A Promessa
CAPÍTULO 34
webnovela de
FELIPE LIMA BORGES
escrita por
FELIPE LIMA BORGES
livre adaptação do livro de Rute
No capítulo anterior: Tamires e a Caravana da Morte banqueteiam mais uma conquista. Malom fala de Deus e Seus mandamentos para Rute que, curiosa, quer saber mais. Quiliom conta para Orfa o motivo da vinda de sua família para Moabe e diz que retornará para vê-la. Myra aprova Rute e Orfa estudarem mais sobre a cultura dos hebreus, mas as lembra que não devem jamais dar as costas aos seus deuses.
FADE IN:
CENA 1: INT. CASA DE LEILA – SALA – NOITE
Sentados à mesa, Elimeleque cochila, mas Noemi está acordada e aflita.
De repente um barulho na frente da loja, e Malom e Quiliom entram. Noemi se levanta.
NOEMI
Graças a Deus!
Elimeleque desperta e se levanta também. Noemi abraça os filhos.
NOEMI
Vocês estão bem? Está tudo certo, não fizeram nada com vocês?!
QUILIOM
Fique tranquila, mãe.
MALOM
Não fizeram mal algum conosco, pelo contrário... Fomos muito bem recebidos pelas sacerdotisas.
ELIMELEQUE
O que fizeram todo esse tempo no templo?
MALOM
Apenas conversamos com as duas...
QUILIOM
Nos conhecemos um pouco... Infelizmente não durou mais porque elas tinham um compromisso.
NOEMI
Compromisso? Mas não fizeram um compromisso com vocês? Como podem trata-los dessa forma? Não são honradas?
MALOM
Calma, mãe... Elas são sacerdotisas e acumulam muitas responsabilidades. No momento em que conversávamos surgiu uma tarefa que elas precisavam fazer.
NOEMI
E sobre o que conversaram com essas mulheres?
QUILIOM
Não acha que isso é um pouco demais, minha mãe?...
MALOM
Nada demais, mãe. Rute e eu falamos apenas do nosso Deus. Ela se mostrou bem interessada...
QUILIOM
É perceptível em Orfa o potencial que ela tem pra se converter às nossas crenças.
NOEMI
Ah, com certeza você enxergaria isso, Quiliom.
MALOM
Apenas entendam que elas podem sim mudar, mesmo sendo sacerdotisas de um reino pagão.
Noemi os encara.
CENA 2: EXT. TEMPLO – PÁTIO – NOITE
Myra se despede de Rute e Orfa.
MYRA
Obrigada, sacerdotisas. Passar bem.
RUTE, ORFA
Obrigada.
Myra sai. Rute e Orfa caminham atravessando o pátio.
ORFA
Pensando longe, Rute? Está com a cabeça lá fora, em alguma das ruas?
Rute sorri.
ORFA
Sobre o seu amigo, o Malom, só tenho um porém.
RUTE
A questão do servo.
Orfa faz que sim.
RUTE
A violência vai contra as leis do Deus deles, Orfa.
ORFA
Mesmo?
Rute olha para Orfa e faz que sim.
ORFA
Que diferente...
RUTE
“Diferente”, essa é a palavra...
De repente Aylla chega ali no pátio.
RUTE
Aylla?
AYLLA
Oi, senhora Rute. Oi, senhora Orfa.
ORFA
Oi, Aylla.
Rute se aproxima de Aylla.
RUTE
Aylla... Como você está? Como foi lá com o rei?
Aylla pensa por alguns segundos.
AYLLA
Foi bom. É uma honra servir ao grande rei Zylom.
Rute a observa e seus beiços até se mexem iniciando uma frase de desaprovação àquela resposta de Aylla, mas, por fim, diz outra coisa.
RUTE
Eu sinto muito.
Aylla olha para ela estranhando.
AYLLA
Sente muito? Por que, senhora Rute?
Rute não sabe o que responder. Olha para Orfa que, com seu olhar incisivo, deixa claro sua desaprovação ao comportamento de Rute. Então olha de volta para Aylla.
CENA 3: INT. CASA DE LEILA – QUARTO DE NOEMI – NOITE
Noemi e Elimeleque estão deitados e abraçados.
ELIMELEQUE
Depois de muitas noites no chão duro, finalmente uma cama de verdade. Macia...
NOEMI
Eu nem lembrava que era tão bom assim...
Elimeleque ri.
NOEMI
Nossa primeira noite em Moabe. Primeira noite em outro reino, outra terra... Tão longe de casa...
ELIMELEQUE
Essa é a nossa casa agora, meu amor.
Noemi pensa uns segundos e faz que sim.
NOEMI
Nossa vida mudou muito. Há 1 ano a situação era completamente diferente...
ELIMELEQUE
Assim é a vida... Não tem como sabermos o que o Senhor reservou para nós, o que há no nosso caminho... O fato é que, independente do que há lá na frente, precisamos procurar estar sempre preparados. Seja uma boa coisa, ou mesmo uma má.
NOEMI
No nosso caso, uma ótima coisa. Porque mesmo estando tão longe de onde nascemos, eu estou com você. Com os meninos, com o meu Deus...
Elimeleque sorri e a beija.
ABERTURA
CENA 4: EXT. BELÉM – RUA – NOITE
Pouca movimentação pelas ruas. Por ali, Tani e o Ancião conversam.
ANCIÃO
Eles não param... Todo dia acontece um novo ataque. Mal conseguimos ir investigar um ocorrido e já surge falatório de outro...
TANI
E o mais estranho é que esses homens devem viver aqui mesmo, em Belém, já que todos os assassinatos ocorreram aqui e nos arredores... E fazem tudo isso sem despertarem desconfianças, passam completamente despercebidos. Sinto que eles estão mais próximos do que imaginamos. Bem debaixo de nossos narizes.
ANCIÃO
No templo estamos orando a cada dia mais. O povo já está temendo até mesmo sair de suas casas. Veja como a rua está parada...
TANI
É, se bem que desde aquela tempestade, nada nunca mais foi o mesmo por aqui.
ANCIÃO
Sim, sim, é tudo isso... Mas tudo deriva de um mesmo problema.
TANI
A desobediência do povo.
ANCIÃO
Sim!
TANI
Vamos manter a esperança, senhor. Muitos estão aderindo ao plano de Boaz e Raabe, há diversos grupos de orações por aí... Eu sei que o senhor carrega muita responsabilidade e, não sei, quem sabe até algum sentimento de culpa, mas não fique assim... O povo está aprendendo. São os filhos de Deus, são como aquelas crianças difíceis, mas, no fundo, ainda são os filhos do Senhor. E, por essa razão, sei que vão conseguir sair desse pântano de pecado.
O Ancião sorri, mais ameno.
TANI
Uma vez que o povo e seu comportamento já estão meio encaminhados, atente-se à tal Caravana da Morte...
ANCIÃO
Sim, sim... Vamos nos concentrar nisso. Acredito que logo mais os soldados chegarão.
TANI
E aí quem sabe as ruas voltem a se encherem...
Observando o baixo movimento, o Ancião faz que sim...
CENA 5: INT. CASA DE SEGISMUNDO – SALA – NOITE
Satisfeitos com o banquete, os homens lambem os dedos. Um deles, Besta Louca, com seu habitual olhar sanguinário, observa Tamires, logo ali, comendo uma fruta. Ele bate no braço de outro e a aponta com a cabeça. Outros percebem e também começam a observá-la.
Besta Louca então se levanta e vai até ela.
BESTA LOUCA
A fruta está gostosa?
Mastigando, Tamires apenas olha para ele.
BESTA LOUCA
Por que não me deixa provar dela?...
Com sorrisos maliciosos, os outros homens fazem companhia a ele e a cercam.
HOMEM
Comemos, mas ainda estamos famintos... Queremos todos uma mordida na sua fruta... Deve ser tão suculenta...
Levemente tensa, Tamires põe-se de pé. É quando Segismundo e Gael vem de outro cômodo e notam eles ao redor dela.
SEGISMUNDO
O que está acontecendo aqui?
Eles olham para seu chefe e dão uma recuada. Tamires os encara com fúria.
TAMIRES
Pra me tratarem como um prostituta babilônica, acho que seus homens perderam a noção da hierarquia que existe nesse grupo!
Segismundo se aproxima deles.
SEGISMUNDO
Como ousam?!
Eles ficam cabisbaixos.
SEGISMUNDO
Essa mulher--
TAMIRES
(interrompendo) Tamires!
SEGISMUNDO
Tamires... Tamires tem todo o meu apoio e toda minha proteção!
Ele passa olhando para cada um deles.
SEGISMUNDO
E não admito que nenhum de vocês, - nenhum! – a incomodem de qualquer forma que seja!
Tamires, cheia de si, os olha de cima para baixo. Então ela se aproxima do mais próximo, Besta Louca.
TAMIRES
Ajoelhe-se.
Ele a olha nos olhos, confuso.
BESTA LOUCA
Como?
TAMIRES
Ajoelhe-se. Agora.
Sob o olhar fulminante de Tamires, Besta Louca se ajoelha diante dela.
TAMIRES
Caso tenham se esquecido, eu criei esse grupo! Eu dei início à essa era de prosperidade que chegou às nossas vidas! Portanto, é a mim que cada um de vocês deve, acima de tudo, gratidão!
Segismundo e Gael se entreolham discretamente.
TAMIRES
A Gael vocês darão seus ouvidos. A Segismundo darão suas vidas e sua obediência. A mim... vocês darão seus ouvidos, suas vidas e sua obediência.
Os homens continuam cabisbaixos. Segismundo, quieto, olha de Tamires para eles. Gael permanece observando.
Tamires então olha para Besta Louca, ajoelhado à sua frente.
TAMIRES
Você... É de Belém?
BESTA LOUCA
Não, senhora... Sou de um vilarejo a algumas luas daqui.
TAMIRES
Qual é o seu nome?
Devagar ele levanta a cabeça e olha para ela.
BESTA LOUCA
Pode me chamar de Besta Louca.
Tamires franze o cenho.
TAMIRES
Por que te chamam assim?
BESTA LOUCA
(leve sorriso) Porque eu matei meu pai e comi seu coração. Todos os dias ele chegava bêbado e espancava minha mãe. Um dia resolvi dar fim a esse problema.
Tamires tenta disfarçar seu desconforto e manter a pose superior.
TAMIRES
E então as pessoas do seu vilarejo passaram a te chamar assim...
BESTA LOUCA
Não, senhora. Foi minha mãe quem me chamou assim. Ela chegou em casa e me encontrou jantando. Fiz um ensopado delicioso com o coração do meu pai.
Tamires sorri chocada...
TAMIRES
Não é pra menos! Mesmo sendo sua mãe, é claro que ela se horrorizaria!
BESTA LOUCA
Minha mãe jantou comigo, senhora.
Tamires se esforça para disfarçar o incômodo.
BESTA LOUCA
E depois pediu para eu matar a irmã dela, a quem ela odiava desde criança.
TAMIRES
E você...
BESTA LOUCA
Eu a matei. E a enterrei no quarto da minha mãe, conforme ela pediu.
Tamires começa a descontrolar sua pose... De repente, transformando aquela sensação em superioridade, ela agarra o pescoço de Besta Louca e o aperta firme.
TAMIRES
Escute bem. Dentro desse grupo você poderá ser o que quiser. Agir conforme quiser quando estiver enfrentando nossos inimigos. Mas quando se trata de mim, é nariz pra baixo e olho no chão! Entendeu?!
Ele a encara.
BESTA LOUCA
Sim...
TAMIRES
Não ouvi!!!
BESTA LOUCA
Sim!
Quase tremendo, Tamires solta o pescoço dele, que leva a mão ao local.
TAMIRES
Todos vocês! De joelho, agora!
Segismundo faz que sim e eles se ajoelham diante de Tamires. Ele e Gael ao lado dela.
TAMIRES
Quem eu sou?!
CARAVANA
Tamires!
TAMIRES
QUEM EU SOU???!!!
CARAVANA
Tamires, nossa senhora!!!
Satisfeita, Tamires olha para eles com superioridade.
CENA 6: EXT. BELÉM – RUA – NOITE
Boaz, Josias e Neb caminham pela rua.
BOAZ
Neb, e aquela história de você ajudar com as moças?
NEB
Eu conheço algumas. Posso mostrá-las, apresenta-las. O problema... é que por agora estou muito atarefado.
JOSIAS
Atarefado? Com o quê?!
NEB
Ora, eu sou um homem ocupado! Amanhã ou depois eu os ajudo. Agora preciso ir. Shalom!
Neb então toma outra rua e vai embora.
BOAZ
Acho que ele está se fazendo de difícil assim por causa do que o meu pai falou pra ele.
JOSIAS
Rum, só pode...
CENA 7: INT. TEMPLO – QUARTO DAS SACERDOTISAS – NOITE
De frente para o espelho, Orfa mexe no próprio cabelo. Sentada em sua cama, Rute está pensativa.
RUTE
Uma coisa não sai da minha cabeça...
ORFA
Malom?
Rute continua pensativa... então olha para Orfa.
RUTE
Estou falando do Deus único. Que não requer sacrifícios. Um Deus que não necessita da morte de pessoas, de crianças...
ORFA
Não há dúvidas de que é tudo muito curioso, mas o seu interesse parece diferente, Rute.
RUTE
Pra você, tudo em mim é diferente, é estranho, é esquisito, é suspeito--
ORFA
(interrompendo) Mas é verdade, minha amiga!
Rute respira fundo. Então olha para Orfa novamente.
RUTE
Vem aqui... Vem aqui, Orfa.
Orfa se levanta, vai até a cama de Rute e se senta. Rute olha para ela quase como se fosse fazer um apelo.
RUTE
Diga-me... Não é maravilhosa a ideia de um Deus que não requer morte alguma?! Que requer apenas a obediência e o fazer do bem?!
ORFA
Sim, é claro que é, Rute! Mas isso não passa de uma fantasia, não existe! Deuses são vários, e sedentos por sangue! É assim que funciona, essa é a vida!
Insatisfeita, Rute vira para o lado. Aperta os beiços, franze o cenho...
RUTE
Será?...
Orfa a olha fazendo que não.
CENA 8: INT. CASA DE LEILA – SALA – DIA
O dia amanhece...
Encontramos Noemi, Elimeleque, Malom, Quiliom e Leila desjejuando à mesa.
NOEMI
Vocês falaram tudo isso para elas?!
MALOM
Sim, mãe.
ELIMELEQUE
(admirado) E dentro de um templo pagão, ainda...
NOEMI
Meus filhos... Estou impressionada!...
QUILIOM
Nos subestimava, não é, minha mãe?
NOEMI
Não é que eu os subestimava, mas dado o comportamento de vocês ontem, completamente encantados por essas mulheres, jamais esperaria que iriam até onde elas habitam e falariam assim de nosso Senhor.
MALOM
E pretendo falar ainda mais.
ELIMELEQUE
Isso mostra a maturidade de vocês.
NOEMI
Mas o que aconteceu?! O que foi que fez meus meninos peraltas se transformarem em homens maduros?!
QUILIOM
Mãe, você se lembra da nossa idade?
LEILA
É assim mesmo, Noemi. Eles nos surpreendem. E há de se levar em conta também a viagem de vocês.
NOEMI
Como a viagem se encaixa nisso?
LEILA
O deserto. Ele muda as pessoas. Ninguém o atravessa e chega do outro lado da mesma forma que saiu.
ELIMELEQUE
Você tem razão.
LEILA
O maior exemplo disso está no seu próprio povo. Na época em que saíram do Egito... 40 anos no deserto. Saíram como escravos e chegaram à Terra Prometida como guerreiros conquistadores!
MALOM
Às vezes Leila fala do nosso povo de uma forma que nem nós hebreus pensamos.
Eles riem.
NOEMI
Bom, mas sendo assim, fico um pouco mais aliviada com o fato de vocês retornarem lá hoje à noite. Continua não sendo de meu total agrado, mas...
Malom se levanta, vai até Noemi e a abraça.
MALOM
Ah, senhora Noemi, pode ir parando de se fazer de difícil... Quiliom e eu sabemos que você está encantada conosco e que já não sente incômodo algum.
NOEMI
Ah!...--
Noemi não consegue falar porque Malom a enche de beijos. Todos riem.
CENA 9: EXT. MOABE – RUA – DIA
Escondidos em um beco e atrás de uma barraca, Faruk e seu servo conversam baixo.
SERVO
Que bom que o senhor veio.
FARUK
Diga o que quer.
SERVO
Apenas pergunta-lo sobre os sacrifícios... Desde aquilo não fizemos mais nenhum.
FARUK
É ouro que você quer? A sua parte habitual?
SERVO
Não, meu senhor. Estou apenas preocupado.
FARUK
Pois imagine eu!
SERVO
Mas não havia ninguém lá, senhor. Eu mesmo chequei.
FARUK
E o anel?! Você também o ouviu caindo no santuário. Você o pegou da minha mão!
SERVO
Bom, se realmente havia alguém, o anel então não ajudaria a identificar o intruso?
FARUK
Não. Aquele tipo é usado por vários.
SERVO
Então bastaria ver quem está sem...
FARUK
Acha que não pensei nisso?! Eu sou o Sumo Sacerdote de Moabe! É claro que pensei em todas as possibilidades. O problema nesse caso é que eu não sei quem usa e quem não. São muitos no templo, e cada um com diversos anéis... Poderia ser qualquer um. E isso é que é o problema... Em quem confiar?
SERVO
Bom, eu sei que o senhor está receoso de continuar com os sacrifícios, mas acho que devo lembra-lo de todas as grandiosidades que o senhor tanto almeja, de tudo que o senhor quer alcançar...
Por alguns segundos os olhos de Faruk brilham... até que ele volta à realidade.
FARUK
Não me esqueço, não me esqueci de nada! É tudo o que eu mais quero. Mas, por enquanto, precisamos esperar um pouco mais.
O servo o encara.
CENA 10: INT. CASA DE LEILA – LOJA – DIA
Elimeleque passa por ali quando nota Leila organizando algumas peças de barro em uma prateleira. Então ele se certifica de que Noemi não está por ali e se aproxima de Leila.
ELIMELEQUE
(falando baixo) Leila... Leila.
LEILA
Sim, Elimeleque?
ELIMELEQUE
Leila, escuta... Eu estou pensando em preparar um jantar especial para Noemi hoje à noite, quando Malom e Quiliom estiverem no templo... E eu gostaria de ter a sua ajuda nisso.
LEILA
Elimeleque!... Eu amei sua ideia!
ELIMELEQUE
Ótimo!
LEILA
Vocês podem ir até a muralha!
ELIMELEQUE
Muralha?
LEILA
Sim! Há um espaço lá dedicado a jantares, basta reservar com antecedência.
ELIMELEQUE
Você acha que há disponibilidade para hoje à noite?
LEILA
Ah, com certeza. O povo está todo distraído com o aniversário do rei, ninguém está se importando com mais nada.
ELIMELEQUE
Ótimo!
LEILA
Vá até lá, Elimeleque. Faça logo a reserva que eu te ajudarei em tudo!
ELIMELEQUE
Muito, muito obrigado, Leila!
LEILA
Imagine, é um prazer.
ELIMELEQUE
Será que eu posso te pedir mais uma coisa? Pode levar, mais tarde, Noemi para passear? Mostre para ela toda a cidade, para que dê tempo de eu cuidar dos preparativos.
CENA 11: EXT. CASA DE SEGISMUNDO – VARANDA – DIA
Enquanto Segismundo concerta uma couraça sua, Tamires, escorada ao lado, bebe algo em uma taça.
SEGISMUNDO
Desde que você contou da tal pedra preciosa que Elimeleque tem, eu não parei mais de pensar nela.
TAMIRES
Pois que bom.
SEGISMUNDO
E isso me fez tomar uma decisão.
TAMIRES
Que seria?...
SEGISMUNDO
Vamos começar imediatamente as investigações do paradeiro da família. E, assim que tivermos uma pista, partiremos imediatamente.
Satisfeita, Tamires sorri.
CENA 12: EXT. CASA DE LEILA – FRENTE – DIA
Leila e Noemi estão de saída.
NOEMI
Mas Leila, tem certeza? A loja...
LEILA
Não se preocupe com a loja, minha amiga. Elimeleque já não garantiu que cuidará de tudo?
ELIMELEQUE
Exato, e ela fica aí complicando. Rum.
Elimeleque dá um rápido beijo na esposa.
NOEMI
Não, é que eu fico um pouco incomodada... Só porque estamos aqui você já quer sair, apresentar a cidade, quando na verdade seria seu horário de trabalho--
LEILA
(puxando-a) Ah, Noemi, chega. Vamos, vamos... É característica dos hebreus serem assim, ahn?
Leila e Noemi saem. Elimeleque, sorrindo, as observa por alguns segundos... Então dá meia volta e entra na loja.
CENA 12: INT. CASA DE LEILA – LOJA – DIA
Elimeleque encontra Malom e Quiliom vindo da casa.
MALOM
É isso mesmo, pai.
QUILIOM
Totalmente aprovado.
Elimeleque sorri.
ELIMELEQUE
Ah, meus filhos! Vou fazer o melhor jantar que a mãe de vocês já teve!
Eles riem e batem nas costas do pai, totalmente empolgado.
O dia passa e sol finalmente desce.
Elimeleque vem da rua, atravessando a loja onde estão os filhos de partida.
ELIMELEQUE
Vou já levar as coisas para a muralha! Sua mãe deve chegar a qualquer momento!
Elimeleque então derrapa e retorna para onde estão Malom e Quiliom.
ELIMELEQUE
Boa saída, meus filhos. Se cuidem.
MALOM, QUILIOM
Shalom, pai.
ELIMELEQUE
Shalom.
QUILIOM
E trate bem a nossa mãe, hein...
MALOM
Estaremos de olho!
ELIMELEQUE
Não há ninguém mais preparado para isso do que seu pai!
Eles riem e Elimeleque retorna para dentro. Animados, Malom e Quiliom saem para a rua.
CENA 13: EXT. TEMPLO – PORTÃO PRINCIPAL – NOITE
Os dois chegam na entrada do templo e se aproximam do portão.
GUARDA
Esperem aqui.
Os irmãos se entreolham um tanto sorridentes e aguardam.
CENA 14: INT. CASA DE LEILA – LOJA – NOITE
Leila e Noemi, que acabaram de chegar, estão de frente para Elimeleque, já tomado de banho e pronto.
NOEMI
Mas Elimeleque, eu acabei de chegar!... Passei o dia fora, Leila me levou para conhecer essa cidade toda! Como acha que vou ter ânimo para sair de novo?
ELIMELEQUE
Confie em mim, meu amor. Apenas faça isso. Por favor. Você sabe que não faria isso se não fosse importante, especial!
Noemi respira fundo.
NOEMI
Está bem, Elimeleque, está bem... Então vou banhar.
Elimeleque sorri aliviado. Leila, cúmplice, faz um sinal de aprovação para ele.
CENA 15: EXT. TEMPLO – ENTRADA – NOITE
Do outro lado do portão, Rute e Orfa se entreolham um pouco nervosas. Por fim olham para frente.
RUTE
Abram.
Os guardas finalmente abrem o portão.
Malom e Quiliom sorriem e se aproximam. Elas os recebem com um sorriso simpático.
QUILIOM
(olhando Orfa) Finalmente meus olhos podem contemplá-la novamente...
Com delicadeza, Malom pega as mãos de Rute e as beija. Ela faz uma pequeníssima reverência com a cabeça.
ORFA
Vamos.
Os quatro então entram no templo enquanto os guardas fecham os portões.
CENA 16: EXT. MOABE – MURALHA – NOITE
Elimeleque ajuda Noemi, com os olhos fechados, a subir a escada da muralha.
NOEMI
Ai, Elimeleque... O que foi que você aprontou?...
ELIMELEQUE
Calma, quase lá... Cuidado com o último degrau, isso... Agora vem.
Eles caminham por cima da muralha, um local relativamente largo, e se aproximam de uma mesa. Elimeleque para.
NOEMI
Chegamos?
ELIMELEQUE
Sim. Pode abrir.
Noemi abre os olhos. Então ela vê a mesa preparada com esmero. Além da comida, dos pratos e das taças, duas velas compõe a iluminação.
Elimeleque sorri. Encantada, Noemi não sabe o que dizer. IMAGEM CONGELA
CONTINUA...
FADE OUT:
No próximo capítulo: As relações entre Rute e Malom e entre Orfa e Quiliom se estreitam. Noemi e Elimeleque jantam apaixonados. E o encontro de Rute e Malom é observado secretamente.
Obrigado pelo seu comentário!