CENA 01 - APARTAMENTO - QUARTO - INT. - NOITE.
Fernando e Elisa estão deitados na cama. Ele está lendo um livro, enquanto ela está escrevendo algo em um caderno.
ELISA - Fernando, essa festa vai ter um gasto surreal, tem certeza que podemos fazer isso?
FERNANDO - Mas é claro. Não é para poupar dinheiro, entendeu? O Chris precisa.
ELISA - Às vezes acho que não.
FERNANDO - Não estou entendendo.
ELISA - O Christopher não é um filho comum, Fernando. Tudo pra ele está bem, sempre aceitando as coisas que nós fazemos. Não quero que nosso filho seja alguém que aceite tudo que jogam para ele.
FERNANDO - Você acha que ele não quer essa festa?
ELISA - Eu tenho a mais absoluta certeza, meu amor. O pior é que eu não o vejo empolgado, estamos mais do que ele e isso é um absurdo.
FERNANDO - Você quer cancelar?
ELISA - Acho que é o ideal... Ou podemos criar uma festa com a temática que ele quer.
FERNANDO - Converse com ele e principalmente deixe-o participar das reuniões com a Isabel, afinal o aniversariante é ele, então precisa dar pitaco nas coisas.
ELISA - Eu vou ter uma reunião com ela amanhã, vou buscá-lo no colégio e depois fazemos algo juntos.
FERNANDO - Ótimo, então encontro vocês no shopping a noite.
ELISA - Perfeito.
Elisa beija o marido na bochecha.
LIMA - PERU
CENA 02 - HOSPITAL DE LIMA - RECEPÇÃO - INT. - NOITE
Todos estão se olhando. Marisa está furiosa e Gael observa tudo com muita cautela.
MARISA - A Elena está na UTI por causa do Frank, César!
CÉSAR- Ao menos que o Frank tenha cortado os freios do carro, o que eu acho minimamente impossível, você não deve atacar o seu filho dessa maneira. Está perdendo a sua postura, criando um barraco, enquanto a nossa filha e o nosso genro estão lutando por suas vidas! Egoísmo da sua parte agir dessa forma!
MARISA - Egoísmo?
CÉSAR - Isso mesmo, Marisa. Essa sua estratagema em tentar colocar a culpa no Frank, quando na verdade você deveria estar envergonhada em tratar o seu filho desta maneira.
MARISA - Como ousa a falar dessa forma comigo, César?
CÉSAR - Se você quer continuar criando algum tipo de caso, crie sozinha. Frank, leve o Gael pra casa, peguem um táxi.
FRANK - Eu não quero sair... Quero saber de notícias da Elena.
CÉSAR - Isso não foi um pedido, Frank. Estou ordenando que leve o seu irmão para casa.
Frank assente e puxa Gael. Ambos saem de cena.
MARISA - Você me desmoralizou na frente dos nossos filhos!
CÉSAR - E o que você estava fazendo contra o Frank? Não acha que foi algo ridículo da sua parte? Marisa, eu entendo que você não goste dos nossos filhos, sei que a Elena é a sua filha favorita, mas poderia disfarçar muito bem.
MARISA - Não quero entrar nesta conversa. Acho que seria interessante mandar o Frank e o Gael para morarem com a tia em Londres.
CÉSAR - Vai realmente querer fugir do problema?
MARISA - Tenho meus motivos...
O médico surge na cena tirando as luvas. Marisa e César vão em desespero em direção ao profissional.
MARISA - E então, Doutor?
MÉDICO - Está tudo bem. Ambas as cirurgias ocorreram muito bem.
MARISA - Graças a Deus!
Marisa abraça César.
CENA 03 - AVENIDAS DE LIMA
SONOPLASTIA ON: HOLDING ON AND LETTING GO - ROSS COPPERMAN
A Avenida de Lima se estende majestosamente sob o manto estrelado da noite. As luzes da cidade, pontilhadas ao longo da avenida, lançam um brilho suave que dança sobre o asfalto. Lá no alto, a lua brilha como um farol suave, iluminando as cabeças das palmeiras que se erguem contra o céu noturno.
CENA 04 - CAFETERIA - EXT. - NOITE
Há algumas mesas do lado de fora da cafeteria. Gael e Frank estão sentados. SONOPLASTIA OFF.
GAEL - Você acha que a Elena vai morrer?
FRANK - O quê? Claro que não. Tire isso imediatamente da sua cabeça.
GAEL - É difícil... Eu queria ser como a Elena... Sei lá... Seria bom morar longe da mamãe.
FRANK - Escute bem, não precisa ficar se martirizando por isso, tá bem? A Marisa só tem um jeito estranho diferente de demonstrar que nos ama.
GAEL - Mas ela nunca demonstrou, esse é o verdadeiro problema.
FRANK - Não é bem assim, Gael... Não quero que pense nisso. Vai dar tudo certo, no final.
GAEL - Espero... Mas como está o seu relacionamento com o brasileiro?
FRANK - Não te devo satisfações da minha vida amorosa, Gael. Não seja tão intrometido.
GAEL - Está bem!
Frank fica pensativo.
ARACAJU - BRASIL
CENA 05 - CALÇADÃO - DIA.
Chris está correndo no calçadão. Ele olha para o relógio, mas acaba se esbarrando em um rapaz. Eles dois caem.
CHRIS - Meu Deus, me desculpe! Eu realmente não te vi, estava olhando para o relógio e você surgiu na minha frente.
RAFAEL - Fica tranquilo! Não é como se você tivesse matado um filho de um deputado ou algo assim. A propósito, meu nome é Rafael.
CHRIS - O meu é Christopher, mas todo mundo me chama de Chris.
RAFAEL - Que legal. Você mora por aqui?
CHRIS - Na verdade, sim. E você?
RAFAEL - Eu apenas estou de saída da casa da minha tia, eu estava a visitando com meu irmão, mas eu moro na Barra.
Chris - Acredita que faz anos que não vou na Barra? Preciso ir lá mais vezes.
RAFAEL - Bom, agora você tem um motivo para ir.
Rafael sorri e Chris retribui um sorriso tentando entender a situação. Um homem chama Rafael (15).
RAFAEL - Tenho que ir! Até mais!
Chris acena e Rafael sai de cena.
CENA 06 - CLUB - DEQUE - INT. - DIA.
Elisa e Isabel estão sentadas em cadeiras. Há pessoas dentro da piscina.
ISABEL - O dia está divino.
ELISA - E tem que estar. Esse calor que está fazendo não é nada normal. Certeza que em breve chove.
ISABEL - Até parece que não conhece Aracaju. Aqui é um verdadeiro chove e para, então não duvide que daqui a pouco um temporal vai cair sob nossas cabeças, minha querida.
ELISA - Talvez esse seja o grande problema.
ISABEL - Enfim, vamos parar de bancar as garotas do tempo e vamos falar de negócios. Já fiz algumas inspirações para a festa, é claro que como está tudo em cima da hora, os detalhes precisam ser ajustados o quanto antes, mas já posso afirmar que a festa será falada por meses no estado inteiro.
ELISA - Queria que o Chris estivesse aqui, mas ele está sendo muito passivo em relação a isso.
ISABEL - Ele só precisa estar nos eventos e claro, no dia da festa.
ELISA - São as inspirações dos anos 70?
ISABEL - Sim. Trouxe algumas. Pensei em criar uma verdadeira discoteca dentro do salão principal e aos arredores colocar coisas que remeta a década.
ELISA - Eu acho ótimo
ISABEL - Minha querida, o ótimo é inimigo do bom.
Elisa sorri e Isabel começa a mostrar um caderno cheio de fotos e inspirações.
CENA 07 - OLIMPO REAL - CORREDORES - INT. - DIA.
Chris, Karol, Victor e Nayane andam juntos pelos corredores. Há uma intensa movimentação, alguns alunos correndo.
KAROL - E como foi isso?
CHRIS - Simplesmente acabei me esbarrando com um menino no calçadão e meio que ele me deu um sorriso, senti um pouco de interesse, mas pode ser coisa da minha cabeça.
NAYANE - Tá vendo aí? Talvez seja o universo dando sinais para você não conversar mais com o Peruano.
VICTOR - Ou o universo quer que você escolha.
KAROL - Escolher o que, gente? Ele conheceu o rapaz faz duas horas, também não tem garantia de que eles irão se ver novamente.
CHRIS - Eu amo o jeito que você me deixa com os pés no chão.
KAROL - Estou sendo realista e vocês deveriam fazer o mesmo, tá?
NAYANE - Vou para minha aula que eu ganho mais.
CENA 08 - OLIMPO REAL - LABORATÓRIO - INT. - DIA.
Chris está em frente ao computador do laboratório. Há um silêncio que paira no ambiente. Ele entra no msn e vê Frank online.
CHRIS - Fiquei com medo de você ter me bloqueado, desculpa parecer um louco.
FRANK - Ah, fica tranquilo. Aconteceram umas coisas que não posso dizer no momento, mas estou bem. Está tudo certo por aí?
CHRIS - Estou no laboratório, resolvi entrar no msn de maneira "ilegal" espero que não apareça nenhum coordenador, fora isso, estou bem.
FRANK - Fico feliz com isso, brasileiro. Espero que esteja se alimentando bem e se mantendo saudável
Neste momento, Chris engole em seco.
CHRIS - Estou sim. Podemos nos falar mais tarde?
FRANK - Acho que sim... Não sei se estarei em casa...
CHRIS - Eu entendo.
FRANK - Preciso ir. Até depois. Ah... Christopher...
CHRIS - Sim?
FRANK - Sei que é um cedo para dizer isso, mas por favor, não desiste de mim.
Chris olha para a tela do computador e estranha a mensagem.
CHRIS - Eu não costumo quebrar promessas.
Frank envia um emoji de coração laranja e fica offline.
CENA 09 - HOSPITAL - REFEITÓRIO - INT. - DIA.
Marisa está sentada em uma cadeira. Está trajada com uma roupa all black, um óculos escuro, olhando para o lado de fora do hospital através da janela. César chega e a tira do transe.
CÉSAR - Não vai comer nada?
MARISA - Estou sem fome.
CÉSAR - Ainda está com raiva de mim?
MARISA - Raiva de você, César? Por favor, não queira colocar sua insignificância como algo relevante em minha vida.
CÉSAR - Você se acha muito perfeita, Marisa... Mas vem cá, por qual razão você odeia tanto o Frank e o Gael? Desde sempre percebi a sua indiferença com os meninos, mas sempre tratou a Elena muito bem.
MARISA - Acho muito interessante a forma como você e os outros dois querem deslegitimar o meu papel de mãe.
CÉSAR - Marisa, está óbvia a diferença de tratamento, sempre percebi, mas parece que agora você está com mais raiva deles.
MARISA - Eu não tenho tempo para ficar ouvindo besteiras, César. Estou com a minha filha e o meu genro acamados e preciso ficar perto deles.
Marisa prepara-se para se levantar, mas é surpreendida por uma pergunta de César.
CÉSAR - A Elena é minha filha?
Marisa olha diretamente para César em um rompante.
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