CENA 01/HOSPITAL/SALA DE RESSONÂNCIA/INT/NOITE
RUFINO ESTÁ SENDO EXAMINADO. MOMENTO.
CENA 02/HOSPITAL/SALA ESPERA/INT/NOITE
PEDRO MUITO ANGUSTIADO. REBECA VEM COM UM COPO DE ÁGUA.
REBECA Bebe, vai te ajudar a ficar mais calmo.
PEDRO Obrigado por ter vindo comigo, Rebeca.
REBECA Sou médica, Pedro. Não fiz mais do que minha obrigação.
PEDRO Ele vai ficar bem?
REBECA Ainda é muito cedo pra sabermos... ele está sendo examinado e
logo vamos saber se ele vai ter alguma sequela dessa queda.
PEDRO Deus não vai deixar que nada lhe aconteça.
REBECA (PRA SI) Vaso ruim não quebra!
PEDRO O que disse?
REBECA Nada não. Deixa pra lá!
PEDRO Foi culpa minha. É tudo culpa minha!
Corta para
CENA 03/HOSPITAL/CAPELA/INT/NOITE
PEDRO ESTÁ AJOELHADO, REZANDO.
PEDRO Salve a vida do meu pai, Senhor. Prometo que nunca mais pensar
em largar o sacerdócio e cair no mundo. Serei firme e forte, como
uma rocha, nos votos que fiz. Entregue minha vida a igreja, a vida
religiosa, onde permanecerei pelo rosto dos meus dias na Terra!
Amém!
DO LADO DE FORA DA CAPELA, REBECA OBSERVA PEDRO. UMA
LÁGRIMA ESCORRE. REBECA LIMPA E VIRA-SE, DEPARANDO-SE COM
BEATRIZ.
REBECA Que susto você me deu, Beatriz.
BEATRIZ Não desiste dele, do amor de vocês...
REBECA Que amor, Beatriz? O Pedro não me ama. Ele ama estar
acomodado com a vida que o pai dele lhe impôs.
BEATRIZ Seja forte. Lute por esse amor!
REBECA Joguei a toalha. Entreguei o pontos já...
BEATRIZ Não diga isso! Tudo vai dar certo. Confia em mim?
REBECA Por que eu tenho que confiar em você, Beatriz? Não quero mais
saber do Pedro. Cansei sabe. Cansei!
REBECA VAI EMBORA PEDRO SAÍ DA CAPELA. VÊ REBECA SE
AFASTANDO.
PEDRO Do que a Rebeca cansou, Beatriz?
CENA 04/CASA LICURGO/QUARTO/INT/NOITE
LICURGO DORME. MAS TEM UM SONHO AGITADO, SE MEXENDO, SUANDO
MUITO.
FUSÃO PARA SONHO DE LICURGO:
CENA 05/JANDAIA/PRAÇA/EXT/NOITE
NO MEIO DA PRAÇA UMA CRUZ É LEVANTADA. E LICURGO ESTÁ
CRUFICADO NELA, COMO JESUS CRISTO, COM UM PANO, COBRINDO SEU
SEXO. A CIDADE ESTÁ VAZIA. APENAS PADRE JANUÁRIO PRESENTE,
PARADO, LHE OBSERVANDO. LICURGO SOFRE, CHORA.
LICURGO Me tira daqui, padre. Salve minha vida! Tá doendo muito!
JANUÁRIO Você me matou, Licurgo. Você precisa ser punido pelo que fez!
LICURGO Perdão, padre... perdão!
JANUÁRIO Sinto muito, mas agora já é tarde!
JANUÁRIO VIRA AS COSTAS PRA LICURGO E VAI EMBORA. O TEMPO FICA
ESCURO, NUBLADO. UM VENTANIA SURGE DO NADA. LICURGO LEVANTA
SUA CABEÇA, OLHANDO PRO CÉU.
LICURGO (GRITA) Perdão, Senhor!
CENA 06/CASA LICURGO/QUARTO/INT/NOITE
LICURGO ACORDA DE ROMPANTE, MUITO ASSUSTADO, OFEGANTE.
SENTA NA CAMA, BEBE UM POUCO DE ÁGUA E TENTA SE RECUPERAR DO
SONHO QUE TEVE.
LICURGO Preciso ser perdoado. Preciso contar tudo o que eu fiz, antes que
seja tarde demais!
CENA 07/CASA TURÍBIO/QUARTO BASILEU/INT/NOITE
BASILEU COLOCA ALGUNS ROUPAS EM UMA MOCHILA, JUNTA ALGUNS
PERTENCES E FECHA A MOCHILA. PEGA UMA FOTO DE TINA PERTO DA
SUA CAMA.
BASILEU Se for verdade Tina, não vou te perdoar! Estará tudo acabado
entre você e eu!
CENA 08/CASA GORETE/INT/NOITE
GORETE PEGA UMA CAIXA E SE APROXIMA DA LAMPARINA. ACARICIA
SCARLET E ABRE A CAIXA, REVELANDO O BONECO VODU. GORETE PEGA
O BONECO.
GORETE Rufino Expedito de Moura Alcântara. Esse é você. Seu calvário
vai começar agora. Prepara-se pra sua via dolorosa!
CENA 09/HOSPITAL/SALA ESPERA/INT/NOITE
PEDRO CONVERSA COM O MÉDICO.
PEDRO Então doutor? Saiu o resultado dos exames?
MÉDICO Eu sinto muito, mas seu pai está paraplégico!
PEDRO REAGE.
PEDRO (ABALADO) Paraplégico?!
CENA 10/FLORESTA/EXT/NOITE
UM VENTO FORTE AGITA AS ARVORES.
CENA 11/CASA GORETE/INT/NOITE
GORETE PEGA UMA AGULHA, SEGURA O BONECO NA OUTRA MÃO E
FURA OS DOIS OLHOS DO BONECO.
CENA 12/HOSPITAL/EXT/NOITE
UM RAIO CORTA O CÉU.
CENA 13/HOSPITAL/QUARTO RUFINO/INT/NOITE
RUFINO LEVANTA DE ROMPANTE, GRITANDO, COM A MÃO NOS OLHOS.
CENA 14/HOSPITAL/SALA ESPERA/INT/NOITE
PEDRO Meus Deus!
MÉDICO Estamos fazendo exames mais detalhes, pra avaliar a gravidade da
lesão provocada pela queda...
OS DOIS ESCUTAM OS GRITOS DE RUFINO E CORREM PRO QUARTO.
CENA 15/HOSPITAL/QUARTO RUFINO/INT/NOITE
PEDRO E O MÉDICO ENTRAM CORRENDO E SE APROXIMAM DE RUFINO
CAÍDO NO CHÃO, DESESPERADO, CHORANDO.
RUFINO O que está acontecendo comigo? Não consigo andar e nem
enxergar...
PEDRO E O MÉDICO SE OLHAM.
MÉDICO O senhor não está enxergando?
RUFINO Estou cego, não sinto minhas pernas...
RUFINO SEGURA FIRME EM PEDRO.
RUFINO (DESESPERADO) O que está acontecendo comigo, Pedro? O
que está acontecendo?
DESSE MOMENTO, CORTA PARA:
FIM DO CAPÍTULO 41
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