ESCRITA POR: SELMA DUMONT
CRIADA POR: WANDERSON ALBUQUERQUE
CENA 1. HOTEL. SUÍTE. INT. DIA.
Patrícia e Dandara dormindo, nuas na cama, cobertas apenas por um lençol fino. Dandara acorda, abre os olhos e olha para o lado, vendo Patrícia.
DANDARA: (chocada com o que fez) Meu Deus…
Ela olha por baixo do lençol e percebe que está nua. Ela rapidamente pega o vestido que está no chão e se veste. Patrícia acorda e percebe a movimentação.
PATRÍCIA: (sonolenta) Dandara?
DANDARA: Eu preciso ir! Tô atrasada pra um comício! Desculpa se te acordei!
PATRÍCIA: Relaxa, também tenho que ir pra redação… Aliás… Que horas são?
DANDARA: Oito e vinte!
PATRÍCIA: Puta merda!
Patrícia salta da cama e corre em direção ao banheiro. Dandara olha pra cama e solta um sorriso.
DANDARA: (cochicha sorridente) Foi bom…
Dandara pega sua bolsa e vai até a porta.
DANDARA: Pathy, já tô indo!
PATRÍCIA: (grita/ off) Espera!
Patrícia, enrolada numa toalha, sai do banheiro e corre até Dandara.
PATRÍCIA: Espera Danda! Eu queria te agradecer pela noite… E pela madrugada… E por essa parte da manhã!
As duas riem.
DANDARA: Eu é que tenho que te agradecer! Fazia tempo que ninguém me levava nas nuvens…
Patrícia sorri, com malícia. Elas se encaram, sorridentes.
CENA 2. CARRO DE VASCONCELOS. INT. DIA.
Carro estacionado em frente à mansão Agostini. Vasconcelos e Alice se despedindo.
ALICE: Então nos cabe repetir mais vezes esse momento, não acha?
VASCONCELOS: Você brinca com o perigo…
ALICE: E você gosta que eu sei!
Alice dá um selinho em Vasconcelos e sai do carro. Vasconcelos se encosta no volante, pensativo…
VASCONCELOS: Que loucura…
CENA 3. ÔNIBUS. INT. DIA.
Dandara sentada em uma das poltronas, olhando a paisagem, pensativa…
Flashback on:
Patrícia olha para Dandara de forma bastante sensual. E passa a mão pelo rosto e pela boca da mulher.
PATRÍCIA: Você Dandara… Você…
DANDARA: Eu?
PATRÍCIA: Cê mexe comigo de uma forma…
DANDARA: Para Pathy! Você tá com raiva do Diogo e tá querendo…/
Patrícia a surpreende com um caloroso beijo na boca. Dandara por alguns instantes fica sem reação, mas aos poucos vai se rendendo…
Flashback off.
No close de Dandara,
CENA 4. COMPLEXO DO DESALENTO. EXT. DIA.
Dandara subindo a ladeira do morro. Alguns moradores olham de cara fechada para ela e cochicham uns com os outros. Dandara percebe, estranha, mas continua andando.
CENA 5. COMPLEXO DO DESALENTO. BAR DE GEANE. INT. DIA.
Movimentação normal. Geane passando um pano no balcão. Dandara entra e vai falar com ela.
DANDARA: Oi Geane! Nossa, senti um clima esquisito aqui. Tô com a impressão de que tá todo mundo me olhando feio.
Geane para de limpar e olha sem graça para Dandara.
GEANE: Infelizmente não é impressão, minha querida.
Dandara engole seco, preocupada.
DANDARA: Meu Deus do céu, quê que houve então? Tô preocupada!
GEANE: O preço do gás de cozinha subiu pra quase 200 reais, Dandara… Ninguém aqui tem condição de pagar isso!
DANDARA: Meu Deus que absurdo! Olha a inflação desse país gente… Mas e aí?
GEANE: E aí que… Tá rolando um boato… Que a culpada do gás ter subido de preço aqui no Desalento é você!
DANDARA: (Chocada) EU?
GEANE: Pois é, menina! Eu também não entendi direito… Que tipo de relação você ia ter com a subida do preço/
Neste momento Jhonatan aparece ali, tenso e vai falar com Dandara.
JHONATAN: Dandara! Tão dizendo por aí que é você a responsável pela inflação dos impostos aqui do morro!
DANDARA: Gente, eu nem tenho como fazer isso! É uma mentira! Isso é fake news! Só pode ser intriga da oposição pra me desmoralizar aqui na favela!
JHONATAN: É claro que é! Mas tem gente que acredita! E geral tá uma fera com você, acho melhor cê nem subir pra não correr o risco de ser linchada!
DANDARA: Gente… Eu preciso dizer pra todo mundo que isso é uma mentira!
GEANE: Você vai dizer, mas como o Jhonatan disse, espera a poeira abaixar… O povo agora tá muito nervoso!
DANDARA: E a minha mãe? Do jeito que as pessoas estão loucas, capaz de tentarem alguma coisa contra ela!
JHONATAN: Quanto a ela, pode relaxar Danda! Ela foi pro sítio da Tia Carlete assim que soube da intriga!
DANDARA: Bom, aqui eu não vou poder ficar.
GEANE: E você tem outro lugar?
DANDARA: Tenho!
CENA 6. RIO EM AÇÃO. SALA DE PATRÍCIA. INT. DIA.
Patrícia ao celular.
PATRÍCIA: (cel) É claro que pode Dandara! Eu ligo agora pra recepção e falo pra te entregarem a chave do quarto!
CENA 7. BAR DE GEANE. INT. DIA.
Dandara termina de falar ao cel.
DANDARA: Tá tudo certo! Agora eu preciso que você pegue algumas roupas minhas lá em casa e me deixe lá embaixo, Jhonatan!
JHONATAN: Tudo bem!
DANDARA: Até eu desmentir essas calúnias, eu não vou poder entrar no morro. Antes eu preciso prezar pela minha segurança.
CENA 8. SALA DE RENATO. INT. DIA.
Renato terminando de falar ao telefone. Klenn está à sua frente.
RENATO: (tel) Me mantenha informado!
Renato desliga e em seguida cai na gargalhada.
KLENN: Qual foi?
RENATO: (gargalhando) A Dandara… Ela tá completamente desmoralizada na favela!
KLENN: Que beleza! A sementinha da discórdia que a gente plantou deu resultado?
RENATO: Ainda não deu o resultado completo. Mas o fato vai se consumar ainda hoje! É hoje que aquela vadiazinha vai direto pra terra dos pés juntos e vai parar de atrapalhar a minha candidatura!
Renato se levanta, vai até uma mesa, pega um charuto, acende e fuma.
RENATO: Ela vai morrer! E é hoje!
KLENN: E o melhor é que a culpa vai cair diretamente no colo dos favelados! Eles tão cavando a própria cova e nem imaginam!
RENATO: (irônico) E eu assim… Estarei livre da concorrência!
E ele e Klenn caem na gargalhada.
ABERTURA.
CENA 9. RUA DO HOTEL. EXT. DIA.
Uma moto estaciona próxima ao hotel. De mochila nas costas, Dandara desce e paga o motoqueiro.
DANDARA: Brigada!
Dandara vai atravessar a rua e entrar no hotel. Do ponto de vista de um binóculo, Dandara é observada por alguém não identificado. Muito suspense.
CENA 10. GABINETE DO PARTIDO. INT. DIA.
Guilherme ao celular.
GUILHERME: (cel) O comício foi adiado pras dezoito horas de hoje no mesmo lugar anterior!
(Alternar com Dandara na suíte do hotel:)
DANDARA: (cel) Tudo bem! Eu vou comparecer! Você precisa me ajudar a limpar a minha imagem, Guilherme!
GUILHERME: (cel) Claro, claro! Hoje você vai poder ter a oportunidade de se defender! (T) A gente busca você no hotel às 17:30!
DANDARA: (cel) Certo!
CENA 11. MANSÃO AGOSTINI. SALA. DIA.
Alice desce as escadas sorridente, Miguel vai falar com ela.
MIGUEL: Hummm, viu o passarinho verde? Tá rindo do quê?
ALICE: Ih garoto, não te interessa! Aliás, interessa. Interessa sim! Eu conheci um homem, mas um homem…
Ísis aparece na sala e escuta toda a conversa.
ÍSIS: Mal largou do Ivan e já conheceu outro?
ALICE: É isso mesmo mãe! Conheci um homem, sabe? Um homem de verdade, gostoso, que me fez ver estrelas…
ÍSIS: Coitado do Ivan… Convivendo com uma piranha da pior espécie durante tanto tempo e nem se dando conta.
ALICE: Sabe a diferença entre nós duas, mãe? Eu não sou acomodada. Vai lá você e pega o Ivan!
ÍSIS: (Ofendida) Mas o que é isso?
ALICE: Se a minha vida está entediante eu vou lá e reviro até encontrar o que me faz feliz! Eu não tenho vocação pra ser frígida que nem a senhora!
Um silêncio constragedor se instaura. Ísis se indigna.
ÍSIS: Eu devia era meter a minha mão na sua cara outra vez, garota! Mas eu vou me resguardar e não vou me sujar! Mas da próxima gracinha, eu não penso duas vezes e te expulso dessa casa.
E Ísis vai subir as escadas, pisando fundo. Alice segura o riso.
MIGUEL: Cê me assusta, Alice! É a nossa mãe! Tenha mais respeito.
Ela dá de ombros e segue para a cozinha. Miguel balança a cabeça negativamente.
CENA 12. RIO DE JANEIRO. EXT. NOITE.
Takes do anoitecer na cidade.
CENA 13. RIO EM AÇÃO. EXT. NOITE.
Patrícia saindo do prédio. Ao olhar para frente, ela se surpreende. Vasconcelos está do outro lado da rua. Ela paralisa e engole seco. Closes alternados nos dois se olhando.
CENA 14. TEATRO. ESTACIONAMENTO. EXT. NOITE.
O carro de Guilherme estaciona em uma vaga. Descem Dandara, Guilherme e dois seguranças. Novamente, alguém não identificado os observa de dentro de um carro. Dandara e Guilherme seguem em direção ao interior do teatro.
CENA 15. SALA DE RENATO. INT. NOITE.
Renato recebe uma ligação e logo atende.
RENATO: (cel) É agora. Pode executar!
CENA 16. TEATRO. INT. NOITE.
Muitas pessoas na plateia, além de jornalistas e fotógrafos. Dandara no palco, já falando. Todos a escutam.
DANDARA: (no microfone) Esses fatos inventados sobre mim não passam de meras fakes news criadas pela oposição numa tentativa vil de colocar o meu povo contra mim. Eu jamais poderia/
E antes que Dandara terminasse de falar, a luz do teatro é cortada. As pessoas se assustam e ligam as lanternas de seus celulares.
DANDARA: (assustada) Gente, o que houve com a luz?
Neste momento, ouve-se muitos tiros. A plateia se abaixa para tentar se proteger. O pânico é geral.
CENA 17. TEATRO. LOCAL NÃO IDENTIFICADO. INT. NOITE.
Close no cano de um fuzil. Uma mão aperta o gatilho e o fuzil dispara.
CENA 18. TEATRO. PALCO. INT. NOITE.
Em meio ao pânico, uma bala atinge em cheio o peito de Dandara. Um silêncio esturrecedor toma conta da cena. Ela vidra os olhos. Guilherme grita fortemente.
GUILHERME: (grita) DANDARAAAAA!
Uma lágrima cai do olho de Dandara.
FIM DO CAPÍTULO 18
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