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SEM FRONTEIRAS - CAPÍTULO 04



CAPÍTULO 04
UMA NOVELA ESCRITA E CRIADA POR: WANDERSON ALBUQUERQUE

LIMA - PERU

CENA 01 - CIRCUITO DE PLAYAS - NOITE

ELENA (GRITA) - O CARRO, PEDRO!

Pedro se assusta e tenta frear. Ele desvia o carro que sobe em uma rampa ao lado do acostamento e acaba capotando o carro inúmeras vezes. O Barulho do carro sendo destruído cada vez mais é ensurdecedor. O carro para. 

Carros ao redor param e pessoas vão até o local e ficam assustadas com o estrago. Um homem pega o telefone e disca um número rapidamente.

HOMEM - Alô? Por favor, acabou de acontecer um acidente terrível aqui no Circuito de Playas!

O som das sirenes são ouvidos. 

CENA 02 - APARTAMENTO - SALA - INT. - NOITE

Marisa está sentada no sofá fazendo crochê. Ela começa a sentir uma angústia forte no peito e passa a mão. Gael aparece na cena.

MARISA (ANGÚSTIA) - Gael, por favor, pegue um copo d'água pra mim. Estou com um aperto no peito muito forte.

Gael fica preocupado e assente. Ele volta com o copo d'água e entrega para a mãe que bebe.

MARISA - Gael, ligue para o seu pai. Eu nunca senti isso antes. Só me vem a Elena na cabeça. Tenho certeza que aconteceu alguma coisa com ela, por favor, ligue para o seu pai.

GAEL - Vou ligar.

MARISA - A Elena... eu sinto que aconteceu alguma coisa com ela.

O rosto de Marisa está aflito.

CENA 03 - SANTOS MARTINI - ESCRITÓRIO - INT. - NOITE.

César arruma a sua mala, quando Desideria entra na sala desesperada.

CÉSAR (ASSUSTADO) - O que aconteceu, Desideria? Que cara é essa?

DESIDERIA (DESESPERADA) - Senhor César, ligaram do seu apartamento e disseram que a sua filha sofreu um acidente grave no circuito de playas agora há pouco.

CÉSAR (GRITA) - O quê? 

César larga a sua mala e sai desesperado da sala.


ARACAJU - SERGIPE

CENA 04 - ORLA DE ATALAIA 

Chris e Karol caminham tranquilamente pela orla. Há crianças brincando e o barulho das ondas do mar ao fundo.

CHRIS - Eu estava precisando sair de casa, essas provas finais estão me dando dor de cabeça.

KAROL - E ainda faltam uns meses para chegarem... Sua única preocupação no momento deveria ser o seu aniversário. Falando nisso, como será?

CHRIS - Ah, nem sei. A única coisa que eu sei sobre é que será no club. 

KAROL - Olha só! Então, a festa será das grandes mesmo. Preciso escolher minha roupa o quanto antes.

CHRIS - Isso me sufoca, sabe?

KAROL - O que exatamente?

CHRIS - Essas escolhas que meus pais fazem sempre por mim. É como se toda minha vida estivesse desenhada por eles. Não posso mover um pouco para o lado que posso estar sendo um péssimo filho para eles.

KAROL - Já tentou conversar com eles sobre isso? Vai ver eles não tem a mesma percepção da situação. Seus pais são tão legais.

CHRIS - São legais, porque não são os seus. Não acho que falar algo vá resolver alguma coisa.

KAROL - Chris, só me promete que não vai...

CHRIS - Acho que é um pouco tarde para você dizer isso. Eu já fiz.

KAROL - Chris... Mas como você está se sentindo? Tem sido recorrente?

CHRIS - Não, eu fiz ontem, hoje tive vontade, mas preferi sair de casa, por isso que te chamei.

KAROL - Fez bem, Chris. Acho que está na hora de voltar para a terapia, não é?

CHRIS - Acho que sim.

Karol e Chris sentam-se em um banco. Ele coloca sua cabeça no ombro de Carol que acaricia os cabelos dele.

KAROL - Estou aqui sempre por você, tá bem?

Chris assente e uma lágrima escorre do seu olho esquerdo.

KAROL - Falou com o peruano depois que chegou do colégio?

CHRIS - Não. Estranhamente ele não estava on-line, mas isso não me incomoda de nenhuma forma.

KAROL - Chris, só toma cuidado com esse coração, tá? 

Chris sorri de canto de boca.

LIMA - PERU

CENA 05 - APARTAMENTO - SALA - INT. - NOITE.

Frank está assistindo TV, ele passa de canal em canal em busca de algo. O telefone que está no móvel ao lado toca. Ele pega o aparelho e atende.

FRANK (TEL.) - ALÔ?

GAEL - (TEL.) - Frank? Estou há vários minutos tentando falar com você! 

FRANK - (TEL.) - O que aconteceu?

GAEL - A Elena e o Pedro sofreram um acidente de carro no circuito de playas e o estado deles é grave! Eu estou aqui no hospital com a mamãe...

Frank leva um choque e deixa o telefone cair.

CENA 06 - HOSPITAL DE LIMA - RECEPÇÃO - INT. - NOITE.

Marisa adentra o ambiente abrindo as portas da recepção desesperada. Seu rosto está vermelho e ela está em prantos.

MARISA - ME DIZ! Eu quero saber da minha filha.

ENFERMEIRA - Por favor, senhora. Se contenha. Nós vamos dar notícias sobre a sua filha, mas preciso do nome dela primeiro.

MARISA - O nome dela é Elena Santos Martini e o meu genro é Pedro Gonzalez. 

A enfermeira pega sua prancheta e visualiza o nome dos dois.

ENFERMEIRA - É, eles estão passando por uma cirurgia neste momento. A senhora precisa aguardar. 

MARISA (CHORANDO) - Moça, por favor, salve a minha filha! Não deixe que ela morra e nem o meu genro.

ENFERMEIRA - A equipe médica já está cuidando disso, senhora. Infelizmente, não estou nessa equipe, mas posso trazer notícias assim que eu tiver.

MARISA - Obrigada.

Marisa vai em direção a um banco e senta-se. Gael aparece e senta-se ao lado da sua mãe.

GAEL - E aí, mãe? Alguma notícia?

MARISA - Ela está no centro cirúrgico. Ela e o Pedro.

GAEL - Fica tranquila, mãe. Eu tenho certeza que vai ser um sucesso e a Elena e o Pedro vão sair dessa.

A porta da recepção se abre. Frank aparece e vai desesperado em direção a mãe e o irmão.

FRANK (DESESPERADO) - Cadê a Elena? Como ela tá?

MARISA (ÓDIO) - A culpa é sua! Se a sua irmã morrer, eu vou te culpar pelo resto da minha vida!

Marisa levanta-se e dá um tapa na cara de Frank. Gael segura a mãe que está com fúria no olhar.

MARISA (FÚRIA) - Se você não fosse tão eloquente, eu tenho certeza que nada disso teria acontecido. Você só me traz desgraça!

FRANK (CHORA) - Você não tem um pingo de compaixão por ninguém! Sempre colocando a culpa nas pessoas ao seu redor, porque na verdade, a grande culpada de tudo é você!

MARISA (RI) - Eu sou a culpada? Pelo quê exatamente?

FRANK - Você nunca foi uma mãe prestativa e tampouco carinhosa. Sempre odiou ter esse rótulo e sempre nos deixou para a babá criar. Não venha me culpar por algo quando na verdade você não fez o mínimo por nós.

MARISA - Saia daqui agora! Saia!

César aparece em cena.

CÉSAR - O Frank não vai a lugar nenhum.

Todos se olham e Marisa olha para o marido com fúria.

ARACAJU - SERGIPE

CENA 07 - APARTAMENTO - BANHEIRO - INT. - NOITE.

Chris está se olhando no espelho. Seu olhar está fixo e ao mesmo tempo perdido. Ele baixa a cabeça e liga a torneira, deixando a água apenas fazendo o único barulho no ambiente. Chris leva dois dedos até a boca e enfia na garganta e acaba vomitando muito. 

CHRIS (CHORA) - Não...

Ele lava as mãos e senta-se no canto do banheiro segurando suas pernas. Chris começa a chorar muito. O choro é abafado pelo barulho da torneira.

FIM DO CAPÍTULO 04



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