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Júlia - Capitulo 19










JÚLIA

Uma novela criada e escrita por 
RAMON FERNANDES

CAPÍTULO 19







CENA 01. RUA DESERTA. EXTERIOR. NOITE
SUPER CLOSE EM UM PAR DE PÉS DESCALÇOS, ANDANDO POR UMA RUA DESERTA ASFALTADA. POUCO MOVIMENTO E POUCA ILUMINAÇÃO. A LUZ APENAS VINDO DA LUA CHEIA NO CÉU, E DAS POUCAS LUZES DOS POSTES.
CÂM VAI ABRINDO EM PLANO GERAL, E REVELANDO CAROL, COM A ROUPA RASGADA, COM MARCAS NOS BRAÇOS E NO ROSTO. SANGRANDO EM ALGUMAS PARTES DO CORPO. ELA CHORA, MAS ESTÁ COM O OLHAR VAGO, PERDIDO. ANDA A ESMO, SEM MUITA DIREÇÃO. SUPER CLOSE EM SUA EXPRESSÃO DESTRUÍDA, ACABOU DE SER ESTUPRADA.
FADE OUT/

FADE IN/
CENA 02. RIO DE JANEIRO. EXTERIOR. DIA
DIA AMANHECE ENSOLARADO. SEM SONOPLASTIA. ALGUNS PONTOS SÃO MOSTRADOS. ÚLTIMO TAKE NO PRÉDIO DE WILLIAM E CAROL.
CORTA PARA

CENA 03. APARTAMENTO DE WILLIAM E CAROL. SALA. INTERIOR. DIA
WILLIAM ANDA DE UM LADO PARA O OUTRO, PREOCUPADO. OLHA PELA JANELA, TENTA NO CELULAR. A PORTA SE ABRE, CAROL ENTRA, DESOLADA, TODA RASGADA.
WILLIAM    — Carol, meu amor! Onde você tav/ (A olha daquele jeito) Pelo amor de Deus, o que houve, Carol? O que aconteceu com você, amor?
CAROL    — (Chora desesperada) Me ajuda! Socorro! Me ajuda!
WILLIAM ABRAÇA CAROL, QUE CHORA DESESPERADA. ELE COMPLETAMENTE PERDIDO, TAMBÉM VAI SE DESESPERANDO, ABRAÇADO A NAMORADA.
CORTA PARA

CENA 04. HOSPITAL. QUARTO. INTERIOR. DIA
ABRE EM CAROL, COM O OLHAR PERDIDO, DEITADA EM UMA CAMA DE HOSPITAL. ALGUNS FERIMENTOS APARENTES PELO ROSTO, BRAÇOS ROXOS, MACHUCADOS. WILLIAM COM ELA, SENTADO EM UMA CADEIRA, ESTÁ A OLHANDO, PREOCUPADO. UM MÉDICO ENTRA NO HOSPITAL. WILLIAM LEVANTA-SE.
WILLIAM    — Doutor, então, como tá a Carol?
MÉDICO    — Sua namorada teve, aparentemente, uns ferimentos leves, alguns cortes, arranhões, mas são aparentes. Nenhum órgão foi lesionado, e o raio-x deu tudo normal.
WILLIAM    — O que tá me preocupando é esse estado catatônico dela. A Carol só fica olhando assim, vagamente, pro nada. Não responde, não conversa, não fala nada.
MÉDICO    — William, então, quando algumas mulheres chegam nesse estado aqui no hospital, nós sempre trabalhamos com duas possibilidades... Violência doméstica/
WILLIAM    — (Por cima) Nunca, doutor! Eu nunca faria nada com a minha namorada. Eu amo a Carol.
MÉDICO    — Como eu disse, são duas possibilidades. Violência doméstica, ou... Ou então, a Carol sofreu algum assalto, ou até pode ser sofrido mesmo algum abuso na rua.
WILLIAM    — (Baqueado) Abuso, doutor? Como assim? Abuso sexual?!
CLOSES ALTERNADOS. EM WILLIAM MUITO NERVOSO.
CORTA PARA

CENA 05. CALEIDOSCÓPIO. SALÃO. INTERIOR. DIA
ALGUMAS PESSOAS POR ALI, OLHANDO A EXPOSIÇÃO DE FOTOS QUE JÚLIA FEZ EM PARIS. ELA CIRCULA POR ALI, ANOTANDO ALGUMAS COISAS EM SUA AGENDA. CORTA PARA A PORTA, LEANDRO ENTRA ALI. OLHA EM TORNO. JÚLIA O VÊ E VAI ATÉ ELE.
JÚLIA    — Leandro.
LEANDRO    — (Sorrindo) Bom dia, Júlia.
OS DOIS DÃO UM SELINHO. JÚLIA SORRI, NERVOSA.
LEANDRO    — Fiquei surpreso com o convite pra um café. Não esperava te ver assim tão rápido.
JÚLIA    — Eu te chamei aqui, porque eu precisava... Eu preciso, falar com você, Leandro.
LEANDRO    — Você parece preocupada. Aconteceu alguma coisa?
CLOSES ALTERNADOS. EM LEANDRO.
CORTA RAPIDAMENTE PARA

CENA 06. CALEIDOSCÓPIO. SALA DE JÚLIA. INTERIOR. DIA
LEANDRO SENTADO. JÚLIA VEM COM UMA XÍCARA DE CAFÉ, ENTREGA PARA ELE.
LEANDRO    — Ficou muito bom o espaço. Esses anos fora te deu muito bom gosto.
JÚLIA    — (Ri) Vou encarar como um elogio.
LEANDRO    — É claro que é.
JÚLIA SORRI. SENTA EM FRENTE A LEANDRO.
LEANDRO    — Cê disse que tinha um assunto pra falar comigo. Eu tô bem curioso. O que aconteceu?
JÚLIA RESPIRA FUNDO. BEBE UM GOLE DE CAFÉ. ENCARA LEANDRO.
JÚLIA    — Eu tinha jurado pra mim que esse assunto nunca chegaria a ninguém da família Assunção. Que ninguém ia saber o que eu guardei durante anos em Paris. Mas, eu pensei muito. O meu pai também me aconselhou bastante sobre o assunto, e simplesmente não dá pra manter esse assunto esquecido na prateleira, ou debaixo do tapete, como uma sujeira qualquer.
LEANDRO    — Júlia, eu realmente, tô ficando preocupado. Tem como ser mais específica?
JÚLIA    — É difícil pra mim, Leandro.
LEANDRO    — Eu imagino. Mas pode confiar em mim.
ELE SEGURA AS MÃOS DELA.
LEANDRO    — Eu já tinha te falado antes. Pode confiar em mim. Seja o que for, confia em mim.
JÚLIA    — (Concorda) Eu vou te contar tudo. Mas eu peço que você não me julgue. Eu achei que fosse a decisão mais correta a se tomar.
LEANDRO    — O que é?
JÚLIA RESPIRA FUNDO, TOMA CORAGEM.
JÚLIA    — Sabe aquele menino que você viu comigo no shopping, logo que eu tinha acabado de chegar no Brasil?
LEANDRO    — (Estranha) O filho da sua amiga. O...
JÚLIA    — Vinícius. O nome dele é Vinícius.
LEANDRO    — Ok. Vinícius. O que isso tem a ver?
JÚLIA    — Tem que eu menti. Ele não é filho da minha amiga, não existe essa amiga.
LEANDRO    — Não?!
JÚLIA    — O Vinicius é meu filho, Leandro.
LEANDRO FICA SURPRESO. CLOSES ALTERNADOS. EM JÚLIA.
CORTA PARA

CENA 07. HOSPITAL. QUARTO. INTERIOR. DIA
Continuação imediata da cena 04.
WILLIAM CHOCADO DIANTE DO MÉDICO. OLHA CAROL, COM O OLHAR AINDA PERDIDO.
WILLIAM    — O senhor tá me dizendo que a minha namorada por ter sido o que? Abusada? Estuprada, é isso?
MÉDICO    — É a realidade de muitas mulheres que chegam assim, como a Caroline.
WILLIAM OLHA PARA CAROL. ENCARA O MÉDICO.
WILLIAM    — Mas não tem nenhum exame que possa comprovar isso?
MÉDICO    — Claro. Corpo delito. Mas eu preciso da autorização ou da vítima, ou de algum familiar, ou companheiro, companheira, enfim...
WILLIAM OLHA CAROL, SE APROXIMA. TENTA FAZER CARINHO EM SEU ROSTO, MAS ELA VIRA ABRUPTA. WILLIAM OLHA PREOCUPADO PARA O MÉDICO. BALANÇA A CABEÇA AFIRMATIVAMENTE.
WILLIAM    — Eu também quero um psicólogo. Quero descobrir o que aconteceu com a Carol.
MÉDICO    — Eu vou providenciar. Com licença.
WILLIAM CONCORDA. O MÉDICO SAI. EM CAROL, UMA LÁGRIMA ESCORRE PELO SEU ROSTO.
CORTA PARA

CENA 08. CALEIDOSCÓPIO. SALA DE JÚLIA. INTERIOR. DIA
Continuação imediata da cena 06.
LEANDRO LEVANTA NERVOSO. JÚLIA O ENCARANDO.
LEANDRO    — Aquele menino que eu vi com você no shopping, então, é seu filho?
JÚLIA    — Sim, Leandro. O Vinícius é meu filho.
LEANDRO    — (Sorri) Tudo bem. Você não precisava ter escondido isso. É tão normal hoje. Ele mora com você no flat?
JÚLIA BALANÇA A CABEÇA POSITIVAMENTE. LEANDRO SEGURA A MÃO DELE.
LEANDRO    — Tá tudo bem, Júlia. Eu vou curtir jogar uma bola com ele.
JÚLIA COMEÇA A RIR. LEANDRO ESTRANHA.
LEANDRO    — Ué, eu falei algo engraçado?
JÚLIA    — Você, Leandro? Sinceramente, me desculpa, mas eu não te vejo jogando bola, ainda mais com uma criança.
LEANDRO RI TAMBÉM. JÚLIA O OLHANDO.
JÚLIA    — Mas isso não é tudo o que eu tinha pra te contar.
LEANDRO    — Não?!
JÚLIA    — Não. O pai do Vinícius, você conhece.
LEANDRO OLHA ABISMADO PARA JÚLIA. ELA CONFIRMA COM A CABEÇA.
LEANDRO    — Não me diz que...
JÚLIA    — O pai do Vinícius é o Davi.
LEANDRO A ENCARANDO, COMPLETAMENTE SURPRESO. NELE.
CORTA PARA

CENA 09. GRAND BISTRÔ. FRENTE. EXTERIOR. DIA
MOVIMENTAÇÃO EM FRENTE A AVENIDA. UM CARRO IMPORTADO PARA EM FRENTE AO ESTABELECIMENTO, DELE DESCE INGRID. ELA OLHA PARA A FACHADA, FAZ CARA DE NOJO E ENTRA NO LOCAL.
CORTA PARA

CENA 10. GRAND BISTRÔ. SALÃO. INTERIOR. DIA
MOVIMENTAÇÃO COMUM PRÓXIMO DA HORA DO ALMOÇO. POUCAS MESAS COM PESSOAS. INGRID ENTRA NO LOCAL, OLHA EM TORNO. JULIANO VEM RECEBÊ-LA.
JULIANO    — Bom dia. Seja bem-vinda ao Grand Bistrô. Em que posso ajudá-la?
INGRID    — Eu tô procurando uma pes/
INGRID OLHA EM TORNO E DO SEU PV: EM UMA DAS MESAS ESTÃO HELENA, BRUNO E GABY. ELA DEIXA JULIANO FALANDO SOZINHO E VAI EM DIREÇÃO A MESA DELES.
JULIANO    — Ô minha senhora!
INGRID    — (Se aproximando) Então você tá aqui, Gabriela!
GABY    — (Levanta assustada) Mãe!
CLOSES ALTERNADOS DE TODOS. EM INGRID, COM CARA FECHADA.
CORTA PARA

CENA 11. HOSPITAL. CORREDOR. INTERIOR. DIA
WILLIAM NERVOSO, ANDA DE UM LADO PARA O OUTRO. MOVIMENTAÇÃO COMUM NO CORREDOR. UMA ENFERMEIRA VEM POR ALI. WILLIAM A INTERCEPTA.
WILLIAM    — Moça, o exame de corpo delito da paciente Caroline Ramalho já terminou?
ENFERMEIRA    — O senhor é o que da paciente?
WILLIAM    — Sou namorado da Caroline.
A ENFERMEIRA OLHA INDECISA PARA ELE. EM WILLIAM.
CORTA RAPIDAMENTE PARA

CENA 12. HOSPITAL. SALA DA PSICÓLOGA. INTERIOR. DIA
A PSICÓLOGA, A QUE CHAMAREMOS DE MARTA, SENTADA EM SUA MESA. A PORTA SE ABRE, WILLIAM ENTRA.
WILLIAM    — Com licença. Doutora Marta?
MARTA    — (Levanta) William?
WILLIAM    — (Cumprimenta) Prazer. Sou o namorado da Caroline. Pediram pra vir até o consultório da senhora, conversar sobre ela. A senhora conseguiu conversar com a minha namorada?
MARTA CONCORDA COM A CABEÇA. APONTA A CADEIRA.
MARTA    — Senta. Vamos conversar.
WILLIAM    — Doutora, por favor, eu tô desesperado em ver a Carol desse jeito. Eu quero muito saber o que aconteceu com ela.
MARTA    — William, primeiro eu peço que você se acalme, por favor.
WILLIAM    — Isso não tá ajudando, doutora.
MARTA    — Você prefere conversar um outro momento, quando você estiver com condições?
WILLIAM RESPIRA FUNDO. ENCARA.
WILLIAM    — Não. Desculpa, eu vou me acalmar. Podemos conversar sim.
MARTA    — Bem, William, eu conversei com a sua namorada. A Caroline realmente está em um estado um pouco delicado nesse momento. Não é pra menos, depois do que aconteceu com ela.
WILLIAM    — Ela falou sobre o que aconteceu?
MARTA    — Sim. Eu consegui conversar um pouco com a Caroline sobre o que houve. William, eu peço que realmente, você tente entender. Fique ao lado da sua namorada, é um momento complicado.
WILLIAM    — A senhora tá me deixando muito mais nervoso agora. Pode falar o que aconteceu com a Carol, pelo amor de Deus?
MARTA RESPIRA FUNDO. ENCARA WILLIAM.
MARTA    — A Carol sofreu um abuso sexual.
WILLIAM LEVANTA NERVOSO E CHOCADO. PASSA A MÃO PELO ROSTO.
MARTA    — William/
WILLIAM    — (Por cima) Eu sabia que tinha acontecido alguma coisa de muito ruim pra minha namorada. Ela contou quem foi?
MARTA    — Ela contou que foi o chefe dela que fez isso.
WILLIAM FURIOSO, SOCA A PAREDE. MARTA LEVANTA, NERVOSA.
WILLIAM    — (Alterado) Desgraçado! Eu vou matar aquele filho da puta!
MARTA    — William, por favor, se acalme! A Carol precisa de você nesse momento. É muito delicado pra ela. Por favor!
WILLIAM    — É claro, doutora. É claro que eu vou ficar do lado da minha mulher. Eu sempre vou proteger a Carol de qualquer coisa, mas esse cara... Eu juro que eu vou matar esse cara!
CLOSES ALTERNADOS. EM WILLIAM COMPLETAMENTE PERDIDO.
CORTA PARA

CENA 13. GRAND BISTRÔ. SALÃO. INTERIOR. DIA
Continuação imediata da cena 10.
BRUNO E GABY SE LEVANTAM E ENCARAM INGRID. JULIANO VINDO EM SEGUNDO PLANO.
INGRID    — Então quer dizer que você foge de casa e vem parar nesse muquifo?
JULIANO    — Ei, mais respeito com o meu restaurante, ô dondoca!
BRUNO    — Essa daí não respeita ninguém, Juliano. Pedir respeito pra essa daí é a mesma coisa que esperar esmola de mendigo.
HELENA    — Calma, Bruno. Não vai perder a cabeça!
INGRID OLHA TODOS EM VOLTA. ENCARA BRUNO.
INGRID    — Eu acho que já te dei dicas até demais de onde você pega essa sua empáfia de moleque do morro e enfia, não é pretinho?
BRUNO    — (Ri) A senhora vai se dar muito mal ainda.
INGRID    — Gabriela, pra casa! Acabou a brincadeira de pobre menina rica. Já me cansei!
GABY    — Cansou à toa, eu não vou embora daqui!
INGRID PEGANDO NO BRAÇO DELA.
INGRID    — Ah, mas vai sim! Você é minha filha!
GABY SE SOLTA DA MÃO DELA. A ENCARA.
GABY    — (Tom) Mas eu não sou sua propriedade! E eu sou maior de idade! Nem você, nem ninguém vai me proibir de estar onde eu quiser, quando eu quiser, e com quem eu quiser, principalmente!
INGRID A ENCARA POR ALGUNS INSTANTES. CONCORDA. SORRI DEBOCHADA  ENCARANDO A TODOS.
INGRID    — Perfeito. Já entendi. Quer ficar aqui no meio dos porcos, que fique.
BRUNO    — Porca aqui, só tô vendo uma.
INGRID    — (Tom/ Alterada) Porca é a senhora sua mãe!
BRUNO    — (Berrando) Lava a boca antes de falar da minha mãe, sua nojenta!
INGRID DÁ UM TAPA EM BRUNO. TODOS EM TORNO COMENTANDO. GABY ABRAÇA O NAMORADO, FURIOSO, OLHANDO PARA INGRID.
INGRID    — Ainda sujei a minha mão com essa sua pele nojenta. Encardida!
BRUNO    — (De dedo) Eu vou te meter na cadeia, sua racista desgraçada!
INGRID    — Tô pagando pra ver!
HELENA    — Então pode pagar, mas vai pagar atrás das grades, dona Ingrid. Eu sou advogada, e o Bruno é meu cliente.
INGRID    — (Ri) Só poderia mesmo. A advogada igualzinha o cliente.
HELENA    — Veja bem o que você vai falar. Porque sofrer um processo já é ruim o bastante. Agora prisão em flagrante é bem pior. Posso chamar a polícia?
INGRID ENGOLE SECO. ENCARA GABY PELA ÚLTIMA VEZ.
INGRID    — Tudo culpa sua, ingrata!
GABY    — Culpa sua! Você é um ser asqueroso, Ingrid!
INGRID A ENCARA, SORRI AMARELO. COLOCA OS ÓCULOS ESCUROS E SAI, TIRANDO TODOS DA SUA FRENTE. GABY ABRAÇA BRUNO.
JULIANO    — (Revoltado) Essa sua mãe é um ser deprezível, Gaby. Agora eu entendo o porque você saiu de casa.
HELENA    — Pega leve com a menina, também, Juliano.
GABY    — O Juliano tá certo, Helena. A Ingrid é realmente uma pessoa horrorosa.
BRUNO    — Mas essa mulherzinha vai pra cadeia sim. Nem que seja a última coisa que eu faça.
HELENA    — Não precisa ser a última, Bruno. E nem vai ser tão difícil juntar provas contra ela.
BRUNO ENCARA HELENA, ELA TIRA O CELULAR DO BOLSO. DÁ PLAY NA GRAVAÇÃO QUE ACABOU DE FAZER DE INGRID. GABY E BRUNO SE ENTREOLHAM. JULIANO SORRI.
JULIANO    — Você gravou tudo, meu amor?
HELENA    — É claro. Prova pros autos do processo. A Ingrid vai engolir cada palavra que ela te falou, Bruno. Ela vai pagar sim, mas na justiça!
BRUNO CONCORDA. EM HELENA OLHANDO A GRAVAÇÃO.
CORTA PARA

CENA 14. CARRO DE INGRID. INTERIOR. DIA  
INGRID BATENDO NO VOLANTE, MUITO NERVOSA E CHORANDO DESESPERADAMENTE.
INGRID    — Aquele preto desgraçado me paga! Aquele negro nojento! Encardido nojento!
NELA BATENDO NO VOLANTE. DIRIGE EM ALTA VELOCIDADE.
CORTA PARA

CENA 15. ASSUNÇÃO ENGENHARIA. ANTESSALA DE ROBERTO. INTERIOR. DIA
MOVIMENTAÇÃO COMUM ALI NA ANTESSALA. VERA TRABALHANDO EM SUA MESA. ALGUNS FUNCIONÁRIOS TAMBÉM CIRCULANDO POR ALI. FALATÓRIO VINDO DO LADO DE FORA.
VERA    — Mas o que é isso? O que tá acontecendo?
WILLIAM INVADE A ANTESSALA, BEM ALTERADO.
VERA    — (Levanta) Ei, quem é o senhor? (Tom) O senhor não pode entrar aqui assim, desse jeito!
WILLIAM    — (Muito alterado/ Berrando) Onde tá o desgraçado do teu patrão, hein! Fala, onde tá o desgraçado do Roberto Assunção!
VERA    — (Tom) Eu vou chamar os seguranças!
ROBERTO SAI DE SUA SALA NESSE MOMENTO.
ROBERTO    — O que tá acontecendo aqui? Quem tá gritando meu nome desse jeito!
WILLIAM    — (Furioso) Desgraçado! Maldito!
WILLIAM PARTE PARA CIMA DE ROBERTO E LHE DÁ UM SOCO CERTEIRO NO MEIO DA CARA. ROBERTO VAI AO CHÃO DIRETO. WILLIAM O PEGA PELO COLARINHO, O JOGA CONTRA A PAREDE E LHE DÁ MAIS UM SOCO. O SEGURANÇA INVADE A SALA E SEGURA WILLIAM, QUE SE DEBATE.
WILLIAM    — (Furioso/ Berrando) Seu desgraçado! Bandido! Eu vou te matar seu maldito!
ROBERTO SANGRANDO, COM O ROSTO TODO INCHADO.
ROBERTO    — Quem é esse louco?!
WILLIAM    — (Berra) Eu sou o namorado da Caroline!
ROBERTO FICA BAQUEADO. VERA COLOCA A MÃO SOBRE A BOCA.
WILLIAM    — Eu sou o namorado da mulher que você estuprou, seu verme!
CLOSES ALTERNADOS. WILLIAM FURIOSO. E ROBERTO, CAMBALEANDO SEM FORÇAS, TODO ENSANGUENTADO.
CORTA PARA

FIM DO CAPÍTULO 19



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