INFERNO URBANO - CAPÍTULO 15

Novela criada por: WANDERSON ALBUQUERQUE

E escrita por: SELMA DUMONT

CENA 01. SUPERMERCADO. INT. NOITE.

Os bandidos continuam andando pelo supermercado e começam a atirar pra cima. Ouve-se diversos gritos. Eles correm em meio a risadas. Eles voltam para os caixas e começam a colocar dinheiro nas mochilas.

A câmera caminha até o balcão do açougue onde estão Patrícia e Maria, abaixadas. As duas dão as mãos. Patrícia está sóbria, enquanto Maria chora muito, desesperada.

PATRÍCIA - Calma! A polícia já está chegando!

Maria respira fundo e olha para Patrícia, amedrontada.

CENA 02. RUA. FRENTE AO SUPERMERCADO. NOITE.

Muita ação: Duas viaturas da polícia freiam em frente ao supermercado. Dos veículos descem vários policiais, já de armas em punho. Foco em CAP. Vasconcelos dando ordem aos colegas:

VASCONCELOS - Nós vamos invadir com cautela! A minha mulher tá lá e principalmente: tem criança lá dentro!

SOL. JULIANO: Fica tranquilo Capitão! A gente tem experiência nesse tipo de caso!

O rádio comunicador de Vasconcelos apita:

VOZ: (off) Só estamos esperando a ordem!

CAP. VASCONCELOS: Entendido!

Ele guarda o rádio e coordena mais uma vez os colegas.

CENA 03. TEATRO. ESTACIONAMENTO. NOITE.

Dandara e Guilherme, acompanhados de dois seguranças, caminham até um carro.

DANDARA: Tirando aquele maluco que me interrompeu, a cerimônia foi ótima!

GUILHERME: Sempre tem um ou outro maluco reacionário pra atrapalhar. Infelizmente você vai ter que lidar com essas pessoas, minha amiga! Esse discurso anti-progressista vem crescendo muito atualmente, principalmente entre os jovens, hein!

DANDARA: (respira fundo) Mas eu vou mudar isso! Ou vou fazer o possível pra mudar! É absurdo, o mundo não pode regredir dessa maneira! E eu não vou deixar!

GUILHERME: É assim que se fala minha guerreira! E ó, já estamos marcando o próximo comício do partido! A gente conta com a sua presença ilustre!

DANDARA: Vocês contem comigo pra tudo! Essa luta é de todos nós!

Guilherme e Dandara riem e se abraçam. Em seguida todos entram no carro, que parte. A câm gira e vemos um carro de vidros escuros estacionado por ali. Muita tensão.

CENA 04. AGS NEGÓCIOS. FRENTE. EXT. NOITE.

Tudo já está fechado. Victoria sai do interior da empresa e caminha até seu carro, pensativa…

VICTORIA: E a Alice que não dá notícias… Nem ligou, nem nada… Como será que tá a minha sobrinha?

Seu celular toca dentro da bolsa. Ela atende.

VICTORIA: (cel) Fala! (T) É pra daqui a alguns dias. (T) Não sei ao certo, mas mantenho contato! (T) Sem falta, ok? (T) Perfeito!

Ela desliga, entra no automóvel e segue em frente com ele.

CENA 05. SUPERMERCADO. INTERIOR. NOITE.

As portas do estabelecimento estão abaixadas. Clima de muito medo e tensão. Muitas pessoas deitadas no chão. Os dois assaltantes que seguram fuzis estão muito nervosos, enquanto dialogam com Vasconcelos em frente a porta abaixada.

CAP VASCONCELOS: (off) Vamo lá amigão, saiam e deixem essas pessoas aí! É melhor vocês se entregarem por bem!

ASSALTANTE 1: Cê acha que a gente é idiota, é? A gente já sabe que vai morrer, mas a gente leva um!

Corte descontínuo em: Patrícia e Maria abaixadas atrás do balcão do açougue, apavoradas.

CAP VASCONCELOS: (off) Não complica mermão… Eu tô querendo ser seu amigo/

ASSALTANTE: (nervoso) Eu não sou amigo de polícia, porra!

E então, o homem aperta o gatilho, atirando várias vezes contra a porta.

CENA 06. SUPERMERCADO. EXTERIOR. NOITE.

Os policiais revidam os tiros contra a porta de aço.

VASCONCELOS: (nervoso) VAMO INVADIR! VAMO INVADIR! ARROMBA!

Os policiais vão dar a volta para entrar pelos fundos. Foco em Vasconcelos desnorteado e confuso.

VASCONCELOS: A Patrícia meu Deus! Salva ela meu Deus! Salva!

Os tiros continuam. Vasconcelos respira fundo e vai dar a volta para entrar pelos fundos do estabelecimento.

CENA 07. COMPLEXO DO DESALENTO. BAR DA GEANE. INT. DIA.

Geane atrás do balcão, mexendo no celular.

GEANE: Essa jornalista que vive vindo aqui, a tal de Patrícia, sempre metida no meio duma confusão, né?

Solange, sentada em uma mesa, fica curiosa.

SOLANGE: E o quê que foi agora?

GEANE: Tá presa num assalto de um supermercado lá em Copacabana. Tá falando aqui que o tiroteio tá forte por lá… Tá repreendido!

SOLANGE: Meu Deus… Coitada dela! Será que ela vai conseguir sair?

GEANE: E cê tem dúvidas? Aquela ali sempre se safa! Mas vou te contar, ô mulher pra gostar de um disparo de bala…

Solange ri. Neste momento, Dandara entra no bar.

DANDARA: Fala Geane, fala Solange! (P/ Geane) Me vê uma água bem gelada por favor!

GEANE: Claro minha querida. E cê já tá sabendo?

DANDARA: De quê?

GEANE: Sua amiga, aquela jornalista lá… Tá presa num tiroteio num supermercado lá em Copa.

DANDARA: (chocada) A Patrícia? Ai meu Deus!

Dandara sai correndo do bar, atordoada.

GEANE: Mas e a água?... Ê menina…

EM off já escutamos os sons de tiro.

CENA 08. SUPERMERCADO. INT. NOITE

Os policiais já invadiram o supermercado. Os assaltantes não param de atirar. As pessoas deitadas no chão, choram desesperadas. Valorizar o desespero delas.

ASSALTANTE 1: Vai todo mundo morrer nessa desgraça!

E ao dizer isso, em câmera lenta: um tiro o atinge na cabeça, fazendo jorrar sangue. O bandido cai morto no chão.

ASSALTANTE 2: (chocado) Vocês mataram meu irmão! Mataram meu irmão, seus desgraçadoooooos!

O Assaltante 2 começa a atirar para todos os lados e acaba ferindo um policial e um civil.

Corta para: Patrícia e Maria abaixadas no chão. Maria inquieta.

MARIA: (chorando desesperada) Eu tenho que sair daqui!

PATRICIA: Calma, já tá acabando!

MARIA: (desesperada) Eu não posso deixar minha filha sozinha, eu tenho que sair!

PATRÍCIA: Não Maria, não faz isso!

Maria se levanta e sai correndo. Patrícia tenta segurá-la, mas é inútil. O áudio da cena é completamente silenciado. Ouvimos apenas batimentos cardíacos.

Maria corre em direção à saída. O Assaltante não para de atirar. Um dos tiros atinge em cheio o peito da mulher, que cai no chão, se esvaindo em sangue. Patrícia viu tudo, aterrorizada.

PATRÍCIA: Mariaaaaaaaaaaaaaa!

Vasconcelos aperta o gatilho de seu revólver e o tiro atinge a barriga do assaltante. Patrícia se desespera ao ver Maria caída. E no close de Patrícia,

ABERTURA

CENA 09. CÉU. EXT. DIA.

As nuvens descobrem um maravilhoso sol.

ALGUNS DIAS DEPOIS…

CENA 10. APARTAMENTO. COZINHA. INT. DIA.

Vasconcelos (já fardado) bebendo um copo de água enquanto dialoga com Patrícia.

PATRÍCIA: Não consigo tirar da minha cabeça a cena daquela mulher morrendo…

VASCONCELOS: E até agora nós não encontramos a tal filha dela. A Clara!

PATRÍCIA: Ela falou com tanto carinho dessa garota! Ela já sentia que ia morrer, tanto que falou pra mim dela!

VASCONCELOS: Ela não tinha nenhum documento… E parece que nenhum familiar também… Só essa filha.

PATRÍCIA: Uma criança perdida no meio dessa cidade violenta!

VASCONCELOS: Calma meu amor! Os meus amigos investigadores vão achar essa menina! Calma!

Patrícia respira fundo e encosta a cabeça no peito de Diogo, que lhe dá um beijo.

CENA 11. PRESÍDIO. CELA. INT. DIA.

Jaguar e Hércules.

JAGUAR: Já tá tudo certo mermão! (Cochicha) A fuga vai ser amanhã!

HÉRCULES: Combinou mermo? Não quero enrolação!

JAGUAR: Relaxa viado! O novo chefe da gangue é papa fina! Conhece geral aqui dentro!

HÉRCULES: (desconfiado) Ah é? E como é que cê sabe, que eu não sei?

JAGUAR: Eu tenho minhas fonte lá dentro rapá. Eu sei do que eu tô falando, fica sussa!

HÉRCULES: Mas então, diz aí… Como é que vai ser?

JAGUAR: É o seguinte…

O áudio e diminui enquanto Jaguar vai falando. Hércules escuta tudo muito interessado.

CENA 12. SALA DE RENATO. INT. DIA.

Renato ao celular. Klenn à sua frente.

RENATO: (cel) Reunião? (T) Mas amanhã? (T) Tudo certo! (T) Eu aviso ele! Obrigado!

Renato desliga.

KLENN: Quem era?

RENATO: É amanhã! Amanhã vai ter uma reunião geral da gangue. Todo mundo vai, até aqueles dois paspalhos do Jaguar e do Hércules!

KLENN: Vão como? Eles tão presos!

RENATO: A…/ O chefe providenciou tudo! Conhece o diretor do presídio e tudo!

KLENN: E vai ser nessa reunião que vão revelar o nome do mais novo chefe?

RENATO: É!

CENA 13. CLÍNICA. RUA. FRENTE. EXT. DIA.

Alice caminha por uma rua até que para em frente a uma clínica. Ela respira fundo e toca o interfone.

ALICE: É agora! Hora de me livrar desse peso!

O portão se abre e Alice entra no local.

CENA 14. CLÍNICA. SALA DE OPERAÇÃO. INT. DIA.

Alice deitada na cama, com vestimentas hospitalares. A médica Yara e alguns enfermeiros ao redor.

YARA: Fica tranquila, Alice! O procedimento é feito com todo cuidado, os equipamentos todos estão devidamente esterilizados e a minha equipe é de extrema confiança!

ALICE: Eu sei que em você posso confiar, Yara!

YARA: Agora eu vou te dar a anestesia. Você vai dormir e quando acordar o aborto já vai ter sido realizado.

Alice balança a cabeça. Yara limpa o braço de Alice com um algodão e injeta a agulha… Alice vai adormecendo aos poucos.

YARA: Preciso do afastador!

CENA 15. CAFETERIA. EXT. DIA.

Dandara e Patrícia tomam um café, enquanto conversam.

DANDARA: Ai Paty fala… Tem mais alguma coisa que tá te atormentando além do paradeiro dessa menina.

PATRÍCIA: É Danda… Realmente tem! Mas eu não posso falar! Não é falta de confiança não! É pro seu bem mesmo…

DANDARA: Tudo bem…

PATRÍCIA: Impressionante como você me conhece bem…

DANDARA: Nós somos amigas, não somos?

PATRÍCIA: Mais que amigas! Nunca vou esquecer do dia que a gente se conheceu.