Débora
CAPÍTULO 25
uma novela de
FELIPE LIMA BORGES
escrita por
FELIPE LIMA BORGES
baseada nos capítulos 3 a 5 do livro
de Juízes
FADE
IN:
CENA 1: INT.
DESERTO - CAVERNA – DIA
Escuro... Barulho de material sendo
removido... Um buraquinho... Aumenta... Terra cai conforme dedos se mexem, e o
buraco cresce... Luz... Um rosto... O buraco aumenta, a mão trabalha com
vigor... E vemos o indivíduo: BARAQUE (42 anos), cavoucando a parede.
Ajoelhado na pequena caverna, ele
cava incansavelmente, pois já consegue avistar um brilho vindo lá de dentro da
parede. Seus olhos brilham igualmente, e seu semblante reflete sua certeza de
que finalmente colocará a mão no tesouro.
Até que ele paralisa... Não cavouca
mais. A empolgação dá lugar à estranheza, e sua testa se franze. Ele mexe um
pouco o braço enfiado na parede, o que faz confirmar sua decepção.
Baraque tira a mão lá de dentro e
olha para ela: molhada. Olha para o buraco: o que brilha lá dentro não é ouro
ou prata, mas um pequeno veio de água cristalina.
BARAQUE
Nunca
pensei que odiaria encontrar água!
Desanimado,
ele desaba sentado.
CENA 2:
EXT. DESERTO – CAVERNA – LADO DE FORA – DIA
Decepcionado, Baraque sai da
caverna carregando um saco de pano. Logo ali está seu cavalo amarrado. Ele se
aproxima do animal e prende o saco. Nesse instante, um barulho; ele vira. 3
homens saem de trás da formação rochosa onde está a caverna e se aproximam;
ambos armados com pequenas espadas: são saqueadores.
Baraque os encara com certa raiva.
SAQUEADOR 1
Fique bem
parado aí, hebreu.
BARAQUE
Hazoritas...
Sorrindo maliciosamente, os 3 se
aproximam mais e param encarando-o.
SAQUEADOR 1
Você é
Baraque? Aquele cuja família possui um tesouro?
Baraque aperta os olhos.
BARAQUE
Sim.
SAQUEADOR 1
Pois muito
bem, hebreu Baraque. Sendo de sua família, você sabe onde está o tesouro. Diga
a localização agora mesmo, ou então morra.
Baraque, firme mas cauteloso, ri.
Devagar, ele dá um passo para trás, mais próximo do cavalo.
BARAQUE
Sabem, eu
imaginei que em algum dia isso aconteceria.
De repente, ele rapidamente enfia a
mão entre os tecidos na cela do cavalo e retira de lá uma espada. Os
saqueadores se assustam, mas não se intimidam e permanecem em posição.
SAQUEADOR 1
Se não for
por bem, será por mal.
Então os 3 avançam e Baraque vai
contra eles. Choca com um. Desferem golpes um contra o outro, mas Baraque lhe
dá um empurrão forte. Os outros 2 atacam simultaneamente, mas Baraque é rápido
e consegue bloquear e desviar os golpes de ambos. Com sua espada maior por
vantagem, ele os fere, porém os homens não desistem.
Os 3 se unem e são incisivos contra
ele. Baraque começa a sentir a dificuldade de ter de enfrentar 3, até que batem
na mão de sua espada e ela cai. Ele tenta se abaixar para pegá-la, mas um deles
o chuta. Quando o saqueador tenta pegá-la, Baraque é rápido e joga um punhado
de areia no rosto do homem, que grita com os olhos queimando. Baraque chuta-o
ao mesmo tempo que leva um chute de outro. Apesar disso, ele consegue recuperar
sua espada e, logo em seguida, bloqueia dois golpes simultâneos. Outro golpe em
seguida faz um corte em seu braço, mas ele rola na areia e ganha distância.
Com essa vantagem ele bloqueia um,
arranca sua pequena espada e, com o cabo dela, bate na cabeça do saqueador, que
cai. Olha para o último, que corre até ele, mas Baraque apoia uma mão no chão,
impulsiona o corpo de modo que as pernas levantem e chuta o saqueador duas
vezes no rosto; ele e o homem caem. Baraque rapidamente se levanta e encara os
3 caídos.
BARAQUE
(chutando-os) Fora
daqui!!! Vamos!!! Sumam, hazoritas malditos!!! Sumam daqui!!! Vocês se
envolveram com a família errada!!! Procuraram o tesouro errado!!! Sumam
daqui!!!
Assustados e derrotados, os 3 se
levantam e, com dificuldade, correm dali.
Baraque os encara fugir. Então olha
para sua espada...
BARAQUE
Finalmente
você pôde me salvar.
Sorri
cansado...
CENA 3: INT.
SAPATARIA DE LAPIDOTE – DIA
Sentados próximos e de frente um
para o outro, Débora e Lapidote se encaram. Ele não esperava ouvir o que acabou
de ouvir da boca da esposa.
LAPIDOTE
Como é?
DÉBORA
É isso
mesmo, meu amor. Se você não concordar com o que eu quero, ficarei em Betel.
Não vou fazer nada do que falei. Partirei apenas com o seu apoio. (pequena
pausa) E então? O que quer que eu faça, Lapidote?
Ele não sabe o que dizer... Balança
a cabeça.
LAPIDOTE
Eu... não
sei... Você...
Débora aguarda. Ele respira fundo e
a olha.
LAPIDOTE
Faça o
seguinte: fale com os anciães. Veja o que eles pensam sobre isso. Ninguém
melhor do que eles para opinarem. Consulte o que acha o senhor Aliã. Se ele
estiver de acordo... eu também estarei. Mas é difícil... É muito difícil saber
que você estará partindo dessa forma para algo tão, mas tão perigoso...
DÉBORA
Se eu assim
o fizer, confie, meu amor. Confie e ore sem cessar. Estarei fazendo o mesmo
seja lá onde estiver.
Lapidote faz que sim.
LAPIDOTE
Claro.
Jamais deixarei de orar.
DÉBORA
Então...
falarei com o senhor Aliã.
CENA 4:
INT. CASA DE ADÉLIA – COZINHA – DIA
LAILA
Pode
entrar.
Mireu passa pela porta e entra na
cozinha. Laila o segue.
MIREU
Uau!...
LAILA
Eu não
disse que era muito?
Mireu encara a mesa e os balcões de
pedra da cozinha, lotados de potes com todos os tipos de ingredientes para os
doces e bolos que Adélia vende.
MIREU
Isso é
muito! Como Adélia faz para que os hazoritas não tomem?!
LAILA
Mas essa é
justamente a parte certa, a que cabe a nós.
MIREU
Meu Deus...
Se isso é só a décima parte... mal consigo imaginar o total!
LAILA
(sorrindo) Estamos ou
não estamos na Terra Prometida?
Mireu, impressionado, admira a
quantidade de ingredientes.
LAILA
Não é
também o campo da sua família farto como o nosso?
MIREU
Sim... Mas
meu pai não tem muito tempo de cuidar, já que precisa trabalhar na plantação para
os hazoritas. A função acaba ficando pra mim, mas ele não confia muito no meu
serviço. Além do mais ele corre risco de perder o terreno.
LAILA
Perder? Mas
por quê?
MIREU
Um homem
chamado Josafe, hebreu, voltou de Ramá alegando que aquele terreno é um antigo
de sua família, e como todos já morreram, pertence a ele.
LAILA
Meu Deus...
MIREU
Meu pai e
ele estão disputando a posse da terra. E também por isso as coisas andam meio
paradas...
CENA 5:
EXT. BETEL – PLANTAÇÃO – DIA
Trabalhando na plantação, Éder tem
um encontrão com outro hebreu: JOSAFE (45 anos). Após quase caírem, ambos se
encaram.
JOSAFE
Olhe por
onde anda, Éder!
ÉDER
Não venha
com fingimentos. Você me empurrou de propósito.
Jaziel, ali perto, os observa.
JOSAFE
Você não se
cansa da mentira não? Até aqui! O problema é que você não presta atenção em
nada. Não presta atenção no que é dos outros a ponto de se apossar do que não é
seu!
ÉDER
Pra você
tudo diz respeito ao terreno. Não para de falar sobre isso. Seu miserável.
JOSAFE
Vou te
mostrar quem é o miserável aqui!
Josafe e Éder então se atracam em
uma luta, mas logo um capataz chega ali com o chicote na mão.
CAPATAZ
Ei!!!
Vocês!!!
O hazorita separa Éder e Josafe
desferindo vários chicotadas em ambos, que caem e se levantam.
CAPATAZ
Querem
morrer agora mesmo???!!! Bando de malditos!!! Incompetentes!!! Se querem se
matar eu mato os dois aqui mesmo!!! Vagabundos!!!
Éder e Josafe, já separados, olham
para o capataz.
CAPATAZ
Já pro
trabalho! Agora!!!
Os
dois voltam a trocar olhares raivosos, mas não demoram a voltar às suas
obrigações. Jaziel olha para Éder com reprovação no olhar.
CENA 6:
EXT. BETEL - TEMPLO – PÁTIO – DIA
Sentado à margem do riacho que
corta os pátios do templo, Aliã encara Débora, sentada ao seu lado.
ALIÃ
Lutar?!
Débora faz que sim...
ALIÃ
Então acha
que a missão requerida por Deus a você é que você seja uma espécie de
justiceira... Uma guerreira solitária. Fiquei bastante impressionado com o
relato do sobrevivente que o Jaziel trouxe aqui, mas ainda assim fico surpreso
com a sua interpretação, Débora.
DÉBORA
E o que
pensa o senhor sobre isso?
Aliã, olhando para os lados,
respira fundo e abre os braços. Parece não ter o que dizer...
Por fim, engole em seco e a olha.
ALIÃ
Débora,
você tem o dom de Deus. As pessoas sabem disso. Sua fama já é grande aqui em
Betel e já está se espalhando para os arredores. Quem sou eu para discordar da
sua interpretação? Sou apenas o ancião.
DÉBORA
E isso não
é muito?
ANCIÃO
Muito?! Quem
sou eu, minha filha? Apenas o responsável por manter as tradições de Deus, por
não deixar a fé morrer e por resolver as pequenas causas enquanto um juiz não é
levantado. Não sei se é minha suposta humildade somada à idade em demasia, mas
não creio que seja o suficiente para me qualificar como um homem digno de
opinar nas decisões de uma mulher como você.
DÉBORA
A opinião
do senhor vale muito para mim. É o nosso ancião... O homem que me ensinou
praticamente tudo o que sei sobre o nosso povo e o nosso Deus.
ANCIÃO
Bom... Pra
dizer a verdade foi assim que muitas vezes os juízes foram levantados.
Libertando o povo da opressão e da escravidão.
Débora fica um tanto sem jeito.
DÉBORA
Eu... não
penso nisso. Apesar de me lembrar exatamente do que disse o juiz Sangar há 20
anos... Eu quero apenas lutar, senhor. Defender e proteger os nossos.
Aliã sorri.
ALIÃ
Sabia que os
mais qualificados para a liderança são aqueles que não a querem?
Débora continua sem jeito... Respira
fundo.
DÉBORA
Senhor...
então eu irei. Falarei com meu marido e partirei de Betel.
ALIÃ
Pois bem...
Então recomendo que seja discreta, Débora. Para o bem da sua família. De
Lapidote, de seus pais...
DÉBORA
Uma hora
saberão. Será inevitável. Uma hora todos saberão que Débora de Efraim está
lutando por aí.
Aliã então pega as mãos dela.
ALIÃ
Que Deus a
abençoe, a guie e a proteja.
Ele então coloca uma mão na cabeça
dela, que fecha os olhos.
ALIÃ
Que o
Senhor a acompanhe, dia e noite. E faça em sua vida a Sua vontade.
DÉBORA
Amém.
Ela sorri e se levanta.
DÉBORA
Shalom,
senhor Aliã.
ALIÃ
Shalom,
minha filha.
Débora
então sai. Num misto de preocupação e curiosidade, Aliã a observa se afastar.
CENA 7:
EXT. BETEL – RUA – DIA
Isabel encontra Débora andando pela
rua e se aproxima.
ISABEL
Débora!
Shalom...
DÉBORA
Shalom,
minha prima.
ISABEL
Débora...
Deixe-me te perguntar... No que deu aquela história daquela senhora que foi
atrás de você com o filho doente?!
As duas saem andando.
DÉBORA
Bem... Ela
fez como a orientei e o menino foi curado. Pela misericórdia de Deus.
Isabel sorri maravilhada.
ISABEL
Louvado
seja o Senhor!
Ouve-se a voz de Adélia anunciando
seus doces e bolos.
ISABEL
Prima, eu
não sabia dessa sua fama. É um dom de Deus!
Débora sorri simpática.
ISABEL
Por favor,
venha jantar hoje em minha casa com o Lapidote...
DÉBORA
Perdão,
Isabel, mas não poderei.
ISABEL
Hum... Tudo
bem. Eu entendo. O passado e tudo mais... Mas acho que devíamos esquecer isso.
DÉBORA
Não, minha
prima, não é por isso. Acontece que realmente não será possível, pois preciso
me preparar. Eu vou viajar.
Adélia, já ali perto, ouviu esse
trecho.
ADÉLIA
Viajar?!
Adélia se aproxima e Débora olha
para ela.
DÉBORA
(sorrindo) Tem ótimos
ouvidos, mocinha.
ADÉLIA
Não se
preocupe, senhora Débora. Eu posso ser discreta. Até fico tímida quando quero.
Acredite ou não.
Débora faz que sim sorrindo.
ADÉLIA
Mas a
senhora ainda está preocupada. Eu posso ver, está estampado em seu rosto. É a
experiência, não erro uma! Vamos, pegue um docinho. (entrega um) Esse.
Fiz a receita exatamente para que quem coma perca a preocupação e relaxe.
Débora examina o doce.
ADÉLIA
Pode comer,
senhora. Não tem aquelas ervas esquisitas que os hazoritas usam pra se
alucinarem não. Meus produtos tem ética e seguem a moral das leis de Deus! Esse
tem sabor de uma fruta amarelada que nunca me recordo do nome, mas que funciona
como calmante. E também uma pitadinha de amor!
Débora morde e saboreia.
DÉBORA
Maravilhoso!
Como sempre, Adélia.
Débora pega uma moeda na veste e
paga.
ADÉLIA
A senhora é
um doce! Dia desses vou pensar numa receita inspirada na senhora.
Débora ri.
DÉBORA
Você não existe,
Adélia. Muito obrigada... Eu vou indo. Shalom.
ISABEL
Shalom!
ADÉLIA
(sorrindo) Shalom,
senhoras.
Débora e Isabel saem andando.
ISABEL
Viajar?!
Escondida?! Como, Débora? Por quê?! Para onde você pretender ir?!
DÉBORA
Infelizmente...
eu não posso dizer. Ainda.
ISABEL
E
Lapidote... está sabendo?
DÉBORA
Sim, é
claro. Jamais eu tomaria uma decisão sem a ciência de Lapidote.
ISABEL
E ele
deixou?
Elas param pois chegaram em um
ponto onde cada uma vai para um rumo. Débora olha para a prima.
DÉBORA
Nós conversamos...
Todas as decisões que tomamos é em conjunto.
Isabel arqueia as sobrancelhas.
ISABEL
É mesmo?
Que diferente... Vocês formam um casal muito bonito.
DÉBORA
(sorrindo) Obrigada,
minha prima. Shalom.
ISABEL
Shalom...
Débora
vira e sai. Isabel fica ali parada, preocupada e um tanto aflita.
CENA 8:
EXT. FORTALEZA – FRENTE – DIA
Sísera, Bogotai e os soldados
chegam à Fortaleza trazendo as dezenas de hebreias, algumas chorando, outras
desesperadíssimas. Sama, presa nos braços de Bogotai, derrama lágrimas sem
parar.
SÍSERA
(olhando
para elas) Sejam bem-vindas ao seu novo lar, hebreias.
Eles
caminham para a grande porta de entrada.
CENA 9:
INT. FORTALEZA – SALÃO – DIA
Sísera, de pé e com Bogotai um
pouco atrás de si, observa as mulheres à sua frente, colocadas de joelho diante
deles. Já repreendidas, elas tentam abafar seus choros. Várias secam as
lágrimas sem parar. Guardas e alguns soldados estão ao redor.
SÍSERA
Por que
ouço choro abafado? Alegrem-se, hebreias. Vocês foram promovidas! A partir de
agora não são mais escravas, mas sim servas incontestáveis do grande rei Jabim.
E minhas servas, também.
Sísera então começa a andar devagar
por entre elas.
SÍSERA
Há um plano
ocorrendo em Hazor. Esse lugar em que estamos, chamado Fortaleza, abriga
crianças, todas retiradas do meio do povo de vocês.
Um burburinho começa entre elas, e
ele para de andar.
SÍSERA
Silêncio!!!
As poucas vozes cessam, mas
aumentam-se os choros ainda abafados. Sama, em lágrimas, encara o nada à sua
frente. Sísera retoma a caminhada entre elas.
SÍSERA
O rei Jabim
pretende construir uma nova geração de escravos. Escravos que não possam
pensar. Nem falar. Nem contestar. Homens que não conheçam o seu passado e muito
menos guardem secretamente em seus corações a esperança de uma liberdade que
pode impulsioná-los à rebelião e à desordem. As crianças que aqui se mostrarem
aptas crescerão apenas para trabalhar. Trabalhar incansavelmente, dia após dia.
E serão vocês as responsáveis por avalia-los e prepara-los para esse fim. As
crianças que não passam no teste são levadas para os braços da morte. E, de
novo, vocês é que serão as responsáveis por avaliar quem vira escravo e quem
morre.
As mulheres ouvem aquilo
horrorizadas.
SÍSERA
Para que
não haja trapaça, vide a natureza traiçoeira do povo de vocês, não é permitida
aprovação de mais de 80 crianças a cada 100. Os estudiosos de nosso reino já
disseram que esse é o número médio de piolhentos hebreus que se mostram aptos
no processo.
Sísera continua a andar devagar por
entre elas.
SÍSERA
E, como
sabem, as visitas de seus familiares, todas observadas de perto por um soldado
a fim de que não contem nada proibido, acontecerão uma vez por lua. E, caso
insistirem na desobediência e fizerem alguma gracinha, morrerá a mulher e o
familiar visitante. Está entendido?
O silêncio não se altera.
SÍSERA
Está
entendido?!
MULHERES
(abatidas) Sim...
Outras choram mais.
SÍSERA
(voltando
para a frente delas) Agora cada uma de vocês se levantará, virá até mim,
se ajoelhará e beijará minha mão.
Pouco depois, cada uma das mulheres
vai até ele, se ajoelham e beijam sua mão. Sísera as observa com superioridade
e desprezo.
Quando Sama se aproxima e faz o
mesmo, ele, sentindo as lágrimas dela pingando em sua mão, mete uma forte
bofetada no rosto dela, que cai secamente no chão.
SÍSERA
Que nojo!
E
seca a mão. Sama, com dificuldade, se levanta e segue as outras mulheres.
CENA 10:
INT. PALÁCIO – CASA - COZINHA – DIA
Najara está de frente para Darda e
as 4 moças candidatas.
NAJARA
Os meus
cozinheiros Eloá e Danilo já arrumaram tudo para a tarefa. A missão é preparar
o meu desjejum. Todos os ingredientes e utensílios dessa cozinha estão à
disposição de vocês. Aquela que preparar o pior prato será descartada da disputa.
As moças ouvem ansiosas.
NAJARA
Podem
começar.
Imediatamente
as 5 se espalham pela cozinha e começam a pegar potes, panelas, copos e
ingredientes. Darda é uma das mais ágeis...
CENA 11:
INT. SAPATARIA DE LAPIDOTE – DIA
Lapidote acabou de ouvir Débora.
LAPIDOTE
Então foi
isso que disso o ancião.
DÉBORA
(fazendo
que sim) Essas foram as palavras do senhor Aliã.
Ele faz que sim.
LAPIDOTE
Muito me
dói... e muito me preocupa. Mas, conforme eu disse... eu aceito.
Ela sorri muito suavemente.
DÉBORA
Então está
acertado, Lapidote. Eu vou partir. E, com a ajuda de Deus, farei justiça ao
nosso povo.
Lapidote a olha com preocupação.
Débora então pula no pescoço do marido e o abraça fortemente. Ele também a
abraça. Lágrimas caem pesadamente dos olhos dos dois...
No abraço extremamente sentimental
do casal, IMAGEM CONGELA
CONTINUA...
FADE OUT:
No próximo capítulo: Sama
desabafa com outra mulher sobre os motivos de estar ali na Fortaleza. Najara
avalia os pratos preparados pelas candidatas. Hanna conta para Sísera seu novo
sonho. E Débora tenta se despedir dos pais para partir, mas Elian não perde a
oportunidade de bater de frente com a filha.
Obrigado pelo seu comentário!