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Entre Laços Quebrados - Capítulo 12

 

 


ENTRE LAÇOS QUEBRADOS | CAPÍTULO 12
Criada e escrita por: Vicente de Abreu
Produção Artística: Ezel Lemos


Essa obra pode conter representações negativas e estereótipos da época em que foi realizada


ANTERIORMENTE..


CENA 01: MORRO DA BABILÔNIA. QUARTO DE HOTEL | INT. | DIA.

Hilda entra em um quarto escuro que contrasta apenas com a luz do sol que entra pelas janelas de madeira antigas. Ela parece nervosa enquanto olha ao redor, percebendo que não está sozinha. Das sombras, surge Otto.

HILDA: (emocionada) Otto!

Hilda se aproxima rapidamente do filho, seus olhos brilhando com lágrimas de alegria. No entanto, sua expressão logo se transforma em uma mistura de emoções quando ela percebe que algo está errado.

HILDA: (com tensão) O que você está fazendo aqui? Você não deveria estar...

OTTO: Eu sei que não era para estar aqui, mas eu preciso te contar uma coisa, mãe. 


CONTINUAÇÃO:


CENA 02: QUARTO DE HOTEL | INT. | DIA.

HILDA : É bom que tenha uma boa desculpa! 

OTTO: (cabisbaixo) Mãe, eu precisava falar com você. Eu... eu conheci uma moça em Búzios.

Hilda arregala os olhos, claramente surpresa.

HILDA: E desde quando você se mete com moças em Búzios? Qeu eu me lembre você não foi lá para isso, Otto.

OTTO: (evitando o olhar da mãe) É... é uma longa história. Mas o que importa é que... eu a deixei lá.

HILDA: (incrédula) Você a deixou lá? Otto, pelo amor de Deus, você está me dizendo que...?

OTTO: (interrompendo) Que ela está grávida, sim.

Hilda se levanta abruptamente, seus olhos faiscando de raiva.

HILDA: (gritando) Você engravidou uma mulher em Búzios?!

OTTO: (enquanto Hilda se aproxima, visivelmente assustado) Eu sei que foi errado, mãe. Eu sei! Mas eu não sabia o que fazer!

Hilda para diante de Otto, com as mãos tremendo de raiva.

HILDA: (em tom cortante) Você deveria ter pensado nisso antes de agir feito um irresponsável! Como você pôde fazer isso com ela, comigo, com você?!

OTTO: (com os olhos marejados) Eu sei que errei, mãe. Eu só... eu só precisava que você soubesse.

HILDA: (após um momento de silêncio, mais calma, mas ainda furiosa) O que você pretende fazer?

OTTO: Eu deixei uma carta para ela, dizendo que precisei ir embora, que não estava pronto.

HILDA: Ótimo! Mamãe vai dar um jeito, filhinho. 


CENA 03: MANSÃO ROSSI. INT. SUÍTE - MANHÃ

Heloísa acorda em sua suíte luxuosa. Ela esfrega os olhos, tentando despertar da névoa do sono. Guilherme, seu marido, já se foi para o trabalho no hospital.

Ela se senta na cama, a respiração pesada, os olhos fixos no vazio. Sua mão desliza sobre a protuberância falsa de sua barriga, uma grotesca prótese que a engana e a todos ao seu redor. Heloísa fecha os olhos com força, tentando bloquear os sussurros que ecoam em sua mente.

HELOÍSA: (sussurrando para si mesma) Por favor, parem... parem...

Mas as vozes persistem, sibilando, rindo, zombando dela. Seus dedos tremem enquanto ela tenta se agarrar à sanidade que escapa por entre seus dedos como areia fina.

De repente, uma voz corta o ar, clara e firme, emergindo de sua mente como uma lâmina afiada.

VOZ 1: Você não é nada além de uma farsa. Um engano ambulante.

Heloísa grita, agarrando sua cabeça com as mãos.

HELOÍSA: Não! Pare! Por favor...

Nesse momento, a voz de Guilherme ressoa do andar de baixo, distante, mas reconfortante.

GUILHERME (VOZ OFF): Heloísa, eu vou sair agora. Você precisa descansar, querida.

As vozes riem, zombando da tentativa de conforto de Guilherme.

VOZ 2: Ele não tem ideia do que você realmente é. Um monstro. Uma fraude.

As palavras das vozes ecoam na mente de Heloísa, envolvendo-a em uma teia de paranoia e desespero.

Ela se levanta abruptamente, o coração martelando em seu peito. O quarto começa a girar ao seu redor, os móveis parecem dançar ao som de uma sinfonia distorcida. Heloísa corre para o armário, vestindo-se com uma pressa frenética, como se estivesse sendo perseguida por demônios invisíveis.

HELOÍSA: (gritando, desesperada) Chega! Chega!

Ela agarra sua bolsa, os passos ecoando no corredor enquanto ela foge da prisão de sua própria mente. A câmera a segue enquanto ela desce as escadas, seus cabelos desgrenhados e os olhos selvagens, uma mistura de terror e determinação.

A porta da suíte se fecha com um estrondo surdo, deixando para trás um rastro de loucura e desespero.


CORTA PARA:


CENA 04: INT. CLÍNICA MÉDICA - DIA

Heloísa, percorre os corredores de uma clínica médica movimentada. Ela observa com admiração as mulheres grávidas que aguardam suas consultas, acariciando ternamente suas barrigas inchadas. Crianças recém-nascidas são embaladas por mães carinhosas, preenchendo o ambiente com suspiros suaves e murmúrios de ternura.

Passado os minutos, o som de seu nome sendo chamado a traz de volta à realidade. Com um rápido ajuste em sua postura, Heloísa se levanta de seu assento e caminha em direção ao consultório do Dr. Raul, um médico obstetra respeitado na comunidade.


CENA 05: INT. CONSULTÓRIO DO DR. RAUL - CONTINUAMENTE

Heloísa entra na sala de consulta, onde o Dr. Raul (Julio Andrade) está revisando alguns arquivos médicos. Seus olhares se encontram, e uma expressão de surpresa e reconhecimento ilumina o rosto do médico.

DR. RAUL: (nervoso) Heloísa? Não esperava vê-la por aqui.

Heloísa força um sorriso nervoso.


CENA 06: HOSPITAL PÚBLICO | BÚZIOS | INT.

O sol da manhã ilumina a ala pré-natal, onde futuras mães aguardam ansiosamente por consultas e exames. Enfermeiras atenciosas fornecem suporte e cuidado, enquanto médicos monitoram de perto o desenvolvimento dos bebês por nascer. O ambiente é calmo, mas cheio de expectativa e esperança enquanto cada mãe aguarda o momento especial da chegada de seu filho.


Luciana aguarda ansiosa por sua consulta de pré-natal, acompanhada por Serginho. 

LUCIANA: (nervosa) Mal posso esperar para ver o bebê.

SERGINHO: (sorrindo) Vai dar tudo certo, Lu. Você vai ver.


Os dois dão as mãos. O som de uma porta se abrindo os faz virar suas cabeças para ver o médico, um homem de meia-idade com um sorriso caloroso.

MÉDICO: Luciana dos Santos González?

Luciana se levanta rapidamente, pegando a bolsa enquanto Serginho a segue.

LUCIANA: (sorrindo) Aqui, doutor.

MÉDICO: (gentilmente, para Serginho) E você deve ser o pai?

Serginho se engasga com a pergunta, claramente desconfortável. Ele olha para Luciana, buscando orientação.

SERGINHO: Ah, não, doutor. Eu sou apenas o amigo dela, o pai...

LUCIANA: (interrompendo) Ele é o padrinho, doutor. E meu melhor amigo.

O médico acena com a cabeça, compreensivo, mas uma pequena tensão paira no ar.

MÉDICO: Entendo. Por favor, me acompanhem.

Eles seguem o médico para o consultório.

LUCIANA: (sussurrando para Serginho) Que situação constrangedora.

SERGINHO: (sussurrando de volta) Desculpa, Lu. Eu não esperava isso.

Eles entram no consultório, onde a câmera se afasta, deixando-os para sua consulta enquanto a porta se fecha. 


CENA 07: RUAS DA LAPA. EXT.

Rubi e Leona saem do salão de beleza, o sol brilhando alto no céu. Elas caminham pela movimentada rua da Lapa, observando as lojas e os transeuntes.


LEONA: (empolgada) Rubi, olha só, aquele ponto está alugando.

Rubi segue o olhar de Leona e vê um ponto comercial com uma placa de "Aluga-se" na frente.


RUBI: (com um sorriso triste) Lembra da primeira vez que entramos aqui?

LEONA: (assentindo) Como poderia esquecer? Foi como abrir uma porta para um mundo totalmente novo.

Rubi e Leona se recostam na parede oposta à boate, olhando para o céu enquanto as memórias fluem.

RUBI: (com um nó na garganta) Madame Carmen era como uma mãe para nós, não é mesmo?

LEONA: (com os olhos marejados) Sim, ela era. Nos ensinou muito mais do que apenas dançar. Mas eu a prometi, que honraria o seu legado.

RUBI: (curiosa) O que você está pensando?

LEONA: (sorrindo) Eu estava pensando em abrir algo para mim. Sempre sonhei em ter meu próprio negócio. Uma boate!

RUBI: (animada)Ah, não brinca Leo! Isso seria incrível! Tenho certeza de que seria um sucesso. 

Leona sorri, inspirada pelas palavras de Rubi. Elas se aproximam do ponto comercial, observando-o mais de perto.

LEONA: (determinada) Vou entrar em contato com o proprietário e ver o que posso fazer. Quem sabe este seja o começo de algo grande.

RUBI: (apoiando) E vai ser, mãezinha! E eu estarei aqui para te ajudar em tudo que precisar.

Leona sorri, grata pela amizade e pelo apoio de Rubi. Elas continuam caminhando pela rua da Lapa, enquanto Leona começa a planejar todos os detalhes de sua futura boate.



CENA 08: INT. CLÍNICA MÉDICA - DIA

Dr. Raul parece ainda tenso com a chegada de Heloísa em sua clínica. 



DR. RAUL: (surpreso) Você ainda não me disse, Heloísa. O que faz aqui?

Heloísa hesita por um momento, nervosa. Ela coloca uma pequena mala sobre a mesa de Raul, que olha para ela com curiosidade.

HELOÍSA: Preciso da sua ajuda, Raul. É urgente.

DR. RAUL: Não nos vemos há anos e agora você aparece assim, do nada. O que está acontecendo?

Ela coloca uma pequena mala sobre a mesa de Raul, que olha para ela com curiosidade.

HELOÍSA: Não posso... engravidar. E o Guilherme... ele nunca saberia aceitar isso, Raul!

 Raul sente o coração apertar com as palavras de Heloísa, enquanto ela revela o conteúdo da mala: uma montanha de dinheiro

DR. RAUL: Você veio até aqui para me pedir para...

HELOÍSA: Fingir uma gravidez. Eu preciso de você, Raul. Mais do que nunca.

A angústia na voz de Heloísa é palpável, suas palavras ecoando através do espaço tenso da sala.

DR. RAUL: Você sabe o que está pedindo? O que isso implica?

Heloísa fixa seu olhar nos olhos de Raul, a intensidade de sua súplica cortando o silêncio.

HELOÍSA: Eu sei. Mas não posso enfrentar isso sozinha.

Raul luta para encontrar uma resposta diante do dilema moral que se apresenta.

DR. RAUL: Você está me pedindo para atravessar uma linha que não podemos desfazer.

Heloísa segura a mão de Raul, seus dedos trêmulos transmitindo a urgência de sua situação.

HELOÍSA: Por favor, Raul. Não me deixe sozinha nesta escuridão.

Raul encara Heloísa, ciente de que suas decisões irão moldar o destino de ambos. Em um momento de resignação, ele assente, aceitando a carga que o destino colocou em seus ombros.

DR. RAUL: Vamos fazer isso. Mas esteja ciente das consequências. Elas serão devastadoras.

Heloísa assente, agradecida pela esperança que Raul lhe oferece em meio ao desespero.


CENA 09: CIDADE DO RIO DE JANEIRO. INÍCIO DA TARDE. 


[TRILHA ON: O Barquinho- NARA LEÃO ]

À tarde, o Rio de Janeiro se ilumina com tons dourados, enquanto na Praia do Leme, as ondas suaves e o vento quente convidam as pessoas para um passeio tranquilo. O calçadão movimentado oferece uma mistura de cores, sons e aromas, enquanto o sol se põe no horizonte, pintando o céu com tons de laranja e rosa. É um momento de contemplação, onde a cidade se une em harmonia com a natureza, criando memórias que perdurarão para sempre.



CENA 10:  INT. QUARTO | HOTEL - TARDE


[ TRILHA OFF ] 

Hilda e Otto estão sentados em poltronas confortáveis, conversando animadamente. Uma bandeja de petiscos vazia está sobre a mesa de centro, indicando que eles já compartilharam um lanche. Hilda se levanta, olhando para o relógio na parede.

HILDA: (com um suspiro) Oh, meu querido Otto, eu adoraria ficar mais tempo, mas preciso mesmo ir.

OTTO: (com uma expressão de desapontamento) Mas já, mãe? Mal tivemos tempo juntos.

HILDA: Eu sei, querido, e a culpa é minha por não poder ficar mais. Mas prometo que voltarei em breve.

(Otto olha para baixo, desanimado.)

(Hilda sorri, acariciando o rosto de Otto.)

HILDA: Eu estou trabalhando em algo especial para você, meu amor. Um lugar só seu, onde você poderá viver confortavelmente.

(Otto fica surpreso, olhando para a mãe com admiração.)

OTTO: Sério, mãe? Um lugar só meu?

(Hilda assente, sorrindo com ternura.)

HILDA: Sim, querido. Mas ainda não está pronto. Preciso resolver algumas coisas antes de poder te dar as chaves.

(Otto parece um pouco desapontado, mas depois sorri para a mãe.)

OTTO: Tudo bem, mãe. Eu esperarei.

(Hilda beija a testa de Otto, segurando suas mãos.)

HILDA: Obrigada por entender, meu amor. Eu prometo que não será muito tempo. E enquanto isso, você pode ficar aqui no hotel, certo?

(Otto assente, abraçando a mãe com carinho.)

OTTO: Claro, mãe. Estarei esperando por você.


CENA 11: INT. CASA DE SERGINHO - TARDE

Luciana e Serginho com um sorriso contagiante, entram na casa. Marlene, a mãe de Serginho, está na cozinha, preparando um delicioso bolo. Ao ver os dois chegando, ela sorri e se aproxima.

MARLENE: (Olhando para Luciana e Serginho) Olá, meus queridos! Que bom vê-los tão felizes.

Luciana e Serginho se abraçam, exibindo uma cumplicidade palpável.

LUCIANA: (Movendo-se para a cozinha) Marlene, está tudo tão cheiroso por aqui! Você realmente se superou hoje.

MARLENE: (Ainda sorrindo) Obrigada, minha querida. Quero que se sinta em casa cada vez mais.

Serginho se aproxima de Marlene e a abraça carinhosamente.

SERGINHO: (Vibrante) Mãe, você é incrível!

Marlene retribui o abraço com ternura, olhando com admiração para seu filho.

LUCIANA: (Sorrindo) Serginho, Marlene... Há algo que gostaria de compartilhar com vocês.

Marlene e Serginho trocam olhares curiosos, percebendo a seriedade na expressão de Luciana.

LUCIANA: (Nervosa, mas animada) Decidi que quero dar um novo passo em minha vida e de meu filho, junto com vocês. E não consigo pensar em ninguém melhor para compartilhar esse momento comigo.

Serginho e Marlene agora estão completamente envolvidos na revelação de Luciana.

SERGINHO: (Curioso) Do que se trata, Luciana?

LUCIANA: (Acena para Serginho e Marlene se aproximarem) Quero convidá-los para serem os padrinhos do meu filho.

Os olhos de Marlene e Serginho se enchem de lágrimas de felicidade e surpresa.

MARLENE: (Emocionada) Oh, meu Deus! Luciana, isso é maravilhoso!

SERGINHO: (Abraçando Luciana com força) Então era sério? Eu adoraria ser padrinho do seu filho!

Marlene se junta ao abraço, envolvendo Luciana e Serginho em um gesto de amor e aceitação.

MARLENE: (Emocionada) Nós aceitamos, é claro!

LUCIANA: (Com lágrimas nos olhos) Muito obrigada por fazerem parte disso comigo. Vocês são como família para mim, e eu não sei o que seria de mim sem vocês. 

A cena termina com os três abraços, compartilhando risos e lágrimas de alegria, enquanto o aroma do bolo delicioso preenche o ar.


CENA 12: BAIRRO DA URCA. RIO. EXT. INICIO DE NOITE. 

[TRILHA ON: All The Things She Said- T.A.T.U ] 

Na orla da Urca à noite, o ambiente é agitado e aconchegante. Casais passeiam animados, enquanto os quiosques à beira-mar servem petiscos tentadores. O Pão de Açúcar iluminado destaca-se no horizonte, enquanto surfistas desafiam as ondas e grupos de amigos se reúnem nos bares. A música flutua pelas ruas estreitas, misturando-se com o burburinho das conversas. É uma cena vibrante e autenticamente carioca, onde a vida noturna ganha vida sob o céu estrelado.



CENA 13: MANSÃO ROSSI. INT. 

Heloísa de forma radiante, entra pela porta da frente de sua casa, segurando uma pasta com um sorriso largo no rosto.

HELOÍSA: (animada) Cheguei!

Guilherme, levanta do sofá, com os olhos brilhando de expectativa.

GUILHERME: (ansioso) E aí, como foi?

Heloísa caminha até Guilherme e abre a pasta, retirando uma imagem de ultrassom.

HELOÍSA: (orgulhosa) Olha só, amor!

Guilherme olha para a imagem, seus olhos se enchem de lágrimas ao ver o pequeno ser que cresce dentro de Heloísa.

GUILHERME: (emocionado) Meu Deus, é tão pequenino...

Hilda e Stenio se aproximam curiosos para ver.

HILDA: (sorrindo) Deixe-me ver meu netinho!

STENIO: (orgulhoso) Mal posso esperar para ensinar a ele todas as minhas travessuras de infância!

HILDA: (brincando) O avô, acha que vai ser o melhor parceiro de aventuras!

Dante observa tudo de longe, com uma expressão intrigada.

DANTE: (para si mesmo) Que estranho...

Heloísa percebe a expressão de Dante e se aproxima dele, colocando a mão em seu ombro.

HELOÍSA: (carinhosa) Está tudo bem, Dante?

DANTE: (sorrindo forçado) Claro, só estou feliz por vocês.

Heloísa sorri e volta a se juntar ao restante da família, enquanto Dante permanece pensativo, observando a cena com um olhar distante.


CENA 14: INT. APARTAMENTO DE RAUL. LEBLON - NOITE

[ INSTRUMENTAL ON: Por Amor Instrumental - Melancolia de Orestes]

O apartamento de Raul é majestoso, mas a atmosfera é sombria. Ele entra, visivelmente cansado após um longo dia de trabalho. Seus passos ecoam no silêncio do lugar.

Ele para na entrada e olha ao redor, notando o vazio imponente que preenche cada canto do lugar. Uma mistura de tristeza e solidão paira no ar.

Raul caminha pela sala, seus pensamentos imersos na proposta de Heloísa, algo que parece pesar em seus ombros.

RAUL: (sussurrando para si mesmo) Será que é a coisa certa a se fazer?

Ele é interrompido pelo som suave dos passos de sua empregada, Eulália, que se aproxima com uma bandeja.


EULÁLIA: Boa noite, Sr. Raul. O jantar está servido.

Raul olha para a bandeja com comida, mas parece perdido em seus pensamentos. Ele balança a cabeça, recusando.

RAUL: Não, obrigado, dona Eulália. Não estou com fome.

Eulália parece preocupada, mas não diz nada. Ela deixa a bandeja sobre a mesa e se retira, deixando Raul sozinho.

Raul caminha até a sala de estar e se senta no sofá. Ele olha ao redor, para os móveis imaculados, mas seu olhar é atraído por uma foto em cima da mesa de centro.

Ele se levanta e pega a foto com cuidado. Na foto, vemos Raul, sua esposa, e um menino cujo rosto não é revelado, escondido por uma parte dobrada da foto.

Raul olha para a foto com uma mistura de amor e tristeza em seus olhos. Ele acaricia a imagem de sua esposa, como se buscasse conforto na lembrança.

RAUL: (sussurrando) Sinto sua falta, Laura. E sinto sua falta também, meu filho.

Ele fecha os olhos por um momento, perdido em lembranças dolorosas.

Um ruído estranho ecoa do corredor, fazendo com que Raul abra os olhos abruptamente. Ele olha ao redor, tenso, seu coração batendo mais rápido.

O silêncio retorna, mas a sensação de que algo está errado permanece no ar, envolvendo Raul em um mistério angustiante.

Ele se levanta, segurando a foto com firmeza, e lentamente se dirige em direção ao corredor, pronto para enfrentar o desconhecido que o aguarda.


CORTA PARA: 


CENA 15: INT. CASARÃO DE LEONA. QUARTO - NOITE

[ INSTRUMENTAL CONT.] 

Tigre está sentado na cama, segurando uma foto antiga, perdido em pensamentos.

A porta se abre e Rubi entra, fechando-a suavemente atrás de si. Ela se senta ao lado de Tigre, notando sua expressão pensativa.

RUBI: (suavemente) O que você está olhando?

Tigre hesita por um momento antes de responder, como se estivesse revivendo memórias dolorosas.

TIGRE: (suspira) É uma foto da minha família. Antes de tudo desmoronar.

RUBI: (sensível) Você quer falar sobre isso?

TIGRE: (nodando) Minha mãe... ela faleceu quando eu era criança. E meu pai... ele nunca foi o mesmo depois disso.

RUBI: (com compaixão) Sinto muito, Tigre.

TIGRE: (continuando) Ele é um homem rico, mas frio. Nunca se importou muito comigo. Eu me sentia mais sozinho ao seu lado do que quando estava realmente sozinho.

RUBI: (ouvindo atentamente) E depois?

TIGRE: (respira fundo) Depois... eu me perdi. Entrei no mundo das drogas. Foi um tempo obscuro.

RUBI: (surpresa) Caramba! (com voz suave) E agora?

Tigre olha para Rubi, seus olhos cheios de gratidão e vulnerabilidade.

TIGRE: (agradecido) Agora estou aqui. Com você. Com a Leona. Tentando recomeçar. (cabisbaixo) E é por isso, Rubi, que quando tu fala desse príncipe encantado que você conheceu, eu fico preocupado. Porque tenho medo de ser abandonado por quem eu mais gosto. 

Rubi estende a mão para pegar a foto das mãos de Tigre, curiosa.

RUBI: (posando a pergunta com cuidado) Posso ver a foto?

Tigre olha para ela, hesitante por um momento, mas depois assente. Ele entrega a foto para Rubi, observando enquanto ela a examina.

RUBI: (surpresa) Olha.. você é bonito como o seu pai.

Tigre olha para a foto nas mãos de Rubi, um sorriso melancólico brincando em seus lábios.

TIGRE: (confirmatório) É.. obrigado. Eu pareço com o meu pai. Ele é médico.  Dr. Raul Alvarenga. Mas na verdade muitos diziam que eu lembrava a minha mãe. 

Ele se levanta e vai até sua mochila, abrindo-a com cuidado. De lá, ele retira um estetoscópio de brinquedo, suas cores desbotadas pelo tempo, mas cuidadosamente guardado.

TIGRE: (suavemente) Minha mãe me deu isso quando eu era criança. Ela sonhava que eu seria médico, como meu pai.

Ele segura o estetoscópio com reverência, como se fosse um símbolo tangível de seus sonhos perdidos e da promessa não cumprida.

{A câmera se afasta mostrando de cima a foto com Tigre ainda menino, sua mãe ao seu lado e seu pai em um jardim ensolarado.}

FIM DO CAPÍTULO.


~ Agradecimento à participação especial de Ilva Niño no capítulo de hoje, como a empregada Eulália. ~






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