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A Promessa - Capítulo 28


A Promessa
CAPÍTULO 28

webnovela de
FELIPE LIMA BORGES

escrita por
FELIPE LIMA BORGES

livre adaptação do livro de Rute

No capítulo anterior: Iago tenta arrancar de Tamires qual é o seu plano, mas não consegue. Yuri, a esposa e o filho partem de Belém. Tamires diz a Tani que eles são covardes, assim como Noemi e sua família. Tani rebate dizendo que todos eles foram embora para salvarem suas famílias, enquanto que ela, anos atrás, foi embora por não ter capacidade de olhar o homem que a rejeitou de cabeça erguida. E pergunta qual é a maior covardias dessas? Tamires, raivosa, dá um tapa em Tani, que diz que é bom ela ficar em paz. Salmon revela ao povo o plano de reerguer Belém da fome, e diz que precisarão se unir e voltar ao Senhor de um puro e sincero coração. Myra diz a Rute e Orfa que ela começarão a trabalhar nos preparativos do aniversário do rei. Elimeleque revela à sua família que sente que estão no caminho certo, fazendo o que tem de ser feito. Por um breve tempo, eles se divertem no Mar Morto. O tempo passa e, em Moabe, as preparações para o aniversário se iniciam. Em Belém, Salmon e Raabe pregam para o povo incessantemente, e adquirem uma casa. A Caravana da Morte aumenta em número e os homens treinam todos os dias. Começam a atacar no campo e na cidade. Agridem, ferem, matam... Espalham o terror. Elimeleque e sua família cruzam todos os tipos de paisagem, até alcançarem a fronteira de Israel com Moabe. Finalmente cruzam o rio Jordão e adentram o reino vizinho.

FADE IN:

CENA 1: EXT. BELÉM – CASA – DIA

Uma aglomeração de pessoas na frente de uma casa. Tani está chegando ali. O acesso para dentro da casa é restrito. Ao se aproximar da porta, o Ancião sai lá de dentro.
TANI
Senhor, o que aconteceu? O que houve aqui?!
ANCIÃO
Um massacre. Todos mortos. Levaram tudo.
TANI
Meu Deus...
ANCIÃO
Obra desse grupo que estão chamando de Caravana da Morte... A situação não pode continuar assim. Precisamos de soldados, homens valorosos guardando os portões da cidade! Vou enviar imediatamente um mensageiro a Hebrom.
TANI
Até lá, estaremos correndo risco...
Meio atordoado, o Ancião olha para os lados, de volta para a casa e para Tani.
ANCIÃO
A fome é grave, mas isso aí é... desproporcional, desumano... Quem seria capaz de fazer tamanha monstruosidade?...
O Ancião sai. Tani fica ali, aflita.
ABERTURA

CENA 2: EXT. TEMPLO – JARDIM – DIA

Rute e Orfa acompanham as candidatas, espalhadas pelo jardim, cumprindo mais uma atividade.
Logo Aylla se aproxima de Rute com um papiro e uma pena.
RUTE
Terminou, Aylla?
AYLLA
Sim, senhora Rute. Aqui estão os nomes de todas as espécies do jardim. Aproveitei para colocar atrás as espécie de borboletas que mais voam por aqui. Elas são tão lindas...
Rute sorri orgulhosa e olha para Orfa, que observa com um leve sorriso. Rute pega o papiro e a pena.
RUTE
Parabéns, Aylla.
Aylla sorri.
AYLLA
Senhora Rute...
RUTE
Oi, Aylla.
AYLLA
A senhora sabia que existe uma espécie de pássaros que se casam e vivem a vida todinha juntos?
RUTE
Uau, e que pássaro é esse?
AYLLA
Se eu não estou enganada é cisne. Eu li na biblioteca do templo.
RUTE
Você é uma menina muito inteligente e esforçada. Meus parabéns. Por hoje está liberada.
AYLLA
Obrigada, senhora Rute. Até mais, senhora Orfa.
Rute sorri, faz um carinho no queixo de Aylla e a menina sai.
ORFA
Rute...
RUTE
O quê?
ORFA
Você precisa cortá-la, Rute. Precisa trata-la da forma que ela tem que ser tratada.
Uma menina levanta a mão chamando e Orfa vai até ela. Nesse momento, Aylla volta ali, animada.
AYLLA
Senhora Rute!
Rute observa-a.
AYLLA
Senhora Rute, a senhora pode se sentar comigo hoje na hora da refeição?
RUTE
Ahn, bom... não. Sinto muito, Aylla, mas não devemos ficar muito próximas. As outras meninas poderiam desconfiar que eu estou te favorecendo...
AYLLA
(tristinha) Tudo bem... Até mais, senhora Rute.
Rute faz que sim e observa, com pesar, Aylla se afastar.

CENA 3: INT. HOSPEDARIA – CORREDOR – DIA

Neb, furtivo, caminha pelo corredor. Passa pelas portas dos quartos como se fosse aprontar alguma. Alguém vem de encontro e ele rapidamente se ajeita, disfarça como se tivesse andando à toa, sorri e, após a pessoa se distanciar, ele continua todo cuidadoso.
Ele então para na porta de um dos quartos, confere se ninguém está vendo e entra. É o quarto de Salmon e Raabe.

CENA 4: INT. HOSPEDARIA – QUARTO DE SALMON E RAABE – DIA

Neb entra e dá uma visão geral do quarto. Não parece estar sendo usado como dormitório, mas como depósito. Então ele começa a revirar as coisas e encher os bolsos de objetos pequenos que lhe agradam. Sempre cuidando a porta, até que, por estar eufórico demais, se esquece de olhar.
De repente, a porta se abre.
BOAZ
Mãe, a senho-- Neb?!
Neb paralisa ao ser flagrado com as mãos cheias de coisas.
BOAZ
O que está fazendo aqui?!
NEB
Eu... eu... estou atrás de um rato! Eu o encontrei lá embaixo e o bicho veio subindo as escadas e correu direto para esse quarto. É de vocês?! Que coisa, eu nem percebi...
BOAZ
(desconfiado) Como o rato entrou se a porta estava fechada?
Neb bate palma uma vez.
NEB
Aí é que está, primo! A porta parecia fechada, mas não estava. Na certa vocês se enganaram na hora de fechar.
BOAZ
Não é nosso quarto, é dos meus pais. Viemos falar com minha mãe.
Para continuar seu disfarce, Neb volta a revirar as coisas.
NEB
Preciso achar esse bicho...
Boaz e Josias o observam com estranheza.
NEB
Você não me escapa, sua peste! Nunca mais vai perturbar o quarto dos nossos amigos! Onde está-- (apontando para os rapazes) ALI!!! LÁ!!!
Josias se assusta e Neb corre para a porta.
NEB
Ele está fugindo! Eu te pego!!!
Neb sai para o corredor supostamente perseguindo o bicho.
BOAZ
Você viu algum rato passar?
JOSIAS
Nem vulto.
Boaz extremamente desconfiado.

CENA 5: INT. CASA DE SEGISMUNDO – SALA – DIA

Alguns homens limpam o sangue de suas espadas, entre eles MONTANHA (40 anos, músculos gigantes) e BESTA LOUCA (35 anos, olhar sanguinário). Na mesa, os objetos roubados e um pouco de comida e vinho que encontraram. Gael faz a repartição sob os olhares de Segismundo. Tamires vem da rua e entra ali.
TAMIRES
Acabei de passar por lá, está lotado de gente.
SEGISMUNDO
Quanto mais, melhor. Que o nosso terror se espalhe por toda Belém.
TAMIRES
Segismundo, acho que devo te lembrar de Noemi... Quantas luas já fazem que eles partiram, hein?
SEGISMUNDO
Eu também tenho um assunto para resolver com aquela família: minha vingança! Mas será mesmo que vale a pena, Tamires? Olha para isso aí. Estamos prosperando, sem se distanciar muito da cidade. Nós nem sabemos para onde aqueles malditos foram, e talvez não valha a pena se desgastar tentando descobrir...
Tamires fica contrariada, então pensa... até que parece ter uma ideia.
TAMIRES
Segismundo, eu tenho algo para lhe contar.
SEGISMUNDO
Algo para me contar? Pois conte!
TAMIRES
Eu não queria dizer antes porque ainda estávamos nos conhecendo, mas... Não quero que você mate-os e pegue tudo o que eles tem só porque odeio Noemi ou porque eles tem muito. Elimeleque e sua mulherzinha tem mais do que sabemos. Eles guardam um grande tesouro. Uma pedra extremamente valiosa.
Segismundo franze o cenho e se aproxima dela.
SEGISMUNDO
Do que você está falando?
TAMIRES
Já houve um tempo em que Noemi e eu éramos grandes amigas. Tudo mudou quando ela roubou o meu namorado, Elimeleque, e se casou com ele. Mas antes de isso acontecer, ela me contou e me mostrou a pedra preciosa que ganhara do pai. Certamente eles ainda a tem, pois Noemi guarda como lembrança de seu pai. Você não imagina, Segismundo, o tamanho da riqueza que teríamos se pegássemos aquela pedra. Não precisaríamos roubar mais nada, mais ninguém! Iríamos embora daqui e recomeçaríamos nossas vidas em outro lugar! E morreríamos de velhos, cercados de ouro, luxo, banquetes! Todos aqui nessa sala teriam uma fortuna, pois aquela pedra... vale muito! Muito!!!
Segismundo parece interessado. Todos ali escutam atentos.
SEGSMUNDO
Isso é realmente verdade? Você viu essa pedra?
TAMIRES
Com esses olhos aqui... E ela é tão linda quanto é valiosa. Pensem bem. Pense bem, Segismundo. Acredito que vale o desgaste, sim.
Tamires sorri e sai. Segismundo fica pensativo, talvez imaginando as coisas grandiosas que teria. Gael se aproxima dele.
GAEL
Segismundo, está pensando em ir?
SEGISMUNDO
Tem alguma dúvida, Gael?
Gael olha para os homens ali e se aproxima mais de Segismundo.
GAEL
(sussurrando) Se for mesmo verdade, quando pegarmos a pedra podemos descartar vários para que nosso fortuna aumente.
SEGISMUNDO
Sim, sim, mas isso é para outra hora.
GAEL
Inclusive descartar Tamires, Segismundo.
SEGISMUNDO
Tamires?
GAEL
Sim. Diga-me, qual é a real importância dela para o nosso grupo?
SEGISMUNDO
Ela ainda apresenta boas ideias. A própria Caravana foi sua criação. E você não ouviu o que ela acabou de nos revelar?
GAEL
Sim, mas ainda penso se é verídico.
SEGISMUNDO
Quando chegar o dia em que ela não servir para mais nada, então nos livraremos dela.
Sério, Gael faz que sim. Os homens ali conversam animados sobre o tesouro.

CENA 6: EXT. TEMPLO – VARANDA – DIA

Na varanda, um dos pontos mais altos do templo, Rute e Orfa, de pé, observam a cidade. Movimentação de gente, músicas, cores para todos os lados. Dali do alto, a visão da cidade é bela.
ORFA
A cidade já começou o aniversário do rei.
RUTE
Você está bem animada.
ORFA
Claro, Rute. Finalmente terei tempo de sair pelas ruas da cidade como não faço há muitas luas! Sempre gosto dessa época. Traz uma... uma energia diferente para a cidade.
Elas continuam a observar as movimentações das ruas.

CENA 7: EXT. DESERTO – DIA

Elimeleque e sua família caminham pela relva.
MALOM
(apontando) Olhem!
Todos olham e veem, não muito longe dali, o morro onde está a cidade capital de Moabe.
ELIMELEQUE
Só mais um pouco, agora.
Continuam a caminhar.

CENA 8: INT. CASA DE IAGO – SALA – DIA

Iago, Maya e Tamires, reunidos ali, comem algumas frutas.
IAGO
É, Tamires, parece que esse seu plano, seja lá qual for, deu muito certo. Afinal, estamos comendo todos os dias...
TAMIRES
Obrigada.
MAYA
Por que você não diz de uma vez o que está fazendo para conseguir isso tudo?
TAMIRES
Prefiro não falar ainda. Apenas considerem a comida como o meu pagamento por estar morando aqui com vocês.
MAYA
É muito estranho, Tamires, você aparecendo com comida em casa e não contando como conseguiu... Dá até para imaginar coisas estranhas.
TAMIRES
Se está insinuando que estou me prostituindo, Maya, está muito enganada.
IAGO
Que se prostituindo o quê... Nem mesmo há prostituas em Belém. Tamires pode pensar que sim, mas não sou bobo, não.
TAMIRES
Ué, Iago, o que você quer dizer com isso?
IAGO
Estou ouvindo sobre os ataques na região, todos já sabem.
TAMIRES
É verdade. Muitas pessoas já estão fazendo isso.
IAGO
Não, não, Tamires. Pessoas, não. Existe um grupo específico, e muito perigoso, cujos membros circulam por aí montados à cavalo e com os rostos cobertos. Atacam inocentes, agridem, matam e tomam tudo que encontram. E me lembro bem da sua pergunta na outra noite, aqui mesmo na sala. Diga-me, Tamires, você tem algo a ver com isso tudo?
Tamires fica um pouco desconcertada.
TAMIRES
E se tiver?
Maya e Iago se mexem, se entreolham e voltam a olhar para ela.
TAMIRES
No tempo certo vocês saberão de tudo.

CENA 9: INT. HOSPEDARIA – DIA

Salmon e Raabe bebem sentados. Boaz e Josias chegam ali vindo da escadaria.
BOAZ
Ah, estão aí...
Os dois se aproximam da mesa.
RAABE
Estava nos procurando, meu filho?
BOAZ
Sim, mas agora o motivo já mudou.
SALMON
Pois fale...
Boaz confere se Neb não está por ali.
BOAZ
Eu estava procurando vocês pra perguntar se viram um objeto meu quando demos de cara com Neb lá no quarto onde ainda estão as coisas grandes da casa.
SALMON
Neb estava lá?
BOAZ
Sim. Josias viu, estava comigo. Neb disse que estava atrás de um rato que entrara lá ao fugir dele.
RAABE
Que coisa esquisita...
BOAZ
Sim. Nós não vimos nenhum rato, mas logo ele saiu correndo de lá, dizendo que o rato havia voltado para o corredor.
SALMON
Eu percebi que meu sobrinho é meio estranho, um pouco desengonçado, mas essa história do rato pode ser verdade.
RAABE
Apesar disso, não é muito agradável alguém entrando em um quarto onde estão as nossas coisas.
SALMON
Sim, sim. Vamos falar com ele depois.

CENA 10: EXT. TEMPLO – JARDIM – DIA

Rute caminha pelo jardim quando nota Aylla escorada em um canteiro de flores e chorando. Rute logo corre até ela.
RUTE
Aylla?! Aylla... O que foi, o que aconteceu, Aylla?!
Aylla continua a chorar.
RUTE
Aylla, me perdoe! Me perdoe pela forma como te tratei! Eu não queria te magoar, me perdoe, Aylla!
Aylla olha para ela.
AYLLA
(chorando) Eu não estou chorando por aquilo, senhora Rute...
RUTE
Não?! Então o que aconteceu, Aylla?!
AYLLA
Depois daquilo eu fui dormir... Mas foi péssimo porque eu tive um sonho...
RUTE
Um pesadelo...
AYLLA
Não... Não era um pesadelo... Eu sonhei com os meus pais, senhora Rute... (soluça) Sonhei que eles vinham me buscar... e me levar para morar com eles...
Rute mal sabe como reagir.
AYLLA
E eles diziam que iam me levar para passear, para comer tudo que eu quisesse na rua do comércio...
RUTE
Esse sonho é bonito, Aylla... Por que você ficou assim?
AYLLA
A sensação durante o sonho foi maravilhosa, senhora... Mas foi horrível quando eu acordei. Não era... Não era de verdade...
Rute, sem saber o que dizer, abraça a menina.
AYLLA
Onde estarão os meus pais, senhora Rute?...
Rute fecha os olhos e as lágrimas caem.

CENA 11: EXT. MOABE – CAMPOS – DIA

A cidade está em festa.
Do lado de fora, dois guardas com lanças nas laterais do portão e mais dois no centro. Eles observam as quatro pessoas que se aproximam: Elimeleque puxando o cavalo, Malom e Quiliom caminhando e Noemi sentada na carroça.
Pouco tempo depois, a família chega aos portões, e um dos guardas centrais se aproxima deles com a mão na espada.
Malom e Quiliom olham a cidade edificada no monte com admiração.
NOEMI
Nunca vi nada parecido.
SOLDADO 1
(aproximando) Alto lá.
Elimeleque para e faz sinal para os filhos pararem. O soldado chega até eles e olha firmemente para cada um.
SOLDADO 1
Quem são vocês?
Elimeleque respira fundo. IMAGEM CONGELA
CONTINUA...
FADE OUT:


No próximo capítulo: Elimeleque, Noemi e sua família conhecem uma moabita inusitada, Tamires ofende Raabe em público e o rei Zylom solicita a presença de Aylla para um serviço particular.

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