a igreja...
Rufino - Agora você tem uma outra igreja pra preocupar.
Pedro - Como assim, pai?
Rufino - Tenho uma novidade pra te contar, Pedro. Queria te contar em
outra oportunidade. Mas já que Deus quis assim...
Pedro - Fala logo, pai. O que aconteceu?
Rufino - Você é o novo padre de Jandaia, Pedro. Vai assumir o lugar do
falecido padre Januário.
Pedro reage diante da notícia.
Pedro - (sem acreditar) Eu, o novo padre de Jandaia?
Rufino – Não é maravilhoso, meu filho? É a realização de um sonho. A Concretização do meu maior sonho!
Rufino abraça Pedro, que está passado com o fato novo. Beatriz fica incomodada com o Que escuta.
Cena 04/Hospital/Corredor/Int/Noite
Rufino acaba de sair do quarto, junto com Beatriz.
Beatriz – Depois de tudo o que fez, você conseguiu o que você queria...
Rufino – Você não sabe do que está falando, Beatriz...
Beatriz – Sei mais do que você imagina. E por isso te falo uma coisa: um Dia o castigo chega. E ele vem do tamanho do seu pecado!
Rufino se assusta com o que Beatriz fala.
Beatriz – Vou ficar com o Pedro,
Beatriz volta pro quarto. Rufino fica pensativo.
Rufino – Será que ela realmente sabe o que eu fiz?!
Jofre aparece.
Jofre – Já podemos ir, prefeito.
Rufino – Podemos. Amanhã cedo eu volto, pra buscar o Pedro.
Jofre – A Beatriz não vai?
Rufino – Ela não desgruda do Pedro de jeito nenhum. Vai ficar com ele Essa noite. É bom que vamos estar sozinhos e assim temos a nossa Conversa...
Jofre – Sim, senhor.
Rufino – Vamos então?!
Cena 05/Oficina Jeferson/Int/Noite
Jeferson, furioso, joga um objeto na parede.
Jeferson – Nem pra morrer esse desgraçado serve!
Jeferson respira fundo, se acalmando.
Jeferson – Tenho que focar no plano que vai trazer a Rebeca de volta.
Jeferson pega seu celular. Procura na agenda.
Jeferson – Sei que tenho seu telefone... achei!
Jeferson disca.
Jeferson – (cel.) Alô?... Mingau. É o Jeferson, de Jandaia... Lembra de mim?(risos) Tô bem cara. Quero dizer, mais ou menos. É por isso que Estou te ligando. Preciso de sua ajuda pra que eu consiga ficar Bem...(T) Não tá entendendo nada, né? Mas vou te explicar, Pessoalmente. Podemos nos encontrar, meu amigo das antigas?
Cena 06/Casebre Mingau/Int/Noite
Mingau no celular.
Mingau – (cel.) Claro, Jeferson. Tu sabe onde me encontrar... (T) Não se Esqueça que tô te devendo uma, quando tu salvou minha vida. É só Pedir, ou melhor, mandar que eu faço...
Cena 07/Oficina Jeferson/Int/Noite
Jeferson no celular.
Jeferson – (cel.) Amanhã eu apareço aí então... Abraço!
Jeferson desliga. Um sorriso aparece no seu rosto.
Jeferson – (confiante) Vai dar certo... eu sei que vai!
Cena 08/Casa Moisés/Quarto Rebeca/Int/Noite
Rebeca acaba de acender uma vela, perto da imagem de Iemanjá, em cima do seu criado, Ao lado de sua cama, onde senta.
Rebeca – Obrigado por ter salvo a vida do Pedro... não sei o que seria da Minha vida se algum de ruim tivesse acontecido com ele...
Cena 09/Casa Moisés/Int/Noite
Betânia se aproxima da mesa do jantar.
Betânia – A Rebeca já vem pra jantar.
Moisés coloca uma travessa de comida em cima da mesa.
Moisés – Tô muito preocupado com sua irmã, Betânia.
Betânia – Por que, tio?
Moisés – Por essa confusão de sentimentos que ela está vivendo: amar um Homem que é padre, ser amada por outro, quem ela não ama...
Betânia – Já dizia Eça de Queiroz: “Que mérito há em amar quem nos Amam?”
Moisés – O que você quer dizer com isso?
Betânia – A Rebeca nunca vai amar o Jeferson, ou seja lá quem for que Apareça na sua vida. Sabe por que, tio? Porque ela já ama uma Pessoa.
Moisés – Pedro!
Betânia – Um amor eterno, pra toda vida, quantas deles existirem... Algo Que nem o tempo, nem a distância, nem nada, vai fazer com quem Se apague...
Cena 10/Casa Moisés/Quarto Rebeca/Int/Noite
Rebeca está recostada na sua cama, lendo o livro: “Poemas, sonetos e Baladas”, de Vinicius de Moraes. Está lendo o poema: “Soneto da Felicidade”. Inicio do clip rápido, Embalado pela música: Ainda Lembro – Silva .
Rebeca – (voz) “De tudo ao meu amor serei atento. Antes e com tal zelo, e Como sempre, e tanto que mesmo em face do maio encanto dele se Encante mais meu pensamento. Quero vive-lo em cada vão Momento e em seu louvor hei de espalhar meu canto e rir meu riso E derramar meu pranto ao seu pesar ou seu contentamento. E assim, Quando mais tarde me procure quem sabe a morte, angústia de Quem vive, quem sabe a solidão, fim de quem ama. Eu possa me Dizer do amor (que tive): que não seja imortal, posto que é chama, Mas que seja infinito enquanto dure.”
Intercalar com:
Cena 11/Hospital/Quarto Pedro/Int/Noite
Pedro acaba de voltar do banheiro. Beatriz está dormindo no sofá. Pedro pega um cobertor E joga por cima dela, ajeitando-o carinhosamente, lhe fazendo um afago em seus cabelos.
Pedro caminha até a janela e vê a lua. Fica pensativo. Momento. Fim do clip.
Corta para:
Cena 12/Hospital/Capela/Int/Noite
Pedro está ajoelhado em frente ao altar.
Pedro – Me ajuda, meu Pai... não me sinto preparado pra ser o novo padre De Jandaia. Assumir o lugar que padre Januário ocupava. Não me Sinto merecedor dessa posição. Ainda peco em pensamentos, pois Não consigo tirar do meu coração sentimentos que não fazem parte Da vida que eu levo...
Beatriz coloca a mão em seu ombro, lhe assustando.
Pedro – Beatriz? Que susto você me deu! Não estava dormindo?
Beatriz – Não preciso dormir... (T) Não quero que você fique assim.
Pedro – Tá tudo bem. Não se preocupe!
Beatriz coloca a mão em cima do peito de Pedro
Beatriz – Essa angustia aqui dentro, tá dizendo outra coisa... É sobre você Ser o novo padre da sua cidade, não é?
Pedro – Não esperava por isso. Nunca me imaginei ocupando essa Posição... acho que não sou merecedor.
Beatriz – Não diga besteira, Pedro. Você precisa passar por provações, pra Saber qual é realmente seu caminho.
Pedro – Como assim?
Beatriz – Seja forte, Deus está contigo!
Pedro – Você é tão misteriosa, Beatriz. Mas suas palavras me confortam. Sei que posso confiar em você!
Beatriz – E pode mesmo! Só quero seu bem!
Pedro abraça Beatriz.
Cena 13/ Pedreira abandonada/Ext/Noite
Jofre acaba de parar com o carro. Ele desce e abre a porta pra Rufino.
Rufino – Noite formidável, não?!
Jofre – É aqui mesmo?
Rufino – Sim, aqui podemos conversar sem que ninguém nos incomode. Jofre dá uma olhada em volta e não gosta do lugar.
Rufino – Tudo bem pra você?
Jofre, meio amedrontado, respira fundo e fala:
Jofre – Só queria que o senhor soubesse que eu me arrependi muito do Que eu fiz. Não valeu em nada o dinheiro que o senhor me deu. Fiquei muito mal... e só não estou pior, porque a Rebeca se salvou.
Rufino – E acha que abrir o jogo pra polícia vai redimir o que você fez?
Jofre – Acho que pelo menos vai amenizar minha consciência pesada.
Rufino – Tenho uma forma melhor de amenizar sua consciência pesada...
Jofre – Nada que o senhor disser, vai mudar minha decisão.
Rufino – Acho que isso vai sim!
Rufino saca sua arma e aponta pra Jofre, que leva o maior susto.
Rufino – Que foi? Nunca viu uma arma?
Jofre – O que o senhor vai fazer?
Rufino - Vou te mostrar que traição comigo não tem perdão... O salário do pecado é a morte....
Rufino engatilha a arma.
Desse momento, corta para:
FIM DO CAPÍTULO 25
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