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ESPERANÇA - CAPÍTULO 10

 



ESPERANÇA

Capítulo 10

Novela criada e escrita por

Wesley Franco

 

CENA 1. INT. ESTAÇÃO DE TREM ESPERANÇA – PLATAFORMA DE EMBARQUE – DIA

O apito do trem anuncia a sua partida. Matteo chega à estação no exato momento em que o trem começa a se mover lentamente nos trilhos. Ele olha em volta freneticamente, buscando Camila entre os passageiros que estão nas janelas. Finalmente, ele a ver, sentada perto de uma janela, com uma expressão triste e pensativa. Rapidamente, Matteo grita, tentando chamar sua atenção.

MATTEO (GRITANDO, EM DESESPERO) – Camila! Camila!

                          SONOPLASTIA ON: CLOSE TO YOU – CIDIA E DAN

Camila ouve a voz dele e se vira rapidamente. Ao vê-lo, seus olhos se enchem de surpresa e alegria. Ela coloca a mão na janela, como se pudesse tocá-lo.

CAMILA (SORRINDO) – Matteo!

O trem começa a se mover mais rápido, e Matteo corre ao lado da plataforma, tentando acompanhar o ritmo do trem. Ele estende a mão em direção a ela, mas a distância entre eles aumenta a cada segundo.

MATTEO (CORRENDO E GRITANDO) – Eu te amo, Camila! Não importa quanto tempo passe, eu nunca vou te esquecer! Um dia...um dia nós vamos nos reencontrar.

Camila, com lágrimas nos olhos, pressiona a mão contra o vidro da janela, tentando desesperadamente prolongar aquele momento. Ela também grita.

CAMILA (GRITANDO E CHORANDO) – Eu também te amo, Matteo! Vou esperar por você...eu prometo!

O trem começa a se distanciar mais rápido, e Matteo, exausto, finalmente para de correr. Ele observa impotente enquanto o trem desaparece no horizonte, levando seu amor embora. Matteo cai de joelhos no chão da plataforma, seu rosto está marcado pela angústia e pelas lágrimas, ainda olhando fixamente na direção em que o trem se foi.

                                                     SONOPLASTIA OFF

Matteo tenta recuperar o fôlego, quando percebe uma presença ao seu lado. Matteo levanta a cabeça e vê o Coronel Almeida parado ali, observando-o com um olhar frio. Matteo se levanta e encara frente a frente o Coronel Almeida.

ALMEIDA – O que você está fazendo aqui? Livre?

MATTEO (ENFRENTA) – Você achou que podia me manter na cadeia para sempre? Hoje eu fui solto e agora sou um homem livre.

ALMEIDA (SARCASTICAMENTE) Um homem livre que não tem nem onde cair morto e que realmente achou que podia ficar com a minha filha, mas agora a Camila está longe e é melhor que continue assim.

MATTEO (FURIOSO) – Você pode ter mandado ela para longe, mas nunca vai conseguir tirar o amor que sentimos um pelo outro.

O Coronel Almeida dá uma leve risada, como se achasse a declaração de Matteo ingênua. Ele se aproxima um pouco mais, olhando Matteo de cima a baixo.

ALMEIDA (DESDENHA) – O amor? O seu amor é inútil agora. A Camila não pertence ao seu mundo, você é um simples filho de imigrantes italianos que não tem nem onde cair morto. Se recolha a sua insignificância e procure uma mulher mais próxima do seu nível.

MATTEO (ENCARANDO) – Um dia coronel você ainda vai ouvir falar do meu nome e eu serei ainda maior do que você, e quando esse dia chegar, eu vou voltar e eu vou tomar tudo que é seu, inclusive a sua filha. Eu juro.

O Coronel Almeida mantém o olhar fixo em Matteo por alguns segundos, desafiador, e depois dá um passo para trás, ajustando o chapéu.

ALMEIDA (CALMAMENTE) – Acha que pode me desafiar? Tente. Só não espere sobreviver para ver o que vai acontecer.

Com isso, o Coronel Almeida vira as costas e começa a caminhar pela plataforma, deixando Matteo sozinho, ainda digerindo a perda de Camila e a ameaça do Coronel.

                                                         CORTA PARA:

CENA 2. INT. PREFEITURA DE ESPERANÇA – RECEPÇÃO – DIA

Hismeria está organizando alguns papéis em sua mesa e se preparando para ir embora. Pedro, com a maleta em mãos, passa por ele em direção à porta, ajeitando seu paletó. Ao vê-lo, Hismeria levanta o olhar e sorri.

HISMERIA (SORRIDENTE) – Já está indo embora, Pedro?

PEDRO – Sim, já terminei por hoje.

HISMERIA – Você não gostaria de fazer um lanche comigo? Na lanchonete ali perto...só para conversar um pouco.

Pedro fica pensativo por um segundo, parece surpreso com o convite. Ele olha para o relógio, como se pesando a decisão.

PEDRO (SORRINDO) – Por que não? Podemos sim.

HISMERIA (SORRINDO) – Ótimo! Eu só vou pegar minhas coisas.

Hismeria termina de guardar seus pertences com pressa, pega a bolsa e caminha até Pedro, que a espera perto da porta. Eles trocam sorrisos cordiais e saem juntos do prédio da prefeitura.

                                                         CORTA PARA:

CENA 3. INT – FARMÁCIA – DIA

Jerônimo entra na farmácia, o sino da porta toca. Um farmacêutico, de meia-idade, está no balcão organizando alguns frascos e levanta o olhar ao ver Jerônimo entrar.

FARMACÊUTICO – Boa tarde. Como posso ajudá-lo?

JERÔNIMO (SÉRIO) – Tenho tido dificuldades para dormir. Queria algum remédio que me fizesse cair no sono e dormir a noite inteira.

O farmacêutico franze a testa, refletindo, e vai até uma prateleira atrás do balcão, onde busca um frasco de remédio.

FARMACÊUTICO – Tenho esse aqui, mas é um remédio forte. Vai apagar o senhor a noite toda, então tome cuidado com a quantidade, apenas 10 gotas. Não pode exagerar.

JERÔNIMO (CONFIANTE) – É exatamente o que eu preciso. Quanto custa?

FARMACÊUTICO – 20 cruzeiros.

Jerônimo entrega o dinheiro ao farmacêutico, que coloca o frasco em uma pequena sacola e entrega a ele.

JERÔNIMO – Obrigado.

Jerônimo sai pela rua com a medicação nas mãos.

                                                         CORTA PARA:

CENA 4. INT. BORDEL DE MADAME YVETTE – SALÃO – NOITE

O bordel está lotado de homens rindo alto, bebendo e se divertindo. Mulheres estão sentadas nos colos dos clientes, outras dançam seminuas e provocantemente no palco, e a música preenche o ambiente com um clima de festa e farra. A iluminação é vermelha e dourada, criando uma atmosfera intensa e sensual. Homero está sentado em um dos sofás de veludo, com um charuto na mão e um copo de whisky na outra. Zuleika, vestida com as peças de baixo da lingerie, exibindo os seios, está sentada em seu colo, rindo e sussurrando algo em seu ouvido. Madame Yvette, se aproxima dele com um sorriso perspicaz.

YVETTE – É sempre uma honra ter a sua presença por aqui Homero. Está se divertindo?

HOMERO (RINDO) – Ah, Yvette, visitar sua casa sempre é uma diversão. Boa bebida, boa música, belas meninas...Mas hoje é um dia especial, um dia para comemorações!

YVETTE (CURIOSA) – Ah, é mesmo? E qual o motivo da comemoração?

HOMERO – O banco recebeu o pagamento de um devedor importante e também agradou um cliente importante. Um bom dia para os negócios.

Yvette dá uma risada suave, satisfeita com a notícia, e passa os dedos levemente pelo ombro de Homero.

YVETTE – Parabéns. Nada melhor que negócios bem-sucedidos.

HOMERO – Acho que já estou pronto para me divertir um pouco. Pode me arranjar um quarto?

YVETTE (SORRINDO) – Claro! Zuleika, leve o nosso querido banqueiro ao melhor quarto disponível e dê a ele o melhor tratamento.

Zuleika sorri maliciosamente e se levanta do colo de Homero. Ela estende a mão para ele, e ele a segue, sem pressa. Yvette observa a cena com um sorriso satisfeito, enquanto Zuleika guia Homero pelas escadas sinuosas que levam aos quartos privados.

                                                         CORTA PARA:

CENA 5. INT. CASA DE HOMERO – SALA DE JANTAR – NOITE

Natália e Fernando estão sentados à mesa, já servidos, mas Homero ainda não chegou. A mesa está bem arrumada, com luz suave e uma refeição quente à espera. Natália olha para o relógio, demonstrando preocupação.

NATÁLIA (FRUSTRADA) – Homero está demorando muito, estou começando a ficar preocupada.

FERNANDO – Ele deve ter tido algum problema no banco. Sabe como é, o trabalho sempre consome muito tempo.

NATÁLIA (DESAPONTADA) – Ele vive apenas em função do banco. Às vezes parece que esquece que tem uma família, hoje era um dia especial, depois de tanto tempo deitada naquela cama, finalmente tive disposição para me levantar e estar aqui, e ele nem presente está.

FERNANDO (CONCORDANDO) – É verdade, mas pelo menos temos um ao outro, mãe. Que tal jantarmos sem ele hoje? Somos uma boa companhia, não acha? Amanhã jantamos com ele.

Natália sorri com carinho para Fernando, tocada pelas palavras do filho.

NATÁLIA (SORRINDO, EMOCIONADA) – Você tem razão. Eu te amo, Fernando.

FERNANDO (SORRINDO) – Também te amo, mãe.

Eles começam a comer juntos, mostrando a intimidade e o carinho entre mãe e filho.

                                                         CORTA PARA:


CENA 6. INT. LANCHONETE – NOITE

A lanchonete está movimentada e animada. Natália e Pedro conversam sentados em uma mesa de canto, conversando e rindo. O ambiente é descontraído, com pessoas ao redor comendo e conversando.

HISMERIA (RINDO) – Acho que já falei bastante sobre mim, agora quero saber mais sobre você, Pedro. Por que nunca casou? Não tem namorada?

Pedro sorri e olha para o copo de refrigerante em suas mãos antes de responder.

PEDRO – Sempre estive muito focado no trabalho. Nunca tive muito tempo para me dedicar a um relacionamento...essas coisas exigem atenção, e eu sempre achei que não conseguiria dar conta.

HISMERIA (CURIOSA) – E agora? Você acha que estaria aberto para isso?

Pedro pensa por um momento, e finge timidez.

PEDRO (MEIO ENVERGONHADO) – Acho que sim...talvez seja a hora.

Hismeria sorri, claramente feliz com a resposta, mas tenta disfarçar sua empolgação. O garçom se aproxima e entrega a conta. Pedro pega sua carteira e paga pelos dois, sendo gentil. Ele coloca a carteira no bolso e olha para Hismeria.

PEDRO – Posso te acompanhar até em casa?

HISMERIA (SORRINDO) – Claro, eu adoraria.

Eles se levantam, saem da lanchonete e começam a caminhar lado a lado pelas ruas em direção à casa de Hismeria, enquanto conversam.

                                                         CORTA PARA:

CENA 7. INT. CASA DE MARTINA E JERÔNIMO – QUARTO DE ISABELLA – NOITE

É madrugada, o quarto de Isabella está silencioso e escuro. A porta se abre lentamente, e Jerônimo entra devagar, carregando um pequeno candeeiro que ilumina o quarto com uma luz fraca. A casa está silenciosa, todos dormem, se ouve apenas o som da respiração de Isabella que dorme profundamente. Jerônimo se aproxima devagar da cama de Isabella, ele para ao lado dela, observando-a a dormir. O rosto de Isabella, calmo e inocente, contrasta com o olhar de Jerônimo, que oscila entre curiosidade e desejo. Jerônimo com bastante cuidado puxa a coberta que cobre Isabella e começa a acaricia-la delicadamente por cima da sua camisola. Ele puxa um pouco da camisola para cima revelando um pouco mais das coxas de Isabella. Jerônimo então coloca o candeeiro sobre a mesa, e começa a abrir sua calça, ele aperta seus genitais por cima da cueca enquanto olha para Isabella com olhar de desejo.

                                                         CORTA PARA:

CENA 8. EXT. ESPERANÇA – DIA

                            SONOPLASTIA ON: SPERANZA – LAURA PAUSINI

Abre uma imagem da cidade de Esperança amanhecendo, com o dia tomando forma na cidade, com as lojas se abrindo, as pessoas circulando pela cidade, e o jornaleiro entregando os jornais.

                                                         CORTA PARA:

CENA 9. EXT. FAZENDA BELLINI – DIA

Matteo chega até a fazenda Bellini, ele caminha pelos escombros da sua antiga casa que foi incendiada.

MATTEO – Minha vida, minha família, meus sonhos...tudo ficou aqui...

Matteo anda lentamente sobre as ruínas, seus olhos cheios de lembranças. As cenas da fazenda em tempos melhores surgem em sua mente – sua mãe Francesca sorrindo, seu pai Giuliano trabalhando com a ajuda de Vittorio, seus irmãos brincando no campo.

FLASHBACKS:

Matteo brinca com seus irmãos mais novos, enquanto Francesca os observa carinhosamente. Giuliano ri ao longe, trabalhando na plantação ao lado de Vittorio.

CORTA FLASHBACK

Matteo para e olha para as ruínas. Ele respira fundo, olhando ao redor, sentindo o peso da perda.

MATTEO (EMOCIONADO) – Eu vou reconstruir tudo isso. Essa terra voltará a ser dos Bellini...eu prometo.

Ele se afasta um pouco dos escombros e olha para o horizonte, observando as vastas terras que um dia pertenciam à sua família.

MATTEO – Eu juro, Coronel Almeida, eu vou derrubar seu império, vou tomar o controle que você tem sobre essa cidade. Vou vingar a minha família, e vou recuperar o que é nosso.

Matteo mantém um olhar firme, cheio de determinação. Ele aperta os punhos, encarando o horizonte.

                                                     SONOPLASTIA OFF

 

                                                         CORTA PARA:

CENA 10. EXT. CASA DE MARTINA E JERÔNIMO – DIA

O carro que levará Flávio, Ernesto e Matteo até a estação de trem está estacionado ao lado da casa de Martina e Jerônimo, pronto para partir. Matteo está de pé perto da porta, ao lado de Flávio e Ernesto, com uma pequena mala em mãos. Martina, Jerônimo, Rodolfo e Isabella estão próximos, prontos para se despedir.

MARTINA (SEGURANDO AS MÃOS DE MATTEO) – Matteo, meu querido, que Deus te abençoes nessa nova jornada. Estarei orando por você todos os dias.

Martina coloca um pequeno terço nas mãos dele, apertando-o com carinho.

MARTINA – Leva isso com você. Ele vai te proteger.

Matteo olha para o terço, emocionado, e o segura com firmeza. Seus olhos estão cheios de gratidão e respeito por sua tia.

MATTEO (EMOCIONADO) – Obrigado, tia Martina...eu nunca vou esquecer de tudo que a senhora fez por mim e pelos meus irmãos. Vou levar suas orações no meu coração.

Martina sorri, os olhos marejados. Matteo se vira para Isabella e Rodolfo, que o observam com rostos tristes.

ISABELLA – Vou sentir tanto a sua falta, Matteo. A casa não vai ser a mesma sem você.

Rodolfo abraça Matteo com força.

RODOLFO (SUSSURRANDO) – Eu queria que você ficasse, mas eu sei que você tem que ir.

Matteo se ajoelha na frente de Rodolfo, segurando seus ombros com firmeza, olhando nos olhos do irmão.

MATTEO (CARINHOSO) – Rodolfo, eu preciso ir para poder ajudar vocês. Assim que eu arranjar um trabalho em São Paulo, vou mandar dinheiro para vocês estudarem. Você e a Isabella têm que me prometer que vão se comportar e obedecer a tia Martina e o tio Jerônimo, está bem?

Rodolfo acena com a cabeça, tentando conter as lágrimas. Matteo se levanta e Isabella também abraça Matteo com força, as lágrimas escorrem pelo rosto dela.

ISABELLA (EMOCIONADA) – Um dia, vamos estar todos juntos de novo.

Matteo olha para Jerônimo, que o encara com um olhar firme, mas respeitoso. Jerônimo estende a mão para Matteo, que aperta com gratidão.

JERÔNIMO – Você está fazendo a coisa certa. Vá e construa seu futuro! Seus irmãos estarão bem cuidados aqui.

MATTEO – Obrigado, tio Jerônimo. Eu confio no senhor na tia Martina. Um dia vamos todos nos reencontrar, com tudo o que perdemos recuperado.

Flávio, observando a despedida em silêncio, coloca as mãos no ombro de Matteo, sinalizando que é hora de ir. Ernesto também está próximo, pronto para partir.

FLÁVIO – É hora de irmos, Matteo. São Paulo nos espera.

Matteo, com um último olhar para sua família, abraça Martina novamente, depois Isabella e Rodolfo. Ele então caminha até o carro, onde Flávio e Ernesto já estão prontos. Ele coloca a mala no veículo e entra, olhando para trás mais uma vez.

MATTEO – Eu volto para vocês, eu prometo!

Martina, Jerônimo, Rodolfo e Isabella acenam enquanto o carro começa a se mover, partindo pela estrada em direção à estação de trem.

                                                         CORTA PARA:

CENA 11. INT. CASA DE HOMERO – SALA DE JANTAR – DIA

Homero desce as escadas, carregando uma maleta em uma mão e ajustando o colarinho da camisa com a outra. Ele parece calmo, pronto para mais um dia de trabalho, após passar a noite fora. Na mesa de jantar, Fernando está sentado, tomando seu café, servindo por Dirce.

HOMERO (SORRINDO) – Bom dia.

Fernando apenas levanta o olhar para o pai, seu rosto está carregado de seriedade. Homero se senta na mesa e abre o jornal, enquanto Dirce coloca uma xícara de café diante dele. Homero pega a xícara, prestes a beber, quando Fernando quebra o silêncio de forma brusca.

FERNANDO (ENCARANDO) – Você não tem vergonha de passar as noites no bordel, enquanto sua família espera por você para jantar?

Homero para de beber o café, abaixa lentamente a xícara e encara o filho com uma expressão de surpresa. Ele fecha o jornal calmamente antes de responder.

HOMERO – Ontem foi um dia de grandes vitórias no banco. Eu merecia comemorar.

FERNANDO – Comemorar? Ontem, a minha mãe acordou se sentindo muito bem. Ela se arrumou, se maquiou, fez um lindo penteado, desceu para jantar, esperando pela família toda reunida. Mas a família não estava completa, porque você não estava lá.

Homero, surpreso, fica desconcertado com o que acaba de ouvir.

HOMERO (INTRIGADO) – A Natália se levantou? Ela melhorou?

Fernando o encara por um momento, seu olhar é de desapontamento.

FERNANDO – Se você estivesse aqui, teria visto o milagre com seus próprios olhos.

Fernando, furioso, joga o guardanapo sobre a mesa de maneira brusca e se levanta, saindo da sala rapidamente, deixando Homero sentado, atordoado. Homero, sem reação imediata, olha para Dirce, que está parada ao lado, em silêncio.

HOMERO – Dirce...é verdade o que o Fernando disse?

DIRCE – Sim, senhor Homero. Dona Natália estava radiante ontem. Parecia que nunca tinha estado doente. Acordou tão disposta, como há muito tempo não havia. Se arrumou para o jantar com vocês, mas o senhor não apareceu.

Homero fica em silêncio por um momento, absorvendo o impacto das palavras de Dirce. Ele passa a mão pelo rosto, pensativo, enquanto o peso da situação começa a se abater sobre ele. Ele se levanta de repente.

HOMERO (ABALADO) – E onde está a Natália agora?

DIRCE – Ainda não acordou.

Homero, sem dizer mais nada, começa a caminhar rapidamente em direção à escada, subindo apressadamente, com a intenção de ver Natália no quarto.

                                                         CORTA PARA:

CENA 12. INT. CASA DE HOMERO – QUARTO DE NATÁLIA – DIA

Homero entra no quarto e se aproxima da cama onde Natália está deitada. Ela parece tranquila, com uma expressão serena no rosto. Ele se senta suavemente ao lado dela na cama, deixando a maleta no chão ao lado.

HOMERO – Natália...meu amor.

Sem resposta, ele aproxima sua mão do rosto dela, tocando sutilmente sua bochecha.

HOMERO – Natália...sou eu, Homero. Acorda.

A pele de Natália está fria ao toque, e Homero instantemente retira a mão, como se algo estivesse errado. Seus olhos demonstram preocupação. Ele engole seco, tentando afastar o medo que começa a crescer dentro de si. Homero respira fundo.

HOMERO – Natália, por favor...acorde...

Ainda sem resposta, Homero se inclina e segura delicadamente o pulso de Natália. Ele aguarda alguns segundos, tentando sentir qualquer sinal de vida. Seu rosto começa a se transformar em puro desespero quando percebe que não há pulsação. A respiração de Homero acelera, seus olhos ficam arregalados, enquanto ele desesperadamente segura o outro pulso de Natália, buscando uma confirmação. Ele então toca seu peito, buscando algum sinal de batimento cardíaco, mas não encontra nada.

HOMERO (GRITANDO DESESPERADO) – Natália! Não, por favor...Não!

Homero solta o pulso de Natália, suas mãos estão trêmulas se apoiando no corpo inerte da esposa. Ele começa a sacudi-la suavemente, como se pudesse acordá-la.

HOMERO (CHORANDO) – Natália...meu amor...você não pode me deixar...não agora, não assim.

Ele enterra seu rosto sobre o corpo de Natália, chorando bastante, enquanto o corpo de Natália permanece imóvel e frio.

FIM DO CAPÍTULO

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