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Alto Mar - Capítulo 6





ALTO MAR

GÊNERO WEBSÉRIE
ESCRITA POR GABRIEL PRETTO
EMISSORA RANABLE WEBS
CAPÍTULO 6
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Cena 1: Convés superior/Atena/Madrugada/

Ávila está inflando um dos botes. 

Fernando: Rápido com isso. Rápido!
Ávila: Espera! Eu estou indo o mais rápido que eu consigo.
Paola: Tá gente! Quando ele terminar de inflar o bote, ele irá jogá-lo na água, nós vamos pular e 
chegar até ele.
Rael: Como assim? Tá louca! Olha pro mar. Olha as ondas! A gente vai se afogar! 
Marcel: Esse é o único jeito.

A imagem corta para os andares inferiores, onde vemos Ludim segurando Gallego pelos 
braços. Gallego está segurando um destilador de água salgada.

Ludim: Olha nos meus olhos e me responde! Você não ajudou ele? Por quê? Você por acaso 
jogou ele da escada?
Gallego (em choque): N-não.
Ludim: Então que porra foi essa? O que aconteceu?
Gallego: Ele se lembrou que tinha esquecido do destilador. Eu fiquei pra ajudar ele. Quando ele foi 
subir as escadas com ele, o navio inclinou...e ele desequilibrou, caiu e bateu a cabeça.
Ludim: Ta...ta bom. Você deve ter ficado em choque e não conseguiu ajudar ele. Não é? 

Gallego balança a cabeça positivamente.

Ludim: Tá...agora vamos sair daqui. Vamos lá pra cima.

Barulhos são ouvidos no navio e ele dá uma inclinada brusca para a direita.

Gallego: Caralho! 

Ludim e Gallego caem no chão.

A câmera volta para o convés superior. O bote já foi lançado, mas com a força da inclinação, 
vemos os tripulantes escorregando e caindo na água, incluindo Paola e Marcel. Eles voltam 
para a superfície.

Paola: Vem! Vamos nadar até o bote. Vamos!

Marcel e Paola começam a nadar em direção ao bote. Barulhos são ouvidos, 
 os dois olham para trás e veem as cargas do navio caindo no mar e esmagando todos 
que estavam alí em baixo.

Marcel: Ai meu deus!
Paola: Meu deus...vem...vem! Continua nadando.

A câmera corta para o convés inferior onde Ludim e Gallego estão.

Ludim: Esse navio está afundando. Vem! Vamos para os botes! Vem! Vem!

Os dois sobem as escadas com muita dificuldade vista a inclinação íngreme do navio. 

De volta ao Mar, a câmera mostra Marcel, Paola, Ávila e Fernando, que está carregando 
alguns sacos de comida que pegou na água, subindo no  bote.

Ávila (chocado): Meu deus! Eles morreram! Eles morreram! Morreram na minha frente! 
Eu quase morri també-
Fernando: Cala a boca! Se controla. Me ajuda a carregar essas coisas!
Marcel: Tá todo mundo bem?
Paola: Meu marido…
Marcel: Quê?
Paola: O meu marido ficou lá dentro! Eu preciso voltar! Eu preciso voltar!
Marcel: Calma! Ele vai ficar bem. Ele é inteligente. Ele vai sair dessa.
Fernando: Da pra me ajudar aqui com essas coisas? Rápido!
Marcel: Calma aí!

Ávila e Marcel ajudam Fernando a subir, enquanto Paola fica observando em choque 
o navio afundando.

De volta ao convés, Ludim e Gallego conseguiram chegar até o convés superior. 
Gallego nota a ausência dos containers do navio

Gallego: Cadê a carga?
Ludim: Caiu na água. Agora precisamos de um bote.
Gallego (apontando para o bote em que Paola e Marcel estão): Ali!
Ludim: Ok...tá, me escuta. A gente vai ter que pular na água e nadar até o bote.
Gallego: Ludim, eu não sei nadar. E tem carga alí em baixo!
Ludim: Eu te ajudo. Vamos logo. A gente vai pular pela popa

Os dois vão até a traseira do navio e sobem no corrimão

Ludim: No três. Tá bom?
Gallego: Tá…
Ludim: Um...dois...TRÊS!

Os dois pulam na água e voltam até a superfície após caírem

Ludim: Você tá bem?
Gallego: Sim.
Ludim: Põe o braço no meu pescoço.

Gallego faz isso e Ludim o ajuda a nadar. Ele nada com dificuldades e a sua cabeça 
é constantemente submergida na água gelada. Após dois minutos lutando para ficar na 
superfície, Ludim avista o bote mencionado por Gallego e grita.

Ludim: Ei!

Eles nadam para mais perto.

Ludim: Socorro!
Paola: É o Ludim! 

Ludim chega até o bote.

Ludim: Ajuda ele primeiro!
Marcel: Você tá bem?
Ludim: Sim, eu tô. Ajuda ele!

Marcel ajuda Gallego a subir no bote e em seguida, auxilia Ludim a embarcar. 
Paola nota a presença de Gallego e se enche de medo por dentro. 
Os seis olham o navio afundando, que está inclinado para o lado 
á um ângulo de quase 90°. Finalmente o navio afunda por completo. A câmera 
mostra os corredores do navio inundados pela água, onde vemos Diego flutuando 
na água morto.

Cena 2: Hotel/Corredor/Puerto Limon/Manhã/

Laerte está fazendo uma ligação.

Laerte: Vamos lá Pedro. Atenda.
Pedro (no telefone): Alô?
Laerte: Pedro, eu já estou no hotel. Cheguei de madrugada. Não aguento mais esse lugar. 
Ele fede. Essa cidade inteira fede.
Pedro: O que você esperava? Um hotel três estrelas em um país subdesenvolvido 
de um continente pobre e você espera algum luxo? E como está o Lorenzo?
Laerte: Aquele tapado? Hã, te contando parece engraçado mais e triste ver como ele é burro. 
Caiu em tudo que eu disse. Ele realmente acha que eu vou vir aqui nesse lixo de país para 
ajudar gente pobre. Quero sair logo daqui porque pobreza pega. Acho que consigo voltar para a 
Espanha em dois dias. 
Pedro: Eu não iria cantando vitória desse jeito, Laerte. 
Laerte: Por quê?
Pedro: O meu medo é que alguém exponha esse escândalo sem autorização. 
Aí vai ficar ruim pra gente.
Laerte: Mas isso vai ficar em sigilo por muito tempo.
Pedro: Mas não para sempre. Uma hora alguém vai vazar isso se a gente não tomar cuidado. 
Laerte: Os únicos que podem vazar isso são algum superior da empresa ou os meus sócios. 
Mas pode ter certeza de que se alguém fizer isso, cabeças vão rolar.
Pedro (rindo): Ai ai, você é uma figura, em?
Laerte: Eu to falando isso no sentido literal.
Pedro: C...como assim?
Laerte: Tá todo mundo com medo do navio ter afundado, né? Hã, deviam ter medo é de mim. 
Existem coisa Pedro que você não sabe que eu sou capaz e que você nunca vai saber. Ai de quem 
tentar alguma gracinha pra cima de mim. Olha, eu preciso desligar agora. Depois eu te ligo.
Pedro: Até logo.
Laerte: Até.

Lorenzo surge atrás de Laerte.

Lorenzo: Quem era?

Laerte vira assustado.

Laerte: Ah...era o vice da empresa. Já está quase na hora. Vamos?
Lorenzo: Sim.

Os dois seguem o corredor.

Cena 3: Bote salva vidas/Oceano Atlântico/Manhã/

Todos estão quietos, ainda chocados pelo naufrágio. No bote, há três sacos de arroz, 
quatro sinalizadores, cinco garrafas d’água e um destilador de água salgada que foi trazido 
por Gallego.

Paola: E o Diego?
Ludim: Quê?
Paola: Meu marido, Diego! O que aconteceu com ele?
Ludim: Paola...eu não quero falar sobre isso agora...vamos convers-
Paola: Eu estou pouco me fudendo se você quer ou não! Ele era meu marido! Entendeu? 
Meu marido! Então eu tenho o direito de saber o que aconteceu com ele!
Ludim: Tá...então me escuta
Paola: Eu to escutando!
Ludim: Quando eu voltei lá pra baixo, eu encontrei o Diego caído chão. Ele tava com a 
cabeça sangrando. Ele disse algumas coisas, ele disse o nome do Gallego, provavelmente 
chamando ele. As chances dele estar delirando são altas visto a perda de sangue. 
Eu disse que iria tirar ele dali, e ele disse ‘’não’’. Provavelmente ele estava dizendo pra eu me 
salvar e deixar ele morrer.
Paola: E você deixou ele lá!?
Ludim: Não deixei. Ele parou de respirar logo depois. Eu chequei os pulsos, 
mas ele não apresentava sinais vitais. 
Paola: Tá, e daí?
Ludim: Eu olhei pro lado e vi o Gallego. Ele estava chocado e paralisado.
Paola: Chocado? 
Gallego: Sim...eu sinto muito.
Paola: Ludim, você já disse o suficiente. Descansa um pouco porque agora 
quem vai dar umas palavras sou eu.
Ludim: O quê?
Paola: E você, em Gallego?
Gallego: O que tem eu?
Paola: Você acha que eu vou cair nesse jogo? Acha?
Gallego: Do que você tá-
Paola: NÃO SE FAÇA DE SANTO! Eu sei que você matou meu marido. Matou ele de ciúme, não é?
Gallego: Você tá descontrolada. Eu não matei ele!
Paola: Você matou sim!
Gallego: Não!
Paola: Você matou sim!

Paola dá um tapa em Gallego e tenta se avançar nele.

Marcel: Ei ei ei! Sem briga! 
Ludim: Paola, não!

Marcel e Ludim seguram Paola.

Gallego: Tá doida, é?
Paola: CALA ESSA BOCA! CALA ESSA BOCA! COMO É QUE VOCÊ TEVE CORAGEM? 
SEU FILHO DA PUTA! VOCÊ MATOU MEU MARIDO DE DESGOSTO. COMO É QUE VOCÊ 
PODE SER TÃO CRUEL DEPOIS DO QUE VOCÊ FEZ COMIGO!?
Ávila: Gente!

Todos ficam quietos e olham para fora. Eles veem um barco passando na distância. 

Fernando: Um barco…
Ávila: Me dá um sinalizador! Rápido!

Fernando dá um sinalizador para Ávila, que atira para o alto. Todos eles se enchem de 
esperança. 

Fernando: Vamos Gritar.
Marcel: Eles não vão ouvir.

O barco passa reto sem perceber o bote.

Ávila: Foram embora.
Ludim: Como embora?
Paola: Ai, meu deus do céu.
Fernando: Que inferno! Por que vocês não berraram! Eles podiam ter ouvida a gente.
Ludim: Tá, não vamos discutir agora, tá bom?

Cena 4: Delegacia de Puerto Limon/Manhã/

Lorenzo e Laerte estão sendo interrogados por um representante da guarda costeira 
costarriquenha.

Laerte: Rio de janeiro. Ele estava indo pra lá.
Representante: Quando?
Laerte: Segunda-feira.
Representante: E...qual é a última posição de que se tem registros do navio?
Laerte: Seiscentos e…
Lorenzo: 650 km longe da costa por volta das 7:45 da noite de Segunda-Feira.
Representante: Quantos tripulantes a bordo?
Laerte: 17.
Representante: Ok. Agora se você me permite, eu preciso fazer algumas perguntas para o 
seu sócio. Ou você é algum outro superior da Coimbra?
Lorenzo: Não. Sou apenas sócio dele.
Representante: Ok. Senhor…
Lorenzo: Me chame só de Lorenzo.
Representante: Pois bem Lorenzo, a quando tempo você trabalha para o senhor Aviles?
Lorenzo: Duas semanas, vai fazer três amanhã.
Representante: De que forma você tem auxiliado ele na Coimbra?
Lorenzo: Comparecendo em reuniões, dando conselhos, auxiliando-o com decisões.
Representante: E...ele te trata bem?
Lorenzo: Sim. Ele me trata super bem.
Representante: E por acaso ele comentou com vocês alguns esquemas suspeitos.
Laerte: Com licença, essa pergunta é muito intrusiva. 
Representante: Intrusiva? Você acha que eu não sei quem você é de verdade?
Laerte: O quê?
Representante: Você acabou com a vida da minha família com todos os seus esquemas dentro da 
Coimbra em nome do seu sucesso. Acha mesmo que eu não ia perguntar isso? Você acha que 
todo mundo te acha um santo, mas saiba que existem pessoas como eu que sabem de todos os 
seus podres, Laerte.
Laerte: Escuta aqui seu pobre lazarento, esse sucesso que eu tenho foi graças ao meu suor, 
meu respeito aos meus funcionários e ao meu trabalho honesto. Eu não vou permitir que você me 
faça calúnias a respeito de atrocidades tão banais quanto estas contra a minha pessoa. Não vou!
Representante: Calúnia? Será que as fatalidades do M.S Deméter foi uma calúnia?
Laerte: Quer saber? pra mim já chega! Vamos Lorenzo, vamos voltar para o hotel!

Lorenzo e Laerte saem da sala e o representante fica com um olhar de raiva, 
mas não tenta impedi-los.

No lado de fora da delegacia, vemos Lorenzo e Laerte saindo juntos.

Laerte: Ai Lorenzo, me desculpe. Eu me exaltei. Mas eu não permito que faltem com respeito comigo 
e com você. Porque eles estava indiretamente atacando você também.
Lorenzo: Eu te entendo. Qualquer um ficaria desse jeito. Olha, já é meio dia. 
Então quem sabe a gente não faz uma pausa para almoçar?
Laerte: É. Boa idéia. Eu vi um restaurante aqui por perto. Vamos alí?
Lorenzo: Vamos.

Os dois atravessam a rua e Lorenzo fica com uma cara de desconfiado.

Cena 5: Bote salva-vidas/Oceano Atlântico/Noite/

Todos estão comendo um pouco de arroz cru.

Paola: Gente, eu acho que essa era uma boa hora pra gente discutir sobre a comida. 
A gente precisa economizar. Porque eu não sei por quanto tempo nós vamos ficar aqui.
Ludim: É…mas como a gente vai economizar?
Marcel: Comendo pouco talvez?
Fernando: Ou fazendo só uma refeição por dia?
Ávila: O quê? Eu não sei se eu vou aguentar só comer uma vez no dia.
Fernando (exaltado): Pelo amor de deus Ávila! Você é muito fresco! Mariquinha! 
A gente tá lutando pra sair daqui com vida! E a única coisa que você tem feito até agora 
foi dramatizar? Seja homem!
Ludim: Ok, deu! Fernando, chega.

Todos ficam quietos por alguns instantes.

Gallego: Eu...estava pensando se a gente pescava pra conseguir comida. O que vocês acham?
Ludim: Seria uma alternativa, mas não temos nada pra servir de arpão para apanharmos eles.
Gallego: É…
Ludim: Tá , então ficou assim? A gente só come uma vez no dia uma quantidade moderada?
Paola: Sim.
Ludim: Tá bom.

Cena 6: Bar/Puerto Limon/Madrugada.

Lorenzo entra no bar, senta na frente do balcão e pede uma bebida.

Balconista: Pra você?
Lorenzo: Uma cerveja com gelo.

Lorenzo vira para o lado e vê Carlos sentado ao seu lado. Ele nota cara acabada dele.

Lorenzo: Tudo bem senhor?
Carlos (atordoado): Ta falando comigo?
Lorenzo: Sim, tá tudo bem?
Carlos: Depende do ponto de vista. Minha vida tá de ponta cabeça.
Lorenzo: Por quê?
Carlos: Eu não acho compartilhar a minha vida para estranhos.
Lorenzo: Eu não sou um estranho, Mas se você não quiser conversar sobre, eu te respeito.
Carlos: Minha mulher...ela morreu no domingo. Câncer de mama.
Lorenzo: Sério? Eu sinto muito.
Carlos: Mas a minha desgraça não termina por aqui não. Eu tenho um filho. 
E agora ele está contra mim. Ele diz que eu forcei ele a trabalhar em navios, 
não ajudei minha mulher...que eu sou um fracasso. Até minha mãe está contra mim agora.
Lorenzo: Hm...entendo.
Carlos: Não...você não entende. Você nunca vai entender.
Lorenzo: Vou te dar um conselho. Eu sei que você queria ajudar muito a sua mulher pelo o que 
você contou, não é?
Carlos: Eu não consegui. Não consegui arrumar emprego pra ajudá-la.
Lorenzo: Mas você ia sempre visitar ela por acaso?
Carlos: Sim.
Lorenzo: Então isso é uma baita de uma ajuda. Como é o nome do seu filho?
Carlos: Ludim.
Lorenzo: E o seu?
Carlos: O meu é Carlos.
Lorenzo: Tá bom, Carlos. Olha, você são filho e pai. Vocês só tem a si mesmos agora. 
Eu tenho certeza que ele não vai ficar assim com você pra sempre. Ele não pode.
Carlos: A única informação que é dele é que ele agora está no mar. Num navio cargueiro. 
O nome é...sei lá...Atena eu acho.

Lorenzo se assusta com o nome.

Lorenzo: A...atena você disse?
Carlos: Sim...da Coimbra, conhece?

Lorenzo gela.

Lorenzo: N...não. Não conheço. Olha eu preciso ir. Ô balconista, me vê um papel e uma caneta.
Balconista: Um momento.

Lorenzo recebe o papel e a caneta. 

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Papel:


Hotel Caribe, Playa Bonita


Quarto 208


Meu telefone: (34)723-018-926


Lorenzo 
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Lorenzo entrega o papel

Lorenzo: Olha, aqui nessa papel têm o hotel que eu estou e o meu quarto. 
Meu número de telefone também está aqui. Logo eu voltarei para a Espanha. 
Se você quiser me ligar, deixei meu número. Qualquer coisa você me liga, tá? Eu preciso ir.

    Lorenzo se levanta e sai.


Cena 7: Bote salva-vidas/Oceano Atlântico/Madrugada/

A câmera mostra o bote pelo lado de fora. Ela se aproxima para dentro dele e vemos 
que todos estão dormindo. A câmera foca em Paola. De repente, vemos piscando na tela, 
a imagem de alguém se afogando com o som ecoado. Depois de mais quatro flashes dessas 
imagens, vemos que esse alguém é Paola.

Paola (com a voz ecoada): Socorro!

Paola fica novamente submersa na água e não consegue voltar até a superfície. 
A câmera foca em seu rosto durante 10 segundos, até que Paola finalmente acorda ofegante. 
Ela se senta no bote. Ludim a percebe.

Ludim (sonolento): Paola...o que houve?
Paola: Eu vi…
Ludim: Viu o quê?
Paola: Água...eu tava me afogando.
Ludim: Você teve um pesadelo, não é?
Paola: É...é...eu acho que é isso.
Ludim: Agora respira...fica calma…
Paola: Ludim, não se preocupa com isso. Eu vou voltar a dormir.
Ludim: Tem certeza que está tudo bem?
Paola: Sim...me deixa dormir agora, tá?
Ludim: Tá.

Os dois se deitam, e vemos o rosto amedrontado de Paola.

Cena 8: Hotel Caribe/Quarto 208/Madrugada/

Lorenzo está tentando dormir quando o telefone toca.

Lorenzo: Ah, que saco!
Lorenzo atende o telefone.

Lorenzo: Alô?
Recepcionista (na linha): Boa noite. É do quarto 208?
Lorenzo: Sim. O que deseja?
Recepcionista: Tema alguém aqui em baixo querendo ir até aí. Devo autorizar a entrada?
Lorenzo: Quem quer vir aqui?
Recepcionista: Um tal de Vinicio.
Lorenzo: Vinicio?
Recepcionista: Sim.
Lorenzo: Não. Por favor. Não autorize a entrada.
Recepcionista: Certo. Desculpe o incomodo. Tenha uma boa noite.
Lorenzo: Igualmente.

Lorenzo desliga, deita novamente e tenta dormir. Depois de 10 segundos, 
se escuta uma batida brusca em sua porta.

Lorenzo: Ai mais que inferno!

Lorenzo se levanta da cama e abre a porta. 
 É o representante da marinha que interrogou eles mais cedo.

Lorenzo: Você?
Representante: Desculpe lhe interromper a essa hora, mas é necessário.

O representante vai entrando no quarto.

Lorenzo: Ou! Quem você pensa que é pra ir entrando no meu quarto desse jeito?
Representante: Por favor, me chame de Vinicio. Feche a porta, por favor.

Lorenzo fecha a porta.

Lorenzo: Então, ‘’Vinicio’’, como é que você conseguiu descobrir onde eu e meu chefe 
estamos ficando? Aliás, o que você está qu-
Vinicio: Eu preciso que você me ouça. Eu preciso que você diga tudo o que você sabe sobre 
Laerte Aviles e me dê detalhes sobre a sua relação com ele. Eu preciso saber o que ele está 
fazendo na Coimbra.
Lorenzo: O quê? Não! Não! Eu não posso! Sinto muito! É meu emprego que está em jogo. 
É a minha vida que está em jogo. Eu preciso desesperadamente do pagamento dele. 
Eu não posso arriscar perder o meu emprego.
Vinicio: Então você acabou de assumir que você sabe de algo sobre ele, não foi?
Lorenzo: O que está dizendo?
Vinicio: Não caia nessa, Lorenzo.
Lorenzo: O quê?
Vinicio: Não caia nesse jogo.
Lorenzo: Que jogo?
Vinicio: Ai ai. Será que você é tão tapado assim?
Lorenzo: Isso não responde a minha pergunta.
Vinicio: O Laerte não é quem você pensa que você é. Ele acabou com a vida da minha família. 
Entendeu? Ele acabou. E eu tenho quase certeza que ele está querendo acabar com a sua também.
Lorenzo: Não! Eu não vou cair nos seus truques. Eu não vou abrir a boca.
Vinicio: Olha, se você não falar nada, você pode ser considerado como cúmplice do Laerte. 
E se ele realmente tiver feito ações ilegais, você também pode ter problemas.
Lorenzo: Você está me chantageando?
Vinicio: Sim, eu estou. E se você não falar nada, vai ser pior pra você. Por bem ou por mal, 
me conta a verdade Lorenzo.

A câmera foca em Lorenzo, que está com uma expressão nervosa.

A câmera congela em Lorenzo. O fundo fica embaçado e a imagem inteira fica azul.

FIM DO CAPÍTULO
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