Entre Laços Quebrados – 10
CENA 01: BOATE. LAPA. INT. NOITE
[TRILHA ON:Believe - CHER ]
A atmosfera na boate continua elétrica, com luzes coloridas piscando e batidas pulsantes preenchendo o ar. Rubi, Tigre e Leona, estão visivelmente embriagados, seus risos ecoando sobre a música alta.
LEONA: (animada, virando-se para RUBI) Uau, Rubi! Você estava maravilhosa no palco! Arrasou na dança do vogue, garota! Nota 10 com estrelinha de ouro!
RUBI: (rindo, piscando para TIGRE): Ah, obrigada, Leo! Você é a melhor!
Tigre se aproxima de Rubi aos poucos.
TIGRE: (tentando soar casual) Realmente sensacional, Rubi. Você é... hipnotizante.
RUBI: (retribuindo o olhar, um sorriso travesso nos lábios) Obrigada, Tigre. Fico feliz que tenha gostado.
Leona se afasta para pegar mais bebidas, deixando Rubi e Tigre sozinhos por um momento. Tigre observa todo ambiente em volta, e timidamente dá um sorri por estar com Rubi.
TIGRE: (com um toque de nervosismo) Sabe, Rubi... eu queria te dizer...
Rubi o interrompe, colocando um dedo em seus lábios.
RUBI: (com um brilho nos olhos) Não.. Não diga nada, Tigrinho!
Ela o puxa para perto, e ele fica um pouco mais constrangido.
TIGRE: (tímido) Ru..Rubi.
RUBI: (sussurrando) Vamos dançar, Tigre. É a nossa música, irmãozinho.
Sem hesitar, eles se entregam à música, seus corpos se movendo em perfeita sintonia, enquanto a noite se desenrola ao seu redor.
A câmera lentamente se afasta, deixando-os imersos em sua própria bolha de euforia, onde o mundo exterior desaparece e só existe o calor de seus corações batendo em uníssono.
CENA 02: TRANSIÇÃO RIO - BÚZIOS. NOITE / DIA.
[ TRILHA CONT.]
O sol nasce timidamente enquanto um menino caminha pela praia de búzios segurando uma carta.A cidade ganha vida ao seu redor, com os barcos de pesca começando a se mover e os nativos iniciando o dia. Ele chega a uma casa modesta e bate à porta.
CENA 03 - EXT. VILAREJO. BÚZIOS. DIA
[ TRILHA OFF.]
Marlene abre a porta e recebe uma carta de um garoto entregador. Ela agradece e fecha a porta, voltando para a sala.
CENA 04 - CASA DE SERGINHO. INT. DIA
Marlene entrega a carta para Luciana, que a recebe com curiosidade.
MARLENE: Parece que essa carta é para você, querida.
Luciana olha para a carta, surpresa, reconhecendo a caligrafia familiar.
LUCIANA: (Olhos arregalados) É do Otto...
Ela abre a carta com as mãos trêmulas, lendo rapidamente. Os olhos de Luciana se enchem de lágrimas ao ler as palavras de despedida de Otto. Marlene observa com preocupação.
MARLENE: O que houve, Luciana? Está tudo bem?
Luciana balança a cabeça, incapaz de falar, e passa a carta para Marlene. Marlene lê a carta, seu rosto expressando choque e compaixão. Ela se aproxima de Luciana e a abraça com carinho.
MARLENE: Sinto muito, querida. Estamos aqui para o que precisar.
Luciana se permite desabar, segurando a carta enquanto as lágrimas rolam pelo seu rosto.
CENA 05: HOSPITAL VITAL ROSSI. INT. DIA.
Guilherme e Heloísa, entram no hospital. Guilherme está vestido com seu jaleco branco, enquanto Heloísa segura sua bolsa com firmeza, um olhar preocupado em seu rosto.
HELOÍSA: (suspirando) A consulta com a Dra. Virginia sempre me deixa nervosa.
GUILHERME: (sorrindo) Ela é ótima, amor. Está tudo bem.
Guilherme olha para Heloísa, notando sua expressão tensa.
GUILHERME: Algum problema?
HELOÍSA: (hesitante) Não meu bem, nada. Só estou um pouco cansada.
GUILHERME: (preocupado) Você está se cuidando direitinho, né? Tomando os remédios?
Heloísa assente, mas seu olhar se desvia.
HELOÍSA: Claro, Guilherme. Não se preocupe.
Guilherme franze o cenho, percebendo a hesitação dela.
GUILHERME: Heloísa, você parece nervosa. Tem algo que não está me contando?
Heloísa congela por um momento.
HELOÍSA: (evitando o olhar dele) Não é nada, Guilherme. Só estou um pouco ansiosa com essa gravidez, só isso.
Heloísa olha ao redor, sua expressão se tornando aflita.
VOZES (V.O.): Você está mentindo. Você sabe, está mentindo.
Heloísa fecha os olhos por um momento, pressionando as têmporas com os dedos.
GUILHERME: (preocupado) Heloísa, o que foi? Você está bem?
HELOÍSA: (irritada) Sim, Guilherme, estou bem! Que droga! Vou logo fazer essa consulta.
Ela começa a andar em direção à sala de espera, deixando Guilherme para trás. Ele a observa preocupado.
CENA 06: CONSULTÓRIO GINECOLÓGICO. INT.
Heloísa está sentada nervosa na sala de espera. A porta se abre e Dra. Virginia aparece, sorrindo calorosamente para Heloísa.
DRA. VIRGINIA: (com um sorriso tranquilizador) Heloísa, que bom te ver! Como você está se sentindo hoje?
HELOÍSA: (sorri forçadamente) Ah, estou mais ou menos... nervosa, sabe?
DRA. VIRGINIA: Não se preocupe, estamos aqui para cuidar de você. Vamos para o consultório?
Heloísa acena com a cabeça e segue Dra. Virginia até o consultório. Ela se senta na cadeira enquanto Dra. Virginia revisa seu prontuário.
DRA. VIRGINIA: Então, Heloísa, como tem sido os sintomas ultimamente?
HELOÍSA: (hesitante) Bem, as cólicas estão mais fortes, e tenho tido mais dores durante... bom, você sabe.
DRA. VIRGINIA: Entendo. Vamos fazer um exame para ver como está a situação. (ela se levanta e pega alguns instrumentos) Não se preocupe, será rápido.
Dra. Virginia realiza o exame com cuidado enquanto Heloísa tenta relaxar o máximo possível.
DRA. VIRGINIA: (após o exame) Bem, parece que a endometriose está um pouco mais agressiva do que esperávamos. Vou prescrever um novo tratamento para você.
Ela pega sua receita e começa a escrever enquanto Heloísa observa com expectativa.
HELOÍSA: (esperançosa) Espero que funcione desta vez.
DRA. VIRGINIA: (colocando a caneta de lado e olhando para Heloísa com compaixão) Vai funcionar, Heloísa. Estamos juntas nessa. Além do tratamento medicamentoso, vamos começar com sessões de fisioterapia para ajudar no controle da dor.
Heloísa sorri, sentindo-se reconfortada pela confiança de Dra. Virginia.
HELOÍSA: Obrigada, Virginia. Não sei o que faria sem você.
DRA. VIRGINIA: (colocando a mão no ombro de Heloísa) Você não precisa agradecer. Estou aqui para cuidar de você, sempre. (pausa) A propósito, quando você vai contar para o Guilherme, que não está grávida?
HELOÍSA - Eu não posso, Virginia! O Guilherme está se sentindo realizado no nosso casamento, como se fosse a primeira vez que eu tenha visto ele dessa forma. Eu não quero machucar ele.
CENA 07: INT. CORREDORES DO HOSPITAL VITAL ROSSI - DIA
Guilherme, Stenio (Tony Ramos) e Otávio caminham pelos corredores movimentados do hospital. Stenio segura um envelope elegante.
STENIO: (sorrindo) E então, Otávio, já decidiu quem vai levar como acompanhante para o leilão?
OTÁVIO: (nervoso) Ah, ainda não... Estou pensando em algumas opções.
GUILHERME: (empolgado) O evento vai ser incrível! Mal posso esperar para ver as peças sendo leiloadas.
STENIO: (entrega o envelope para Otávio) Bom, aqui está o seu convite, Otávio. E não se preocupe, veio com um par.
Otávio pega o envelope e o abre, revelando o convite dentro.
OTÁVIO: (surpreso) Ah, obrigado, Stenio! Mas, espera... (lendo) "Acompanhante obrigatório"?
STENIO: (com um sorriso travesso) Sim, isso mesmo. Não queremos ninguém solteiro no meio da festa, não é?
Guilherme ri enquanto Otávio olha para o convite, desconcertado.
OTÁVIO: (desconfortável) É, claro... Eu vou dar um jeito nisso.
GUILHERME: (animado) Não se preocupe, Otávio, tenho certeza de que vai encontrar alguém incrível para te acompanhar.
Os três continuam caminhando pelos corredores, enquanto Otávio fica para trás, visivelmente preocupado com a situação.
OTÁVIO: (para si mesmo) Trazer alguém... Fácil falar, difícil fazer.
O ambiente fica mais silencioso enquanto Otávio se afasta, perdido em seus pensamentos, deixando uma atmosfera desconfortável no ar.
CENA 08: CIDADE DO RIO DE JANEIRO. TIME LAPSE.
[ TRILHA ON: Samba de Verão - Caetano Veloso]
O sol se põe sobre o Rio de Janeiro. As luzes da cidade começam a brilhar enquanto a noite avança. Na Urca, as ruas tranquilas ganham vida com o movimento suave dos moradores. Um homem para em um mirante, absorvendo a serenidade do momento. O mar balança os barcos suavemente, enquanto o céu se enche de estrelas.
CENA 09: INT. MANSÃO - SALA DE ESTAR - DIA
[ TRILHA OFF ]
Hilda (Selma Egrei) desembarca em sua casa, após a rápida viagem para a Itália, visivelmente cansada. Ela é acompanhada por Stenio, seu marido.
Hilda carrega uma pequena mala enquanto Stenio traz uma mala maior. Eles entram na sala, onde o clima parece tenso desde o início.
HILDA: (suspirando) Finalmente em casa. Senti falta dos nossos filhos, Stenio. Como estão eles?
STENIO: (com um ar de desdém) Guilherme e Heloisa estão bem, como sempre. E Otto... bom, você sabe onde ele está.
Hilda olha para Stenio, preocupada.
HILDA: E como está Otto? Tem tido notícias dele?
STENIO: (irritado) Não sei por que você insiste nisso, Hilda. Otto está onde deveria estar, considerando suas escolhas.
HILDA: (defensiva) Ele é nosso filho, Stenio! Não podemos simplesmente ignorá-lo enquanto ele está na prisão.
Stenio solta um suspiro exasperado, os olhos se estreitando.
STENIO: Você sempre foi cega quando se trata dele. Ele não é mais uma criança, Hilda. Ele precisa enfrentar as consequências de suas ações.
HILDA: (com lágrimas nos olhos) Mas ele é meu filho, Stenio. Eu não posso simplesmente virar as costas para ele.
A discussão aumenta de tom, os dois começam a gritar um com o outro, suas vozes ecoando pela sala. Hilda parece estar à beira das lágrimas, enquanto Stenio está visivelmente furioso.
STENIO: (gritando) Você sempre o protegeu demais, Hilda! É por isso que ele nunca aprende!
HILDA: (chorando) Eu só quero ajudá-lo, Stenio. Por favor, entenda.
Antes que a briga possa continuar, a porta se abre e Dante, entra correndo na sala, com um sorriso radiante ao ver a mãe.
DANTE: Mãe! Você está de volta!
Hilda olha para Dante com um olhar frio, suas emoções contidas.
HILDA: Ah, você está aqui.
Ela faz um gesto indiferente em direção a Dante, antes de se virar de volta para Stenio, ignorando-o completamente.
HILDA: (para Stenio) Você vai precisar tomar uma decisão sobre Otto. Não podemos deixá-lo apodrecendo na prisão para sempre.
Enquanto Hilda volta sua atenção para a discussão com Stenio, Dante fica de pé no canto da sala, seu sorriso desaparecendo lentamente enquanto ele observa a frieza da mãe.
CENA 10: INT. SUÍTE DO HOTEL - NOITE
Otávio entra no quarto com um semblante cansado após um longo dia de trabalho. Ele olha para o relógio em seu pulso, marcando tarde da noite. Otávio respira fundo, pronto para relaxar.
Ele senta em uma mesa com o telefone, e disca um número familiar. A ligação chama algumas vezes até ser atendida.
CENA CORTA PARA:
CENA 11: CASA DE DÉBORA. INT. NOITE
Débora segura seu telefone com ansiedade enquanto escuta a ligação.
DÉBORA: (Com ternura) Otávio, finalmente! Senti tanto a sua falta...
A voz de Débora é interrompida quando ouve um ruído ao fundo. Ela percebe a hesitação na voz de Otávio.
OTÁVIO: (Com pressa) Débora, amor, eu... eu lamento, mas algo urgente surgiu no trabalho. Eu preciso resolver isso agora. Desculpe, querida, vou ter que desligar.
DÉBORA: (Desapontada) Mas, Otávio...
A ligação é encerrada abruptamente. Débora olha para o telefone em sua mão, um misto de tristeza e preocupação em seu rosto.
CENA CORTA PARA:
CENA 12: INT. SUÍTE DO HOTEL. NOVAMENTE.
Otávio está de pé perto da janela, observando a cidade noturna. Ele escuta uma batida na porta e se vira, com uma expressão de expectativa.
OTÁVIO: (Chamando) Entre.
A porta se abre, revelando Rubi, usando um vestido provocante e um sorriso cativante. Ela adentra o quarto com um ar de mistério.
RUBI: (Com um sorriso malicioso) Desculpe a demora, gatinho. Espero que tenha sido digna de espera.
Otávio sorri, encantado pela presença de Rubi. Ele se aproxima dela com um embrulho elegante em suas mãos.
OTÁVIO: (Com entusiasmo) Rubi, querida, trouxe algo para você.
Ele estende o embrulho para ela, que o recebe com curiosidade. Rubi abre o presente, revelando um vestido deslumbrante e um par de sapatos combinando.
RUBI: (Surpresa) Oh, Otávio, é maravilhoso! O que é tudo isso?
OTÁVIO: (Com um brilho nos olhos) Um convite para o leilão beneficente do hospital. E eu adoraria ter você ao meu lado.
Rubi olha para Otávio, tocada pelo gesto e pelo convite.
RUBI: (Suavemente) Eu adoraria acompanhá-lo, Otávio. Será uma noite inesquecível.
Os dois se aproximam, compartilhando um momento de cumplicidade antes de se prepararem para a noite que está por vir.
CENA 12: CASA DE DÉBORA. INT.
Débora está sentada no sofá, segurando seu telefone com uma expressão triste no rosto. Ela está visivelmente abatida após Otávio derrubar a ligação abruptamente. O silêncio paira no ambiente enquanto ela coloca o telefone no lugar novamente
DÉBORA: [suspira pesadamente e fecha os olhos, tentando conter as lágrimas]
O som da porta se abrindo ecoa pelo apartamento e Joana, mãe de Débora, entra no cômodo. Ela percebe imediatamente a expressão abatida da filha e se aproxima preocupada.
JOANA: Querida, o que houve? Você parece tão triste.
DÉBORA: [levantando os olhos para encarar a mãe, forçando um sorriso fraco] Ah, nada, mãe. Só uma briga boba com o Otávio.
JOANA: [sentando-se ao lado de Débora, colocando uma mão reconfortante em seu ombro] Não parece ser apenas uma briga boba. Você está tão abatida. O que realmente aconteceu?
DÉBORA: [baixando o olhar novamente para o telefone] Ele simplesmente derrubou a ligação, mãe. Nem mesmo me deu uma explicação. Parecia tão distante, tão... diferente.
JOANA: [franzindo a testa, sua preocupação aumenta] Hmm, isso é estranho. Você acha que ele pode estar escondendo algo?
DÉBORA: [engolindo em seco] Eu não sei, mãe. Eu não quero pensar nisso, mas... às vezes, parece que ele está escondendo algo de mim.
JOANA: [com um olhar determinado] Querida, eu sei que é difícil considerar essa possibilidade, mas você precisa ser honesta consigo mesma. Se algo está errado, você tem o direito de saber. Não tenha medo de confrontá-lo e descobrir a verdade. Se ele realmente te ama, ele vai entender suas preocupações.
DÉBORA: [assentindo lentamente, as lágrimas começando a rolar por suas bochechas] Obrigada, mãe. Eu vou conversar com ele. Eu só... preciso saber a verdade, não importa o quão dolorosa possa ser.
JOANA: [abraçando Débora com carinho] Estarei aqui para você, minha querida
CENA 13: PENSÃO DE INÁ. QUARTO. INT.
[INSTRUMENTAL:Mulheres Apaixonadas Instrumental - Lembranças]
Iná está sentada em sua cama, olhando para o vazio. A solidão paira sobre ela. Ela se levanta, decidida, e pega um casaco.
INÁ: (sussurrando para si mesma) Preciso sair daqui...
CENA 14: EXT. PRAIA DE BÚZIOS.
[ INSTRUMENTAL CONT. ]
A praia está deserta, iluminada apenas pela luz da lua e das estrelas. Iná caminha sozinha pela areia, perdida em seus pensamentos. Ao longe, o som suave das ondas quebrando.
INÁ: (para si mesma) Como cheguei a esse ponto? Por que tudo tem que ser tão complicado?
Enquanto isso, Luciana caminha pela mesma praia, também absorta em seus pensamentos, olhando para o horizonte. Ela suspira, preocupada com sua mãe.
LUCIANA: (murmurando) Será que ela está bem? Por que ela age assim?
Iná continua a caminhar, ignorando o mundo ao seu redor. De repente, ela levanta os olhos e vê Luciana à distância. Surpresa, ela para por um momento.
INÁ: (com voz fria) O que você está fazendo aqui?
Luciana se aproxima, seu rosto mostrando tristeza e preocupação.
LUCIANA: (sentimental, surpresa) Mãe! Eu... eu estava pensando em você, mãe. Eu me preocupo.
[ A cena se encerra em um close de mãe e filha, mostrando um lado a tristeza do abandono, do outro o misto de solidão e amargura ]
Fim do capítulo.
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