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INFERNO URBANO - CAPÍTULO 05


WEB-NOVELA

CAPÍTULO #005

ESCRITA POR:

WANDERSON ALBUQUERQUE

CENA 01. COMPLEXO DO DESALENTO. CASEBRE. INT. DIA.

Milton está sentado em uma cadeira de madeira fumando um cigarro. A fumaça paira no ar, ao seu lado, há dois homens altos. Em sua frente, um jovem em torno de 15 anos está amordaçado e com os olhos trêmulos.

MILTON (FRIO) – Sabe, uma das coisas que eu mais odeio? É saber que eu falhei. O velório do meu filho é daqui a pouco e eu estou aqui tentando descobrir quem foi o filho da puta que o matou. Me disseram que você sabe bem quem foi, afinal, seu apelido não é Rato atoa.

RATO (TREME) – Por favor, senhor, eu não posso me meter em confusão. Eu não sei quem foi que matou seu filho, eu juro.

MILTON (RI) – É claro que sabe. Você tem duas opções, ou me contar tudo e ficar vivo ou morrer. Acho melhor tu ficar com a primeira opção, hein?

RATO (CHORA) – Eu juro que não sei de nada! Juro!

MILTON (JOGA O CIGARRO NO CHÃO) – Peguem a vassoura.

Um dos homens pega uma vassoura que está ao lado da porta. O segurança entrega a Milton que levanta-se.

MILTON (RAIVA) – Se tu não me falar quem foi que matou meu filho, eu enfio esse cabo de vassoura no meio do teu toba.

Rato arregala os olhos e começa a se debater na cadeira. Milton vai em sua direção.

MILTON – Virem o moleque.

Os capangas seguram Rato e o colocam de bruços no chão. Um capanga põe o joelho nas costas do jovem e o imobiliza. Ele grita.

MILTON – Eu te dei uma chance você quis desperdiçar.

RATO (GRITA) – Tá bom, eu falo! EU FALO, CARALHO!

Milton fica de pé e larga o cabo da vassoura no chão. O barulho da queda ecoa juntamente com o choro de Rato.

RATO – Foi o Rael. Ele matou o seu filho.

A sobrancelha de Milton fica imóvel, mas sua boca contrai. Ele vai em direção a parede de bloco e dá um soco.

MILTON (GRITA) – Eu vou matar aquele filho da puta.

O olhar de Milton é de fúria. Uma lágrima sai de seus olhos.

CENA 02. PREFEITURA. GABINETE. INT. DIA.

O Prefeito Lopes tira a sua gravata e a coloca em sua cadeira. Ele senta-se. A porta abre e Taís, sua secretária adentra o local.

TAÍS – Desculpe, prefeito, mas precisava te parabenizar por hoje. Foi muito corajoso da sua parte, obviamente a imprensa está polvorosa com a notícia.

PREF. LOPES – Estou arriscando a vida da minha família por causa disso.

TAÍS – Eu imagino, mas eles não vão ter coragem de fazer nada, já que o senhor foi abertamente falar sobre as ameaças.

PREF. LOPES – Essa gente nunca se sabe.

TAÍS – Ah, eu ia me esquecendo. O Deputado Renato Queiróz ligou e prestou apoio. Ele disse que se precisar de qualquer coisa, pode contar com ele.

PREF. LOPES – O Deputado Renato? Mas por qual razão? Nem somos do mesmo partido, pelo contrário, temos ideologias bem diferentes.

TAÍS – Não faço a menor ideia. Eu anotei o número pessoal dele. Coloquei ao lado da sua agenda.

PREF. LOPES – Obrigado, Taís.

Taís agradece com um sorriso, abre a porta e sai. O Prefeito pega o cartão ao lado da agenda e observa.


CENA 03. COMPLEXO DO DESALENTO. ONG. SALA. INT. DIA.

Dandara observa umas crianças pintando. Ela olha com muita admiração os desenhos deles. Alberto, segurando uma cesta cheia de ursos de pelúcia surge na sala. Dandara sorri e vai de encontro com ele.

DANDARA – Alberto! Não acredito que se deslocou até aqui. É alguma coisa urgente?

ALBERTO – Não, não. Eu vim trazer essa cesta com alguns ursos de pelúcia. Não sei se vai dar para todas as crianças. Resolvi trazer pra cá, porque sei que muitas pessoas tem medo de irem até o centro, intolerância, claro.

DANDARA – É, infelizmente as pessoas estão cada vez mais intolerantes. (OLHA PARA AS CRIANÇAS) Espero que essa geração seja bem mais empática que a nossa.

ALBERTO – A sua, você quis dizer. Eu já sou um pouco velho, sou da geração em que eu assistia Chico Buarque naqueles festivais de música da Record.

DANDARA – Um verdadeiro privilégio. Alberto, não sei como agradecer, de verdade. As crianças vão ficar muito felizes com o presente e vou fazer questão das mães deles saberem que foi o Centro Espírita do Desalento que doou.

ALBERTO – Fico feliz com isso, Dandara. Tenho que passar na sua casa depois para ver a Açucena, estou devendo uma visita há dias.

DANDARA – Está mesmo. Ela vai ficar muito feliz em ter sua visita. Minha mãe gosta muito do senhor.

ALBERTO (CORA) – Bom, eu vou indo. Tenho que resolver umas pendências lá na Lapa.

DANDARA – Vai andar muito hoje, hein? Alberto, muito obrigada mais uma vez.

Alberto sorri e sai. Dandara observa as crianças se divertindo com a pintura.

CENA 04. RUAS DO RIO DE JANEIRO. EXT. DIA

O Carro do BOPE anda pelas ruas do Rio. O Capitão Vasconcelos observa a paisagem com um olhar de amargura.

TEN. SOUZA – Está preocupado com a investigação, Capitão?

CAP. VASCONCELOS – Não, não. Essa merda não vai dar em nada. Queria mesmo que fizessem uma investigação detalhada, porque só assim o secretário de segurança iria ver que os policiais militares deles são uns incompetentes. Sabe por que eles não fazem isso? Porque vai metade da policia do Rio de Janeiro pra cadeia. Eles querem atingir o BOPE de qualquer jeito. Interesse sujo.

TEN. SOUZA – Mas acha que pode respingar em alguém do batalhão?

CAP. VASCONCELOS – Não sei, alguém vai ter que ser o culpado, provavelmente vão querer jogar a culpa pra cima de mim, mas sou esperto e sei como me defender, eles não vão querer isso, apesar de já ter colocado muito miliciano na cadeia. Tenho muitos inimigos, mas não sou burro.

Capitão Vasconcelos continua olhando para a paisagem lá fora.

CENA 05. RESTAURANTE. INT. DIA.

Alice e Ivan estão sentados a mesa. Há taças de vinhos e um prato de entrada postos.

IVAN – Aconteceu alguma coisa, meu amor? Pra você ter me tirado do trabalho deve ser algo sério.

ALICE (APREENSIVA) – Ivan, eu não sei como te dizer isso, mas eu realmente precisava falar com você.

IVAN (ESTRANHA)- Estou começando a ficar preocupado, Alice.

ALICE – Ivan, eu não quero me casar.

IVAN (SURPRESA)- O quê? Como assim, Alice? A gente estava super bem e agora você quer terminar?

ALICE – Ivan, olha, eu não estou feliz com isso, não é você, pelo contrário, é um homem maravilhoso, mas eu vi que não quero me casar.

IVAN – Então a gente cancela o casamento, Alice. Não faz o menor sentido você fazer isso agora. Estamos juntos há dez anos. Você parou de me amar, é isso?

ALICE – Talvez, Ivan. Não sei ao certo, mas meu coração não está sentindo nada... NÃO! Eu amo você, só acho que não iremos dar certo juntos, Ivan.

IVAN – Alice, por favor, me conta o que está acontecendo. Tem outra pessoa?

ALICE – Não! Eu jamais faria isso com você. Eu só não quero me casar e não acho certo você passar por isso por minha causa, sabe? Estou confusa e isso não é certo.

IVAN – Você quer um tempo? Não tem problema, a gente cancela o casamento e depois vemos o que iremos fazer.

ALICE (SEGURA) – Ivan, eu já estou decidida. Eu quero terminar.

Ivan joga o corpo para trás e respira fundo. Ele leva a mão a cabeça e a coça.

IVAN – Tudo bem. Seja como você quiser.

Ivan abre a carteira e coloca dinheiro na mesa. Ele levanta-se e sai. Alice chora.

CENA 06. APARTAMENTO. QUARTO. INT. DIA.

Há diversas roupas jogadas na cama. Patrícia está ajoelhada em frente ao guarda-roupa dobrando algumas camisas. Ela abre uma gaveta e encontra uma grande pasta de documentos de Capitão Vasconcelos.

PATRÍCIA – Meu Deus, isso aqui está uma verdadeira zona.

Ela levanta-se e põe a pasta em cima da cama e começa a arrumar. Patrícia encontra um envelope amarelo escrito “O melhor fura bola de todos”. Ela dá um singelo sorriso e abre o envelope e dá de cara com uma foto de Capitão Vasconcelos com o Deputado Renato.

PATRÍCIA – Mas o que é isso?

Ela vira a foto e encontra uma data “12 de abril de 2018”

Patrícia olha mais uma vez para a foto e fica confusa diante daquilo.

CENA 07. AVENIDAS DO RIO DE JANEIRO. NOITE. EXT.

O Sol se põe entre os montes e a noite chega no Rio de Janeiro. Há pessoas correndo nos calçadões, andando de bike e também jogando futevôlei.

CENA 08. COMPLEXO DO DESALENTO. BAR DA GEANE. INT. NOITE.

Há um grupo de pagode tocando no local. Geane e Solange sambam e dão boas risadas. O bar está cheio e pessoas levantam-se para dançar. Dandara aparece no ambiente e vai de encontro com Jhonatan que está comendo uma coxinha.

DANDARA – Seu pai me disse que você estava com dor diarreia, não é legal você comer frituras agora.

JHONATAN – Qual foi, Dandara, virou fiscal de comida agora?

DANDARA – Não, seu besta. Estou apenas te alertando.

Geane escuta a conversa e vai até os dois.

GEANE – Pois, você fique sabendo que meus salgados são muito bem preparados, hein? Eu mesma que faço e alguns até arrisco fazer na airfryer.

DANDARA – Essa conversa pra cima de mim, Dona Geane? Eu já trabalhei aqui, esqueceu? Sei muito bem como funciona.

GEANE – Pois, vá catar coquinho.

Geane dá as costas e Dandara e Jhonatan riem. A música começa a ficar mais agitada. Jaguar e Hércules chegam no bar e os olhares ficam em cima deles. A banda para de tocar e Geane vai na direção dos dois.

GEANE (DESAFIA) – Vocês dois não são bem-vindos aqui.

HÉRCULES (RI) – A gente precisa de aprovação para entrarmos em qualquer lugar da nossa favela?

DANDARA – Sua favela? Essa favela é do povo. Nós que mandamos aqui e não vocês.

Dandara vai de encontro e fica ao lado de Geane que está cuspindo fogo.

JAGUAR – Eu deveria te dar um tiro aqui mesmo, Dandara. Tu é muito da abusada, tá ligada?

DANDARA – Quero ver você ter essa coragem. Aí eu vou dizer que tu é homem mesmo.

Dandara e Jaguar se aproximam e se entreolham forte.

CENA 09. APARTAMENTO. SALA. INT. NOITE.

Capitão Vasconcelos abre a porta e joga sua chave no sofá ao lado da porta. Patrícia está lendo “Pequenas Grandes Mentiras” de Liane Moriarty. Ele vai de encontro a Patrícia e beija sua testa.

PATRÍCIA – Como foi o trabalho hoje?

CAP. VASCONCELOS (SE JOGA NA POLTRONA) – Exaustivo. Acredita que vamos ser investigados pela secretaria de segurança?

PATRÍCIA (SURPRESA) – Isso é sério?

CAP. VASCONCELOS – Sim. Eu sei que não vai acontecer nada, mas vai ser totalmente desgastante ter que prestar esclarecimento. Aquele secretário é um fascistazinho de merda.

PATRÍCIA – Não se preocupe com isso, foi legitima defesa, não foi?

CAP. VASCONCELOS – Foi sim. É óbvio que minha vontade era de sair metralhando aqueles desgraçados, mas não dava.

PATRÍCIA – Acho que você precisa de férias.

CAP. VASCONCELOS – Agora eu preciso de um banho.

Capitão Vasconcelos levanta-se do sofá. Patrícia solta.

PATRÍCIA – Diogo, de onde você conhece o Deputado Renato Queiróz?

Capitão Vasconcelos para e seu corpo treme com a pergunta.

CAP. VASCONCELOS (SÉRIO) – Do que você está falando?

PATRÍCIA – Eu estava arrumando suas coisas no guarda-roupa e encontrei essa foto aqui.

Patrícia pega a foto que está em cima do centro e entrega ao Capitão Vasconcelos. Ele segura a foto e observa.

CAP. VASCONCELOS (FRIO) – A gente frequentava a mesma pelada. Ele tem alguns amigos em comum comigo, mas depois que ele foi eleito, nunca mais o vi.

PATRÍCIA (ESTRANHA) – É estranho eu não saber disso, já que eu fui ver várias vezes você jogando e nunca vi o deputado por lá.

CAP. VASCONCELOS (SÉRIO) – Nós brigamos por causa de um jogo, coisa de homem, então os caras que organizavam o baba baniram ele do grupo.

PATRÍCIA – Entendi.

Capitão Vasconcelos pega a foto e amassa com a mão e joga pela janela.

 CAP. VASCONCELOS – Agora vou tomar meu banho.

Patrícia observa Capitão Vasconcelos sumindo no corredor. Sua expressão é de confusa.

CENA 10. MANSÃO AGOSTINI. COPA. INT. NOITE.

A família Agostini está sentada a mesa e jantando. Eles jantam em silêncio.

VICTORIA (IMPACIENTE) – Ah, pelo amor de Deus, que clima de velório é esse? Não vim pra cá para isso, hein?

MIGUEL – Eu também estranhei o clima, tia, mas não quis comentar nada.

VICTORIA – Sua mãe está possessa, porque sua irmã vai cancelar o casamento.

MIGUEL (SURPRESO) – O quê? Que história é essa?

ISIS – Sua tia sabe muito bem que o motivo não é esse.

VICTORIA – Tão conservadora. Vamos combinar que nunca foi do seu feitio, Isis. Você sempre foi a mais descoladas, namorava todos os garotos de esquerda. Adorava um comunista. Até te dei um livro do Karl Marx de presente de aniversário e o papai ficou furioso.

ISIS – Acontece que não é sua filha que está pensando em fazer um aborto.

MIGUEL – A Alice vai fazer um aborto? Calma, é muita coisa para processar de uma vez só.

VICTORIA – Sua querida irmã vai abortar, simplesmente cansou do casamento e nem vai entrar na igreja. Descobriu que está grávida e vai tirar.

MIGUEL – Mas se ela não se sente confortável, ela está certa.

ISIS – Até você, Miguel? Eu fico parecendo uma vilã da perspectiva de vocês, então.

VICTORIA – Eu já te disse o que penso. Se a Alice estivesse grávida de um homem rico, tudo bem, mas do Ivan?

MIGUEL (RI) – Você só pensa em dinheiro, né tia?

VICTORIA – Não, meu querido. É só que precisamos manter a linhagem de sangues puros em nossa família. Nunca fui a favor desse namorico deles, mas quem sou eu, né? Se um filho meu engravida uma mulher que trabalha em loja de roupa, ou até mesmo nesses subempregos, eu pagaria muito caro para ela fazer um aborto.

ISIS – Eu preciso de ar.

Isis levanta-se da mesa e sai. Victoria dá de ombros e Miguel continua a comer.

CENA 11. COMPLEXO DO DESALENTO. BAR DA GEANE. INT. NOITE.

Todos continuam olhando para Dandara e Jaguar. Ele a empurra e ela é segurada pelas pessoas.

GEANE (GRITA) – Cretino! Covarde!

HÉRCULES – Cala a boca, tia, se não vai sobrar pra tu.

JAGUAR – Tá pensando que é quem para me desafiar?

Dandara fica de pé e vai na direção de Jaguar e dá um tapa em sua cara. Uma confusão começa. Todos vão em cima de Jaguar e Hércules.

Jaguar tira uma arma da cintura e atira pra cima. Todos ficam em silêncio e apavorados. Jaguar aponta a arma para Dandara que o olha com raiva.

JAGUAR – Eu vou te matar sua vadia.

CENA 12. COMPLEXO DO DESALENTO. CENTRO ESPÍRITA. INT. NOITE.

Há diversas pessoas sentadas nas cadeiras verdes. Elizabeth vai até o centro e pega o microfone.

ELIZABETH – Boa noite a todos. Desde já agradeço a presença de vocês aqui. Hoje, o palestrante é o nosso fundador Dr. Alberto. Ele irá falar sobre “O amor ao próximo”

Uma salva de palmas é feita e Dr. Alberto segura o livro “O Evangelho Segundo o Espiritismo’’ e vai até o microfone.

ALBERTO - Hoje vamos refletir sobre um tema fundamental para o nosso crescimento espiritual e para a construção de uma sociedade mais justa e harmoniosa: o amor ao próximo. Dentro da doutrina espírita, o amor ao próximo é um dos pilares centrais, sendo reiteradamente enfatizado em várias obras e ensinamentos de Allan Kardec e dos Espíritos Superiores. O amor ao próximo, conforme nos ensina o Espiritismo, é a expressão mais pura e sublime do amor universal. É a capacidade de amar, respeitar e compreender os outros, independentemente de suas falhas, diferenças ou atitudes. Esse amor se baseia nos princípios de caridade, empatia e compaixão, sendo uma manifestação direta do amor divino.

A palestra continua e todos observam Dr. Alberto com muita admiração. No fundo do salão, Carmem, de óculos escuros assiste.

CENA 13. APARTAMENTO DE LUXO. SALA. INT. NOITE

Milton está deitado no sofá. Auzira segura uma bandeja com chá e entrega ao filho que bebe.

MILTON – Cadê as meninas?

AUZIRA – Elas chegaram do enterro e foram para o quarto delas.

MILTON – A Carmem?

AUZIRA – Ela disse que iria sair.

MILTON – Os seguranças estão acompanhando ela?

AUZIRA – Sim, meu filho.

MILTON – Mãe, eu não sei como vou aguentar essa dor.

Auzira coloca a bandeja em cima do buffet e senta-se no sofá. Ela abraça Milton que chora.

AUZIRA – A dor de perder um filho é imensurável, Milton. Meu mundo desabou quando assassinaram seu irmão, mas precisei seguir firme para que você estivesse forte. A dor nunca vai passar, esse é o problema. Mas ela vai se transformando em uma saudade que dói no peito toda vez que você lembra, posso garantir que não tem um minuto sequer que eu não pense no seu irmão. É injusto.

Milton repousa a cabeça no peito da sua mãe.

AUZIRA – Eu nunca vou deixar você sozinho, meu filho.

CENA 14. CASA. ESCRITÓRIO. INT. FLASHBACK.

Letreiro: 2018

Renato Queiróz está sentado em uma cadeira e fuma um charuto. A porta abre e um duas pessoas entram.

HUMBERTO – Senhor, esse aqui será o novo segurança. Ele irá acompanhá-lo em eventos e também para onde queira ir.

Renato vira a cadeira e estende a mão para o novo segurança.

RENATO – Seja muito bem-vindo. Qual seu nome?

DIOGO – Meu nome é Diogo Vasconcelos. Sou Tenente do BOPE.

Diogo retribui e eles apertam a mão. Renato dá um sorriso.

FIM DO CAPÍTULO 05

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